Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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Oração a São Tomás Becket

Senhor nosso Deus, que destes ao mártir São Tomás Becket a grandeza de alma que o levou a dar a vida pela justiça, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de saber perder a vida por Cristo neste mundo, para podermos encontrá-la para sempre no Céu. Por Nosso Senhor. Amém

UM DIA


Se há luz em minha vida
É porque Deus a alumia
Com a presença bendita
De almas generosas...
Meus familiares e amigos
Que são a alegria
Deste e de todos os dias
De minha vida.

Em 29 de dezembro de 2012,
dia de São Tomas Becket.

DOIS EXEMPLOS E UMA LIÇÃO


Escrevinhação n. 983, redigida em 25 de dezembro de 2012, dia do Santo Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por Dartagnan da Silva Zanela

Muitas são as imagens que carregarei deste ano que está por findar. Destas, duas gostaria de partilhar. Imagens da intimidade do meu lar que, penso, carregam em sua cotidianidade uma valia que eu não tenho o direito de ocultar no recôncavo de minhas lembranças.

Minha pequena filhota Helena, neste ano, começou a falar suas primeiras palavras. Falar naquele linguajar que, num primeiro momento, apresenta-se de forma hermética, mas que, gradativamente, com a atenção necessária, conseguimos reconhecer nos sons confusos as pontes que ligam os significantes aos significados que dão forma aos signos do vernáculo que, gradativamente, está formando o cabedal de instrumentos do universo da pequenina.

A alegria de estar sendo compreendido pelos outros, o júbilo de estar agindo sobre o mundo por intermédio de palavras que ligam os desejos ao mundo e às pessoas que nele se encontram. Este é um dos muitos milagres da existência humana.

A segunda imagem, também é dum infante. De meu filho primogênito. Johann é seu nome e, perseverança, sua profissão. Sua curiosidade é um mapa. Os conselhos meus e de minha amada a bússola. Porém, às vezes, a bússola falha, sobrando-lhe apenas curiosidade perseverante.

Explico-me: ele colocou em sua cabecinha que iria aprender a resolver o tal do cubo lógico. Bem, nunca em minha parva vida resolvi esse enigma tridimensional. Decepcionado, disse-lhe que não poderia ajudá-lo, porém, lembrei-lhe que no youtube ele encontraria a ajuda de que precisava. Depois de algumas semanas de pesquisa, muita atenção e uma admirável dedicação, batata! Ele aprendeu e, em pouquíssimo tempo, já estava resolvendo o dito cubo praticamente de olhos vendados.

Coisas de pai babão! Estou sabendo. Mas não apenas isso. Veja só o quanto que em tenra idade os indivíduos literalmente refletem vividamente o que Aristóteles indica na primeira página da Metafísica ao mesmo em tempo que negamos a mesma sentença com o correr dos anos. É natural ao ser humano o desejo de conhecer. Sim, potencialmente todos têm. Todavia, também somos potencialmente inclinados a fixar nossa vida à segurança das rotinas vazias e alienantes (detesto essa palavra, mas é a única que me parece apropriada).

Esquecemos, com o tempo, esse regozijo do espanto jubiloso advindo do aprender. Preferimos a monotonia da repetição, das rotinas delirantes que apenas reafirmam nossa nulidade. Confesso que chega ser pavoroso ver a diferença que há entre a capacidade pujante de aprender duma criança comparada com a de um indivíduo crescido. Do colo da mãe até, mais ou menos, sete anos, é simplesmente incrível o quanto se aprende. Dos sete em diante, é terrificante o declínio, chegando, em muitos casos, numa nulidade bestial.

É por essas e outras que o reino dos Céus pertence aos pequeninos. Apenas neles, e raramente noutros, o desejo pela Verdade é sincero, ardente e, acima de tudo, presente. Bem diferente de nós, não é mesmo?

Annum Faustum
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Conferencia del Dr.Castañon - Científico Ex-ateo

NOVENA DE SANTO AFONSO DE LIGÓRIO


Rezar por nove dias ou nove horas seguidas
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Glorioso Santo Afonso, Bispo, confessor e doutor da Igreja, dedicado servo de Deus, de Cristo e de Maria, eu invoco-te como um santo no céu.
Peço que sejas meu pai, meu protetor, e meu guia no caminho da santidade e da salvação.
Ajuda-me na observação das funções do meu estado de vida.
Obtenha para mim uma grande pureza de coração e um fervoroso amor da vida interior seguindo o seu próprio exemplo.
Grande amante do Santíssimo Sacramento e da Paixão de Jesus Cristo, me ensinai a amar a Santa Missa e a Sagrada Comunhão como a fonte de toda graça e de santidade, e para receber este Sacramento tão freqüentemente quanto eu possa. Dá-me uma grande devoção à Paixão de meu Crucificado Redentor.
Promotor da verdade de Cristo na sua pregação e por escrito, dá-me um maior conhecimento e apreciação das verdades divinas.
Gentil pai dos pobres e pecadores ajudai-me a imitar a sua caridade para com meus semelhantes, em palavras e ações.
Consolador do sofrimento, me ajude a suportar a minha cruz diária pacientemente na imitação de sua própria paciência na sua longa doença, e eu próprio possa aceitar a vontade de Deus Bom Pastor do rebanho de Cristo, para obter-me a graça de ser uma verdadeira criança da Santa Mãe Igreja.
Santo Afonso, eu humildemente imploro sua poderosa intercessão para a obter do Divino Coração de Jesus todas as graças necessárias para o meu bem-estar espiritual e temporal.
Recomendo-lhe, em particular, o favor. . . (indicar o seu pedido específico ou intenção aqui!)
Tenho grande confiança nas suas orações. Sinceramente eu confio que, é da santa vontade de Deus, o meu pedido será concedido através de sua intercessão ante o trono de Deus.
Santo Afonso, rezai por mim e por aqueles que eu amo, eu imploro, por seu amor por Jesus e Maria, não nos abandone nas nossas necessidades.
Para que um dia possamos experimentar a paz e a alegria de uma santa morte. Amém.
Em agradecimento a Deus pelas graças oferecidas por intercessão de Santo Afonso:

Rezar três vezes Pai-Nosso, Ave-Maria e o Glória.

Comentário Radiofônico de 21 de dezembro de 2012.

Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI À CÚRIA ROMANA NA APRESENTAÇÃO DE VOTOS NATALÍCIOS


Sala Clementina
Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2012.

Com grande alegria, me encontro hoje convosco, amados membros do Colégio Cardinalício, representantes da Cúria Romana e do Governatorado, para este momento tradicional antes do Natal. A cada um de vós dirijo uma cordial saudação, começando pelo Cardeal Angelo Sodano, a quem agradeço as amáveis palavras e os ardentes votos que me exprimiu em nome dele e vosso. O Cardeal Decano recordou-nos uma frase que se repete muitas vezes na liturgia latina destes dias: «Prope este iam Dominus, venite, adoremus! – O Senhor está perto; vinde, adoremos!». Também nós, como uma única família, nos preparamos para adorar, na gruta de Belém, aquele Menino que é Deus em pessoa e tão próximo que Se fez homem como nós. De bom grado retribuo os votos formulados e agradeço de coração a todos, incluindo os Representantes Pontifícios espalhados pelo mundo, pela generosa e qualificada colaboração que cada um presta ao meu ministério.

Encontramo-nos no fim de mais um ano, também este caracterizado – na Igreja e no mundo – por muitas situações atribuladas, por grandes problemas e desafios, mas também por sinais de esperança. Limito-me a mencionar alguns momentos salientes no âmbito da vida da Igreja e do meu ministério petrino. Tivemos – como referiu o Cardeal Decano – em primeiro lugar as viagens realizadas ao México e a Cuba: encontros inesquecíveis com a força da fé, profundamente enraizada nos corações dos homens, e com a alegria pela vida que brota da fé. Recordo que, depois da chegada ao México, na borda do longo troço de estrada que tivemos de percorrer, havia fileiras infindáveis de pessoas que saudavam, acenando com lenços e bandeiras. Recordo que, durante o trajecto para Guanajuato – pitoresca capital do Estado do mesmo nome –, havia jovens devotamente ajoelhados na margem da estrada para receber a bênção do Sucessor de Pedro; recordo como a grande liturgia, nas proximidades da estátua de Cristo-Rei, constituiu um acto que tornou presente a realeza de Cristo: a sua paz, a sua justiça, a sua verdade. E tudo isto, tendo como pano de fundo os problemas dum país que sofre devido a múltiplas formas de violência e a dificuldades resultantes de dependências económicas. Sem dúvida, são problemas que não se podem resolver simplesmente com a religiosidade, mas sê-lo-ão ainda menos sem aquela purificação interior dos corações que provém da força da fé, do encontro com Jesus Cristo. Seguiu-se a experiência de Cuba; também lá nas grandes liturgias, com seus cânticos, orações e silêncios, se tornou perceptível a presença d’Aquele a quem, por muito tempo, se quisera recusar um lugar no país. A busca, naquele país, de uma justa configuração da relação entre vínculos e liberdade, seguramente, não poderá ter êxito sem uma referência àqueles critérios fundamentais que se manifestaram à humanidade no encontro com o Deus de Jesus Cristo. [continue lendo]

Comentário Radiofônico de 20 de dezembro de 2012.

Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

Comentário Radiofônico de 19 de dezembro de 2012.

Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

OS SINOS DOBRAM POR VOCÊ


Escrevinhação n. 982, redigida em 18 de dezembro de 2012, dia de São Graciano e de São Vunibaldo.

Por Dartagnan da Silva Zanela

Parece um tanto que estranho, na falta de palavra melhor, falar sobre o Santo Natal nos dias atuais. Dias estes onde as almas vêem-se embebidas num hedonismo egocêntrico forjado nas labaredas cálidas dum materialismo sustentado por um ateísmo prático que alivia as consciências dos fiéis amornados.

Para aumentar mais ainda o clima de contradição o cenário de fim de ano parece corroborar. Nesta época, como todos sabem, tudo está a venda, inclusive a dignidade. Mas não se engane! É postiça. Aliás, toda ordem de quinquilharias encontra-se a disposição das mãos humanas ávidas por migalhas de felicidade de lagartixa.

Junte a isso, ainda, as reuniões familiares. Papai, mamãe, titia, papagaio, cachorro e tutti quanti. Reunimo-nos com os nossos para falar mal dos que estão ausentes e, em muitos dos casos, para parlar dos que estão presentes. Brigas, desentendimentos, lavação de roupa suja e, é claro, para aliviar a pressão da ocasião, muita bebedeira, que fica registrada nas fotos mal batidas que são estampadas nas redes sociais que, também, nestes dias, ficam mais etílicas.

E se tudo isso já não bastasse temos as contas! Além das ordinárias temos as extraordinárias que são exigidas pelas festas de fim de ano. O Natal, em muitíssimos lares destas plagas, parece mais um banquete romano que outra coisa. Aí o número do saldo mensal não mais bate com o dos débitos! Os olhos esbugalham, a cabeça dói e, para aliviar a consciência, toma-se um ou mais porretassos sempre acompanhados da atávica frase: “Que se dane tudo! Ano que vem eu resolvo!”

De fato, parece estranho, mas não é. Porque Cristo é o sol radiante que vem ao mundo para rasgar esse sombrio véu noturno que encobre a alma humana nos dias atuais, como nos dias de todas as épocas. É em meio a um cenário como esse, de falsas esperanças e pseudo-alegrias que um vívido sinal de luz rasga os céus de nosso coração para nos apontar a estrada que nos levará para Aquele que nos revelou a face da Verdade e da Vida.

Da mesma forma que hoje, a dois mil e doze anos atrás, o Messias era desejado, mas não esperado. Esperava-se um rei todo poderoso que escorraçasse com os inimigos do “povo” e hoje, espera-se que ele faça o mesmo, porém, que seja multifuncional, biodegradável, com responsabilidade social e que tenha, pelo menos, dois anos de garantia. Dum jeito ou doutro, Nosso Senhor Jesus Cristo, é o Messias inesperado tanto pelas almas de antanho, como por nós.

É em meio a todas essas contingências que parecem nos reduzir e nos degradar que Deus nos sorri, junto ao coração, convidando-nos a transcender as muralhas do caos presente. É neste cenário catastrófico que o Verbo Divino Encarnado bate às portas de nossa alma para que aprendamos com Ele, que é manso e humilde, a sermos filhos de Deus e não mais do mundo.

Por isso, nesta data, sejamos como a um pinheiro, adorado de virtudes, para resistirmos aos gélidos ares do mundo. Alegremente, prostremo-nos diante do presépio para contemplarmos as portas do Céu na face dum menino e que este Santo Natal inunde nosso ser com as alegrias que não são deste mesquinho mundinho.

Natale hilare 
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O latim e o baile funk


Por Leonardo Bruno

Confesso nada entender a respeito de lingüística. Pergunto-me se há alguma utilidade efetiva para essa "ciência" esquisita (talvez a finalidade maior seja a de empregar lingüistas). Quando eu ouço o lingüista falar, lembro imediatamente da bizarra figura do antropólogo, cujo ganha-pão, segundo o jornalista Janer Cristaldo, é o índio. Ambos são profissionais que falam jargões quase incompreensíveis e, por vezes, absurdos. Se o lingüista, muitas vezes, pode ser o relativista da língua, o antropólogo é o relativista da cultura. O primeiro parece negar qualquer padrão aceitável do idioma. Já o segundo afirma que nenhuma cultura é superior a outra: todas se equivalem.

Desse modo, para o antropólogo, os nossos juízos, valores e idéias são apenas reflexos de uma cultura em particular. É necessário indagar como alguns lingüistas estudam e identificam o idioma, se não aceitam padrões claros que definam a sua existência. Ou mesmo o antropólogo, que deve se achar acima de todas as culturas, para afirmar que a sua antropologia sirva para analisar todas elas. Não falo sobre todos os lingüistas e todos os antropólogos, mas tão somente sobre os lingüistas e antropólogos mais comuns. Há exceções notáveis. Contudo, a regra é de assustar.

O famigerado "preconceito lingüístico" de Marcos Bagno é a moda acadêmica da atualidade incultural brasileira. Para ensinar o português, não é preciso mais ensinar a gramática. Qualquer fala ou qualquer escrita, por mais insuficiente, confusa ou ininteligível que possa ser, deve ser aceita como forma válida de comunicação. (Mesmo que ninguém mais entenda a norma culta ou consiga ler, entender e falar em vernáculo correto.) A gramática, a literatura e a história da língua são apenas meios opressivos de classe, de ideologia e de condição social, prontos a discriminar os pobres burrinhos. Corrigi-los é um crime de lesa-pátria e despotismo abomináveis! O objetivo maior é fomentar a rebelião da classe iletrada contra o homem instruído e suas engrenagens de exploração (a literatura e a gramática), tal como o proletariado deve combater o burguês e a sociedade capitalista! Em suma, Camões e Machado de Assis deveriam ser fuzilados em nome da revolução! Ou no mínimo, queimados na fogueira. É a luta de classes no universo da língua, dos oprimidos analfabetos contra os opressores alfabetizados. Analfabetos de todo o mundo, uni-vos! [continue lendo]

Comentário Radiofônico de 18 de dezembro de 2012.


Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

 

Comentário Radiofônico de 17 de dezembro de 2012.

Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

Papa João Paulo II - Angelus de 14/12/2003 (fragmento)


«Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo:
alegrai-vos! [...] O Senhor está próximo»

«Alegrai-vos sempre no Senhor. [...] O Senhor está próximo!» (Fl 4,4-5). Com estas palavras do apóstolo Paulo a Liturgia convida-nos à alegria. É o terceiro domingo do Advento, chamado precisamente por isto domingo «Gaudete». [...]

O Advento é tempo de alegria, porque faz reviver a expectativa do acontecimento mais jubiloso na história: o nascimento do Filho de Deus da Virgem Maria. Saber que Deus não está longe, mas perto, que não é indiferente, mas compassivo, que não é alheio, mas Pai misericordioso que nos segue amorosamente no respeito da nossa liberdade: tudo isto é motivo de uma alegria profunda que as vicissitudes alternas do dia-a-dia não podem cancelar.

Uma característica inconfundível da alegria cristã é que ela pode conviver com o sofrimento, porque se baseia totalmente no amor. De facto, o Senhor que está tão próximo de nós, a ponto de Se fazer homem, vem infundir-nos a Sua alegria, a alegria de amar. Só assim se compreende a alegria serena dos mártires também no meio das provas, o sorriso dos santos da caridade diante de quem se encontra no sofrimento: um sorriso que não ofende, mas conforta. «Alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor está contigo» (Lc 1,28). O anúncio do anjo a Maria é um convite à alegria. Peçamos à Virgem Santa o dom da alegria cristã.

Comentário Radiofônico de 13 de dezembro de 2012.

Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

Arquitetura e humanidade


Por Carlos Ramalhete

Os comentários nas redes sociais sobre o falecimento de Oscar Niemeyer mostraram que ainda hoje a arquitetura moderna é polêmica. Seu mestre Le Corbusier dizia que seus prédios eram “máquinas de morar”; quem se viu obrigado a morar neles completa: “máquina de morar mal”. O arquiteto indignava-se ao perceber que os moradores tentavam logo tornar o espaço adequado ao uso humano, com cortininhas e vasos de plantas.

É inegável a completa inadequação ao uso humano dos espaços planejados pela arquitetura moderna: praças sem árvores e sem sombras, edifícios quentíssimos, de péssima acústica e com escadas sem corrimões; ambientes em que apenas robôs se sentiriam à vontade – ainda que, no caso de Niemeyer, dessem maquetes belíssimas.

Seu talento plástico superou o de Le Corbusier; comparar as obras de um e de outro é como comparar um pássaro em voo a um caixote. Infelizmente, contudo, a visão desumana que orienta a arquitetura moderna também orientou a obra do brasileiro.

As arquiteturas tradicionais têm elementos em várias escalas, dos pequenos arabescos do tamanho de uma mão a almofadas de porta de menos de um metro, a portas emolduradas com dois metros, abrindo caminho para pés-direitos de altura adequada ao clima. Estas escalas, presentes igualmente na natureza – em que uma árvore pode ter um tronco de 30 metros de diâmetro, mas tem também galhos progressivamente mais finos, folhas, flores, nervuras... – fazem com que as pessoas se sintam confortáveis.

Na arquitetura moderna, o efeito buscado é o oposto; os detalhes inexistem, as escalas dão saltos, passando imediatamente do minúsculo ao monumental. O ser humano é um intruso, uma formiga na mesa de jantar. Os nichos que nos dão conforto – um espaço aconchegante junto à janela, a transição da rua à sala que uma varanda proporciona – não existem; é o homem que deve se adaptar à arquitetura, não o contrário. É a negação do humano, nas dimensões, no conforto, em tudo que não a beleza dos edifícios vistos de longe ou em maquete.

Trata-se, na verdade, de uma expressão mais refinada duma visão arquitetônica orientada pelos totalitarismos do século passado – a um dos quais, aliás, Niemeyer permaneceu sempre fiel. Stálin e Hitler mandaram construir edifícios gigantescos, em que o homem desaparecia como uma formiga numa mesa. Niemeyer fez edifícios em que o homem desaparecia como uma formiga numa bela escultura; a visão é a mesma, o erro é o mesmo. Difere apenas o talento de quem rascunha as leves linhas com que o humano é negado.

Comentário Radiofônico de 12 de dezembro de 2012.


Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

 

Documentário - Guadalupe - Uma Imagem Viva

DA IGNORÂNCIA PRESUNÇOSA

Escrevinhação n. 981, redigida em 10 de dezembro de 2012, dia de São João Roberts.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Quando o assunto é religião, em especial, o Cristianismo Católico, todo mundo dá seu palpite sapiencial. Todos têm uma dita opinião sobre o tema. Opiniões que desrespeitam tanto a Santa Madre Igreja quanto a inteligência humana. Seja da parte dos fiéis ou dos infiéis. Dum lado ou doutro da fronteira temos a manifestação do mesmo problema com intensidades e formas diversas.

Geralmente, as pessoas recebem em tenra idade os rudimentos duma instrução religiosa. Uma hora por semana. Não em todas. Passada algumas primaveras, tcha! Tcha! Já sabem tudo sobre a via salvífica aberta pelo Logos divino encarnado.

Com uma formação frágil e preguiçosa dessa é praticamente impossível não perder a fé ou vê-la tornar-se morna. No segundo caso, qualquer livreto de auto-ajuda água com açúcar “resolve”. No primeiro, um videozinho ateísta da lavra de um Richard Dawkins ou, dum Daniel Dennett, tem efeito similar de alívio para a consciência e de sedimentação da ignorância.

Tanto num quanto noutro, há-se um desprezo olimpiano às questões de ordem religiosa ao mesmo tempo em que os indivíduos afirmam, de modo soberbo, serem grandes sabedores da matéria. Nunca a estudaram com a seriedade e a maturidade devida. Agrilhoados aos seus rompantes juvenis, fecham-se em copas, tolhendo, deste modo, a inteligência e bem como a percepção do real.

Aquela visão esquemática, estereotipada, adquirida na mocidade, sobre tudo e sobre todos, nunca é revisada. Tal visão, com o tempo, passa a integrar a personalidade do indivíduo. Aliás, não temos como nos tornar maduros se não procuramos examinar nossa vida. Quem nunca teve a impressão de ser um farsante nunca fez um exame de consciência. Porca miséria! E como somos farsantes!

Por isso, são muitas as manifestações dessa ignorância inconfessa em matéria religiosa. Porém, levantemos apenas uma lasca desta pedreira para que nos sirva de critério para realizar um razoável exame de consciência, se assim desejarmos. Pergunte-se: o que é fé? Bem, fé não é crer em algo que não se vê como também não é algo que nos faz sentir bem. Muito menos um tapa-buracos frente ao desconhecido. Então, o que é?

Viu só como a sua fé, ou a ausência desta, é desprovida de substância?

Fé meu caro, em princípio, é um ato da inteligência e da vontade. É uma manifestação de confiança e fidelidade diante de evidências constatadas, ponderadas e aceitas pela inteligência em uma tomada de decisão perante a vida. Enquanto um ato de vontade, a fé não pode ser vista dissociada de certas atitudes, pois, a adesão (ou negação) à Verdade inevitavelmente nos transforma. A obediência a Ela, necessariamente, nos eleva. Por isso, fé sem adesão não é fé, mas apenas um furibundo boneco de palha.

Seja como for, a ignorância é imensa. A presunção, maior ainda. Quanto à sincera e abnegada vontade de conhecer acha-se minguada tanto quanto a Fé nestas terras onde a ignorância voluntária é uma insígnia de excelsa distinção.

Pax et bonum
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NÃO ADIANTA NEGAR


Escrevinhação n. 979, redigida em 22 de novembro de 2012, dia de São Clemente I, de Santa Felicidade e sete irmãos e de São Columbano.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Por favor, não faça beicinho. É perda de tempo. Meu coração não mais se deixa comover com esse tipo de teatrinho. Mas, afinal, do que estamos falando? Ah! Sim, desculpe-me por ter colocado a carroça à diante dos bois. É difícil não nos confundir tendo de testemunhar a loucura presente.

Bem, vamos ao ponto. A maresia “informativa”, meu caro, em seu estado bruto, apresenta-se, a qualquer um, sem fazer a menor cerimônia. Arromba nossa alma e, nosso universo pessoal, de tanto ser invadido com uma gama tão ampla quanto disforme de informações que nos acostumamos a ficar em um constante estado de dissimulação, com aqueles toscos ares de quem está à par de tudo para melhor encobrir nossa confusão interior.

Graças aos canais de televisão, as redes sociais e a antiguíssima roda de escarnecedores - círculo de colegas - edificamos em nosso íntimo não apenas uma falsa impressão da realidade, mas sim e principalmente, de nós mesmo. Na verdade, no fundo, o indivíduo moderno pouco se importa com o que está ocorrendo a sua volta ou no mundo. Quando demonstra preocupações desta monta, é por pura afetação, porque o que realmente lhe interessa é ele mesmo e a imagem que irá apresentar diante de seus iguais.

Imagem é tudo. Conteúdo e substância em um mundo partilhado por pessoas que apenas curtem seus umbigos, um luxo dispensável.

É o reino de Narciso. Estamos todos nele, principalmente, aqueles que se consideram maduros, demasiadamente preocupados com o seu mundinho pessoal que, naturalmente, tem essas preocupações miúdas transmutadas em questões de ordem pública em suas conversas estereotipadas e cansativas. Conversas essas sempre tecidas com aquela pose doutoral, naquela entonação de voz de quem (ui!) sabe do que está falando, parlando sempre para um grupo de pessoas que, por coincidência, vive na mesma atmosfera de fingimento.

Bem, é por isso que não adianta fazer beicinho. Se a mensuração do amor que devotamos ao conhecimento e aos bens culturais superiores reflete a envergadura de nossa alma, não há exagero algum em concluir que a brasílica alma diplomada vive minguadamente de subnitrato do pó de dejetos culturais.

Se prestássemos mais atenção ao conteúdo de nossas conversas, se atinássemos mais nossa percepção para as palavras que saem de nossa boca e bem como para aquelas que gentilmente permitimos adentrar em nossos ouvidos, pensaríamos duas vezes, no mínimo, para chamar alguém de estulto, ou coisa do gênero.

Somos uma sociedade que não gosta de ler, mas que idolatra as confabulações fiadas. Somos pessoas que imaginam saber muito sobre qualquer coisa sem nunca ter amado o conhecimento d’alguma coisa. Por isso a seriedade fingida é geral. Não adianta negar.

Pax et bonum
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Comentário Radiofônico de 11 de dezembro de 2012

Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

Comentário Radiofônico de 10 de dezembro de 2012

Comentário realizado por Dartagnan da Silva Zanela para o programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO, transmitido pela rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

O ÓPIO DOS INTELECTUAIS


Escrevinhação n. 980, redigida em 30 de novembro de 2012, dia de Santo André.

Por Dartagnan da Silva Zanela


O marxismo é o ópio dos intelectuais. Este livro, de Raymond Aron, é leitura obrigatória, praticamente um dever cívico, a todo brasileiro que queira compreender as razões da enfermidade que afeta a classe falante de nosso país e que, de um modo geral, fez adoecer a cultura brasileira.

Tanto ontem, como hoje, uma multidão de intelectuais sucumbiu diante da confusão advinda da secularização da cultura. Neste vazio criado pela “ausência” de Deus foi-se instalando mitologias mundanas e religiões civis que tinham por intento suprir, com arremedos pseudo-metafísicos chinfrins, essa necessidade estrutural da alma humana.

Como nos lembra Aron, no século das luzes (XVIII), havia uma tríade mitológica que encantava as classes letradas e que substituiria, em seu imaginário, a Santíssima Trindade. Esta versão trinitária secular era composta pelas seguintes “entidades”: o progresso, a razão e o povo. A partir do século XIX, essa trinca profana metamorfoseou-se em algo mais vil: a esquerda, a revolução e o proletariado.

Substituíram-se fatos dramáticos e estruturantes da vida humana por dogmas cientificistas devido a uma mistificação da ideia de ciência, onde se confunde a prática desta com o apego a crenças materialistas, dando a sensação de superioridade moral e intelectual a seus postulantes, mesmo que, em regra, estes não sejam superiores nem moral, nem intelectualmente. E assim são os marxistas, pseudo-marxistas, cripto-marxistas, marxianos e tutti quanti.

Eles falam uma mesma linguagem, comungam duma mesma mitologia, dos mesmos símbolos e, principalmente, dos mesmos “propósitos”, apesar de discordarem dos métodos para atingi-los. Trocando por miúdos: eles tem um instrumento cultural que lhes faculta sentirem-se integrantes de algo (supostamente) maior que dá sentido as suas vidas sorumbáticas.

Para eles, Marx é o novo Moisés e a luta de classes o seu Armagedom. Ditadores, juntamente com toda lavra de ideólogos rubros, integram a “hagiografia” de sua pseudo-religião pretensamente científica.

Em resumidas contas, o marxismo é uma doença do espírito, cujos principais sintomas são a crença de que só a esquerda pode anunciar o futuro, só a revolução pode eliminar o mal, somente o proletariado é capaz de salvar a humanidade e que só a história é o motor e síntese de tudo. Enfim, eles condenam a realidade e proclamam-se os demiurgos da nova humanidade, os arautos dum evangelho de ídolos ocos.

No fundo, não passam de almas infantilizadas, psicologicamente frágeis com suas frustrações políticas e pessoais lavadas num balsamo de fugas ideológicas chulas. Por isso, e muito mais, o marxismo é um íncubo ideológico que parasita a alma. Uma doença espiritual e, como tantas outras, têm cura. Porém, como toda enfermidade, depende da boa vontade da alma adoecida para enxergar seu ridículo original.

Pax et bonum
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