Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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DA VERGONHA AO TERROR



Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

O ESCRITOR ISRAELENSE Amos Oz, certa feita, quando fora perguntado sobre os procedimentos que adota para escrever, disse que mantém em sua mesa duas canetas. Uma azul e outra preta. A azul ele utiliza quando quer escrever algo agradável e a preta pra xingar o governo. Ou seria o contrário? Bem, imagino que a ordem das canetas, nesse caso, não altera a lambança. De mais a mais, não é disso, exatamente, que pretendo escrevinhar. Ou seria? Vamos ver.

O “X” da questão, no ato de escrevinhar qualquer coisinha para que outras pessoas deitem suas vistas, não é, em meu ver, o impulso pra bajular ou a inclinação para insultar. Pode parecer estranho o que afirmo, mas, como reza o dito popular, a malícia não está tanto na boca – ou na pena – mas sim e principalmente no ouvido – e, nesse caso, no zóio de quem lê.

Em se falando nisso, ocorre-me o que fora declarado pelo escritor goiano José J. Veiga, sobre seus livros. Segundo ele, suas obras eram escritas com o intento de desassossegar. Incomodar ao ponto de retirar o leitor de sua zona (zona?) de conforto.

Batata! Esse é o ponto. Desassossegar é preciso. Autoajuda não é preciso. Auto justificação ideológica - que não passa dum tipo vulgar de autoajuda – também é dispensável.

Se pensarmos o ato de ler através da linha de raciocínio indicada pelo autor do “Os Cavalinhos de Platiplanto”, uma escrevinhada deveria então servir para abalar os alicerces de nosso comodismo cognitivo e, consequentemente, existencial.

Todos nós, cada um ao seu modo, tem lá os seus cômodos alicerces, suas referências, comodamente acolhidas numa certa época da vida, que nos permitem interpretar toda e qualquer coisa com meia dúzia de cacoetes mentais que, por sua vez, acabam nos dando aquela sensação única de que estamos montados na tal da razão, apesar de não termos colocado as suas luzes em movimento. E, tais luzes, encontram-se, muitas vezes, imóveis. Para agitá-las seria necessário um ato de vontade para banir o sossego e, para tanto, na maioria dos casos, seria preciso uma provocação externa à nossa alma.

Vichi! Agora complicou o meio de campo.

Calma! Calma! Não criemos pânico! Pra melhor ilustrar o que estou tentando chamar a atenção, permitam-me fazer uma confissão. Uma confissão um tanto vergonhosa, mas, creio eu, esclarecedora.

Em meados da década de noventa do milénio passado, iniciei minha segunda graduação – a primeira não vingou. Bicho vadio.

Bem, na primeira semana de aula teve toda aquela apresentação do curso, do corpo docente e blábláblá. Aquela motivação de praxe de toda graduação. Fiquei fascinado, encantado, como todo calouro e - como era uma formação em humanas - é claro que já na primeira semana, disse pra mim mesmo: “sou marxista”.

Veja só: o tongo não disse para si que seria um marxista, que se tornaria um, mas que já era um, porque a primeira referência, para os tontos, é a que fica.

Naquela ocasião não havia lido uma linha sequer do barbudo colecionador de furúnculos e já me considerava um comuninha. E por quê? Porque queria estar com toda aquela galera, ser como eles, ser aprovado e aceito por imaginar que isso tornar-me-ia mais sabido. Pelos menos, no meu imaginário juvenil, tinha a impressão de que pareceria mais sabido que os demais mortais.

Pois é. Após isso fui pegar meu ônibus para retornar pro meu rancho e, logo que entrei no dito cujo é claro que o moleque barbudinho disse faceiro da vida: “eu sou marxista” (como se alguém estivesse interessado em saber).

Sim, disse isso e, como Deus é bom, havia uma senhora no primeiro acento que, ao ouvir essa bobagem de minha parte, disse-me a sentença que jamais esqueci.

Disse ela: “Que marxista o que piá? Ocê nem sabe quem é Marx”.

Eu, bravinho, retruquei: e você sabe?

Ela sabia. Mais ou menos. Mas sabia. Ela me deu uma lição brutal. Tão brutal que fiquei bem quietinho e fui pro meu canto pra matutar com o desassossego que me atropelou e que, cuja pancada, humildemente acolhi. Quer dizer, nem tão humilde assim. Mas acolhi. Graças a Deus.

Depois desse carão, obviamente, passei a estudar zelosamente o dito cujo evangelho segundo Marx e seus sequazes e, acredito que, com o tempo, acabei aprendendo algumas coisinhas sobre o assunto.

Dois anos depois, encontrei-me com a referida senhora e, perguntei se ela se lembrava de sua fala. Claro que não. Lembrei-a do fato e lhe agradeci. Disse-lhe o quanto aquilo foi importante pra mim. Agradeci pela intranquilidade gerada em minha alma que, de certa forma, até os dias atuais, me acompanha em tudo o que faço.

Tal inquietude lembra-me o que fora dito pelo filósofo polonês Leszek Kolakowski, em seu livro “Horror Metafísico”. Esse nos parla que todos nós deveríamos, de vez em quando, abrir a nossa alma para a real possibilidade de sermos uma grande farsa. Uma farsa existencial, gestada numa vida que jamais foi devidamente examinada.

É muito comum vermos pessoas que constroem suas carreiras (como se isso fosse todo o sentido de uma vida) sobre bases que nunca receberam o necessário e indispensável exame e, passado alguns anos, vê-se que parte de nós encontra-se umbilicalmente atrelada a um amontoado de tranqueiras ocas mimosamente chamadas de “ideias críticas” ou qualquer epíteto ideológico do gênero.

Talvez, o que muitas vezes nos falte, seja aquilo que de certa maneira foi sugerido a mim por essa senhora no século passado que, ao seu modo, lembra-nos as palavras de José J. Veiga, indicadas no início dessa carta, que, do seu modo, resume-se na pergunta: onde pretendemos chegar com tudo isso? Aliás, que realmente seria esse trem que recebe tanto afeto de nossa parte? É. Verdade seja dita: nem todos tiveram a sorte que eu tive.

Sorte ou sei lá o que. Quem sabe? Não sei.

Sei apenas que no seu livro “Prefácios e entrevistas”, Monteiro Lobato havia dito do seu jeitão duas coisinhas que, imagino, vão de encontro com o que procuramos apresentar até aqui. Nesse livro ele nos conta um causo mais ou menos assim: certa feita numa tribo de aborígenes, após a partida duma missão europeia, ficaram esparramadas pelas redondezas inúmeras latinhas de comida vazias. Latinhas essas que a galera começou a utilizar para se enfeitar. Ostentar. E, é claro, que umas davam mais status que outras perante a patota. Ocorreram inclusive algumas pelejas pra disputar certas latas que eram consideradas mais imponentes que outras, mesmo que fossem apenas latinhas vazias. 

Bem, após contar esse causo, o taturana conclui: esse é o problema do Brasil. Latinhas. Sim, mas nossas latinhas seriam, segundo ele, os diplomas que, já na década de quarenta (ou trinta?) em grande parte não passavam de papéis pintados de valor substancial duvidoso, ostentados por todos como um tolo símbolo de distinção, de modo similar às personagens de seu causo com suas latinhas toscas.

E, de modo análogo ao que anteriormente indicamos, muitíssimas vezes criamos uma relação afetiva com ideias que absorvemos em tenra idade; noutras tantas, ocultamo-nos de nossa mediocridade fundamental com um ou mais títulos ou diplomas porque simplesmente nos aterrorizamos com a possibilidade de não sermos as pessoas lindas e fofas que imaginamos ser.

Nos apavoramos com a ideia de sermos uma grande farsa feita por nós para nós mesmos.

“Ah! Esse papo bravo não é comigo não veio. Tenho ojeriza desse blábláblá filosófico”. 

Tudo bem. Tudo certo. Mas lembre-se que a diferença do sábio para o tonto, segundo o filósofo colombiano Nicolás Gómez Dávila, é que o primeiro luta para não ser um idiota e, o segundo, contenta-se em apenas não parecer um e, se esse for o caso, a cor da caneta não infroi nem contriboi para o desfecho que pode ser dado, por nós mesmos, a nossa porca vida.

Fim. Hora do café.

(*) Apenas um bebedor de café.

A SOMBRA DO REI BARBUDO


“Não é a religião, mas sim a revolução o ópio do povo”. 
(Simone Weil)

CERTA FEITA, O ESCRITOR José J. Veiga, autor do livro “A hora dos ruminantes”, havia dito, numa entrevista, que o escritor não deve escrever os livros que quer, mas sim, aqueles que precisam ser escritos.

Uma sentença simples que, penso eu, nos leva a considerações bem interessantes. Não apenas sobre o ofício de escrevinhar, mas também sobre todas as atividades humanas. Essas palavras nos convidam a volver as vistas e mover nossas energias para aquilo que, de fato, precisa ser realizado; não apenas e unicamente para as coisas que desejamos ver feitas.

Por isso, deixo de lado aquilo que gostaria de assuntar, para voltar minha lapiseira na direção doutros traços que me parecem mais urgentes.

Em dezembro de 2015, o senador petista Paulo Paim - por quem tenho um grande respeito apesar das inumeráveis discordâncias que possuo com relação às suas posições políticas – havia declarado numa entrevista para as páginas amarelas da revista “Oia” (como chamamos a Veja aqui no Paraná) que “é triste ver que o sonho acabou. Ver aonde chegamos. Infelizmente, o PT hoje é um partido como todos os outros que sempre criticamos”.

Pois é. E aí está uma de minhas discordâncias com o nobre parlamentar. Discordância essa que, no contexto atual, seria interessante elucidar para aqueles que, como eu, não se sentem confortáveis com o uso de viseiras ideológicas, pouco importando se essas estejam voltadas para a destra ou à sinistra.

Dito isso, vamos ao ponto do conto. O partido dos trabalhadores continua sendo um partido de natureza diversa dos demais e, por isso, ele consegue ser muito mais danoso. Explico-me.

Diferente dos demais, porque ele, junto com seus partidos acessórios, é o único que nutre um culto à personalidade duma liderança política, similar ao que tivemos e temos nas organizações e estados de índole totalitária.

Não apenas isso. Lembremos que em sua fundação, a referida agremiação partidária adotava uma estratégia leninista e, no correr da década de 80 para a década de 90, gradualmente, passou a adotar uma estratégia gramsciana.

Duma ou doutra forma, esse partido tinha e tem um projeto de tomada do poder. Um projeto de inspiração e orientação marxista. Isso, em grosseiros traços, significa que o objetivo maior presente nesse programa político que, por ora, está se esfacelando, seria a tomada total do Estado e da sociedade, por meios lentos e mais ou menos sutis. Sutis, ao menos, perante os olhares distraídos do grande público.

E é aí que a porca torce o rabo. Perante o grande público eles vendiam a imagem do impoluto partido da ética. Lembram-se? Pois é. Mas, ao mesmo tempo em que se vendia essa imagem na década de 90, que atraía a simpatia de muitos, já se iniciava os primeiros experimentos – na prefeitura de Santo André, por exemplo - de governança do atraso rumo à tomada total do poder. Aliás, pouco antes de Lula tomar posse do seu primeiro mandato, FHC havia lhe dito que seria ele, Luiz Inácio, que agora teria de comandar o atraso.

Nesse sentido, vale a máxima de Mao Tsé Tung, que reza que pouco importa que o gato seja branco ou preto, o que interessa é que o bichano coma o rato.

Parêntese. Fernando Henrique - conforme as palavras do próprio Lula - foi um dos articuladores da criação do partido que hoje praticamente tornou-se uma capelinha do ídolo de barro. Não precisaria nem dizer, mas direi: o presidente sociólogo era e é um profundo conhecedor da estratégia gramsciana. Mas isso é prosa pra outro causo. Fecha parêntese.

E ao assumirem o comando do atraso, esses não tinham por intento, tão só e simplesmente, de realizar por meios escusos algo que valha, como as reformas que são adiadas ad infinitum em nosso triste país, mas sim, comandou-se o atraso - as velhas raposas fisiológicas e felpudas - para se perpetuarem na maquinaria estatal ou, se preferirem, para instrumentalizar definitivamente os clãs políticos para a realização dos seus objetivos totalitários. Para dominar de vez o dito cujo do “mecanismo”.

Sobre isso, certa feita Rui Barbosa havia dito que, tipos assim, como o luliano e seus sequazes, seriam tão somente “déspotas de curta vista”. Gente que ignora a incapacidade profissional dos parasitas que fazem da incompetência a mais preciosa qualidade, que se associam à baixeza, ao fanatismo e à brutalidade. Nesse cenário, os melhores seriam aqueles perdulários de sinecuras, conscientes da injustiça que os mantém facilmente nas entranhas estatais reduzindo-os à condição de irresponsáveis instrumentos da tirania que os alicia.

Pois é, pois é, pois é. Poderia ele, no comando do atraso, ter promovido algo significativo e que realmente fosse do interesse da sociedade. Poderia; porém, preferiu antes realizar algo que fosse imprescindível para a efetivação da agenda do seu partido e, consequentemente, do Foro de São Paulo.

Ou seja: o partido dos trabalhadores, hoje, é o mesmo de ontem. A diferença é que no momento as suas vestes discursivas estão rotas, num estado que não mais são capazes de encobrir as suas vergonhas. E que vergonhas. O partido está nu e o pior de tudo que não foi a inocência duma criança que constatou e denunciou isso.

Por essas e outras, que no imaginário dos grandes mandatários dessa agremiação política, todos os seus atos estavam acima de qualquer suspeita. Vejam só: eles não eram, e não são, reles políticos fisiológicos que apenas almejam parasitar as úberes estatais para simplesmente satisfazer sua sanha pecuniária. Não. Eles creem, candidamente, que tudo o que foi feito era justificável frente aos objetivos que eles diziam para si mesmos querer alcançar. Só que não.

Resumindo o entrevero: no seu entendimento, os fins justificavam os meios, desde que sejam os seus fins; e que isso fique bem claro. Aliás, diga-se de passagem, um dos melhores intérpretes de Maquiavel foi o caipora do Antonio Gramsci.

Não apenas os barões esquerdistas pensavam assim. A militância miúda também pensa de modo similar. Um bom exemplo disso, que agora me vem a memória, é uma declaração, tão infeliz quanto sincera, que fora feita por um professor militante que afirmava enfaticamente que o grande erro de Lula e do PT foi não ter doutrinado o povo para que esse aprendesse a ser grato por tudo o que foi feito pelo Sinhô Dotô de São Bernardo. É mole ou quer mais? Tem mais sim senhor!

A raia miúda fala em doutrinação em massa e o grande timoneiro barbudo arrepende-se de não ter realizado o tal do “controle social da mídia”. E, no frigir dos ovos, o que isso significa? Significa que se perdermos a liberdade de expressão nós não iremos ficar sabendo como e de que modo perderemos as nossas outras liberdades. Só isso.

Outro parêntese. Quando a militância fica repetindo aquele discurso de auto justificação - propagandístico, chato e oco - que afirma que a grande parte da sociedade brasileira, que repudia Lula e as ideias que ele encarna, rejeita-o porquê não gosta de ver pobre andar de avião, de ver pobre na faculdade e blábláblá, fico cá com meus botões a matutar: será que os abençoadinhos imaginam mesmo que essas pessoas, como eu, seriam encarnações do deputado Justo Veríssimo, a personagem de Chico Anísio, que odiava pobres? Ao que tudo indica é o que parece. Sim, sei que isso é patético. Sei disso. Mas não sou eu que fico repetindo isso aos quatro ventos não. Fecha-se esse outro parêntese.

Sim, o leitor tem todo o direito de bufar, se desejar, com essas linhas mal escritas. Tem mesmo. E respeito isso. É seu direito.

Aliás, tanto respeito que sugiro que o mesmo, se assim o quiser, siga as orientações do cientista político Angelo Panebianco e, por conta própria, rastreie a gênese de um partido político. No caso, do partido da estrelinha cadente. Diz-nos ele que, para tanto, devemos: (i) identificar o ponto de partida e o estímulo fundamental de sua organização; (ii) qual é o peso dos elementos externos, como outras organizações e o carisma de certos indivíduos, sobre ela; (iii) como essa organização procura se consolidar; (iv) quais são as lealdades existentes (interna e externamente), quais os conflitos internos ao partido e (v) como é feita a incorporação de militantes, quadros e lideranças.

Tais critérios, penso eu, já dão um bom pano pra manga.

Se desejar, pode ainda complementar os critérios acima indicados com esses que nos são recomendados pelo cientista político Giovanni Sartori, que para identificar a natureza de um partido devemos procurar saber: (i) qual é a imagem pública apresentada por ele; (ii) quais são as deliberações internas do mesmo; (iii) quais são suas conexões externas - dentro e fora do país; (iv) qual a orientação ideológica do partido.

Enfim, junte as dicas do Panebianco com os macetes do Sartori e, com um pouco de boa vontade e sinceridade intelectual, identificará o DNA totalitário do petismo. Sim, dá algum trabalho, mas, ao final, pode crer que será algo muito gratificante.

Enfim, por essas e outras que sou franco em dizer que as realizações socialistas - trágicas em seus resultados e, ao mesmo tempo, cômicas em suas tentativas de justificação – não são o que mais me assusta não. O que realmente me causa calafrios – hum... calafrios – são os sonhos socialistas e, por isso, ao contrário do nobre senador Paulo Paim, não lamento não o fato de suas aspirações políticas terem naufragado por hora. Nem um pouco.

E digo mais: decaídos por hora. É, meu caro. Não sou tolo ao ponto de subestimar a capacidade comunista de se reinventar para retornar, a todo vapor, para sua peleja totalitária pelo poder.

Nunca duvide, como dizia o saudoso escritor Janer Cristaldo, do que os órfãos de Deus encharcados de ideologia são capazes de fazer. Nunca duvide da capacidade que a intelectuária militante tem pra defender uma tremenda cagada histórica. E põe histórica nisso.

E paremos já com esse papo bravo porque já está na hora de tomarmos um café. Fim de causo.

(*) Apenas um bebedor de café.

O CAMINHO...

A experiência concreta da fé
Alumia o candeeiro da razão
Orienta o prumo da vontade
À morada Daquele que é.

SALVEM A SANTA MISSA


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Penso eu que seria mui interessante se os “padres de passeata”, como os chamava Nelson Rodrigues, ao invés de ficarem se implicando com a venda de bebidas alcoólicas em quermesses paroquiais, com cigarros sendo fumados pelos transeuntes, arrancando os cabelos por causa da prisão de vosso senhor Luiz Inácio Lula da Silva, enfim, seria muitíssimo interessante se eles abandonassem toda essa “criatividade selvagem”, conforme nos admoesta Dom Armando Bucciol, e começassem, religiosamente, a zelar pela Liturgia, a ensinar o Catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana e a pregar Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo divino encarnado e, definitivamente, largassem mão dessas pregações politicamente corretas, que apenas enfatizam credos ideológicos mundanos em prejuízo dos tesouros da Fé.

(*) Apenas um bebedor de café.

DIPLOMA

Por Dartagnan da Silva Zanela

Diploma, por definição, atesta
Que um punhado de diplomados
Acolhem com pompa e festa
Mais um reles mortal, apartado
Dos demais membros do humano ramo
Que algo sabem sem precisar do indulto
Dum reles papel colorido e assinado
Por um maço de diplomados.

O LIVRO DA PROFESSORA


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

GOSTO DE LER. MAIS QUE ISSO. Gosto muito de conhecer.

Toda vez que visito um lugar, uma cidade, a primeira coisa que procuro é a biblioteca pública para aprecia-la e dar uma olhadela nos títulos que ela guarda.

Em segundo lugar, naturalmente, procuro ver se há uma livraria na mesma, de preferência de livros usados.

É mais do que óbvio que, com uma frequência indesejável, na maioria das cidades que visito, acabo não encontrando biblioteca alguma e, muito menos, um sebo ou livraria. Fazer o quê? Faz parte da vida.

Mas, graças a Deus, toda vez que vou pra Guarapuava me deleito nos dois sebos da cidade. Ambos muito bons. Detalhe: que eles ficam bem próximos um do outro.

Nesse semana que passou, na sexta-feira (13) - com o horário apertado, como sempre - consegui dar uma passada apenas num deles, o que já foi suficiente para que eu tivesse uma grada surpresa. Três, na verdade.

Dentre os títulos que adquiri - bons livros, diga-se de passagem - haviam três que pertenceram a uma professora que me deu aula na década de noventa na minha segunda graduação (a primeira não terminei).

Lá estavam eles, com a assinatura dela, datadas de 1986, 1991 e 1993. Um da autoria Arnald Toynbee, outro de John Lukacs e o terceiro de Georges Lefevre.

Ao descobrir isso, quando cheguei em casa e, intimamente, revivi algumas de suas aulas que a tanto tempo me foram ministradas e, pensei, cá com os meus botões: Como o tempo passou e, cá estou, com os livros que um dia pertenceram a ela que tanto me ensinou. E ela, onde estará? O que estará fazendo? Não sei. Mas, onde e como estiver, que Deus esteja com ela.

(*) Apenas um caipira bebedor de café.