Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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DOIS COMENTÁRIOS SOBRE BENTO XVI


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RECADOS EM GARRAFAS VELHAS

Escrevinhação n. 1050, redigida entre os dias 26 de setembro de 2013, dia de São Cosme e São Damião, e 29 de setembro de 2013, dia dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Leia essas palavras com grave atenção e medite-as com a devida serenidade meu caro. Elas são da lavra do filósofo Olavo de Carvalho, o qual nos diz: “Preparem-se. Nos próximos anos a desordem do mundo atingirá o patamar da alucinação permanente e por toda parte a mentira e a insanidade reinarão sem freios. Não digo isso em função de nenhuma profecia, mas porque estudei os planos dos três impérios globais e sei que nenhum deles tem o mais mínimo respeito pela estrutura da realidade. Cada um está possuído pelo que Eric Voegelin chamava 'fé metastática', a crença louca numa súbita transformação salvadora que libertará a humanidade de tudo o que constitui a lógica mesma da condição terrestre. Na guerra ou na paz, disputando até à morte ou conciliando-se num acordo macabro, cada um prometerá o impossível e estreitará cada vez mais a margem do possível. A Igreja Católica é a única força que poderia, no meio disso, restaurar o mínimo de equilíbrio e sanidade, mas, conduzida por prelados insanos, vendidos e traidores, parece mais empenhada em render-se ao espírito do caos e fazer boa figura ante os timoneiros do desastre. No entanto, no fundo da confusão muitas almas serão miraculosamente despertadas para a visão da ordem profunda e abrangente que continua reinando, ignorada do mundo. Muitas consciências despertarão para o fato de que o cenário histórico não tem em si seu próprio princípio ordenador e só faz sentido quando visto na escala da infinitude, do céu e do inferno. Essas criaturas sentirão nascer dentro de si a força ignorada de uma fé sobre-humana e nada as atemorizará”.

2. Quando declaro que sou terminantemente contra o marxismo, sempre aparece um espertinho perguntando, maliciosamente: “então quer dizer que você não enxerga a miséria do mundo? Você é contra o fim das injustiças?” Ora, carambolas! É óbvio que vejo tudo isso, como também vejo que onde mais o marxismo teve suas propostas implantadas mais a miséria cresceu, como nunca se viu na história deste ou daquele país. Aliás, não apenas isso. Além dela, da miséria, nasceu o terror de Estado, multiplicou-se as injustiças nas mais variadas formas e o cinismo diabólico floresceu, cegando os sequazes desta ideologia para a realidade da dignidade da pessoa humana em favor dum coletivismo que reduz o indivíduo a um mero instrumento na realização dum projeto político megalomaníaco. Por fim, não apenas vejo o sofrimento das pessoas. Vejo também que o marxismo não é o remédio para sanar esses males, mas sim, um veneno maldito que apenas termina, lentamente, de matar o paciente, ao mesmo tempo em que o ilude prometendo uma cura que ele jamais poderá oferecer.

3. Penso que dois sentimentos são dignos de cultivo no âmago de nosso coração quando volvemos nossas vistas para o passado: a reverência e a vergonha. Reverência por aqueles que foram capazes de realizar aquilo que somos incapazes de fazer e vergonha daqueles que se tornaram pessoas similares a nós, tanto na mesquinhez dos sonhos como na pequenez das realizações.

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A FESTA DOS MENSALEIROS

RETALHOS DUMA COLCHA VELHA – parte III

Escrevinhação n. 1049, redigida entre os dias 23 de setembro de 2013, dia do Santo Padre Pio de Pietrelcina, e 26 de setembro de 2013, dia de São Cosme e São Damião.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Uma geração inteira, praticamente toda ela, desgarrada dos laços familiares com as verdades fundamentais sobre a vida e seu sentido. Caídos neste mundo como sementes daninhas que veem-se deixadas a esmo em qualquer canto para que lá fiquem e, quem sabe, germinem. E deste germinar o que está aflorando é, no mínimo, lamentável, para não dizer aterrador. O engodo tomou o lugar da verdade, o tosco do belo, a satisfação voluptuosa faz às vezes da justiça e, em resumidas contas, ganha ares de dignidade tudo aquilo que na vacuidade do momento seja identificado com o rótulo de “legal”, pouco importando o que esteja recebendo essa alcunha. No fim, o que importa para o olhar desta turva perspectiva é que possa-se disfarçar o desespero existencial com um fashion sorriso amarelo no rosto.

2. Bom seria se todo católico lê-se e refleti-se sobre os ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica. Este nos ensina em seu cânon 675 que: “Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalar a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra desvendará o ‘mistério de iniquidade’ sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne”. Dito isso, pergunto: você já parou pra pensar no que essas palavras significam? Já pensou? Então pense.

3. Lembro-me que antes de ter iniciado o curso superior no qual me graduei minha mãe disse-me que certa feita tinha assistido a uma palestra com um senhor que afirmava que um bom acadêmico deveria, no correr dos quatro anos de sua formação, ler ao menos cem livros, caso contrário seu diploma seria apenas um pergaminho sem valia. Também vem à minha memória as palavras de meu pai que dizia ao menino daqueles idos, e que hoje escrevinha essas linhas, que numa especialização as pessoas eram obrigadas, em um ano e maio, a ler pelo menos setenta obras. Olha, não sei se todos agiam assim nas décadas de setenta e oitenta. Posso dizer apenas que esses causos bem contados por meus genitores muito marcaram aquele garoto vadio que não era lá aquelas coisas como leitor. Hoje, já branqueando a melena e ficando com a barba grisalha, pergunto, bem baixinho, aos meus alfarrábios: quantas das almas que passaram por um curso superior estabeleceram como meta a leitura duma centena de livros no correr de quatro primaveras? Quantas estabelecem? Penso, reflito e confesso que prefiro não cogitar resposta alguma.

4.  Quando alguns alunos visualizam sua nota, imagino eu que surge aquela dita e escarrada pergunta: "meu Deus! Como é que eu fui tirar essa nota?" Ops.! Falha nossa. A enunciação mais provável para essa indagação seria: "meu Deus! Como é que o professor foi me dar essa nota?" Bem, se deixarmos isso de lado e meditarmos de maneira séria e desapaixonada sobre o assunto, provavelmente chegaremos à conclusão de que a nota obtida (ou auferida) é uma consequência lógica inevitável dos esforços do mancebo em contraste com os do professor. Tal consideração, também nos leva a outra questiúncula: o que um estudante poderia fazer, e não o fez, para ter evitado o resultado desgostoso? Outra: o que um estudante poderá fazer para compensar o resultado indesejado que se vê impresso em seu boletim? Uma mudança de atitude frente aos estudos e perante as derrotas impingidas pela vida seria um belo começo que não custa nada tentar, diga-se de passagem.

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TERCERA Y ULTIMA PROFECIA DE LA VIRGEN FATIMA

A CULTURA DO MAL

ENCONTRO MARCADO COM OS FATOS

Escrevinhação n. 1048, redigida no dia 24 de setembro de 2013, dia de São Geraldo.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Fórmula infalível dum bobo alegre mui crítico: apegar-se a uma teoriazinha bem simplória, materialista e cheinha de chavões para decorar rapidinho e falar bonitinho nas rodas de sociologia de botequim (que, necessariamente, não precisa ser neste ébrio ambiente). Deste modo, poder-se-á palpitar sobre qualquer assunto sempre empregando simiescamente rótulos em tudo aquilo que não se compreende para continuar não compreendendo.

Vale lembrar que é de fundamental importância que se exclua todo o qualquer fato que fuja a seu parvo esquematismo. E não se preocupe! Fazer isso não exige um estratagema complicado. Basta dizer ao seu interlocutor que isso ou aquilo não é cientificamente comprovado, aja vista que o interlocutor do sujeito mui crítico e o próprio apenas cultivam um fetiche ridículo em torno da palavra ciência, não o estudo duma.

E se o assunto for milagres? Bem, aí esse rótulo não pega e os cabeças feitas e cheias de meleca piram. Por exemplo: as ciências já tentaram explicar das mais variadas formas possíveis como uma menina cega, sem pupilas, foi curada instantaneamente através duma oração do Santo Padre Pio de Pietrelcina e nada obtiveram. E a menina hoje é uma mulher e continua enxergando sem as meninas dos olhos.

Mas espere! Não criemos pânico! Às vezes pode-se recorrer aos ensinos do senhor Dawkins (um dos 4 jumentos do apocalipse) e dizer que, por hora, a ciência não o explica, mas que, em breve, será explicado como muitos outros fatos que até então não eram e que, atualmente, são iluminados pelas luzes dos investigadores científicos. Viu só! Cataploft! Mais um rótulo bocó para excluir o inexplicável deste minúsculo universo recalcado.

Pois é, mas descolar esse grude pseudo-epistêmico não é difícil. Basta que saibamos um pouquinho das lides reais das ciências. Ora, um milagre pode ser tranquilamente explicado quanto ao processo de desencadeamento de sua manifestação e continuará sendo o que é: um milagre. O que os cientistas, dum modo geral, não conseguem explicar é o nexo causal que há entre a manifestação dum fenômeno miraculoso e a sua causa eficiente. Resumindo: sim, um dia poder-se-á descrever os mecanismos naturais que levaram uma menina sem pupilas voltar a enxergar, porém, o que torna-se bem mais complicado é explicar porque isso ocorreu, instantaneamente, justamente após o pedido feito por um frei Capuchinho (Padre Pio) à Nosso Senhor Jesus Cristo.

Detalhe: esse é apenas um entre milhares de milagres atribuídos a intercessão de um entre muitos homens santos. Por isso, a prudência e a decência recomendam que tais fatos, tão presentes na vida, sejam colocados no centro da realidade e devidamente meditados para compreendermos o nosso real lugar dentro da criação. Ou então, podemos continuar agindo de modo indecente, desprezando o estudo destes e continuarmos a idolatrar a palavra ciência para disfarçar nossa pusilânime e diplomada estultice-crítica.

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RETALHOS DUMA COLCHA VELHA – parte II

Escrevinhação n. 1047, redigida entre os dias 18 de setembro de 2013, dia de São José de Copertino, e 21 de setembro de 2013, dia de São Matheus.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Sim, os mensaleiros, seus aliados e simpatizantes estão rindo à toa. Rindo, faceiros, feito pinto no lixo. E você, cidadão, tá tristinho, tristinho. Mas, por um acaso você tinha alguma esperança de que esse julgamento teria um rumo diverso? Meu amigo, nós estamos no Brasil do século XXI! Se o nosso passado não é nada glorioso o que você esperava que fosse prosperar às portas alvissareiras do amanhã nascente deste parvo presente? Balelas à parte, já estão dando um jeitinho de fantasiar o fiasco histórico declarando que tudo correu muito bem dentro do processo e que isso, em si, é uma grande vitória. Sim, de toda essa meleca restou-nos a idolatria dum processualismo estéril dum cirquinho chinfrim, besta e caro. É pra acabar, mas o pior é que ainda não acabou.

2. Das preces que me acompanham nesta ventura terrena, há um verso duma delas que procuro sempre meditar, dentro de minhas limitações, suplicando o guiamento da Virgem Santíssima. A prece é a SALVE RAINHA e, o verso em questão, é aquele em que se diz: “A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. Rezo e penso no quanto esperamos que nossa caminhada por essa terra de exilados fosse um mar de rosas e, principalmente, no quanto queremos que nossa vida espiritual seja sossegada ao estilo mamão com açúcar. Pois é, procedendo assim, à sombra destes desejos, podemos nos tornar qualquer coisa, menos um Cristão.

3. Nosso Senhor declarou que cada um deve abraçar a sua cruz (seja ela de chumbo ou de papelão), porém, em nossa soberba de cada dia, embebida no néctar do hedonismo contemporâneo, achamos que o Verbo Divino está errado e que nossa volúpia, desejosa de modificar a Criação, poderia corrigir o que Deus não soube fazer direito e, quem sabe, dar uns pitos no Criador pelo mal feito. Em resumidas contas, esse seria o retrato do infame espírito revolucionário que afeta os olhares críticos que pululam nesta terra de desterrados.

4. Ensina-nos Hermann Hesse que “covarde é quem se esquiva aos trabalhos, aos sacrifícios e aos perigos que seu povo tem de enfrentar. Mas não menos covarde e traidor é quem sacrifica os princípios mais sagrados do espírito aos interesses materiais; quem, por exemplo, se dispusesse a entregar aos poderosos da Terra a decisão sobre se dois e dois são quatro. É traição subordinar a quaisquer outros interesses, inclusive os da pátria, o sentido da verdade, a honradez da inteligência, a fidelidade às leis e métodos do espírito. Se, na luta entre interesses e doutrinas, a verdade (ou o indivíduo) corre o risco de ser esvaziada de sentido, deformada e violentada, nosso único dever é, então, opor-nos denodadamente e salvaguardar, como nosso supremo ato de fé, a própria verdade. Vale dizer: temos obrigação de lutar por ela”.

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DESAPEGAR DAS PALAVRAS VAZIAS

Escrevinhação n. 1046, redigida no dia 16 de setembro de 2013, dia de São Cornélio e São Cipriano.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Uma pergunta pode vir a ser a chave que abre uma porta para continentes inteiros de conhecimentos que até então nos eram desconhecidos. Entretanto, em muitas ocasiões, uma pergunta pode ser uma armadilha maliciosa que poderá nos arrastar para labirintos infindáveis de ignorância e confusão. E isso ocorre, frequentemente, com todas as questões que versam sobre o universo das religiões, dum modo geral e, inevitavelmente, com as indagações que afloram nos campos do Cristianismo, de modo especial.

Isso se deve, em princípio, a dois fatores que se veem encalacrados em nossa carne e que podem ser facilmente reconhecidos (não tão facilmente extirpados) por qualquer um que cultive um mínimo necessário de sinceridade em seu coração. Dito isso, vejamos: uma pergunta não pode, de modo algum, ser formulada a partir do nada. Todas elas, sem exceção, são elaboradas a partir da gama de informações que dispomos. Quanto mais amplo for o espectro de informações, maior será a qualidade de nossas indagações.

Ora, o nosso conhecimento sobre as religiões dum modo geral, e sobre a Igreja Católica de modo particular, é caricatural. Você pode enganar os outros, a si mesmo, mas não me venha com esse papinho de sabichão pro meu lado que a mim você não engana não violão. Ao invés disso, pergunte-se: você conhece quantos católicos que leram e meditaram o Catecismo da Igreja? Quantos ateus, agnósticos e demais hostes “críticas”, conhecidos por você, estudaram o livrão amarelo? E você, leu?

E lasqueira! Então não adiante nem mesmo perguntar se conhecemos a vida duma dúzia de Santos e se estudamos um pequeno punhado de milagres. Aliás, quanto aos milagres, bem provavelmente, os palpiteiros, questionadores papagaiescos, não sabem nem mesmo como problematizar essa questão devido o seu soberbo desdém pelo assunto. Mas, mesmo assim, continuam esparramando uma infinidade de questões que, ao invés de apontar à luz do saber, apenas leva as almas para as trevas da douta estultice.

Quanto ao segundo fator: não sermos capazes de reconhecer que agimos assim. Admitir que não se sabe algo não é assim tão difícil, porém, tem que se ter um bom tanto de coragem, e outro de honestidade, para reconhecer que realmente não sabemos aquilo que fingimos saber. No fundo, é um exercício de confissão interior frente ao olhar onisciente de Deus e muitos têm essa imensa dificuldade porque construíram a sua imagem pública, a sua carreira e sabe lá mais o que, encima duma fantasia grosseira de saber toda empavonada com um amontoado de canudos de papéis sujos nada baratos. Pois é, não é fácil renegar nossa leviandade de cada dia.

Obviamente que o reconhecimento dessas chagas que se fazem presentes em nossa alma não irá mudar o juízo dos outros, mas provavelmente irá mudar a sua maneira de viver, o modo como você vê o mundo e os outros e, principalmente, mudará a sua maneira de ver a si mesmo diante de Deus. No final, é apenas isso que realmente importa.

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DIVIDIR NÃO É A PALAVRA - parte I

RETALHOS DUMA COLCHA VELHA

Escrevinhação n. 1045, redigida entre os dias 15 de setembro de 2013, dia de Santa Catarina de Gênova, e 18 de setembro de 2013, dia de São José de Copertino.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Uma forte coluna da dignidade humana encontra-se na capacidade do indivíduo aceitar e suportar pequenas injustiças. Assim nos ensina Johann Goethe da mesma forma que as imagens cotidianas dessa realidade demasiadamente humana. Imagens que são encenadas diariamente diante de nossas vistas e, em outras tantas, somos os protagonistas delas. Imagens onde vê-se revelada a grandeza ou a pequenez humana. A segunda, infelizmente, com uma freqüência muito maior. Não há dúvidas de que sofrer uma injustiça, por menor que seja, não é agradável, porém, sentir o desconforto impingido por uma pequena farpa como se fosse a dor causada por um vergalhão atravessado por entre as falanges de nossa mão é um gesto ridículo de auto-piedade infantil que em nada contribui na reparação do mal sofrido. Apenas torna evidente o nosso ridículo original.

2. Lembro-me que, certa feita, assisti ao famoso episódio dos Simpsons onde a referida família viajou para o Rio de Janeiro. Obviamente que o Brasil foi apresentado de modo caricato, porém, nada que não tivesse lá seus dois pés na realidade mais nua e crua de nossa sociedade. Naturalmente que, nos ambientes muito críticos de nossa sociedade antropofágica, eclode até hoje manifestações de indignação, mesmo que tímidas, contra o tal episódio. Sem me delongar muito, pois esse assunto é tedioso, há dois pontos presentes nas efusões críticas que não podemos deixar de lado. Primeiro: indignamo-nos frente ao fato dos gringos pensarem que o Brasil é uma selva, como se nós não fizemos generalizações similares com outras nações, inclusive com os EUA. Ou você vai me dizer que o que você imagina a respeito dos EUA é a mais crua realidade? Usar um all star, meu caro, não é sinônimo de ser um profundo conhecedor da terra do tio San. Segundo: Aquela choradeira frente a piada feita sobre o Brasil. Toda essa auto-piedade os impede de ver que os Simpsons, antes de qualquer coisa, são uma piada escrota do cidadão médio americano. Os gringos riem de si através do seriado, o que é muito saudável. Já os brasileiros críticos, por levarem-se muito a sério, não. Isso ocorra talvez porque somente os medíocres sentem-se tão importantes ao ponto de não serem capazes de rir de si, não é mesmo?

3. Em 1884, Monsenhor de Sugir, em seu livro “Escola sem Deus”, afirma que uma escola sem religião formaria apenas incrédulos, rebeldes, ébrios e comunistas. Estamos em 2013. Não na França, mas sim, na Terra de Vera Cruz e o que vemos ocorrer com nosso sistema educacional hegemonicamente dominado por concepções gramscianas de toda e qualquer monta? Vemos as palavras do referido sacerdote reluzirem como uma profecia não ouvida, escarnecida pelas almas afetadas de bom-mocismo politicamente-correto. Sim, sob o manto insincero do laicismo, com o auxilio da batuta relativista, Deus foi banido das escolas, ao mesmo tempo em que o despudor toma lugares de destaque na grande mídia como se fosse uma elevada virtude cívica. Em fim, ao que tudo indica, todos os meios de informar e de formar, fecharam suas portas para Deus com o apoio complacente daqueles que dizem acreditar Nele. Com a indiferença daqueles que fingem amá-Lo.

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MEROS RESPINGOS DE TINTA – parte IV

Escrevinhação n. 1044, redigida entre os dias 10 de setembro de 2013, dia de São Bruno Tolentino, e 13 de setembro de 2013, dia de São João Crisóstomo.

Por Dartagnan da Silva Zanela

1. Há muitas coisas desconcertantes no magistério. Uma das mais difíceis de engolir é ver o uso da cadeira professoral como palanque político-ideológico. E quando aponto isso, não refiro-me a expressão duma ou doutra opinião do professor sobre isso ou aquilo. Não é disso que estou falando.  Refiro-me sim ao descaramento de muitos sujeitos que literalmente transformam a sua disciplina numa plataforma para a intoxicação das almas com a substituição do conteúdo específico da disciplina que está sob sua tutela por uma repetição canalha duma doutrina ideológica. Esse tipo de impostura, hoje, em nosso país, recebe o nome de processo de formação dum pensamento crítico. Parece sacanagem, mas é a mais desavergonhada realidade.

2. Diz-nos São Josemaría Escrivá de Balaguer: “Não gosto de tanto eufemismo: à covardia chamais prudência. - E a vossa “prudência” é ocasião para que os inimigos de Deus, com o cérebro vazio de ideias, tomem ares de sábios e ascendam a postos a que nunca deviam ascender”. E como somos covardes. Não dizemos que somos prudentes, frequentemente, mas sim, damos de ombros e declaramos que não nos importamos. Em casos piores, justificamos esse desdém frente aos insultos e ataques contra a Fé com declarações que rezam: “azar o dele!”. Ora, Nosso Senhor lembra-nos que nosso sim deve ser sim e nosso não, não. Entretanto, insistimos em agir com uma língua dupla. Por isso, imposturas como essa não são prudência. E, como o mesmo Santo homem nos ensina: “Não te esquives ao dever. - Cumpre-o em toda a linha, ainda que outros deixem de cumpri-lo”. E somente assim o mundo o desprezará como desprezou Nosso Senhor.

3. Como uma folha atirada ao vento estava eu, perambulando pelas vias cinzentas duma jovem cidade, com o sapato a apertar meu pé que reduzia meu passo a um tímido mancar. Chego, com minha esposa, a uma capela para rezarmos e ver o tempo passar. Para nossa surpresa, muitos ali se encontravam, numa só voz, a rezar o Terço. Não apenas isso. Lá estava o Santíssimo exposto para que O pudéssemos contemplar. Com as contas entre meus dedos, e a récita das preces nos lábios, ficava a mirar diretamente a majestade de Deus que tudo criou e que, num gesto delicadamente poético, apresenta-se a todos na simplicidade dum pequeno pedaço de Pão. Neste momento, meus olhos tornaram-se janelas infantis. Discretamente aguaram minha face que permitiu-se sorrir com o júbilo da alma embevecida por estar diante da simplicidade Daquele que simplesmente é.
4. Não é por menos que não compreendamos a Santa Vontade de Deus. Nosso coração vê-se, na maioria das vezes, com todos os átrios e ventrículos inundados pela soberba. A soberba nossa de cada dia que vê-se, as vezes, confrontada com a simplicidade do Santíssimo Sacramento que nos revela a bestialidade de nossos empedernidos pecados que nos cegam para a simplicidade do Amor e da Verdade que tão tolamente recusamos.

5. Eis as palavras do senhor Celso de Mello, Ministro do Supremo, que entraram para nossa vergonhosa história: "Tenho mais de 44 anos de atuação na área jurídica, como integrante do Ministério Público de São Paulo e como ministro do Supremo Tribunal Federal. Nunca presenciei um caso em que o delito de quadrilha se apresentasse tão nitidamente caracterizado [...] Esse processo revela um dos episódios mais vergonhosos da história política do nosso País. Os elementos probatórios do Ministério Público expõem, aos olhos da nação estarrecida, perplexa e envergonhada, um grupo de delinquentes que detratou a atividade política transformando-a em plataforma de ações criminosas. [...] O que vejo nesse processo, emergindo das provas, são homens que desconhecem a República, pessoas que ultrajaram suas instituições e que, atraídos por uma perversa vocação para o controle do poder, vilipendiaram os signos do Estado Democrático de Direito e desonraram com gestos ilícitos e ações marginais a ideia que signa o republicanismo da nossa Constituição".

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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA NÃO SER UM IDIOTA - parte III

O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA PARA NÃO SER UM IDIOTA - parte I

AS PARTITURAS E SUAS CIFRAS

Escrevinhação n. 1043, redigida no dia 07 de setembro de 2013, dia do Beato Vicente de Santo Antônio.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Toda sociedade tem lá o seu panteão de heróis, cuja memória de seus feitos é celebrada. Inclusive aquelas almas apatetadas que enxovalham a memória das almas exemplares. Estes também têm os seus (que são a sua carinha), ou procuram chamar para si esse tipo de veneração que, diga-se de passagem, lhes é totalmente indevida.

Esse comportamento é típico de pessoas moralmente perversas, de coração carcomido pelo rancor e pela inveja. Por serem incapazes dum gesto nobre ou duma atitude de grandeza, preferem destruir a imagem de todos aqueles que representam algo bom para que, deste modo, sua baixeza possa tomar o lugar da coragem, da honra e da santidade.

No fundo, bem no fundo, todos esses sujeitinhos que desmerecem os heróis de antanho assim procedem por soberba. Eles adorariam ser reverenciados, mas como são pessoas desprovidas de qualquer qualidade, ficam a chupar o dedo (criticamente, é claro). Enfim, o mundo está cheio de gente assim. Dito isso, reflitamos sobre essa carência de nossa pátria, os heróis. O que é um herói? Eis aí uma pergunta que merece toda nossa atenção.

O historiador francês Jules Michelet, em seu livro “A Bíblia da Humanidade”, ensina-nos que todos os povos depositam os seus tesouros espirituais e morais de modo especial para que sejam preservados. Do outro lado do Atlântico, Rudolph Emerson, em sua obra “Homens Representativos”, lembra-nos que alguns indivíduos, de certa forma, tornam-se uma medida das potencialidades humanas, que podem nos auxiliar no expurgo das baixas qualidades que fincam suas raízes em nossa alma.

Estando cônscios disso, podemos volver nossas vistas para as grandes tradições religiosas, para as narrativas míticas tradicionais e bem como para as obras da grande literatura universal (não apenas para história) para vermos que a humanidade, em sua diversidade, celebra um conjunto de valores universais realizados nos mais elevados patamares que um indivíduo pode vivenciar. Valores estes encarnados nas figuras d’algumas pessoas que são apresentadas como uma página da partitura celestial. Partitura essa que deve ser decifrada e executada por cada um que, sinceramente, deseje ouvir a melodia dessa caminhada para inspirar-se em sua jornada por esse vale de lágrimas.

Sim, heróis têm defeitos, como todo ser humano. Porém, seus atos refletem valores que engrandecem sua personalidade e enobrecem toda humanidade. São pessoas assim que merecem nossa deferência e que podem nos inspirar a sermos dignos, prestativos e bons. Caso contrário, podemos continuar a ver os patéticos espetáculos de rua que tomam conta de nosso país, imaginando que somos heróis na mesma medida em que fingimos ser cidadãos.

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[n. 01] FARPAS QUIXOTESCAS - Crônicas e notas mensais

SOBRE AS MASSAS REBELDES

MEROS RESPINGOS DE TINTA – parte III

Escrevinhação n. 1042, redigida entre os dias 01 de setembro de 2013, dia de Santa Beatriz e Santo Egídio, e 07 de setembro de 2013, dia do Beato Vicente de Santo Antônio.

Por Dartagnan da Silva Zanela

1. Estamos em setembro, o mês da Bíblia. Tempo em que devemos meditar profundamente, não sobre as pias palavras da Sagrada Escritura, visto que, devemos fazer isso todo santo dia, mas sim, sobre a maneira que estamos lendo e meditando os ensinamentos das Letras santas e como vivemos os seus ensinos. Outra coisa: um livro qualquer até pode ser lido de maneira leviana, mas a Bíblia, não é uma obra qualquer. É a palavra de Deus e deve ser lida e meditada com a reverência que é devida ao seu Divino autor e não ser medida e julgada de acordo com a soberba pequenez do leitor.

2. Todo drama terreno tem uma dimensão celestial. A trama dos fatos que se entrecruzam no correr duma vida vivida em meio a encontros e desencontros ecoa pela eternidade. Só não vê quem não quer. É, muitos recusam-se a ver tal realidade. Esses interpretam os dramas pessoais meramente como um fragmento contingente, social e animal. Entretanto, tal raciocínio não nos auxilia significativamente para podermos crescer em dignidade e verdade, aja vista que tal intento interpretativo amputa o que há de mais humano, em cada um de nós, que é o senso de eternidade. Um dado simples, sim, mas não simplista. Simplismo na verdade são todas essas concepções que reduzem o ser humano a um reles esquematismo obscuro que nega o mistério luminoso da imortalidade da alma e, deste modo, aprisiona o indivíduo na surreal soberba de sua subjetividade egolátrica e cientificista.

3. Sabe como funciona a pseudo-ciência daqueles que dizem apenas crer naquilo que a ciência “prova” e “comprova”? É bem simples: primeiro é de fundamental importância não saber o que é uma ciência, para não ter conflitos internos com sua crença cientificista. Segundo: excluir tudo aquilo que foge da sua (in)capacidade de compreensão, declarando que são “irrelevantes” em termos científicos (entendeu a importância do primeiro ponto?). Deste modo, o sujeito pode reduzir toda a complexidade, mistério e beleza da realidade ao seu primário esquematismo mental que lhe permite, no alto de sua douta estultice, elevar sua ignorância ao estatuto de ciência primeira (sem saber o que é isso também). Sim, sei que isso é demência pura, como também sei que o espécime em questão não é nem um pouquinho raro e, por isso, está bem longe de estar ameaçado de extinção.

4. Heróis! O Brasil muito carece deles. Tanto carece que caricaturas bocós tomam o seu posto e fazem um porco serviço em seu lugar. Heróis não procuram mídia, não aterrorizam inocentes em nome duma hipotética justiça social e muito menos em nome dum virtual mundo melhor possível. Heróis são silenciosos e fazem do auto-sacrifício o instrumento de sua peleja, o que é bem distinto deste espetáculo patético  encenado nas ruas e vielas brasileiras onde zumbis de mentalidade revolucionária e pensamento crítico (e põem crítico nisso) fazem um carnaval dantesco imaginando estar mudando a história rumo a queda dos donos do poder ao mesmo tempo em que estão fazendo tudinho o que as autoridades palacianas querem que eles façam para que possam manter e ampliar o projeto rubro reinante. Patético! Simplesmente patético nossos zumbis com seu [depre]cívico intrudo setembrino.

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PROGRAMA AVE MARIA, 05 de setembro de 2013.

RESPOSTA CATÓLICA

SONETO n. 02

Para meu filho Johann por ocasião de sua apresentação
no XVII FEMURI (04/09/2013)

Num firmamento pouco estrelado,
Sob a alva lona estendida num prado,
Ouve-se o estremecer duma voz cálida,
Despertada do alto da rocha encantada.

Com as melenas acariciadas pelo vento,
Suavemente agitadas nas brumas do ar,
Os olhares estremeceram, no momento,
Em que um rugido a todos fez calar.

Sim! Pela boca dum pequeno João
A voz do adormecido leão se fez ouvir,
Num canto a jorrar do infante coração,

Que fez as estrelas despertar e luzir,
Com a toada do rugido do Leão
Que se fez ouvir no canto de João.

La historia secreta de Archipiélago Gulag (2008)

A SINISTRA CONVERSA FIADA

VERDE, AMARELO E ALGO MAIS

Escrevinhação n. 1041, redigida no dia 02 de setembro de 2013, dia de Santa Cândida.

Por Dartagnan da Silva Zanela



Em uma de suas Farpas Eça de Queiroz (com Ortigão Ramalho) declara do auto dos umbrais do século XIX, que a soma de milhões de egoísmos não faz uma nação, nem mesmo uma comunidade e muito menos uma família.

Que a verdade ululante seja dita: todos nós, em alguma medida, somos egoístas. Isso é inegável. Também é um fato humano a capacidade de nos tornarmos em muitas ocasiões maiores que nosso universo umbilical e, no transcender esse, temos a forja da vida familiar, da estruturação dos laços comunitários e, naturalmente, da edificação duma nação, apensar da egoística macula presente em nossos corações.

Sou franco em dizer: não vejo como algo monstruoso termos presente, em nosso coração, essas inclinações. Aliás, creio que seja de fundamental importância que nunca ousemos negar que tais inclinações se fazem presentes. O que torna a nossa cultura cívica doentia é o desdém cínico que cultivamos frente a qualquer possibilidade de abrirmos mão de nossos interesses pessoais, grupais, corporativos e ideológicos, em nome de algo que não vá nos beneficiar.

Claro que sempre há aqueles que dirão que isso é bobagem porque não são mais capazes de levantar os olhos acima das muralhas umbilicais que os rodeiam. Muralhas essas que, maliciosamente, chamam pela alcunha de interesse público, bem comum ou mesmo consciência classista para disfarçar o inegável egoísmo inconfesso.

Se não somos assim, desta estirpe, podemos fazer um exame de consciência muito simples. Perguntemos aos nossos alfarrábios quantas vezes nós, voluntariamente, prestamos algum serviço para nossa comunidade, quantas vezes nos dispomos a fazer algo graciosamente, não pela nação, mas sim, por nossa rua, por nosso bairro, quantas?

E não adianta vir com aquela lengalenga de que todo mundo é assim ou assado. Isso é coisa de moleque borra-botas e, por isso, de modo algum tal impostura é condizente com um indivíduo adulto responsável, vulgarmente chamado pelo epíteto de cidadão. De mais a mais, se me permitem a comparação, nos EUA cada cidadão, em média, realiza duas horas de trabalho voluntário semanais. Isso mesmo! Duas horas. E nós, o quanto de nosso precioso tempo é doado livremente para a nossa comunidade? Quanto?

Com o perdão da palavra, ou do abuso dela, a resposta a essa pergunta faz toda a diferença na formação duma nação porque permite vermos em que medida os egoísmos que compõem a sociedade são capazes de ver e viver algo maior que os limites de seus interesses (justos ou não). Agora, quando não somos nem mesmo capazes de conceber isso, ficando apenas naquela choradeira de quem imagina que o sacrifício sempre deva vir daqueles que possivelmente sejam piores do que nós (e que nos representam), aí não tem jeito mesmo. E por isso reafirmo o dito: ainda que somemos todos nossos corações não conseguiremos formar uma nação, nem mesmo uma caricatura verde-amarelo sem graça e sem ânimo, muito menos uma comunidade e nem de longe uma família.

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