Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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[PDF] MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte VI

MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte VI

MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte VI

Escrevinhação n. 788, redigida em 20 de outubro de 2009, dia de Santa Maria Bertilla Boscardin, 29ª Semana do Tempo Comum.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"Quem agiu mal odeia a luz".
(São Anselmo)
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Iniciamos a partir dessa missiva nossas reflexões em torno dos Mistérios Luminosos que foram proclamados pelo finado Papa João Paulo II, conforme a Carta Apostólica ROSARIUM VIRGINIS MARIAE que, como nos ensina o mesmo na referida carta que: “Cada um destes mistérios é revelação do Reino divino já personificado no mesmo Jesus”. Personificação essa que se torna modelo para todos aqueles que desejam seguir o Mestre imitando-o. Isso mesmo, imitar a Cristo, tal qual todos os Santos, Santas e Mártires fizeram de modo singular para assim propagar a luz dos ensinos vivos do Cristo através de sua, nada simples e nada fácil, imitação.

O primeiro dos Mistérios Luminosos é o Batismo no Rio Jordão (2 Cor V, 21; Mt III, 17). Quando o Cristo se aproxima de São João Batista para ser batizado nas águas do rio Jordão ele diz ao Nazareno (Mt III, 14): “[...] eu é que devo ser batizado por ti e tu vens ao meu encontro?” E o Cristo lhe responde (Mt III, 15): “Deixa estar por enquanto, porque assim é que convém cumprirmos toda a justiça”.

Antes de qualquer coisa, não podemos perder de nossas vistas que João, filho de Zacarias e Isabel, durante longo período pregou o batismo e o arrependimento de nossos pecados vagando pelo deserto, anunciando a vinda Daquele que batizaria com o Espírito Santo antes de estar diante Dele nas águas do rio Jordão. Ora, meus caros, e o que é o mundo (em especial, o atual) senão um grande deserto espiritual? João Batista caminha pelo deserto anunciando a Verdade, a necessidade de renunciarmos ao erro para que possamos receber a Verdade e o fez em meio ao deserto e se despindo do mundo.

Suportar o vazio desértico do mundo é uma tarefa que nos é imposta diuturnamente, mas que, infelizmente, não perseveramos como fez o Batista. Facilmente nos rendemos aos encantos do engano e do auto-engano, visto que, não é uma tarefa simples testemunharmos à Verdade vivenciando-a. De mais a mais, não existe e nunca existirá uma outra forma de testemunhá-la, gostemos ou não disso.

Pois bem, estando diante da Verdade Encarnada, que é o Cristo, São João não disse: “Viu! Eu falei! Está aqui ele!” Ele não fez como nós quando imaginamos ter razão em algum assunto sem ao menos conhecê-lo claramente. O Batista curvou-se diante da Verdade, pois sabia que mesmo perseverando nós nada somos diante de Sua presença. Não é a Verdade que deve ser amoldada a nossa vontade. É a nossa vontade que deve ser moldada de acordo com a Verdade.

Por Sua deixa, Jesus, a Verdade encarnada, levanta-o, pois é isso que a Verdade faz com os homens sinceros, e Curva-se diante dele para que Ele seja batizado pelas águas do rio Jordão derramadas pelas mãos de João, o Batista. Assim se cumpre a justiça, a devida medida que nos cabe a partir de seu gesto, onde o Logos divino se fez homem, sem majestade ou pompa, pequeno, para poder nos elevar.

Não nos esqueçamos que Jordão em hebraico quer dizer “Aquele que desce” e João, aquele que é “Agraciado por Deus”. Jesus é batizado pelas mãos daquele que é agraciado por Deus com as águas Daquele que desce nos apresentando assim o caminho a ser seguido por todos que desejam orientar os passos de sua vida pela vereda da Verdade.

Feito isso, Jesus colocou-se em oração e, nesse momento, eis que desce sobre sua cabeça o espírito santo, corporificado na forma de uma pomba que, tradicionalmente, simboliza a pacificação. Foi uma pomba branca que Noé lançou da Arca e que havia retornado com um pequeno ramo, uma folha nova de oliveira, um sinal de vida. Agora a pomba alva nos trás Aquele que é o sinal da Vida Eterna que passava muitas noites, inclusive a última, em um horto de oliveiras.

“E eis que uma voz, vinda do céu dizia: esse é o meu filho predileto, no qual encontro toda minha satisfação” (Mt III; 17). Neste momento, é confirmado todo o testemunho de São João Batista e se revela a profundidade da Verdade que há em Jesus: Ele é o messias, o filho amado do Pai, o Logos Encarnado.

Ou, como muito bem nos ensina o finado Papa João Paulo II, em seu livro SOBRE O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA E DO MUNDO, no Jordão ocorreu a teofania trinitária que exalta o Cristo, é a “revelação do Pai e do Filho, unidos no Espírito Santo. [...] Jesus de Nazaré manifesta-se também a si mesmo o seu ‘eu’ divino: ele é efetivamente o Filho ‘da mesma substância’ (consubstancial); e, por isso, ‘ninguém conhece quem é o filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho’, o Filho que ‘por nós, homens, e para nossa salvação’ se fez homem, ‘por obra do Espírito Santo’ e nasceu de uma virgem, cujo nome é Maria”.

E mais! É interessante observarmos que é a Verdade, o caminho para a Verdade e o Espírito da Verdade que descem até nós para nos libertar da ilusão e dos enganos do pecado e, desde modo, para nos apresentar a realidade da humana condição. Todavia, a postura do homem moderno é totalmente avessa a essa que nos é apresentada por esse mistério.

O que fazemos então, ordinariamente, em nossa vida? Não procuramos perseverar na procura pela verdade em meio ao deserto das opiniões reinantes, não procuramos lavar a nossa alma nas águas da sinceridade para melhor receber a chama vivificante da Verdade? Não mesmo. Se ao menos formos realmente sinceros no momento da leitura desta simplória carta, perceberemos com grande facilidade o quanto somos prepotentes e arrogantes diante da realidade, o quanto o orgulho toma conta de nossa alma nos cegando para as verdades mais elementares sobre a nossa parva condição.

Gostemos ou não, a cena do rio Jordão está marcada em nossa alma através do nosso batismo e a partir dele deveríamos, todos os dias, relembrar que foi em um gesto de humildade que se deu o maior exemplo de coragem que nos foi ensinado e que, até os dias de hoje, a grande maioria não compreendeu com a devida clareza por, orgulhosamente, não ter dedicado a necessário importância para a Verdade que se revelou para nos libertar de nossas pérfidas ilusões que afetuosamente chamamos de nossas opiniões, nossos gostos, nossa vontade, mesmo que essas “nossas” sejam muito mais do mundo do que nós queiramos imaginar.

As águas que descem e que são derramadas por aquele que é agraciado por Deus aí estão, vivas e diante de nós, para que seja feita a justiça em nossa alma dando-nos a medida do Real que nos é devida que será mensurada pela medida de nossa sinceridade que é o óleo que mantém acesa a lamparina da Verdade em nosso ser. E, como nos ensina Madre Teresa de Calcutá: "Para manter uma luz acesa é preciso estar constantemente colocando óleo nela."

Por isso, sejamos sinceros para conosco mesmo e assim, desde modo, podermos sinceramente nos apresentar diante Daquele que É, diante da Verdade que tudo revelará sobre nós, principalmente aquilo que, agora, nesta vida, nos recusamos a conhecer.

[PDF] MEDITAÇÕES SOBRE A MORTE

MEDITAÇÕES SOBRE A MORTE

MEDITAÇÕES SOBRE A MORTE

Escrevinhação n. 787, redigido em 13 de outubro de 2009, dia de São Daniel e companheiros, 28ª Semana do Tempo Comum.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Se há um tema central na vida humana e que merece a máxima atenção e seriedade é a morte. Para tanto é fundamental que nos reconciliemos com a sua existência e com a sua presença em nossa vida, pois, ela não é um bicho papão a ser temido e evitado, mas sim e tão somente, um fato inevitável da existência humana neste Vale de Lágrimas que nos abre passagem para a Vida.
Os primeiros Cristãos usavam a expressão dies natalis – dia do nascimento – para se referir ao dia de sua morte ou de um ente querido. Expressão essa muitíssimo semelhante a que é utilizada por um senhor, pai de um amigo meu, que dizia que a cada aniversário que ele comemorava, não estava ficando mais velho e sim, mais jovem. E é claro que todos perguntam sempre pra ele o porquê dessa afirmação. Simples: dependo do que você espera de sua morte e do que você planeja em sua existência para a sua Vida Eterna.

Por essa razão que o padre Gaston Courtois nos ensina que o sentido Cristão da morte deve ser meditado a partir de três indagações: (i) a morte é um novo nascimento; (ii) a morte fixa o ser humano na sua orientação definitiva e (iii) a morte, reunida a de Jesus, associa-nos aos esplendores da Redenção. Bem, quanto ao primeiro ponto sugerido pelo Pe. Courtois, cremos que já esteja razoavelmente claro para todo aquele que não duvida deste elemento constitutivo da estrutura da realidade que é a eternidade do Ser. Somente um tolo crê que tudo existe ao acaso e que ao acaso findará.

Todavia, o segundo ponto nos apresenta uma gama significativa de ponderações quanto ao sentido de nossa existência e de nossa natureza. É no momento do nosso nascimento que é determinado as potencialidades que poderemos realizar em nossa existência, é no dia de nosso nascimento que temos diante de nossas vistas apresentadas as nossas possibilidades de realização enquanto filhos de Deus que poderão ser realizadas no correr de nossos dias por esse mundo. Porém, é no dia de nossa morte que fixamos o que seremos eternamente a partir do que nós realizamos no correr de nossos dias nesta vida, do que nós fizemos com as potencialidades que nos foram confiadas por Aquele que É quando nascemos.

É na morte, quando findamos nossa obra como pessoa que estamos com o resultado do que nos tornarmos, com o fruto de nossa existência para apresentar diante do Criador. E é nesse momento que se resume o sentido de nossa vida. É nesse instante que se realiza a plenitude e a miséria de nossa existência.

Que tipo de vida vivemos? Como serei lembrado pelos meus familiares? Como serei lembrado pelos justos? Como me apresentarei diante de Deus, desnudo, sem os títulos e as pontas deste mundo? A única coisa que restará serão os tesouros que acumulamos nos Céus, os tesouros espirituais que cultivamos em nossa alma no correr dos dias e aí, você pode perguntar-se: o quanto de minha vida dedico, sinceramente e realmente, a tal intento? O quanto dedicamos de nossa existência para construção de nossa vida eterna?

Por isso é tão importante nos reconciliarmos com a morte, com a nossa morte. Por mais que o mundo moderno venda a ilusão de uma juventude eterna, de uma saúde imensurável, de uma longevidade incalculável, nós iremos morrer e nossa eternidade refletirá o que vivemos aqui, neste mundo, gostemos ou não desta realidade auto-evidente para aqueles que não são cegos para as realidades perenes.

Meditando sobre esse mistério da Vida, que é a morte, aprendemos mais e mais a compreendermos o Caminho, a Verdade e a Vida que nos são revelados pelo Cordeiro de Deus, pelo Verbo Encarnado. Aprendendo a aceitar essa realidade, aprendemos a aceitar e a compreender a Realidade e o sentido de nossa vida. Realidade e sentido esses que são pessoais e que nos são revelados pessoal e misteriosamente por Deus e a aceitar e compreender esse sentido é algo que cabe a cada um de nós, aceitar ou não.

Amar em demasia essa existência é trocar o que há de permanente e luminoso por tudo que é meramente volúvel e transitório, que se consome gradativamente a si mesmo. Ou alguém tem alguma duvida de que tudo que há nesta vida seja pó? Entretanto, nos desapegando desta existência fugas, nós a sacrificamos em nome Daquele que É, tal qual o Seu Filho Unigênito nos ensinou. Sacrificando nosso amor as futilidades, grandes ou pequenas, desta vida, aprendemos a reparar os ódios que cultivamos, a corrigir as várias facetas dos egoísmos individuais e coletivos que cultivamos no âmago de nosso ser e procedendo assim, aprendermos, de um modo Cristão, a morrer.

E procedendo assim, na hora da morte o Cristão torna-se verdadeiramente “Hóstia”, unindo-se com a Vítima do Calvário pela salvação das almas que, diante de seu sacrifício, aprendam o que há milênios o Cordeiro de Deus está nos ensinando com Sua morte: a aprendermos a viver para sabermos dignamente morrer para este mundo e nascermos para o Reino de Deus.

E, como tudo em nossa vida, a edificação deste projeto depende, exclusivamente, de nosso livre-arbítrio, das escolhas que fazemos hoje e no correr de todos os dias de nossa vida até o dia de nossa morte.

ALMA AFLITA

Comentário radiofônico realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa Boas Notícias da Rádio Cultura no dia 16 de outubro de 2009.

DAR ESMOLAS

Comentário radiofônico realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa Boas Notícias da Rádio Cultura no dia 15 de outubro de 2009.

SANTA MARIA E CRISTO JESUS

Comentário radiofônico realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa Boas Notícias da Rádio Cultura no dia 14 de outubro de 2009.

REZAR EM SILÊNCIO

Comentário radiofônico realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa Boas Notícias da Rádio Cultura no dia 13 de outubro de 2009.

[PDF] MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte V

MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte V

MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte V

Escrevinhação n. 786, redigida em 12 de outubro de 2009, dia de Nossa Senhora Aparecida e de São Serafim de Montegranaro, 28ª Semana do Tempo Comum.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"As verdades convertem-se em dogmas desde o momento em que começam a ser discutidas". (Chesterton)
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Quinto mistério. Encontro de Nosso Senhor Jesus Cristo no templo entre os doutores da lei (Lc II, 41-52). Quando iniciamos o contar desta dezena e o meditar sobre as luzes deste Mistério, mais do que depressa nos vem a imagem de São José a da Santíssima Virgem a procurar o Cristo ainda garoto, supostamente extraviado. Ainda mais se você, como eu, tiver um filho. O sentimento de perda de algo que é profundamente preciso em nossa vida, nosso filho e, literalmente, não há nada mais desconcertante. Não há como não termos esse sentimento de empatia com a cena que é narrada nesta passagem da Sagrada Escritura, porém, cremos que não seja apenas essa a mensagem que as Santas palavras queiram nos comunicar.

Cristo ficou afastado de seus pais por três dias e durante esses três dias eles estavam procurando-o incansavelmente até que o avistaram no Templo, na Casa do Pai, tratando das coisas do Pai. Ora, é no terceiro dia que Ele, quando adulto, Ressuscita, reconstruindo o Templo do Senhor: o coração humano. São José e a Santíssima Virgem nesta passagem representam a nossa Inteligência e nosso discernimento que rastreiam todo o mundo, interrogam todos os nossos familiares a procura de uma notícia que seja do paradeiro do Cristo, ainda garoto e o único lugar que não era procurado era no coração, no Templo de Deus.

E quando esse é encontrado no Templo, no coração, eis que vem a pergunta (Lc II, 48): “Meu filho, por que agiste assim conosco? Teu pai e eu estávamos aflitos a tua procura!” Mais desconcertante que a indagação é a resposta dada pelo garoto de doze anos (LC II, 49): “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo me ocupar com as coisas de meu Pai?”

Ele estava e está o tempo todo em nosso coração e nós com nossa inteligência e discernimento estamos a todo o tempo a procura dele em todos os cantos do mundo que nos parece familiar e esquecemos de procurar justamente no lugar onde Ele está, junto aos doutores da lei, em nós, que somos, por definição, Templo de Deus.

O que fazemos, de bom ou de mau, a nosso corpo, a nossa alma e as suas respectivas faculdades estamos fazendo ao templo do Pai e se levamos tanto tempo para reconhecer essa verdade tão simples é sinal de que a muito perdemos de vista a imagem de Nosso Senhor em nossa Caravana que, em princípio, deveria ser de Salvação e que, muitas das vezes, nos perdemos do Verbo e do caminho que nos é mostrado por Ele, mas que, Ele, por sua deixa, nunca deixou de habitar em nós.

Pois bem, mas o Verbo Encarnado estava no templo entre os doutores da lei. Quem seria esses doutores e o que estava sendo dito para eles? Se o templo do Pai é nosso Coração, os doutores são nossas faculdades. Os doutores da lei são nossos sentidos, nosso sentido comum, nossa estimativa, nossa imaginação, nossa memória, razão e vontade que estão sendo nutridos, silenciosa e misteriosamente, pelo Verbo Divino.

O tempo todo Cristo está conosco e em nossos corações, nos nutrindo com as Suas luzes, principalmente nos momentos em que imaginamos estar afastado Dele, pois, como muito bem ilustra essa passagem, Santa Maria e São José não teriam compreendido o que Ele havia dito. Não teriam? Creio eu que não. Porém, se eles representam simbolicamente nossa inteligência e nosso discernimento, creio que a passagem fica mais do que auto-evidente, visto que, na maioria das vezes não somos capazes de compreender os desígnios de Deus, Daquele que É, para nossa vida.

Quantas e quantas vezes não nos encontramos perdidos, nos desligando de nossa caravana de auto-conhecimento, onde nos extraiamos do Caminho, a Verdade e a Vida? Não são poucas, não é mesmo? Neste ponto, lembramos uma breve passagem de Santa Tereza d’Ávila onde a mesma nos ensina que: “Nosso Senhor, querendo um dia consolar-me, pediu com muito amor que eu não me afligisse, ‘que nós não podemos nesta vida estar sempre no mesmo estado; ora sentiria fervor, ora ele me faltaria; ora estaria em paz, ora na inquietude e nas tentações, mas deveria esperar n’Ele e nada temer”.

Nada temer, pois mesmo que muitos sejam os estados que tenhamos de enfrentar nesta passagem por este Vale de Lágrimas, mesmo que sejam incontáveis os infortúnios e surpresas que tenhamos de testemunhar, devemos ter sempre claro em nossa vista que há Algo perene em nossa alma, no Templo de Deus, que a Sua misteriosa presença, ensinando-nos a sermos mais dignos, prestativos e bons e assim, podermos seguir as trilhas que são deixadas pelo passar da caravana da Verdade, que são as vidas dos Santos e Santas que aceitaram, obedientemente, todas as instruções do Cordeiro de Deus, da Verdade que se fez carne de maneira exemplar para todos nós possamos compreender o sentido mais elevado da vocação humana.

E é por essas mesmas indagações que agora pipocam em sua mente que na narrativa da Sagrada Escritura os personagens que figurariam nossa inteligência e discernimento não entenderam o que Ele havia dito. Pela mesma razão que nós, em pleno século XXI da Era de Nosso Senhor, não compreendemos muitas das vezes. Não porque Deus não é claro em seus ensinamentos, em sua mensagem, mas porque nossa inteligência se encontra por demais inchada com as palavras e com os ensinamentos do mundo, do orgulhoso espírito do mundo e, por sua deixa, tolhe o nosso discernimento que, infelizmente, em muitos casos acaba invertendo a ordem noética da realidade colocando a baixeza mundana em um patamar mais elevado que a sublimidade da Sabedoria Divina.

Porém, ao final dessa passagem, temos uma pista basilar que de modo algum pode ser desprezada. “[...] Voltou para Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe conservava fiel todas as coisas no coração. E Jesus ia crescendo na sabedoria, no tamanho e no agrado a Deus e aos homens”. Ele retorna para Nazaré, que em hebraico quer dizer “Aquele que guarda”, aquele que possui disciplina e é desprendido. E o Cristo retornou para todos para que guardemos os seus ensinos.

E mais! Sua mãe, a Santíssima Virgem, se conserva fiel a Verdade que guarda atentamente em seu coração. Mais uma vez nos é apresentado pela Bem-aventurada o exemplo que devemos seguir em nossa vida. E, por tudo isso, o menino cresce em sabedoria, em silêncio, humildemente. Para crescer em sabedoria é fundamental essa postura e essa virtude. Calar-nos diante da realidade e permitir que ela nos fale e não tolamente desejarmos modelá-la de acordo com os nossos interesses. Caminha-se rumo a sabedoria quando permitimos que Deus molde nossa alma de acordo com a Verdade na forja da humildade, nas chamas do silêncio interior.

Bem, não é por menos que o mundo contemporâneo rejeite tanto o silêncio e insufle tanto a tagarelice dando a essa impostura o pseudônimo de criticidade como se papagaiar sem aprender fosse algo digno de respeito. De mais a mais, se o Cristo, o Verbo Encarnado, silenciou-se por tanto tempo antes de vir a público para dizer algo, quem somos nós na ordem da existência para imaginarmos que temos algo de relevante a dizer sem antes nos dedicarmos ao silencioso exercício da humildade? Apenas tolos homens modernos que tratam os ensinamentos do Senhor da Vida como se fosse uma opinião qualquer, como uma opinião de valor similar as de uma pessoa qualquer. Quanta tolice, quanto orgulho, quanta soberba no uso da inteligência e na conseqüente falta de discernimento.

NOSSA SENHORA APARECIDA


[PDF] MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte IV

MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte IV

MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte IV

Escrevinhação n. 785, redigida em 06 de outubro de 2009, Dia de São Bruno, 27ª Semana do Tempo Comum.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"Se o vaso não está limpo, tudo que nele se coloca azeda". (Horácio)
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A apresentação do menino Jesus no Templo (Lc II, 22-40), o quarto Mistério Gozoso. O primeiro ponto que salta as nossas vistas é a imagem do Filho do Homem ser apresentado ao Tempo como todo reles mortal, conforme ordena a Lei de Moises. Para uma alma incauta tal imagem pareceria contraditória, pois, como pode o Verbo encarnado se submeter aos desígnios das leis feitas para os homens?

Ora, por cumprir isso que Ele é quem Ele É, visto que as grandes Verdades estão sempre de acordo com as pequenas verdades. Se as primeiras contradizem as segundas e vice-versa, o que temos diante de nossos olhos não são verdades magnas e mínimas, mas sim, grandes e pequenos engodos. E quem está sendo apresentado no Templo é o Verbo Divino Encarnado cumprindo as pequenas verdades que foram estabelecidas por Ele que é a Verdade.

Esse ponto que nos é revelado pelo referido mistério é algo que literalmente ilumina a alma do homem contemporâneo que literalmente fez da palavra VERITAS um sinônimo de novidade ou de concordância com os ditos repetidos por todos, pelas multidões, como se essas tivessem mais autoridade que a Realidade. Trocando por miúdos, na sociedade hodierna, uma “grande verdade” para ser aceita pela maioria deve, necessariamente, negar as pequenas verdades que são auto-evidentes todos. Ou seja: se o que é proclamado pelas autoridades públicas (políticas e “científicas”) negar tudo o que sabemos, com maior facilidade a nova tolice se afirma. Para tanto, basta apenas que se diga que a sandice seja apresentada como uma “verdade cientificamente comprovada” o que, em 100% dos casos, não é verdade, não é científico e muito menos comprovado.

Um bom exemplo disso é o trato que é dado aos Dez Mandamentos. O Cristo não contrariou a Lei, como Ele mesmo diz, mas sim, os realizou plenamente Nele através do amor que realiza de maneira sublime a grande verdade revelada pelo Verbo Encarnado e que se faz prenhe nas Leis que, outrora, também foram reveladas por Aquele que O enviou. Todavia, nós, homens modernos, chiques de doer, acreditamos que elas deveriam ser revisadas por um crivo pretensamente científico, como se esse crivo fosse superior aos Mandamentos Divinos.

Doravante, temos a profecia proclamada pelo velho Simeão (Lc II, 34) que quando esteve diante do menino afirmou que “[...] este menino está destinado à ruína e ao reerguimento de muitos”. Bem, é isso que a Verdade, pequena ou grande, faz com as pessoas (pequenas ou grandes). Ela é capaz de elevar-nos quando nós tencionamos nossa alma para se amoldar à Ela. Entretanto, quando nos fazemos obtusos, esta nos achata por acreditarmos que nós somos maiores do que nossas vistas estão testemunhando.

Obviamente que para podermos captar a Verdade nós temos de, necessariamente, ter a presença de sua semente em nós, pois, como nos ensina Frithjof Schuoun, “a verdade absoluta coincide com a própria substância de nosso espírito; as várias religiões atualizam objetivamente aquilo que está contido na nossa mais profunda subjetividade”. Porém, o contrário não apenas é impossível, como é absurdo.

Uma metáfora que, creio eu, seja bastante ilustrativa quanto a este ponto, é a do poeta e do louco, que nos é apontada por Chesterton. O poeta, segundo o referido grande escritor, é aquele que coloca a sua cabeça no mundo. O louco, por sua deixa, é aquele que imagina poder colocar o mundo em sua cabeça. Loucos que imaginam poder ser os reformadores do cosmos, de toda ordem, tornando-as melhor por simplesmente amolda-las à sua ignorância pessoal. Pessoas que querem reformar o mundo, mas que são incapazes de se emendarem em suas pequenas falhas. E é deste modo que a verdade nos arruína. É assim que Ela revela o seu esplendor para aqueles que a negam em sua vida e em seus corações.

Ainda, o mesmo senhor afirma-nos outra verdade que, para aqueles que não se encontram com a alma seccionada pela soberba, é auto-evidente. Disse-nos ele (Lc II, 34-35): “Ele deve ser sinal de contradição. E quanto a ti mesma, para ser espada que transpassará a tua alma. Assim é que aparecerão em plena luz os pensamentos ocultos no coração de muitos”.

Ora, é impossível amar a verdade e mentir ao mesmo tempo. É impossível afirmá-la sem estar ao mesmo tempo vivendo Nela. Cedo ou tarde Ela revela o que realmente há em nossos corações da mesma forma que cedo ou tarde as contradições do modo de vida de nossa sociedade se expressam através dos fatos que invadem a janela de nossa alma.

Porém, podemos tomar a dianteira e com o uso do afiado fio da espada da justiça e cortar nossa alma extirpando voluntariamente as ilusões que adotamos como norte de nosso viver e assim, deste modo, atribuir a nós mesmos a devida medida da realidade que se encontra não em nossa torpe vontade e em nossas vãs crenças, mas sim, que se faz vivaz na Vontade de Deus que nos é apresentada através de seu Filho Unigênito e do exemplo de todos os Santos e Santas que, em regra, são ilustres desconhecidos aos olhos da maioria. Infelizmente.

É no exemplo de vida e nas obras destas pessoas e, em especial, de Nosso Senhor, que encontramos os caminhos possíveis para nos aproximarmos do real. Para tanto, São Tomás de Aquino nos aconselha a mantermos a pureza de consciência, ou seja, sermos fiéis à procura pela verdade e, nessa procura, nos aprimorarmos Nela. Além disso, o Doutor Angélico nos admoesta a não deixarmos de nos aplicar a oração e a amar freqüentar a nossa cela (a solidão e o silêncio) para podermos chegar à adega da Sabedoria. Ou você imagina que é possível contemplarmos a Verdade estando imersos em meio à multidão ululante? Das duas uma: ou você irá se entregar de corpo e alma as ilusões das massas ou irá confundir essa balburdia simpática desta multidão com a Verdade. Aliás, não é isso o que ocorre com grande freqüência em nossa sociedade? Não é isso que ocorre freqüentemente conosco?

No silêncio e na solidão pouco importa o que a sociedade diz ou deixa de dizer. O que importa quando nos entregamos a este estado, orientados pala oração, caminhado pela senda da procura da Verdade, é unicamente aceitarmos que Ela, gradativamente, se realize em nós e que, gradativamente, nos tornemos mais o que Ela nos revela do que afirmarmos aquilo que imaginamos ser ou que confusamente desejamos nos tornar.

E eis aí o grande sinal de contradição que se apresenta em nós e que, sorrateiramente, insistimos em nossos soturnos dias acobertar, alentados pela ilusão de que nossas meias-verdade são maiores que a Verdade, não é mesmo? Por isso, não nos esqueçamos jamais, se possível for, que um ser humano que procura sinceramente a Verdade, viverá uma vida humana em sua inteireza. Do contrário, quando afirmamos nosso viver em uma meia-dúzia de meias-verdades, vivemos apenas uma sórdida mentira. Nada mais, nada menos que isso e, nos dois casos, diante do Real, temos a devida medida de nossa alma, gostemos ou não da medida que nos cabe.

[continua]

NOTA DE FALECIMENTO



Faleceu nesta manhã de 05 de outubro de 2009 da Graça de Nosso Senhor, dia de São Benedito e de Santa Maria Faustina, 27ª Semana do Tempo Comum, as 05h00 da manhã, o Senhor Tibúrcio Ferreira Caldas, avô de minha esposa, bisavô de meu filho e um bom amigo. Descanse em Paz.

SÃO FRANCISCO DE ASSIS, em memória (04 de outubro)




ORAÇÃO DA PAZ - Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.Onde houver ódio, que eu leve o amor.Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.Onde houver discórdia, que eu leve a união.Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.Onde houver erro, que eu leve a verdade.Onde houver desespero, que eu leve a esperança.Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:consolar, que ser consolado;compreender, que ser compreendido;amar, que ser amado.Pois é dando que se recebe.É perdoando que se é perdoado.E é morrendo que se vive para a vida eterna. Amém.

COM A PALAVRA, THOMAS MERTON - II


“Muitos católicos cometem o erro de pensar que os problemas de nosso tempo são muito claramente definidos, que não há dificuldade alguma em ver a verdade, e que, dado que a causa justa é muito evidente, só precisamos aplicar a força para obter justiça. Mas é precisamente a ilusão de que é tudo ‘claro’ que está nos cegando a todos. Trata-se de uma grave tentação, e uma forma sutil de orgulho e amor mundano pelo poder e pela vingança.”

[PDF] MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte III

MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte III

MISTÉRIOS QUE REVELAM A VERDADE – parte III

Escrevinhação n. 784, redigido em 29 de setembro de 2009, dia dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios”. (Santo Agostinho)
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Eis que chegamos ao terceiro Mistério (Lc II, 1-21), o nascimento Nosso Senhor Jesus Cristo. O Verbo Divino se fez carne para redenção de nossas faltas (que não são poucas, diga-se de passagem). Quando medito, silenciosamente, sobre esse mistério gozoso, confesso que meus olhos marejam em meio às lágrimas e lhes digo a razão disso.

Primeiramente, me permitam contar uma breve história. Certa feita um grande amigo, e mestre, o filósofo Luiz Gonzaga de Carvalho Neto, relatou-me uma Santa Missa que fora presidida por um Santo homem, o falecido Padre Carmelita. Logo no início da Celebração comunicou a todos que estava acomodado na sacristia um casal de retirantes (ele na época morava na grande São Paulo). A esposa estava grávida e ele solicitava, encarecidamente, que alguém pudesse abrigá-los apenas por uma noite, pois, no dia seguinte, o casal já teria um destino apropriado. Ninguém se manifestou.

Seguiu-se a Celebração e antes de finda-la, o padre mais uma vez perguntou se alguém poderia dar abrigo ao casal. E, em meio ao silêncio, um modesto senhor que residia em uma simplória pensão manifestou-se e disse que cederia o seu quartinho e sua cama para o casal e que ele de bom grato dormiria em um outro cantinho da pensão.

Detalhe: essa Santa Missa era de Natal. Quando o senhor se manifestou, o padre convidou o casal para entrar e disse a todos e eu, aqui, nestas parvas linhas, repito: esse casal era São José e Santa Maria e o menino em seu ventre, Nosso Senhor. Mesmo passado praticamente dois mil anos Jesus Cristo nasceria no lugar mais humilde e seria desprezado por todos devido a dureza de nossos corações.

Por isso que minha alma chora diante desse mistério. Deus se fez presente entre os homens e nós, de nossa parte, continuamos a virar as costas para Ele. Mesmo com o passar de todas essas centúrias continuamos a agir e a viver como sepulcros caiados. A verdade está diante de nossos olhos assaltando nossas vidas e o que fazemos? Baixamos a cabeça, lamentamos, e esperamos que alguém seja realmente Cristão, mas não diante de nossa vista, é claro.

Podemos até, em um primeiro momento, agir de modo similar aos pastores que recebendo o anuncio do anjo rapidamente foram junto à manjedoura onde estava o Menino. Porém, tal qual esses pastores, não perseveramos em nossa luta espiritual. No momento de júbilo, lá estavam, presentes, mas depois, para onde foram? Similar a todos nós que nos fazemos presentes nos momentos de festejo, de alegria e que, logo em seguida, sumimos e nos retiramos para o interior de nossa fétida alcova existencial.

Além desse ponto, há outro que julgo ser de grande relevância sobre o Nascimento de Nosso Senhor que é o seu significado análogo com a alegoria da Caverna do filósofo grego Platão (A República, livro VII). Na referida alegoria um dos agonizantes sai da caverna onde estava agrilhoado e contempla o Sol da Verdade. Após tal visão o sujeito corre para o interior da mesma para partilhar com os demais a visão que tivera da estrutura do real.

Bem, o nascimento de Cristo é profundamente mais significativo, obviamente, e Platão com certeza concordaria. Primeiro que uma estrela com brilho incomum iluminou o céu daquela noite a mais ou menos de dois mil e nove anos passados, correto? É, e não foi um reles mortal que partiu da caverna para acender a procura da Verdade, foi o próprio Sol da Verdade, que desceu até a gruta e em uma modesta manjedoura apresentou a sua majestade para que todos conhecessem o caminho, a verdade e a vida.

Doravante, de modo análogo a alegoria da caverna, o fim dessa história é semelhante. Do mesmo modo que os agonizantes da caverna platônica em um primeiro momento desprezaram, perseguiram e mataram o indivíduo que teve uma visão da Luz da Verdade, nós, de nossa parte, continuamos até hoje, insistindo em ficar agrilhoado na caverna escura e sombria do pecado, da ignorância voluntária, desprezando a Verdade revelada que se fez carne. Se isso já não bastasse, perseguimos sutilmente o eco de seu magistério e, covarde e silenciosamente, matamos a semente que no âmago de nosso coração, quer germinar e dar bons frutos.

Mário Ferreira dos Santos em seus comentários ao diálogo Parmênides de Platão, nos lembra que nos tornamos “um” quando aceitamos participar do Uno e que nos dissolvemos em uma multiplicidade irreal e nebulosa quando o negamos. Aceitar o Verbo, o Logos, é aceitar a Verdade que ilumina a nossa vista e, consequentemente, ao transpassar essas janelas, ilumina todo o nosso ser nos tornando “um” com o Uno. Ou como nos ensina São Paulo (Gálatas II, 20): “Eu vivo, mas já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim”.

Ainda, sobre esse ponto, a Constituição Dogmática DEI VERBUM nos lembra que “Aprouve a Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar-Se a Si mesmo e tornar conhecido o mistério de sua vontade, pelo qual os homens, por intermédio do Cristo, Verbo feito carne, e no Espírito Santo, têm acesso ao Pai e se tornam participantes da natureza divina”.

Ora, para se conhecer a Verdade é fundamental que primeiramente aceitemos a sua presença em nossa vida. Para realmente podermos viver de modo digno e reto, temos que aceitar seguir o caminho que nos é apresentado e iluminado pelo Sol da Verdade que bilha nesta noite escura, como diria São João da Cruz.

Por fim, Ele se fez carne para que nós pudéssemos reconhecer Nele o que há Dele em nós, para que possamos ver em Seu nascimento o nosso renascimento. Porém, antes de qualquer coisa, temos que aceita-lo em nossa vida, em nossa alma e estarmos realmente dispostos a ter de enfrentar a recusa e a perseguição sutil e dissimulada do espírito do mundo e de seus escravos bestializados pela ignorância e pelo orgulho que, no mundo hodierno, não são poucos, diga-se de passagem.

Se você realmente está, disposto a isso, faça de seu coração uma manjedoura e renasça junto ao Logos que Se fez carne e assim permitir que a Verdade o liberte desta fétida caverna de ilusões e vaidades que é uma vida vivida em um mundo que estupidamente se aparta Daquele que É.

[PDF] A RODA DOS ESCARNECEDORES

A RODA DOS ESCARNECEDORES

A RODA DOS ESCARNECEDORES

Escrevinhação n. 783, redigido em 24 de setembro de 2009, 25ª Semana do Tempo Comum.
Por Dartagnan da Silva Zanela

“[...] vede o modelo que nos foi dado! Se o Senhor se humilhou dessa maneira, que faremos nós que, por meio dele, fomos, colocados sob o julgo de sua graça?
(São Clemente)
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São Tomás de Aquino, o doutor angélico, em sua obra CONTRA RETRAENTES, afirma que os professores: "[...] devem ser elevados em suas vidas, de modo que iluminem aos fiéis com sua pregação, ilustrem aos estudantes com seus ensinamentos, e defendam a Fé mediante suas disputas contra o erro". Conselho, como sempre, muito acertado que nos é dado pelo Aquinate. Pena que seja tão sumamente desprezado pelas pessoas as quais ele é dirigido.

Um professor é um ponto nevrálgico na vida de um jovem. A educação, enquanto guiamento da alma do indivíduo para sua maturação integral é um elemento basilar para a sadia constituição do ser humano. É claro que neste simplório libelo não estamos entendendo por maestro apenas aqueles que exercem formalmente o ofício deste sacerdócio ingrato.

Quando nos referimos ao fazer magisterial, estamos fazendo referência a todos aqueles que ocupam um papel central na vida social, que se apresentam como comunicadores, como formadores de opinião, como exemplos a serem imitados (mesmo que, realmente, não sejam exemplo de nada elevado).

Se formos pensar o “ser professor” dentro desta concepção dilatada, perceberemos o quanto é urgente a audiência deste conselho de São Tomás de Aquino. Atores, jornalistas, músicos, modelos, atletas, políticos e, é claro, professores, professam de modo consciente ou inconsciente, de maneira direta ou indireta, um sistema de valores que é absorvido, imitado e reproduzido por aqueles que confiam em suas pessoas.

As tenras gerações, aceitemos ou não, depositam um elevado sentimento de confiança em relação a nós e, em especial, naqueles que são apresentados e aceitos como sendo pessoas dignas de serem ouvidas. Para tanto, não há necessidade de que elas sejam retratadas com estas palavras, não mesmo. Basta apenas que ocupe um lugar de destaque em meio à multidão ululante tal qual ocorre na sociedade atual, decrépita em seus alicerces e decadente no horizonte apontado pelos seus indivíduos tido como exemplares.

Se você for uma daquelas pessoas com as vistas pasmadas por uma visão romântica da realidade que insiste em ver os educadores (por ofício mesmo) como heróis da resistência que estão lutando contra a corrente, tire o seu aparato cognitivo da chuva. Pelo contrário. Esses são apenas mais uma vil peça deste esquema degradante. Como idiotas úteis, infelizmente, mas o são.

Antes de mandar esse missivista pastar, reflita sobre a seguinte questiúncula: você já reparou que o que nosso sistema educacional melhor faz é repedir para as tenras almas as propagandas ideológicas dos modismos reinantes que são, literalmente, as mesmas que nos são apresentadas pelos outros canais de informação existentes na sociedade? Não? Então preste um pouco mais de atenção nesse detalhe, pequeno em sua sutiliza, todavia, mastodôntico em sua presença hegemônica.

Compare as patacoadas que se fazem presentes nos livros didáticos, com algumas informações que são vinculadas nas publicações populares, nos programas televisivos e nos discursos políticos. Compare e perceba, se desejar realmente perceber, que os valores ministrados são os mesmos através dos mais variados meios.

Por serem os mesmos, tais declarações trazem uma grande dose de segurança que em seu abuso obsceno da confiança e da credulidade das pessoas, em especial das jovens gerações, tolhem a curiosidade natural do indivíduo que é substituída pela reles conformação de sua percepção da realidade ao que as vozes a sua voltam afirmam ser real e não o que os seus olhos podem testemunhar.

Um exemplo flagrante deste estado de demência é o fato de todos ensinarem e acreditarem que a mídia manipula tudo e a todos e, as mesmas pessoas que afirmam isso, tem geralmente apenas como fonte de informação a dita mídia. Ora, como você pode emitir um parecer seguro sobre algo com base apenas naquilo que você mesmo afirma não ser digno de confiabilidade?

Esse dupli-pensar monstruoso, meus caros, é ensinado por todos nós que ocupamos um lugar central no processo educativo e, através de nossas palavras, gestos e exemplos, ensinamos aos nossos jovens como se auto-bestializarem.

Em tempo, lembramos aqui o que o mesmo Santo Doutor nos diz através de sua obra SUMA TEOLÓGICA, que: "Toda e qualquer coisa real possui a verdade de sua natureza na medida em que imita o saber de Deus" (I, 14, 12). Porém, hoje em dia, o homem moderno em sua soberba prefere imitar a si mesmo em sua confusão e crer que tal estado de espírito é digno de ser ensinado. Por perdermos a medida de nossa natureza, perdemos a medida de nossa ignorância e, inevitavelmente, do papelão ridículo que se tornou nosso modo de viver e de ensinar no dias hodiernos.

Por essas e outras que creio não ser um exagero afirmar que nossa sociedade e, fundamentalmente, nosso sistema de educação se converteu em uma grande roda de escarnecedores onde tudo que é digno é desprezado, tudo que é reto coloca-se sob a clave do preterir, onde tudo que é elevado é simplesmente desdenhado como loucura ou devaneio. A esse quadro de insanidade dá-se o nome de educação e, como dizem os garotos, dar esse digno nome a isso, “é pra acabar”.

PROGRAMA AVE MARIA - 01 DE OUTUBRO DE 2009.

O Programa AVE MARIA é o programa da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda a sexta das 18h00 as 18h15 pelas ondas da Rádio Iguaçu FM. Nas quintas é apresentado por Dartagnan da Silva Zanela.

O CONCÍLIO VATICANO II ENSINA – EM 4 PARTES - "B"

Comentários radiofônicos realizados por Dartagnan da Silva Zanela para o programa Boas Notícias da Rádio Cultura nos dias 30/09 e 01/10.



O CONCÍLIO VATICANO II ENSINA – EM 4 PARTES - "A"

Comentários radiofônicos realizados por Dartagnan da Silva Zanela para o programa Boas Notícias da Rádio Cultura nos dias 28/09 e 29/09.