Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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MEROS RESPINGOS DE TINTA – parte II

Escrevinhação n. 1040, redigida entre os dias 26 de agosto de 2013, dia de São Zeferino, e 31 de agosto de 2013, dia de São Raymundo Nonato.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Há muitas perguntas canalhas que com freqüência são feitas às gerações mais tenras. De todas elas, penso que a campeã é essa: “o que você faria para melhorar o mundo?” Rapidamente, junto com essa pergunta, vem toda aquela enxurrada de idéias estereotipadas dum mundo melhor possível com os mais variados tons rubros. Em pouco tempo lá estão os mancebos passando pito na tal sociedade, no tal capitalismo, no dito sistema e, obviamente, em seus pais e demais seres quadrados. Com isso, esses moleques são instigados a crer que eles são a Justiça sem que, ao menos, tenham aprendido a ser justo. De minha parte, jogaria essa, e todas as perguntas similares, no lixo da história e perguntaria apenas: “o que você tem feito para ser uma pessoa melhor e, com isso, honrar os seus pais?” Imagino que o resto não seja preciso dizer.

2.  Perdão não é sinônimo de passar a mão na cabeça, nem de dó e muito menos de leniência. Perdoar é algo que se dá com todo o coração com o intento de que essa doação complete e repare o mal realizado. Se os corações que clama pela reparação e se dispõe a dá-la não se vêem receptivos e dispostos, o gesto perde sua eficácia. Por isso que, muitas das vezes, padecemos muito para compreender o que realmente devemos corrigir em nosso coração para podermos realmente perdoar ser perdoados e, acima de tudo, nos perdoar. No fundo, bem no fundinho, o que queremos na maioria das vezes é uma palavra de aceitação, que digam-nos que somos pessoas maravilhosas para sentirmo-nos bem, mesmo que essas palavras sejam tão superficiais quanto nossa condição. Um coração assim não quer perdão porque não deseja ver as máculas que estão em suas mãos.

3. As massas marcham para toda e qualquer direção, basta que lhe apontem o caminho que se assemelhe às suas inclinações rasas. As massas tremulam bandeiras junto ao azul do céu imaginando que as letras da flâmula sejam suas e que as idéias nelas impressas brotam de sua [in]consciente ação. As massas param, e gritam, no ritmo da histeria [depre]cívica reinante acreditando credulamente que seu gesto é grandiloquente, um exemplo edificante para as almas tenras. Por fim, as massas retornam, atomizadas, para sua condição de objeto inerme, para suas jaulas existências, muradas por palavras ocas, gradeadas com idéias superficiais e cimentadas com sentimentos artificiosos. Enfim, voltam para o cárcere de vácuo-sentido de suas vidas.

4. Ensina-nos José Ortega y Gasset que “a filosofia não necessita de proteção, nem de atenção, nem de simpatia das massas”. Ué! Então toda essa gente que grita aos quatro ventos para “conscientizar” as massas, que diz “labutar” no intento de ensinar as massas a “pensar” é o que? Na mais modesta das hipóteses, apenas um adolescente crescidinho carente de atenção (há muitos desses tipinhos por aí). Nas mais extravagantes, um militante empolgadíssimo com seus delírios utópicos. Dum jeito ou doutro, a estupidez é a estrela principal deste espetáculo bufo. Cabe lembrar que ela, a estupidez humana, não é sinônimo de filosofia e não tem limites, ao contrário da realidade e de qualquer saco de paciência.

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O BOM COMBATE - parte II

O TRIGÉSIMO DIA DE AGOSTO

Escrevinhação n. 1039, redigida no dia 28 de agosto de 2013, dia de Santo Agostinho.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Já sei, já sei, sou um alienado reacionário pelego por não aderir à paralisação. Posso ser tudo isso e muito mais, porém, há algumas razões que levam-me a seguir, dentro da normalidade possível, com minha rotina de trabalho no dia 30 de agosto de 2013, da graça de Nosso Senhor. Razões essas que procuro parcamente apresentar nas linhas que seguem abaixo.

Não vejo grandeza numa seção coletiva de catarse do passado. Sim, faz 25 anos que tivemos o ocorrido, mas até quando ficar-se-á ressentido essas velhas feridas? Confesso: chega a ser vergonhoso esse remoer rancores sob o pretexto de estar-se preocupado com a educação. Se a razão da paralisação é o vigésimo quinto aniversário da cavalhada de Dom Álvaro Dias, penso que, ao invés de parar, podia-se ensinar aos alunos que pessoas maduras procuram tomar uma atitude mais elevada diante dos pesares. Porém, não é o que se está ensinando.

Doravante, o Estado do Paraná, e bem como todo o país, tem como uma das colunas da prática educacional a obra do filósofo italiano Antônio Gramsci que vê nesta, e na cultura dum modo geral, um instrumento para realizar uma revolução silenciosa e implantar o socialismo sem grandes estardalhaços. A APP opõe-se a isso? Não.

A APP sindicato também apóia outras bandeiras que integram esse mesmo projeto rubro. Entre elas podemos destacar a defesa aberta do assassinato de inocentes sem direito a defesa (aborto) como se isso fosse um direito humano. Vejam só: as digníssimas mentes pensantes e críticas lamentam o desfecho da greve de 1988, mas defendem essa monstruosidade como sendo uma bandeira digna para ver-se tremulando junto do pátio áureo da educação. No meu ver, há algo de muitíssimo errado nisso.

Não apenas isso. Inclua-se também a defesa de políticas GLBT, que frontalmente ultrajam os valores morais mais elementares que nos foram legados por nossa herança judaico-cristã. 

Essas são algumas das muitas bandeiras que são defendidas pela entidade que, imagino eu, contrariam os valores que são cultivados por boa parte dos professores e pais. 

Outra coisa: qual é a posição da referida entidade frente toda a obra de engenharia social empreendida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente que vem solapando todas as possibilidades duma educação efetiva? Qual? Ou continuaremos a negar que o ECA vem permitindo um mundo sem fronteiras para os infantes e uma cadeia de impossibilidades para os educares formais e informais e, deste modo, cultivando e estimulando atitudes anti-sociais? Ora, por mais que muitas vozes “esclarecidas” neguem isso, todos aqueles que vivem no mundo real sabem muito bem do que estou falando.

Sem mais delongas, digo que é por isso que não participo dum ato público capitaneado por essa organização, visto que, os valores inegociáveis que balizam a dignidade humana estão sendo relativizados e minados por essas bandeiras frondosamente ostentadas.

Por fim, se você realmente ama a educação e nunca levou esses pontos em consideração, por favor, o faça porque, penso eu, tem muito mais em jogo do que apenas uma reles reposição de perdas salariais ou qualquer forma de ganho material do gênero ou similar. Reflitamos sobre os valores que estão sendo corroídos gradativamente em nossa sociedade. Valores inegociáveis que, na verdade, estão sendo desprezados em nome de bens mesquinhamente menores.

Mas se você é daqueles que concorda com todas essas (e muitas outras) bandeiras acima apresentadas, não te apoquente, visto que, sou apenas um alienado reacionário pelego que não aderiu à paralisação.

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AINDA SOBRE O EGITO - parte II

O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA

Escrevinhação n. 1038, redigida no dia 27 de agosto de 2013, dia de Santa Mônica.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Se há um professor com o qual tenho uma dívida de gratidão imensurável é o filósofo Olavo de Carvalho. Sim, sou devedor de muitas outras almas aquilatadas, muitas delas já se encontram entre os justos dos céus, outras tantas, como o professor, continuam a ofertar-me lições precisas com suas palavras e exemplos que muito tem contribuído para o meu crescimento intelectual e moral.

Tais palavras não são, de modo algum, uma rasgação de seda gratuita. É gratidão. Sempre que posso, esterno a todos que tenham, dum jeito ou de outro, estendido-me a mão em minha vacilante caminhada por esse vale de lágrimas. Aliás, é somente no Brasil contemporâneo que ser grato é um vexame. Reflexo duma sociedade que vem sendo carcomida pelo rancor e pela inveja indisfarçados que se fazem presentes nas incursões verticais da barbarização marxista (e outras estultices do gênero) que toma conta de nosso país.

E vejam só como são as coisas: conheci o autor de “O imbecil coletivo” por acaso. Lembro-me quando vi pela primeira vez o referido livro. Foi no ano de 1998 na estante duma livraria. Achei o título interessante, mas não dei muita pelota. No ano seguinte, num encontro de estudantes de história (imaginem só!), vi o volume dois do mesmo título, porém, não tinha sido aquele o momento que minhas vistas iriam singrar por aquelas laudas nunca dantes folheadas.

O momento capital foi março de 2000 quando li uma entrevista do referido concedida à extinta revista República que caiu em minhas mãos por acaso. As respostas apresentadas por Olavo de Carvalho eram bombásticas. Nem pestanejei! Fui diretamente à livraria mais próxima e comprei “O Imbecil Coletivo”. Na mesma semana encontrei o site dele e imprimi tudo que havia lá e passei a acompanhar atentamente o seu trabalho.

Detalhe: muitas das almas que me auxiliaram as conheci por intermédio dos trabalhos e de aulas do Olavo. Por exemplo: Mário Ferreira dos Santos, José Osvaldo de Meira Pena, Ludwig Von Mises, René Guenón, Frithjof Schuon, Eric Voegelin, René Girard e tutti quanti. Quem compreende o que significa educação sabe que isso não tem preço.

Sim, o homem é um gigante. O maior intelectual da atualidade e com toda certeza está entre os colossos de nossa cultura e, por isso mesmo, que os sicofantas escarnecedores o insultam na mesma medida que o desprezam, por pura cretinice, inveja e soberba. Infelizmente, vulgaridades assim, sobram no meio letrado brazuca.

Por fim, declaro tudo isso para dizer que a leitura do livro “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”, organizado pelo senhor Felipe Moura Brasil e publicado pela editora Record, é indispensável para todos aqueles que não agüentam mais toda essa patacoada marxistoide e que querem conhecer o que há para além da vã academia por estarem cansados de serem tratados como idiotas pelo establishment. Por essas e muitas outras razões que conhecer a obra deste homem é praticamente um dever cívico e a leitura deste livro, um bom começo.

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AINDA SOBRE O EGITO - parte I

MEROS RESPINGOS DE TINTA

Escrevinhação n. 1037, redigida entre os dias 22 de agosto de 2013, dia de São Filipe Benício e da Virgem Maria Rainha, e 26 de agosto de 2013, dia de São Zeferino.

Por Dartagnan da Silva Zanela

1. A companhia dum analfabeto nato, duma pessoa ágrafa, é muitíssimo mais edificante que a dum analfabeto diplomado, independente do grau de seu rolinho de papel sujo. Este tipo presunçoso, que tanto abunda nestas plagas, conhece as letras, mas não lhes dá o devido valor, desdenha o seu cultivo e, por isso mesmo, não as ama.

2. Palavras! Houve um tempo em que acreditei em palavras humanas. Houve um tempo em que acreditei nas promessas humanas dum mundo melhor possível. Tolo eu era. Esse era o tempo da idade das bestiais utopias rubras. Eram os dias das estultices juvenis, tempo esse em que acreditamo-nos senhores do futuro sem ao menos termos lutado pelo presente a partir da conquista do que nos fora legado pelo passado. Época em que almejamos corrigir o mundo sem ao menos ter tentado nos corrigir. Tempo sombrio esse que, graças ao bom Deus, passou, mas que, em muitas almas, continua a fazer-se presente com as mesmas palavras ocas e vazias dos tempos das estultices pueris.

3. A realidade presente em uma palavra não é desvendada através das páginas dum dicionário, mas sim, por meio das laudas dos atos e gestos humanos. Quando as letras encontram-se perdidas flutuando nos ares pútridos de lábios cínicos os gestos destroem todo o sentido originário que há na palavra dita pela alma sebosa. Ora, não é raro vermos esses seres carcomidos em sua soberba falarem que amam ao mesmo tempo em que seus gestos revelam o total desprezo pelo ser amado. É freqüente testemunharmos gestos de magistral ingratidão em contraste aberrante com a palavra gratidão, mesmo que essa seja dita com todos os tons melosos e entonações chorosas imagináveis. E, num contraste destes, não há como falar em valores, visto que, neste cenário, eles também foram desdenhados, para não dizer excluídos.

4. O posar de coitado é um sinal clarividente de deficiência de caráter. Não me refiro as desvalidos, obviamente. Aliás, estes se recusam a fazer-se de coitados e, na verdade, dão-nos preciosas lições de grandeza através da maneira corajosa com que eles enfrentam os descaminhos da vida. Refiro-me sim àqueles tipinhos que, de fato, a vida lhes sorriu, e muito, mas que se imaginam merecedores de muito mais e, por isso, veem-se como vítimas injustiçadas do destino. Que dó! Nada constroem porque não ganham tanto quanto acham que mereçam. Em fim, sempre se sentem muito acima do que a vida lhes oferta porque nunca estiveram à altura duma vida humana digna deste nome. No fundo, esse tipo de gente não passa dum Raskolnikov piorado.

5. Às vezes fico cá com meus botões a indagar sobre os limites que separam a cegueira estulta da estupidez cinicamente dissimilada. Muitas vezes testemunho certos fatos que, confesso, varam de longe qualquer explicação minimamente razoável. Não consigo crer que certos indivíduos não sejam capazes de ver e compreender a gravidade, e mesmo a crueldade, de seus atos. Muitos fatos não podem ser explicados como sendo uma amostragem de estultice pura e simples. É canalhice da brava! Não podemos nos esquecer jamais que o pior biltre é aquele que se faz de coitadinho, chorando rios de lágrimas [de crocodilo]. E assim ele atua para melhor galgar as simpatias de novos, ou velhos, otários que se compadeçam com sua vileza disfarçada sob uma pútrida túnica duma enjoativa melancolia. Sim senhor! Há muitos desta fauna neste mundo, mas a quantidade de trouxas é bem maior para garantir a perpetuação da dita espécie parasitária.

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Elementos da filosofia de Olavo de Carvalho

Por Ronald Robson

Notas para uma leitura de “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota” (Record, 2013)

I. A obra de Olavo de Carvalho possui uma intuição fundamental: a de que só a consciência individual é capaz de conhecimento (1). O que a afirmação possa ter de banal, em aparência, se esvai se notarmos que aí se fala de “consciência individual”, não se tratando tão somente de “sujeito”, o vocábulo descarnado de uso corrente na metafísica dos últimos séculos. Uma coisa é sujeito enquanto meramente contraposto a objeto em teoria do conhecimento; outra coisa é a modalidade de existência histórica de um ser dotado de consciência, que por definição só pode ser individual. E nisso importa prestar atenção à sutileza vocabular porque aí se afirma uma substância e se afirma uma sua propriedade: “consciência individual”, a primeira, e “capacidade de conhecimento”, a segunda. De um ponto de vista biográfico, a substância atualiza essa sua propriedade em um trauma de emergência da razão (2), que consiste no descompasso entre o crescente acúmulo de experiências do indivíduo, no decorrer do tempo, e a sua capacidade mais limitada de coerenciar e dar expressão a essa massa de fatos que, a princípio amorfa, pode se ordenar – à medida que o indivíduo a expressar a si mesmo – a ponto de nela se tornar discernível uma forma. A cada estágio traumático corresponde um padrão de autoconsciência, um eixo central de estruturação do indivíduo, ao menos a nível psicológico, que se pode melhor compreender mediante uma teoria das doze camadas da personalidade (3): pois, caracterologicamente, o desenvolvimento da psique pode ser apreciado em doze camadas distintas, umas integrativas (formam um quadro integrado estável), outras divisivas (estabelecem uma ruptura da ordem anterior que, assim, propicia uma nova ordem). A terceira camada, por exemplo, a qual em geral é objeto de escolas como a behaviorista e a Gestalt – que equivocadamente, como fazem outras escolas, tomam uma camada da psique por sua própria substância (4) –, compreende aquele período de esforço cognitivo concentrado para aquisição de saberes que permitam à pessoa (criança, aqui) se orientar no mundo com algum grau de independência, ao menos física; a quarta camada, divisiva e decisiva ao seu modo, que afinal foi o verdadeiro objeto de estudo de Freud e Klein, abarca a história pulsional do indivíduo preocupado sobretudo com sua afetividade, com o querer e sentir-se querido; e com a quinta camada, integrativa e de individuação (Jung), já começa a surgir o problema objetivo de quais são os propósitos reais do indivíduo e como alcançá-los – a questão deixa de ser de afetividade, passa a ser de poder. E assim por diante, a passar por camadas que apenas podem ser alcançadas, mas não necessariamente, como a da síntese individual (oitava), a da personalidade intelectual (nona) ou mesmo a do destino final (décima segunda).

II. A identificação de em que camada se está, o indivíduo só pode fazê-la por meio de um gesto de assentimento aos seus próprios atos e pensamentos. Essa aceitação, se vista antropologicamente, tem seu fundamento no princípio de autoria (5): cada indivíduo é responsável pelos seus atos, e essa asserção é universal; não existe registro de nenhuma cultura na qual o ato de um indivíduo devesse ser atribuído a outrem (o que, para além da constatação de fato, demonstra existir a constante antropológica de que um homem é um todo, ele é seus atos, e estes não lhe podem ser alheados). Mas essa aceitação tem no princípio de autoria apenas seu fundamento, não o seu meio ou método, mesmo porque tal princípio só abarca os atos individuais que são testemunhados socialmente. Para além destes, existem outros de outra ordem e de maior importância – os atos sem testemunha (6). Estes são os atos de que o indivíduo só se reconhece autor por uma obrigação interior, não externa; à medida que neles se reconhece, integra a sua personalidade e, assim, fica menos à mercê de quaisquer automatismos de pensamento ou comportamento. Esta outra ordem de objeto de consciência é incorporada ao indivíduo especificamente através do método da confissão (7): uma vez que toda expressão social depende de uma expressão individual e interior, e uma vez que esta só se torna possível após uma condensação de significado sob a forma do juízo, este, antes de se tornar proposição – em sentido lógico – dotada de compreensibilidade pública, deve ser afirmado pelo indivíduo de si para si mesmo – o indivíduo deve, em suma, confessar para si aquilo que ele já sabia, mas de que não estava ciente até então. A esse recenseamento socrático do que se sabe e não se sabe segue-se o processo de extrusão, pelo qual o indivíduo dá forma lingüística e simbolicamente articulável à própria experiência. [continue lendo]

Foro de São Paulo, 23 anos depois

Por Silvio Grimaldo (*)

Em entrevista exibida pela Globo News em 2009, Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores, diagnosticava: “O que explica a confusão da América Latina é o Foro de São Paulo”. E ele tinha razão!

O Foro de São Paulo é uma organização que reúne de maneira promíscua partidos políticos legais, organizações terroristas e grupos narcotraficantes. Ele foi fundado em 1990 por Lula e Fidel Castro, que prometiam reconquistar na América Latina o que se havia perdido no Leste Europeu. Seu objetivo era traçar estratégias comuns e lançar “novos esforços de intercâmbio e de unidade de ação como alicerces de uma América Latina livre, justa e soberana”. A unidade estratégica dessas organizações visava tomar o poder em todo o continente, criando uma frente de governos socialistas em oposição aos Estados Unidos. Hoje, duas décadas depois, o Foro de São Paulo governa 16 países, nos quais aplica a mesma agenda de aparelhamento do Estado, de limitação das liberdades civis, de relaxamento no combate ao narcotráfico, de perseguição à oposição e à imprensa livre.

O “Plan de Acción” aprovado e publicado nas atas do seu 19.º Encontro, ocorrido em São Paulo no começo deste mês, confirma e reforça o pacto estratégico e o compromisso solidário estabelecidos 23 anos atrás. Os efeitos práticos dessa solidariedade política ficam claros quando observamos a submissão do governo petista às diretrizes do Foro, em detrimento dos interesses nacionais, como ilustram alguns casos da nossa política recente.

Em 2005, o representante das Farc no Brasil, Olivério Medina, foi preso numa ação conjunta entre a Polícia Federal e a Interpol. Medina era procurado na Colômbia por diversos crimes – homicídio, sequestro e contrabando de armas – e o governo colombiano pediu sua extradição. O presidente Lula não apenas lhe negou o pedido como concedeu ao terrorista o status de refugiado político. Logo depois, a esposa de Medina, Angela Maria Slongo, foi ocupar um cargo de confiança no Ministério da Pesca, a pedido de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.

Em maio de 2006, Evo Morales estatizou duas refinarias da Petrobras na Bolívia, depois de ocupadas e tomadas pelo exército boliviano. O governo brasileiro respondeu com um afago e, dois anos depois, Lula anunciava um empréstimo de US$ 332 milhões a Morales, para a construção de uma rodovia.

Em 2011, Dilma Rousseff anunciou mudanças no Tratado de Itaipu, atendendo a um pedido de Fernando Lugo, presidente do Paraguai e membro do Foro de São Paulo. A senadora Gleisi Hoffmann, do PT, foi a relatora da matéria no Senado e defendeu a aprovação das alterações, que fizeram triplicar a taxa anual paga pelo Brasil ao Paraguai pela energia não usada da Usina de Itaipu, saltando de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões.

A decisão do governo federal de trazer médicos cubanos ao Brasil é apenas uma manobra do Foro de São Paulo para financiar a indústria de “missões humanitárias” de Havana. Segundo dados levantados pela jornalista Graça Salgueiro, mais de 20 países recebem serviços médicos de Cuba. Os países-clientes pagam pelo serviço ao governo cubano, que repassa apenas uma pequena parte do dinheiro aos médicos. Raúl Castro arrecada nada menos que US$ 6 bilhões anuais com o envio de médicos ao exterior. Calcula-se que o Brasil enviará centenas de milhões de dólares aos cofres cubanos com a importação dos médicos. O dinheiro que poderia ser investido no sistema público de saúde brasileiro vai financiar uma ditadura comunista.

Quando o filósofo Olavo de Carvalho começou a denunciar o Foro de São Paulo, políticos, empresários e jornalistas preferiram ignorá-lo, acreditando que o bicho era manso. Mas o bicho era bravo e agora cresceu formidavelmente; já não sabemos se ainda é possível derrotá-lo.

Professor que nunca havia reprovado um só aluno

Um professor de economia em uma universidade americana disse que nunca havia reprovado um só aluno, até que certa vez reprovou uma classe inteira.

Esta classe em particular havia insistido que o socialismo realmente funcionava: com um governo assistencialista intermediando a riqueza ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e justo.

O professor então disse, “Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas.” Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam ‘justas’. Todos receberão as mesmas notas, o que significa que em teoria ninguém será reprovado, assim como também ninguém receberá um “A”.

Após calculada a média da primeira prova todos receberam “B”. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos – eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Já aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Como um resultado, a segunda média das provas foi “D”. Ninguém gostou.

Depois da terceira prova, a média geral foi um “F”. As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por ‘justiça’ dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram aquela disciplina… Para sua total surpresa.

O professor explicou: “o experimento socialista falhou porque quando a recompensa é grande o esforço pelo sucesso individual é grande. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros para dar aos que não batalharam por elas, então ninguém mais vai tentar ou querer fazer seu melhor. Tão simples quanto isso.”

1. Você não pode levar o mais pobre à prosperidade apenas tirando a prosperidade do mais rico;
2. Para cada um recebendo sem ter de trabalhar, há uma pessoa trabalhando sem receber;
3. O governo não consegue dar nada a ninguém sem que tenha tomado de outra pessoa;
4. Ao contrário do conhecimento, é impossível multiplicar a riqueza tentando  dividi-la;
5. Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

PROGRAMA AVE MARIA, 22 de agosto de 2013.

APENAS UM PAPO BLÓGICO

Escrevinhação n. 1036, redigida entre os dias 18 de agosto de 2013, dia de Santa Helena, e 22 de agosto de 2013, dia de São Filipe Benício e da Virgem Maria Rainha.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Nossas lembranças não passam de sombras. Sombras da grandeza, ou da singeleza, ou simplesmente da presença daqueles que um dia estiveram entre nós e que, em muitos casos, estavam bem próximos de nossas sombras. Para que essas sombras de antanho continuem vivas, contrastando com as nossas, ajudando-nos em nossa caminhada, é de fundamental importância que a Luz encontre morada e habite em nosso coração. Infeliz daquele que não respeita a memória dos que já partiram. Infeliz daqueles que fazem pouco caso da presença das sombras que, em contraste com a Luz, revelam tudo o que há em nossa alma através da grandeza ou da torpeza de nossos atos.

2. Nicolás Gómez Dávila afirma que “a solidão nos ensina a ser intelectualmente mais honestos, porém, nos induz a ser intelectualmente menos corteses”. De fato, ela nos permite um maior tempo de convívio com nossa consciência. Todavia, ficamos também um bom tanto com nossas paixões e cóleras a nos carcomer. Ela, a solidão, nos auxiliar na construção de nosso mundo interior e nos faz companhia junto com nossos problemas, independente de quais sejam eles. E é por isso que apenas nos dignificamos na solidão. Apenas ela é capaz de nos ensinar a conviver com os nossos iguais, a conviver conosco mesmo e a vermos o quanto que, no fundo, somos insuportáveis. Eis aí o princípio civilizador do “conheça a ti mesmo”. Conhecimento este tão desdenhado pelas almas presunçosas desta época de barbárie onde a desonestidade intelectual é a regra que torna a cortesia, em muitos casos, um insulto a inteligência.

3. Que há em nossa sociedade um grande desfibramento moral é algo praticamente incontestável. Desfibramento esse que procura camuflar-se com densas camadas de moralismo fingido em misto com doses cavalares de afetação que mui canhestramente encobrem as realidades mais tacanhas que habitam o coração humano. Se fôssemos listar todas as baixezas que se encontram entranhadas entre nossas costelas, gastaríamos muitos bilhetinhos que se acumulariam sobre a empoeirada mesa de nossa consciência. E se não o fazemos é porque é-nos mais cômodo dar de ombros e dizer, como o fariseu da parábola do publicano, porém, sem a mesma convicção da referida personagem, visto o nosso decrépito estado moral.

4. O homem comum vive entre fantasias, somente o solitário caminha entre realidades. Essas são as palavras de Nicolás Gómez Dávila. Palavras essas que refletem o nosso dia a dia. Quando estamos imersos no convívio de nossos pares, em especial, nos momentos festivos e/ou rotineiros, tudo torna-se banal, leve. Os risos sem sentido fluem, as palavras sem nexo saem desembaraçadas tropicando em nossa língua para dizer coisa alguma simplesmente para preencher o tempo e tudo isso, junto e misturado, nos envolve numa atmosfera que nos agrilhoa na pérfida alcova mundana de imagens que dissimulam a realidade duma vida digna de ser vivida. Mas eis que vem o silêncio com seu impetuoso sopro e arranca de nós todos esses andrajos que nos distanciam de nós mesmos, da realidade e de Deus. E por isso que as almas medíocres tanto temem o solitário silêncio. Preferem as companhias superficiais que tanto as distraem.

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SOBRE O HINO SUÍÇO E OUTROS BICHOS - parte II

SOBRE O HINO SUÍÇO E OUTROS BICHOS - parte I

NA ESCOLA DE HERÓDOTO

Escrevinhação n. 1035, redigida no dia 20 de agosto de 2013, dia de São Bernardo de Claraval.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Ensina-nos Varnhagen, o Heródoto brasileiro, que a verdade é a alma da história e, a procura por ela deve, necessariamente, mover o olhar daquele que quer embeber-se nas suas caudalosas e misteriosas águas. Sim, sei que há todo aquele colóquio flácido de que o conhecimento da verdade, e de modo especial a histórica, é problemático. Porém, mesmo que nós não possamos contemplar a integralidade da verdade no objeto de nosso estudo, não podemos ignorar a sua existência, visto que, há uma diferença ontológica entre ela e nossa [in]capacidade de abarcá-la. Por isso, não confundamos uma com a outra.

De mais a mais, se nós não estamos procurando-a, o que desejamos? Pompas verbais para posar de sabidinho pedante ou usá-la como uma arma político-ideológica? Essas, meu caro, são as únicas possibilidades para aqueles que ignoram a verdade, relativizando sua existência, tomando como parâmetro cognitivo a precariedade de sua disposição em conhecê-la.

Em vista disso, o que há é uma questão mal colocada que antepõem critérios evocativos à noção de verdade que, por sua deixa, cria um falso problema, como nos ensina Ernest Cassirer. Neste sentido, Tucídides adverte-nos que todo aquele que empreender uma jornada pelas vielas da história deve esforçar-se em ser fiel ao testemunho das evidências que nos foram deixadas pelas sombras de antanho e, principalmente, esforçarmo-nos a dar um depoimento sincero do que estamos vendo em contraste com aquele que somos.

Resumindo o entrevero: a verdade histórica revela-se ao observador que pacientemente persevera em sua investigação, procurando ouvir os testemunhos de todos os sujeitos envolvidos na trama, conhecendo o cenário em que esta se desenrola sem desprezar os postulados a priori que habitam e moldam a percepção daquele que mira suas vistas à procura de instrução junto à mestra da vida.

Acudir esses três pontos é de fundamental importância para se cultivar no íntimo de nosso coração uma brutal sinceridade intelectual. Sinceridade esta que só pode ser edificada quando temos claro em nosso horizonte a presença radiante do olhar onisciente da verdade a nos lembrar o tempo todo, e a todo tempo, para que não caímos na tentação dos auto-enganos, do fingir saber o que nunca estudamos, de inventarmos a história para melhor atender aos nossos propósitos, sejam eles políticos, imediatos ou mesmo fúteis.

Por fim, o testemunho que nos é dado por Joaquim Nabuco através de sua obra, em especial “Um estadista do Império” e “Minha Formação”, nos revela mais do que meros retratos duma época, mas acima disso, um testemunho sincero, de um homem de estudo e de ação, que tinha no horizonte de sua jornada por esse vale de lágrimas o desejo abnegado e franco conhecer a verdade através da história.

É isso que se espera de todo aquele que faz da via de Heródoto, sua profissão.

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TINTEIRO ÁCIDO

Escrevinhação n. 1034, redigida entre os dias 12 de agosto de 2013, dia de Santa Joana Francisca de Chantal, do Beato Amadeu da Silva e de Santa Beatriz, e 15 de agosto de 2013, dia da Assunção de Nossa Senhora e de Santa Maria do Bouro.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Domingo: dia dos pais e, principalmente, dia do Senhor. Lá estava eu a preparar o café da manhã em meu rancho. Feito isso, me dirigi para meu escritório e eis que vi meu filho mais velho diante do altar, prostrado introspectivo, a rezar. Após isso, abraçou-me. Passou um pouco, minha pequenina desperta e, de seu berço, gritou animada: “bença papai!!” Abençoei-a em meio a gostosas gargalhadas e ela respondeu-me com seu jeito moleca: “Amém!”. Eis aí o mais belo presente que um pai pode receber: ver e ouvir a beleza e a piedade manifesta no corações de seus infantes. Por isso choro e agradeço a Deus.

2. Reclama-se que o tempo disponível para o desfrute da vida é escasso. Sim, mas deseja-se mais tempo para desfrutar o que? Mais do mesmo? Necessitamos de mais tempo para ficarmos estrebuchados num sofá, em frente a uma televisão com um notebook sobre pança, fazendo nada para realizar coisa alguma? Tempo é uma dádiva divina que, infelizmente, desperdiçamos com as coisas mais fúteis no esforço contínuo e ininterrupto de nos aviltar vergonhosamente. Por essas e outras, meu caro, que tempo é questão de [des]gosto.

3. Nosso Senhor ensina-nos que aquele que não tiver nenhum pecadinho que seja poderá atirar a primeira pedra. Ora, bolas! Todos conhecem a passagem do quase-apedrejamento da mulher adultera que nos é narrado pelo Santo Evangelho. Aliás, diga-se de passagem, casamos de ouvir o dito do Verbo Divino nos lábios de um e outro para defenderem-se quando vexados por algum olhar acusador. Todavia, cara pálida, o Cristo disse isso não em causa própria, mas sim, em defesa de uma terceira pessoa. Trocando por dorso: quando lembramos os outros de seus defeitos apenas para nos escudar de críticas desconfortáveis, não estamos sendo humildes, mas sim, soberbos. E pra caramba! Por isso, ao invés de ficar fazendo pose de pecador [nem um pouco] arrependido, bata no peito e diga “minha culpa, toda minha culpa, minha máxima culpa”. Seria, penso eu, bem mais apropriado.

Pax et bonum
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EVO MORALES E O PAPA

LOBÃO: FORO DE SÃO PAULO, MANIFESTAÇÕES DE RUA...

LOBATO E O ARCANJO MIGUEL

Escrevinhação n. 1033, redigida no dia 13 de agosto de 2013, dia de Santo Hipólito e de São Ponciano.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Há uma belíssima crônica da lavra de Érico Veríssimo a respeito de ninguém menos que Monteiro Lobato. Nesta, vemos um gênio das letras rendendo uma homenagem póstuma a um dos grandes mestres da esgrima intelectual.

O texto é uma delícia! Inicialmente descreve a chegada de Lobato ao Céu e este, quando diante de São Paulo, o promotor celestial de seu julgamento, cansado da viagem, acende um cigarro com as labaredas duma estrela e eis que inicia-se o julgamento. Acusam-no de muitas coisas, mas, principalmente, de nunca ter tido paciência com a toleima humana, de ter satirizado o povo brasileiro e ele, de sua parte, confirma a veracidade de tais considerações e justificava dizendo que isso tudo era necessário para despertar os brasileiros e acrescentava dizendo que se arrependia por não ter começado tal empreitada mais cedo, pois morrera sem obter o êxito almejado.

Porém, o momento mais interessante é quando Monteiro pede a Deus, se ainda houvesse em sua algibeira, um milagre para o Brasil. E qual milagre seria? O milagre do bom senso. Sim, meu caro Pedrinho, o bom senso fez as malas e, ao que tudo indica, tirou férias perpétuas de nosso país faz algum tempo. Tornou-se quase uma regra sacrossanta, nestas terras, a afetação de superioridade, com toda aquela posse socialmente responsável em misto com aquele insuportável palavrório politicamente-correto.

Sim, passaram-se os anos e a sociedade brasileira continua, garbosamente, deitada em berço esplêndido, a babar sobre sua inépcia voluntária, responsabilizando sempre os outros por tudo para, cinicamente, fingir que nossa mediocridade seja alguma forma decantada de qualidade varonil. Tanto é assim que, hoje, muito mais que em qualquer época, confunde-se afetação e bom-mocismo com educação e dignidade. Com certeza, se estivesse entre nós, o taturana bufaria mil raios e trovões com suas letras e, com toda certeza, seria taxado de bufo intolerante, ou com alcunhas similares. Aliás, como muitos abutres já o fazem sobre seu jazigo.

Sim, não há dúvidas de que a advertência de José de Alencar é procedente, quando este nos aconselha dizendo que “dos animais selvagens o mais perigoso é o caluniador e dos domésticos o adulador”. Infelizmente, tais feras abundam nestas plagas. Esgueiram-se pelos becos e vielas, reais e virtuais, a fartarem-se no exercício daquilo que lhes é de sua natureza, esparramando-se faceiros para todos os lados com seus lábios a exalar o ar putrefaz de suas entranhas carcomidas.

Provavelmente, o autor de Urupês não economizaria as farpas se estivesse a escrevinhar, hoje, entre nós. Não mediria palavras para nos fazer despertar deste estado de estupor que hoje impera. Aliás, como afirmou o próprio Veríssimo, precisaríamos que Deus mandasse Lobatos às pencas para realização de tão ingrata tarefa. Para falar a verdade, não sei se merecemos tamanha benção.

Pax et bonum
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SOBRE O ABORTO - parte III

AGENDA (o comunismo nú) - Legendado

SOBRE O ABORTO - parte II

LIVRA-NOS...

No horizonte que diante de mim reluz,
Vejo o caminho a ser trilhado em vértice,
Que por uma via pedregosa me conduz,
A ajoelhar-me e pôr-me a recitar uma prece.

As palavras cantadas na reza são poucas,
Poucas são as súplicas apressadamente ditas,
Onde as palavras apontam para Àquele que é Vida,
A Vida odiada e temida pela raça maldita.

Na luz do rosário firmo largos e tímidos passos,
E, com eles, coloco-me em marcha novamente,
Rumo aos ocultos jardins de distante prado.

E que na jornada a prece purifique minha mente,
Livrando-a da maldição empedernida do acaso,
Que tanto quer nos apartar de Deus para sempre.

Dartagnan da Silva Zanela
13 de agosto de 2013.

PONTOS E BORDADOS – parte IV

Escrevinhação n. 1032, redigida entre os dias 08 de agosto de 2013, dia de São Domingos de Gusmão, e 11 de agosto de 2013, dia de Santa Clara de Assis.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Há uma velha canção do Gaúcho da Fronteira onde canta-se o refrão “ai que saudade do Sarney”. Não tenho saudades nenhuma dele. Aliás, ele não nos deixa ter saudades, visto que, lá está o homem, impávido, inamovível dentro das engrenagens Estatais! Como ele, muitos outros, que não adentraram nas sombras de nossa memória por fazerem-se ainda presentes. Gostaria, e muito, de poder cantar pelas ruas e logradouros as mais variadas melodias saudosistas deste e de toda tigrada que encontra-se encastelada no Estadossauro brasílico, mas não posso. Eles temem o silêncio e a solidão. Por isso ficam, mesmo que esse ato leve ladeira à baixo toda a nação. Ah! Como eu queria poder sentir saudades, mas, como eu já disse e repito: não tem como.

2. Meu coração amargo está. Vê-se assim devido as notícias sobre a América Latina que hoje invadiram as janelas de meu ser e, principalmente, porque me foi servido, sem a menor cerimônia, um cálice ingrato de amargo licor. Já bebi tanto da cicuta deste boticário que, às vezes, tenho a impressão que tornei-me imune aos seus efeitos. Hoje, confesso, a dose não foi inesperada, porém, queimou impiedosamente minhas entranhas. Como queria poder chorar, mas minhas vistas a muito secaram. O riacho que um dia fora doce, hoje jaz em meio ao cascalho. Queria poder gritar, bradar aos quatro ventos minha cólera e livrar-me de todo o veneno que agora solve minhas veias e que faz as sístoles e diástoles de meu peito torturar-me, mas não posso. Muito caro custar-me-ia tal rugido. Por isso o remédio é silenciar-me, digerindo a plúmbea bebida que tanto me consome para que ela não me consuma.

3. Perguntaram, certa feita, ao cavaleiro de triste figura, após um duelo travado numa arena incerta, se ele sentia-se solitário em sua jornada andante por esse vale de lágrimas. O cavaleiro, com um sorriso amarelado no rosto, mirou nas vistas do gentil interlocutor e negou. Negou a verdade mais evidente e presente na secura de sua árida alma. E o triste cavaleiro, com sua montaria gasta e seu gládio carcomido pelo tempo, seguiu sua marcha pela esquecida estrada que tão bem foi revelada pela palavra que a pouco lhe fora dirigida.

4. Pai, de todos os tesouros celestes que Deus me concedeu, o senhor é a pérola, raríssima que desponta no diadema de minha vida. Enriqueceu meu caráter com seus exemplos silenciosos, robusteceu minha dignidade com teus ensinamentos e, acima de tudo, pai, o senhor ensinou-me o que significa ser Pai. Hoje, a distância física não nos permite que festejemos juntos, porém, mais do que nunca, muito mais do que nos idos de minha porca e ingrata juventude, sinto sua presença amorosa em meu coração banhando de luz o caminho que meus passos trilham. Te amo Esmeraldo Zanela e agradeço todos os dias ao Altíssimo, Pai dos pais, por ter-me dada a graça de podê-lo chamar de meu pai, mesmo que eu não seja digno disso.

5. Há certos caboclos que são umas figurinhas muito engraçadas. Eles me divertem com sua imbecilidade que nos é graciosamente servida algumas vezes. É assim: eles falam toda ordem de impropérios e quanto alguém lhes esculacha da forma merecida, saem choramingando, posando de coitadinho, lambendo suas feridas feito um cão sarnento, fazendo-se de vítimas juntos dos seus, ou daqueles que lhes dão uma dose imerecida de atenção e respeito. Tipos assim precisam ser despertados de sua loucura e não afagados por estarem imersos num amontoado de delírios advindos de sua cegueira estulta. Por isso, por caridade, reze por essas almas confusas e largue mão de ser bom-moço para com eles. Use de ríspidas palavras, se necessário, para com aqueles que urgentemente carecem delas. Ponto.

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El hombre sin cualidades

Por Mario Vargas Llosa

Estuve una semana en París y el fantasma de Hannah Arendt me salió al encuentro por todas partes. En tres cines del Barrio Latino exhibían la película que Margarethe von Trotta le ha dedicado y me gustó mucho verla. No es una gran película pero sí un buen testimonio sobre la recia personalidad de la autora de Los orígenes del totalitarismo, su lucidez y su insobornable independencia intelectual y política.

El film está casi totalmente centrado en el reportaje que Hannah Arendt escribió, a pedido suyo, para The New Yorker sobre el juicio al criminal nazi Adolf Eichmann que se celebró en Jerusalén en 1961, y el escándalo y la controversia que provocó, sobre todo al aparecer ese texto ampliado en un libro en 1963, donde la pensadora alemana desarrolla su teoría sobre “la banalidad del mal”. La actriz Barbara Sukowa hace una sutil interpretación de Arendt; la mayor flaqueza de la película es la fugaz y caricatural descripción que presenta del vínculo que unió a Hannah Arendt con Martin Heidegger, de quien fue primero discípula, luego amante eventual y al que, pese a la cercanía que aquel tuvo con el nazismo, profesó siempre una admiración sin reservas (al cumplir Heidegger 80 años le dedicó un largo y generoso ensayo).

Y, justamente, nada más salir del cine de ver esa película, descubrí que en el pequeño teatro de La Huchette, donde se siguen dando las dos primeras obras de Ionesco (La cantante calva y La lección) que vi en 1958, se representaba también la obra de un autor argentino, Mario Diament, Un informe sobre la banalidad del amor, subtitulada Historia de una pasión, y dedicada a las relaciones de Hannah Arendt y Heidegger.

¿Existió realmente una pasión entre la brillante muchacha judía que padeció persecuciones, pasó por un campo de concentración y debió exilarse en Estados Unidos para escapar a la muerte y el gran filósofo del ser, que aceptó ser rector de la Universidad de Friburgo bajo las leyes nazis y murió sin haber renunciado nunca a su carnet de militante del Partido Nacional Socialista? En la obra de Diament, sí, tuvieron una pasión compartida, duradera y traumática, que ni las atrocidades del Holocausto pudieron abolir del todo. La obra está bien hecha y los dos actores que encarnan a los protagonistas son magníficos —Maïa Guéritte y André Nerman—, pero en la realidad, al parecer, la pasión fue bastante asimétrica, más profunda y constante de parte de la discípula que del filósofo, en quien aparentemente tuvo un sesgo más superfluo y transitorio (la verdad es que sobre este asunto hay todavía más conjeturas y chismografías que verdades comprobadas).

En todo caso, estos episodios me llevaron a leer Eichmann en Jerusalén, que había dejado sin terminar la primera vez que lo tuve en las manos. Leído ahora, medio siglo después de su publicación, sorprende que ese denso, intenso y admirable ensayo pudiera provocar al aparecer ataques tan grotescos como los que recibió su autora (llegó a ser acusada de “pro nazi” y “anti judía” por algunos exaltados fanáticos que firmaron manifiestos para que fuera expulsada de la universidad norteamericana donde enseñaba). Pero no debería llamarnos demasiado la atención pues el siglo XX no fue sólo el de las grandes carnicerías humanas sino también el del fanatismo y la estupidez ideológica que las incitaron.

La rigurosa autopsia a que somete Hannah Arendt al teniente coronel SS Adolf Eichmann, hombre de confianza de Himmler y uno de los más destacados especialistas del régimen hitleriano en “el problema judío” —mejor dicho, en la exterminación de unos seis millones de judíos europeos—, a raíz de los documentos y testimonios que se exhibieron en el juicio, arroja unas conclusiones escalofriantes y válidas no sólo para el nazismo sino para todas las sociedades envilecidas por el servilismo y la cobardía que genera en la población un régimen totalitario. El espíritu romántico, congénito a Occidente, nunca se ha liberado del prejuicio de ver la fuente de la crueldad humana en personajes diabólicos y de grandeza terrorífica, movidos por el ideal degenerado de hacer sufrir a los demás y sembrar su entorno de devastación y de lágrimas. Nada de esto asoma siquiera en la personalidad de ese mediocre pobre diablo, fracasado en todo lo que emprende, inculto y tonto, que encuentra de pronto, dentro de la burocracia del nazismo, la oportunidad de ascender y disfrutar del poder. Es disciplinado más por negligencia que convicciones, un instinto de supervivencia abole en él la capacidad de pensar si hay en ello algún riesgo, y sabe obedecer y servir a su jefe con docilidad perruna cuando hace falta, poniéndose una venda moral que le permite ignorar las consecuencias de los actos que perpetra cada día (como despachar trenes cargados de hombres, mujeres, niños y ancianos de todas las ciudades europeas a los campos de trabajos forzados y las cámaras de gas). Con énfasis aseguró Eichmann en el juicio que nunca había matado a un judío con sus manos y seguramente no mintió.

Cualquiera que haya padecido una dictadura, incluso la más blanda, ha comprobado que el sostén más sólido de esos regímenes que anulan la libertad, la crítica, la información sin orejeras y hacen escarnio de los derechos humanos y la soberanía individual, son esos individuos sin cualidades, burócratas de oficio y de alma, que hacen mover las palancas de la corrupción y la violencia, de las torturas y los atropellos, de los robos y las desapariciones, mirando sin mirar, oyendo sin oír, actuando sin pensar, convertidos en autómatas vivientes que, de este modo, como le ocurrió a Adolf Eichmann, llegan a escalar las más altas posiciones. Invisibles, eficaces, desde esos escondites que son sus oficinas, esas mediocridades sin cara y sin nombre que pululan en todos los rodajes de una dictadura, son los responsables siempre de los peores sufrimientos y horrores que aquella produce, los agentes de ese mal que, a menudo, en vez de adornarse de la satánica munificencia de un Belcebú se oculta bajo la nimiedad de un oscuro funcionario. [continue lendo]

PROGRAMA AVE MARIA, 08 de agosto de 2013

ORAÇÃO DE SÃO MIGUEL ARCANJO (português e latim)

São Miguel Arcanjo, defendei-nos neste combate, sede nossa guarda contra a maldade e ciladas do demônio. Instante e humildemente pedimos que Deus sobre ele impere; e vós, príncipe da milícia celeste, com o poder divino, precipitai no inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perdição das almas. Amém.

Coração Sacratíssimo de Jesus. Tende misericórdia de nós. (3x)

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Sancte Michael Archangele, defende nos in prælio; contra nequitiam et insidias diaboli esto præsidium.Imperet illi Deus, supplices deprecamur: tuque, Princeps militiæ cælestis, Satanam aliosque spiritus malignos, qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo, divina virtute in infernum detrude. Amen.

Cor Jesu sacratíssimum. Miserére nobis. (3x) 


A BOA LUTA

O Projeto de Lei 03/13, o aborto e a bancarrota do judiciário

Por Giuseppe Mallmann (*)

Ao analisar o Projeto de Lei 03/2013, em consonância com as várias acepções da palavra direito, existentes no nosso sistema jurídico, uma coisa fica clara, que este projeto, agora já sancionado como Lei12.845/13, não se enquadra no sentido paradigmático da palavra direito, ao qual todos os outros termos análogos devem se reportar, isto é, ao sentido de justiça. A verdade sobre esta lei é que, os seus legisladores e defensores, infelizmente, não têm como escopo justiça nenhuma, mas apenas transformar a cultura vigente, levando a cabo mais um empecilho da destruição das famílias, no caso, a proteção do nascituro, como também, têm entre os seus objetivos maiores, aniquilar o Estado de Direito.
                                     
Não adianta aos legisladores, advogados e aos funcionários do mais alto escalão do judiciário, saberem de cor a Constituição Federal, o Código de Direito Civil, Penal ou as mais recentes normas tributárias, se não possuírem a menor noção do que realmente seja justiça. Tudo isto, todas estas normas, se não predicarem de algo maior e caso não se reportem à justiça no seu sentido etimológico, histórico e metafísico, servem apenas aos interesses particulares e imediatos do Estado, de grupos econômicos ou de determinados segmentos sociais. Ou seja, estas leis e suas interpretações, quando abdicam da justiça propriamente dita, assim o fazem porque não mais perscrutam a verdade enquanto valor universal e comum a todos, mas apenas a “verdade” de determinada classe social, que, por sinal, de verdade não tem coisíssima nenhuma, pois, como já dito, a verdade assim entendida deve ser comum a todos, caso contrário, é claro, não seria verdade.

O Código Penal Brasileiro já vislumbra a possibilidade de aborto em caso de estupro, desde os idos de 1940, porém, o mínimo de bom senso exigia a prova de tal estupro para que o aborto fosse levado a cabo. Acontece que com o processo revolucionário cultural em marcha e depois de sancionado o tal projeto de lei, o restante de bom senso que ainda havia, foi colocado de lado de uma vez por todas, e agora as moçoilas podem ficar bem à vontade, quando desejarem eliminar os seus nascituros, bastando para isso, apenas impingirem aos seus filhinhos, mesmo que de forma mentirosa e sem necessidade de prova alguma, à constrangedora e profilática condição de terem vindo ao mundo por meio de uma conjunção carnal indesejada e violenta.

O que estou dizendo é que a legitimidade do direito depende da justiça à qual este está atrelado. É aquela velha conversa, existem normas que são legais mas não são legítimas. E àqueles positivistas ou pós-positivistas que insistem em negar tal afirmação, dizendo que todas as leis são legítimas, bastando para isso serem promulgadas e sancionadas pelo Estado, lembro-lhes que esta lógica os faz legitimar os genocídios perpetrados por Hitler, Stálin e tutti quanti. Além disso, vale salientar que, se a legislação e a legitimidade do direito independem da justiça que lhes alumia, então, transformemos e alteremos de imediato o próprio termo Sistema Judiciário, que obviamente, se reporta àquela.

Quando não têm noção conceitual do que seja justiça, os aplicadores da mesma se tornam, na melhor das hipóteses, técnicos e não juristas. Ter decorado todas as leis e decretos, não faz deste gênio da memória algo mais pensante que uma maquina fria e inconsciente, e talvez seja por isso mesmo que já existem correntes que defendem julgamentos via computadores, acreditando, inclusive, que esses o fariam bem melhor do que os tais maquinais. Ora, meu Deus do céu! Será que estes técnicos não percebem que, desvinculando o direito do conceito de justiça não estão dando um tiro nos próprios pés? Se a justiça pode agora ser arbitrada por simples técnicos e, se os juristas, com todas as suas cargas filosóficas e doutrinárias são dispensáveis, o próprio sistema jurídico passa a ser descartável e, com ele, o Estado de Direito. Não deve ser por mera coincidência que, em tempos de desprezo pela justiça, surjam ideias famigeradas como as PECs 33 e 37, que visam a conter o julgamento e a investigação do próprio Estado, para finalmente, destruir o tripé do sistema democrático, a saber, o equilíbrio entre os três poderes.

Contudo, o processo revolucionário visa a destruir bem mais do que o equilíbrio entre o executivo, o legislativo e o judiciário. Como bem alertou o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo, tal processo “trata-se, de uma agenda compacta, determinada e amplamente financiada, cuja única meta é minar os fundamentos da sociedade ocidental, o direito romano, a filosofia grega, a moral judaico-cristã e, em última análise, a natureza humana.”

O Big Brother, como dizia George Orwell se referindo ao Estado, não mais tem necessidades de homens pensantes e de filosofias. É ele grande o suficiente para dizer ideologicamente o que seja justo ou não, o que seja verdade ou não. Daí a semelhança entre o ministério da verdade de Orwell e a comissão de verdade de Dilma. Agora é o Estado que diz quando se deve matar e morrer, sem levar em conta o princípio jurídico e metafísico de que todos têm direito à vida. Não por outro motivo a URSS de Lênin, em 1920, ter sido o primeiro país a legalizar o aborto e, já em 1935, como não poderia ser diferente, Hitler fez o mesmo. Não deve ser por mera coincidência também que uma vez vilipendiado o direito à vida dos mais inocentes, ingênuos e indefesos seres humanos, é que os genocídios perpetrados pelos ditadores mencionados acima foram abertamente legalizados, sem maiores críticas, afinal, para eles, é o Estado que, ao seu bel prazer, constrói, convenciona e dita as próprias leis. Logo, qualquer coisa é qualquer coisa, tudo passa a ser permitido, desde que, é claro, aqueles que fazem o Estado assim queiram. Sua lógica é bem simples: se é possível matar uma criancinha através de processos abortivos, quanto mais os marmanjos que lhes estão criando problemas e, se sou eu (o Estado) que cria as próprias leis, quanto mais as verdades. Não preciso discorrer aqui sobre o termo Estado, o Grande Irmão, que existe apenas enquanto ficção jurídica e que, na verdade, tem por trás de si, como qualquer instituição, pessoas de carne e osso.

Vale citar Bento XVI que, percebendo tudo isto, já havia nos falado: “é totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos, políticos, econômicos e sociais que não compreendam a energética defesa do direito à vida, desde a concepção até a morte natural.” E ainda: “Quando os projetos políticos contemplam aberta ou veladamente a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático é atraiçoado nas suas bases.”

Diante da injusta e maquiavélica intenção abortiva da mencionada lei, liberando o aborto através da matreira expressão profilaxia da gravidez, cabe uma reação também um tanto ardil. Sendo assim, conclamo todos os médicos e juristas a entenderem a lei naquilo que ela mesma diz, sem extensões, ou seja, o termo profilaxia vem do grego prophýlaxis, isto é, precaução, de onde vem também as medidas preventivas e curativas na medicina contra as diversas enfermidades. Desta forma, se a gravidez já existe, o médico não mais a pode precaver, uma vez que o fato está consumado. Então, a regra a ser tomada, volta a recair sob os auspícios do Código Penal, onde a gestante terá de provar finalmente a consumação do ato sexual não consentido, bem como, de forma nenhuma, os profissionais da saúde poderão praticar o aborto como medida curativa e sanitária, já que, não é possível, pelo menos em sã consciência, considerar a vida intrauterina uma doença.

Por fim, acrescento que a revolução cultural se utiliza de todas as armas para impor os seus interesses e, dentre estas armas, está a corrupção da língua e de seus significados. Este é um artifício que poucos percebem. Desta forma, visam a vulgarizar termos comoprofilaxia e serviços sanitários ao nível de suas intenções. Por acaso não declararam os governantes que o aborto é uma questão sanitária e de saúde pública?   Para estes, filosoficamente falando, as palavras não têm contato algum com a realidade, seus significados podem ser facilmente criados e/ou transformados hermeneuticamente. Aqui mais uma vez vale lembrar a semelhança do livro 1984, de Orwell, com o atual governo brasileiro. Na obra literária, existia um ministério específico para a alteração da língua; no nosso governo, o MEC inclusive já deu pareceres favoráveis nesse mesmo sentido, como também a própria “presidenta”, subvertendo a gramática portuguesa, decretou do alto de sua autoridade “leviatânica”, que o errado, é certo.

  
(*) O autor é membro do Instituto de Filosofia e Educação Ser Fundamentos,
advogado, professor de filosofia e pós-graduado em cultura greco-romana.    

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PONTOS E BORDADOS – parte III

Escrevinhação n. 1031, redigida no dia 07 de agosto de 2013, dia de São Caetano de Thiene, de Santa Afra e do Papa Santo Xisto II.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. O gigante despertou! Eis o grito que muitos entoam aos quatro ventos das redes sociais. Dum momento para outro vê-se um amontoado de sujeitos até então isolados, gritando, uniformemente, palavras de ordem que lhes foram ditadas. Lá estão ostentando faixas, tremulando bandeiras, pintando a cara e, como num gesto mágico, eis que o Brasil desperta. Mas despertou de que cara pintada? Seja franco: o que você pretendia, ou pretende, com esse carnavalzinho de rua? Quem é o rei Momo desse desfile? Qual é a sua escola de samba e, principalmente, quem compôs o samba enredo que está agitando os seus pesinhos nesta triste avenida brasílica? Caraca! E você ainda quer me convencer que é um sujeito consciente? Quer me convencer de que o desperto gigante não é um zumbizão? É incrível o quão facilmente nos entregamos às volúpias irascíveis das massas sem nos darmos conta disso.

2. Aprecio muito a leitura de biografias, auto-biografias e de memórias. Livros sobre pessoas de grande quilate. Estadistas, militares, santos, sábios, escritores e tutti quanti. Aprendo muito com esse tipo de leitura. Não refiro-me ao devir histórico. Refiro-me a condição humana, sobre a maneira como os indivíduos sofrem as vicissitudes da vida e, deste modo, vejo o quanto, muitas das vezes, minha pequenez é descomunal.

3. Sinto o frescor da brisa que adentra as modestas janelas de meu rancho a roçar, com seus aveludados dedos, minha envelhecida face. Sinto com o frescor de seu toque o quão distante está o viço dos anos de minha inconsequente mocidade. Sinto mais e mais o quanto que minha carcaça perece, meu olhar encanece e, principalmente, minha alma envelhece... graças a Deus.

4. Muito se fala da tal tolerância. Essa conversa fiada causa-me dilatação escrotal crônica. Digo isso não por pirraça, mas sim, pelo seguinte: deve-se tolerar a existência de todas as pessoas, independente de quem seja. Porém, nem todas as atitudes humanas são respeitáveis e muitíssimas são mesmo intoleráveis. Todos têm o direito de pensar o que quiser, entretanto, nem todas as idéias são respeitáveis e, algumas, são mesmo inaceitáveis. Se não mais sabemos, e mesmo recusamo-nos aprender, distinguir uma coisa da outra, é porque, realmente, abdicamos da autonomia de nossa consciência e reduzimo-nos a condição degradante dum imbecil coletivo zumbi que não sobrevive um minuto sequer sem sua carapaça de bom-moço que disfarça mal e porcamente sua cuca oca. E tenho dito.

Pax et bonum
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SER CRISTÃO

O SINISTRO DIREITO HUMANO

Escrevinhação n. 1030, redigida no dia 06 de agosto de 2013, dia de Santa Maria Francisca Rubatto e da Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Há quem diga que a prática do aborto é uma forma de minimizar injustiças, evitando que uma criança venha a ter uma existência penosa ou retirando um obstáculo que atrapalharia a vida duma pessoa e, deste modo, evitar-se-ia sofrimentos desnecessários. Sei que muitos já ouviram argumentos similares a esse, porém, o que essas palavras dizem é duma demência praticamente imensurável.

Ora, sejamos pacientes e procedamos por partes. Primeiro: não se corrige uma injustiça cometendo uma monstruosidade contra um inocente que não tem direito a voz, a defesa e nem mesmo deseja-se assegurar-lhe o direito à existência. Outra coisa: quando fala-se em sofrimento, dá-se a impressão de que o normal na existência humana seria uma vida em mar de rosas, sem problemas, angústias e dissabores. Alguém assim, ou que deseje viver assim, não é um ser humano, mas sim, uma anomalia muito perigosa. 

Seguindo com o andor, penso que seria de grande relevância refletir de modo empático, nos colocando no lugar do outro. Se assim procedermos veremos com grande clareza que devido à covardia e sem-vergonhice de muitíssimos homens, a graça de conceber um filho e de assisti-lo crescer torna-se um pesado fardo para uma imensa multidão de mulheres que padecem com a irresponsabilidade masculina.

Um filho é uma dádiva dos céus e, como todo presente que tem essa origem, exige de nós, pais e mães, integral atenção. Todavia, o que temos em nossa sociedade é a transformação desse dom numa maldição. Antigamente o anúncio duma gravidez era motivo de júbilo, hoje, de lamento. Quem nunca ouviu uma declaração nesse tom? De mais a mais, cultiva-se em nossa sociedade o desejo, por parte das mulheres, de imitar a irresponsabilidade masculina para tornar mais aprazível suas vidas e não cobra-se mais uma postura de Homem por parte dos moleques crescidinhos que se recusam a assumir os deveres inerentes a condição masculina. Ou seja: mais e mais locupleta-se toda sociedade para que todos sintam-se “justiçados”.

Por fim, há outra situação que pode-se propor àqueles que chamam o assassinado dum inocente de direito humano. É simples: como você reagiria se sua mãe lhe disse-se que quando ela soube que estava grávida de você sua possível existência, na ocasião, era indesejada e que poderia ter sido abortado? Aliás, se seu filho lhe pergunta-se: “se eu fosse indesejado, você mandaria me matar antes de eu nascer?” Sei que você diria que ele foi muito desejado, sonhado e blábláblá. Mas se ele retruca-se, perguntando: “mas suponhamos que eu não fosse desejado, você mandaria me matar? Você me abortaria?” Abortaria?

É por isso, meu caro, que o aborto é uma monstruosidade fantasiada de direito.

Pax et bonum
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PONTOS E BORDADOS – parte II

Escrevinhação n. 1029, redigida entre os dias 02 de agosto, dia de Santo Eusébio de Vercelli, e 05 de agosto de 2013, dia de Santo Osvaldo de Nortúmbria.

Por Dartagnan da Silva Zanela

1. Primeiro de agosto ficará inscrito nos umbrais da eternidade e nos envergonhará até o fim dos tempos. Neste, de modo prático e cínico, o aborto foi liberado neste acampamento de refugiados. Para ser franco, era bem isso o que eu esperava da senhora presidente e de seus correligionários. A atitude cretinamente omissa do Congresso Nacional também não me causou escândalo, muito menos a sinistra salva de palmas das plúmbeas almas que dão forma a grande mídia e ao establishment acadêmico. A desfaçatez dos príncipes da CNBB do B, ao fingirem não ver o que estava e está acontecendo debaixo de seus báculos também não me surpreende. E, por isso, a única coisa que posso fazer, no momento, é lamentar. Lamentar a covardia e a brutalidade duma nação que, no dia de Santo Afonso de Ligório, festeja a facilitação legal do genocídio de inocentes. Bando de canalhas!

2. Abortista deveria ser contemplado pelos direitos que eles tanto labutam. Falo sério! Seria muito bom se eles pudessem ser abortados e, deste modo, poderiam gozar da mesma benesse que eles desejam garantir aos nascituros. Porém, há um problema de ordem ontológica! Bosta falante não pode ser abortado, nem mesmo retroativamente (que merda!). Podem ser evacuados, mas esse já é o seu processo natural de vinda ao mundo. Ou seja: mesmo que as mães desses sujeitos fecais pensassem da mesma forma que eles, cá estariam os bostas falantes cagando com a vida dos outros.

3. Creio que não há nada que melhor exemplifique o quão diabólica é a mentalidade revolucionária do que sua sanha abortista. Para esses biltres abortar é um meio de corrigir uma injustiça. Pretensamente corrigem uma injustiça cometendo uma monstruosidade. É assim que essa gente ignóbil pensa. É assim que esses canalhas agem.

4. Cá estava, faz poucos dias, o Papa Francisco. Também lá estava uma legião de sicofantas para puxar o seu saco pontifício e posar de cristão. Uma cena ridícula! Faziam pose e comportavam-se até que bem. Inclusive alguns chegaram a assistir mais de uma Santa Missa com bons modos pra enganar a torcida. Porém, bastou o Sumo Pontífice partir da Terra de Vera Cruz para que os abutres colocassem suas garras de fora e voltassem à todo vapor a pelejar em sua ignóbil empreitada. Feito ogros sedentos por sangue, os comensais da cultura da morte não perderam tempo em cumprir os pontos de sua agenda macabra e, ao que tudo indica, estão se sentido muito encorajados para isso graças ao olhar morno e a postura light daqueles que dizem ser a favor da vida, mas que, não agem como tal.

5. Francisco Adolfo de Varnhagen, o Heródoto brasileiro, ensina-nos que a verdade é a alma da história. Porém, frente a tal afirmação, ouso perguntar: se não há, no coração daquele que debruça-se sobre os braços daquela que é a mestra da vida, o desejo abnegado de procura pelo conhecimento, mesmo que parcial, da Verdade, o que procura-se com tão distinta dama? O bufão procura, duma forma postiça de doer, fingir que é ilustrado; parecer uma pessoa profunda, mesmo sendo duma superficialidade atroz; enfim, seja como for, esse sujeito oco quer apenas perverter a história em nome das crenças ideológicas de sua alma pervertida no insano desejo de amoldar o mundo a partir de seus devaneios tirânicos disfarçados com toda aquela pompa enjoativa que é característica daquele bom-mocismo vagabundo que toma conta da maioria daqueles que são responsáveis pela (des)educação de nossos infantes, ensinando-lhes a tratar a Mestra da vida como uma reles meretriz partidária vestida de chita vermelha e estrela no peito. É triste, mas é a mais pura verdade.

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SOBRE O ABORTO E A LEI

Programa Ave Maria, 01 de agosto de 2013.

PONTOS E BORDADOS

Escrevinhação n. 1028, redigida entre os dias 28 de julho, dia de São Nazário, São Celso e de Santo Inocêncio I, e 31 de julho de 2013, dia de Santo Inácio de Loyola.

Por Dartagnan da Silva Zanela

1. Rezar. Eis um gesto simples. Tão simples que muitas almas desdenham sua prática. As razões para tanto podem ser das mais variadas ordens, mas penso que há uma razão muito presente, duma ordem por demais intensa. Tememos o silêncio. Desesperamos frente à possibilidade de termos nosso íntimo imerso na quietude, pois nesta, a voz da consciência ecoa no ritmo do olhar onisciente da Verdade que recusamo-nos a ver e fingimos acreditar. E esta razão impera porque nosso coração vê-se ordenado pelo orgulho que quer dispor tudo de acordo com nossos desejos e quereres, imaginando que toda a criação existe para satisfação de nossa vanglória. Por essas e outras que, muitas vezes, rezar torna-se tão difícil, mesmo sendo um ato tão simples.

2. Os canalhas progressistas, com aquelas carinhas nojentas de bom-moço, que gostam de apresentar-se como baluartes de toda ordem de minorias, reais e fictícias, são dum cinismo imensurável. No fundo, esses tipinhos, não estão nem um pouquinho preocupados com a sorte do povo brasileiro, mas sim, em destruir (cientes ou não disso) os valores cristãos que são comungados pelo povo que eles dizem representar. E pior! Ganham a vida fazendo isso! Arruaça, depredação, profanação, calúnia, insultos, e tudo isso em nome do tal alargamento dos direitos humanos que, no fim das contas, apenas banaliza e esvazia o sentido desses que são reduzidos a um reles cavalo de batalha em defesa de toda ordem de sandice advindas de umbigos mimados.

3. Os auto-proclamados tolerantes, ativistas de toda e qualquer sandice anti-cristã disfarçada como bandeira progressista,  estão muito nervosinhos. Não é pra menos. Eles não mais estão conseguindo enganar a sociedade com sua máscara de bom-mocismo, não estão agüentando mais ficar fingindo serem cordeirinhos sem bater seus guizos e mostrar sua gélida língua bipartida. Hoje, como ontem, a sanha totalitária brilha em seus olhinhos, porém, eles não mais conseguem disfarçar como antes, simulando chorinhos com aqueles ares de ofendidinhos quando alguém discordava deles ou lhes diziam umas poucas e boas. Por isso, digo e repito: que ninguém mais engula essas lágrimas de crocodilo, que ninguém mais fique fingindo que não sabe ou que não está vendo o que essa gente realmente quer. De agora em diante, não há mais espaço para dissimulação de ignorância e muito menos para covardia. E tenho dito.

4. Eu fico (depre)cívico quando começa-se a falar em todo aquele trololó de resgatar valores. Não é que eu não creia que isso seja necessário. O que me inquieta é o seguinte: quais são os nossos valores? O que pretende-se resgatar? Qual a importância, o significado desses em nossa vida? Aliás, há alguma coisa a ser resgatada? Ora, nós só podemos resgatar o que havíamos perdido. Só podemos perder aquilo que, efetivamente, um dia foi nosso. Isso mesmo! No Brasil, como certa feita havia declarado o Bem-aventurado Papa João Paulo II, somos cristãos no sentimento, mas não na fé. Isso mesmo! Ser cristão não é, e nem pode ser, uma mera expressão ou reação sentimental e, por isso, penso que não há praticamente nada a ser resgatado, mas sim, tudo a ser construído. Em fim, evangelizar é preciso, viver não é preciso. Evangelizar, primeiramente, a nós mesmos, para vermos o quão distantes estamos do Corpo Místico de Cristo, ao mesmo tempo em que nos sentimos tão perto Dele.

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SOBRE NOSSOS GESTOS