Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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QUASE POESIA – n. 43 (31/XII/2016)

Que o ano que está por vir
Nos faça crescer e sorrir.
E se nele viermos a chorar e cair
Que Deus nos valha e venha nos acudir,
Ajudando-nos a levantar e a seguir
Pela vereda da retidão e persistir
Na Verdade sem jamais desistir.

Um feliz e abençoado 2017 para todos!

QUASE POESIA – n. 42 (31/XII/2016)

Na democracia da república do bichos
Sempre deixa tudo e todos imersos no lixo.
Nela não há limites para o destrutivo caos
Que impera na brasílica Fazenda Animal.

QUASE POESIA – n. 41 (31/XII/2016)

Os anos passam, os dias vão
Seguindo o rumo dos eventos
Que seguem ao ritmo do vento
E da multidão sem coração.

Os dias vem, o ano descansa
Ao passo sereno da esperança
Que não se cansa das andanças
Nem da inocência das crianças.

NOVOS E VELHOS DONOS DO PODER

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Neste ano, em muitíssimos municípios brasileiros, teremos novos governantes tomando as rédeas das repúblicas municipais de nosso país. Noutros tantos, continuaremos a ter os mesmos a reger a banda do Paço.

Bem, seja como for, o que desejo a todos é que sejam dignos, prestativos e bons, que atuem de modo exímio no exercício do poder e que a gestão de cada município brasileiro seja a melhor possível.

Enfim, desejo a todos - novos e velhos governantes, novos e velhos legisladores - sucesso, muito sucesso, porque o povo brasileiro não merece - e não mais aguenta - uma série de fracassos para se juntar aos borbotões de insucessos que se acumularam na lixeira da história recente de nossa nação.

E que Deus abençoe a Terra de Vera Cruz.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

NOTINHAS E NOTÕES

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

AMIGOS E AMIGOS
Estou com Drummond e não abro quando o poeta diz que certas amizades comprometem a ideia de amizade. Certas amizades corrompem o caráter e pervertem a personalidade.

O DITO PELO NÃO DITO
As pessoas, dum modo geral, não procuram a verdade e não a acatam mesmo que ela lhe bata as portas da percepção. O que a maioria dos indivíduos procuram sem cansar e sem cessar é o primeiro boato do dia para nele, entusiasticamente, acreditar e voluntariamente propagá-lo aos quatro ventos para todos aqueles que desejarem o mesmo que eles: uma fofoquinha para ocupar o tempo das conversar fiadas do dia a dia.

ANTES...
Antes de sermos um animal racional, antes mesmo de seremos uma criatura sociável, somos um bicho que se move por meio da imaginação.

UM PÃO
O povo brasileiro está tendo de comer o pão que Marx amaçou, que foi assado por Gramsci e que lhes foi vendido ao preço duma baita crise pelos intelectuais progressistas que só conhecem essa abatumada receita que estraga o sabor da vida e o paladar de qualquer um.

O MATO NÃO SAI DA GENTE
De modo similar ao poeta Manoel Bandeira que, da majestade de sua prosa e da realeza de seus versos, afirmava ser uma alma provinciana, e eu, de minha parte, nas limitações de minha simplória pena e parvo tinteiro, me ufano de ser caipira.

QUE VENHA 2017
O ano novo está por vir e, como todos os anos novos que antecederam 2017, esse também é zero bala e está ansioso para nos auxiliar na renovação de nossos dias e, principalmente, na maneira de vivê-los.

Mas, da mesma forma que os anteriores, nós continuamos com a túnica do homem velho, com os mesmos maus hábitos caducos, com os mesmos vícios morais caquéticos.

Bem provavelmente iremos fazer, na virada, aqueles mesmos votos de sempre: de que iremos, com o ano novo, iniciar uma vida nova e blábláblá.

Porém, como nos anos novos anteriores, esquecemo-nos de nos livrarmos dos entulhos acumulados em nossa alma. Tranqueiras as quais somos tão apegados, tão apegados que fazem de nossos anos novos apenas mais um novo ano velho.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.


[áudio] PROGRAMA AVE MARIA, 15 de dezembro de 2016.

O PROGRAMA AVE MARIA é o programa radiofônico da Paróquia NOSSA SENHORA DE BELÉM que vai ao ar pelas ondas da rádio IGUAÇU FM de segunda a sábado às 18h00. Na quinta-feira o programa é apresentado por DARTAGNAN DA SILVA ZANELA.

 

QUASE POESIA – n. 40 (29/XII/2016)

Obs.: Ser audacioso
Sem ser ambicioso
É algo para poucos.

QUASE POESIA – n. 39 (29/XII/2016)

Os verdadeiros amigos não são aqueles que são feitos
Nos balcões etílicos dos abismos dos desesperado e aflitos,
Nem somente nas oficinas soturnas que nos consomem o peito.

As verdadeiras amizades são cultivadas e bem partilhadas
Em meio aos tesouros íntimos feitos de valores e ideias claras
Que não se dissolvem frente às intempéries com suas pragas.

As amizades verdadeiras são fundadas e solidamente erguidas
Nos sólidos alicerces que transpassam os umbrais dos dias
Firmados sob o solo profícuo da eternidade que nos aguarda.

QUASE POESIA – n. 38 (29/XII/2016)

Não desejo nem almejo glória, nem quero a pompa
Que vem pra afagar meu miserável ego de pecador.
Quero apenas poder ver a Luz que pousou como pomba
Certa feita nas águas do Jordão no batismo do Senhor.

REFLEXÕES PRA LÁ DE INQUIETAS – parte II

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

É SIMPLES ASSIM
De pretensiosos é feito o mundo, de pretensões nossa vida é feita e, em regra, a grande maioria dessas pretensiosas tranqueiras são ocas e vazias. Como são! E, por ignorarmos que tudo o que está sob o vigilante olhar do astro rei é passageiro, por desdenharmos que tudo o que é tocado pelo véu dos nossos olhos acaba sendo maculado por nossa vaidade, as tranqueiras pretensiosas vão se avolumando e se acumulando no mundo, em nossa vida e, principalmente, na nossa alma. É isso; e é simples assim.

PAPÉIS SUJOS
Horas e mais horas trancafiados numa sala de aula podem até auferir a um aluno o tal do diploma, porém, essas horas de cárcere não irão garantir que o indivíduo estará liberto e protegido dos grilhões do famigerado analfabetismo funcional não. Na verdade, em muitíssimos casos, o diploma apenas atesta que o infeliz é um. E esse é o dado que primeiramente devemos reconhecer e encarar antes de falarmos um “a” que seja a respeito da dita cuja da educação. O primeiro.

É POR AÍ QUE SEGUE O ANDOR
No Brasil, em especial junta das instituições investidas de honorabilidade, tem-se o insalubre costume de brindar a ausência de dignidade e talento como se tal vácuo de personalidade fosse um áureo atestado de excelência.

A SIMPLICIDADE DO OLHAR
Tudo se torna mais simples diante da crueza dos fatos. Basta que tenhamos a coragem moral e intelectual para encará-los que tudo se torna clarividente. Porém, como na maioria das vezes nos portamos de maneira cobarde diante da realidade, tudo se torna imensamente complicado. Tudo.

(IN)FIDELIDADES PÚBLICAS E IMPUDICAS
Uns são fiéis a princípios e a preceitos. Esses são os grandes homens; e são poucos. Outros são fieis a pessoas sem escrúpulos. Esses são escravos; e são muitos. Porém, há aqueles que são fiéis a companheiros de gole e de boemia vulgar. Esses são canalhas sem a menor vergonha nas ventas; e não são poucos.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA – n.37 (28/XII/2016)

Os ratos e ratazanas onde quer que se alojem
Sempre deixam pra traz um ignóbil rastro
De imundice e ruína no chão por eles pisado
Como legado de sua glutomaníaca rapinagem.

QUASE POESIA – n.36 (28/XII/2016)

Santo Antão, que na vastidão das areias do velho Egito
Consagrou todo o seu coração e toda sua alma ao Senhor,
Num silencioso caminhar penitente de heroicos suplícios
Ensinou-nos a diferenciar os desejos vãos do sublime Amor.

É ASSIM MESMO

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Não existe esse negócio de luta de classes não. Repito: não há.

O que temos no cardápio da história são desigualdades de toda ordem e, infelizmente, injustiças de todos os matizes, o que, por sua deixa, não significa que as primeiras sejam necessariamente conflituosas e, muito menos, que ambas, as desigualdades e as injustiças, tenham a sua origem numa perene pugna classista que mereça receber a importância dum imperativo categórico. Não mesmo.

O que de fato temos, não apenas hoje, mas em toda a história, é uma infindável luta entre elites. Elites dos mais variados tipos e das mais diversas estirpes, mas sempre elites.

Inclusive, há quem o diga, que a tal da democracia seria apenas uma forma diferente de organizar as oligarquias em combate.

Tal afirmação não deixa de ter o seu fundo de verdade, haja vista que de tempos em tempos, indivíduos com interesses em comum, e/ou com os mesmos adversários, se agregam numa patota para tomar o poder.

Observação essa que vale tanto para uma ordem democrática quando numa situação belicosa.

Algumas dessas patotas tem planos e objetivos de longo prazo; outras, se organizam a partir de interesses momentâneos e sentimentos fugidios de afinidade e desprezo por algo ou alguém.

As do primeiro tipo, não é nem preciso dizer, mas diremos: sempre se sobressaem no jogo do poder por saberem mais claramente onde desejam chegar e como pretendem fazer isso.

Os do segundo naipe, por sua deixa, parecem muito mais moleques jogando uma pelada num potreiro do que qualquer outra coisa. Mas, lá estão eles se apresentando como a salvação da lavoura nesse jogo de cartas marcadas.

Bem, seja como for, sempre tivemos e sempre teremos elites (grupos, clãs, facções, etc.) em conflito pela obtenção do poder e, cada uma a seu modo, faz um uso estratégico das desigualdades presentes e inerentes a estrutura de toda e qualquer sociedade.

(Há algumas que são melhores que outras; outras que são piores que todas; e, há aquelas que, mutatis mutandis, são menos piores que qualquer uma).

Trocando em sambiquiras (ou por qualquer outro miúdo de sua preferência): o povo, o tal do povo, nos discursos e ações dessas trupes são sempre um instrumento para se conseguir obter o poder e permanecer nele.

Uns fazem isso com mais eficácia que outros, mas, sempre o fazem com vistas a atender, em primeiríssimo lugar, os interesses de sua facção e, em segundo lugar, com o intento de acolher os anseios do tal do povo se o tempo e os recursos assim permitirem, é claro.

Sim, sei que isso é triste, sei disso. Mas é assim mesmo que a banda toca.

Na verdade, todos sabem e, ao mesmo tempo, fingem não saber de nada pra poder, ao seu modo, participar desse jogo ignóbil.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA – n. 35 (26/XII/2016)

Se a história se divorcia da inspiração advinda da poesia
Ela acaba por entregar-se ao vagar catatônico da boemia
Relativista, caduca e bocó que desde sempre se alinha
Com as mais sangrentas e canhestras formas de tirania.

REFLEXÕES PRA LÁ DE INQUIETAS

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

INQUIETUDE NATALINA
Ao raiar do dia, durante a santa missa, ouvia-se o jubiloso canto dos pássaros que, ao seu modo, estavam dando glória a Deus pelo natalício da encarnação do Verbo divino. E, enquanto isso, conforme nos lembrou o Padre, boa parte do gênero humano passa indiferente frente o nascimento Daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

INQUIETUDE BRASÍLICA
O desfile de desvalidos que se avoluma mais e mais em nosso país, a multidão de rostos esquálidos, de feições maceradas pelas derrotas impostas pelas injustiças da brasílica vida e pelas ilusões advindas das equivocadas decisões dessa nau de desterrados, é o mais furioso e titânico libelo contra as ideias socializantes que contribuíram significativamente para o descarrilamento de nosso país.

Essas faces sofridas são o panfleto que melhor depõe contra a [des]governança que se impôs ao nosso país por quase duas décadas e que, ao seu modo, aprofundou como nunca se viu antes na história desse país, as seculares injustiças que imperam nessas terras cabralinas.

Desaprumo esse que custou, e que continuará a custar muito às futuras gerações e, gostemos ou não, demorará e custará muito para que os rostos macerados voltem a sorrir e a corar de contento, haja vista que muito falta para que possa-se endireitar o prumo de nosso triste país.

SILENTE INQUIETUDE
A procura pelo silêncio é o grande desafio de nossa época. A nossa grande batalha. E, como toda peleja, essa exige de cada um de nós uma disposição integral para que realmente, ao final, sejamos exitosos em nosso combate.

Se não almejarmos o silenciar interior não haverá a menor possibilidade de que exista em nosso em torno um ambiente silente, pois, dentro das devidas proporções, tudo aquilo que circunda nossa existência reflete, ao seu modo, as batalhas que travamos em nosso interior.

Em resumidas contas, todo aquele que é incapaz de derrotar as suas más inclinações, que não se dispõem e enfrentar essa justa pugna, jamais poderá se sobrepor as perturbações que o circundam porque, ao final, todas essas agitações presentes no mundo exterior são apenas um pálido reflexo dos nossos tormentos interiores mal resolvidos.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA – n. 34 (25/XII/2016)

Amanheceu um novo dia para todo a raça humana
Com o santo natalício do nosso Senhor e Salvador.
E a alegria que invade todo do universo é tamanha
Que todas as criaturas cantam hinos de louvor.

QUASE POESIA – n. 33 (24/XII/2016)

Que a noite escura venha a dissipa-se
Na espera do nascimento do Salvador.
E que na espera nosso coração faça-se
Manjedoura para acolher o divino amor.

[áudio] PROGRAMA AVE MARIA, 22 de dezembro de 2016.

O PROGRAMA AVE MARIA é o programa radiofônico da Paróquia NOSSA SENHORA DE BELÉM que vai ao ar pelas ondas da rádio IGUAÇU FM de segunda a sábado às 18h00. Na quinta-feira o programa é apresentado por DARTAGNAN DA SILVA ZANELA.

 

QUASE POESIA – n. 32 (22/XII/2016)

Aos vinte e cinco dias do mês de dezembro
Eis que chega aquele tão esperado momento
Em que nosso coração manjedoura tornar-se
Para acolher o Verbo divino que se fez carne.

INQUIETAS REFLEXÕES – parte II

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

INQUIETUDE - 01
Quando nossa alma está inquieta, assolada por toda ordem de tormentos, urge, que aprendamos primeiro a não nos deixar afligir com o devir do tempo para que essa aflição não intensifique o impacto de tudo o que está nos amargurando no momento. Por isso, antes de qualquer coisa, ocupemo-nos dele, do tempo, com coisas dignas, prestativas e boas, para que ele não venha se ocupar de nós, com mais angústias em nossa desocupação.

INQUIETUDE - 02
A Santa Cruz é, ao mesmo tempo, vara e balança. Ela, a cruz de Cristo, é prefigurada nas balanças e varas que se fazem presentes no Antigo Testamento e, após o escândalo da crucificação, é diante dela que temos nossos méritos e deméritos devidamente pesados e, frente a ela que receberemos aquilo que nos é devido na medida da misericórdia divina e na proporção de nossa humildade.

INQUIETUDE - 03
Recusar-se a desejar o mundo através dos desejos do outro é esforçar-se na senda da imitação de Cristo, recusando-se, desse modo, a arremedar o caminho da carne, do mundo e dos principados das trevas.

INQUIETUDE - 04
Quando ficamos esperando que os outros façam por nós algo que não nos dispomos a realizar em benefício próprio é porque estamos, veladamente, confessando a nossa canalhice por meio de outros termos. E, na real: todo canalha é bom nisso, em projetar sobre os outros as suas responsabilidades. Tão bom que, ainda por cima, é capaz de fazer o outro sentir-se culpado pela irresponsabilidade do biltre.

INQUIETUDE - 05
Para que um período de férias seja realmente proveitoso, faça uma lista.

Faça uma lista dos filmes que você pretende ver; das séries que você anseia assistir; das pessoas que você deseja visitar, das músicas que você quer ouvir; dos livros que você almeja ler; das comidas que você irá comer; dos serviços [em casa] que ambiciona concluir [ou iniciar] e, obviamente, dos esportes que você queira praticar.

Se tiver grana de sobra, faça constar na sua lista os lugares novos que serão conhecidos você.

Mas, lembre-se: a falta desse quesito, dindim, não é um impedimento para que as férias sejam, de fato, inesquecíveis. Não mesmo.

Não se esqueça do que nos ensina São Josemaria Escrivá sobre o tempo de descanso. Diz-nos ele que ócio não é sinônimo de fazer nada. É, antes, sinônimo de fazer outra coisa.

Por isso, escolha bem as “outras coisas” que irão preencher o seu tempo nesse período de fim e começo de ano e boas férias.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA – n. 31 (21/XII/2016)

O fio da espada da justiça e da liberdade
São afiados na procura abnegada pela verdade
Para que seu brilho seja sempre um vivo guia
Dos corações que não se curva às tiranias.

INQUIETAS REFLEXÕES – parte I

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

REFLEXÃO 01
Quem está em paz com sua consciência não carece de bajulações, nem sofre de auto piedade, muito menos se entrega à comiseração.

REFLEXÃO 02
Ajoelho-me diante do Santíssimo Sacramento porque diante de mim, misteriosamente, está o Rei do Universo que se fez carne e sangue para salvar cada um de nós.

REFLEXÃO 03
Por misericórdia, a segunda pessoa da Santíssima Trindade fez-se carne e sangue, caminhou nesse vale de lágrimas, se faz presente entre nós e, amorosamente, pede abrigo em nosso coração na forma de Comunhão. Por isso, recebamo-Lo com o coração, não com a mão.

REFLEXÃO 04
Coerência no Brasil é mais ou menos assim: você aprende e pratica um punhado de estupidezes na juventude e, envelhecido, ao invés de amadurecer, continua fiel aos disparates da mocidade por coerência com a mentira em que sustenta a autoimagem que dá sentido a sua vida humanamente miserável.

REFLEXÃO 05
Nós, modernosos cristãos católicos, aceitamos a cruz, a nossa cruz, mais nominalmente que de fato e, ainda por cima, dum modo geral, não reconhecemos nela a sua real importância para viver e compreender a vida. A nossa vida. Em muitos casos é muito mais um adorno [verbal e/ou material] que qualquer outra coisa.

REFLEXÃO 06
Descobrimos o que há no íntimo de nossa alma - ou, como dizem os populares, do que somos feitos – não tanto quando estamos atarantados com nossas obrigações corriqueiras, mas sim, nos momentos entre uma obrigação e outra – ou entre uma obrigação e nada, somos brindados com a delícia de termos em nossas mãos o tal do tempo livre. O que fazemos com ele revela quem de fato somos, quando desnudados de nosso disfarce profissional.

REFLEXÃO 07
As últimas peripécias totalitárias do governo de Nicolás Maduro, o little Chávez, contra o povo venezuelano demonstram, entre outras coisas, o quão canalhas são os idólatras defensores desse biltre aqui no Brasil, que estufavam o peito para defender o Bolivarianismo como se esse trambolho fosse um exemplo de democracia e de respeito aos direitos humanos. Pior! São bem capazes de continuar insistindo nessa tecla sem, ao menos, corar de vergonha, haja vista que essa lhes é uma ilustre desconhecida, tanto quanto o é o senso de realidade.

REFLEXÃO 08
Desejar o que ao outro pertence é um mal. Sem dúvidas. Porém, mais danoso que isso é desejar o que o outro deseja.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA – n. 30 (21/XII/2016)

Feliz é a alma que ao fim dum dia de trabalho
Pode retornar sereno para o conforto de seu lar
E repousar a cabeça num travesseiro e descansar
Sem ter seu sono por sua consciência assombrado.

QUASE POESIA – n. 29 (20/XII/2016)

Aquele que se arroga conhecedor de tudo
Sem primeiro dedicar-se a algo aprender
Nada de relevante tem essa alma a dizer
Apesar de não calar-se nem por um minuto.

UM SORRATEIRO ARDIL CONTRA A BARCA DE PEDRO

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Certa feita o poeta Bruno Tolentino havia definido, com aquele jeitão inconfundível dele, que o ecumenismo nada mais era do que a união de todas as religiões para destruir o Cristianismo. Pra destruir a Igreja Católica em particular e o Cristianismo dum modo geral.

Ora, o poeta aparentemente carregou demais nas tintas quando afirmou isso? De jeito maneira. E vou um pouco mais adiante. Os Cristãos Católicos, mais entusiasmados com o tal ecumenismo, na real, como diz René Girard, desejam no fundo que a Igreja não mais exista. Desejam isso não tão conscientemente e de maneira inconfessável, é claro.

Repare num detalhe: quando, através do Concílio Vaticano II se declarou que a Igreja pretendia abrir-se ao mundo, essa declaração sinalizava para o desejo apostólico de que ela, Santa Madre Igreja, ampliaria os seus esforços para converter o mundo.

Porém, devido à malícia de muitos, que ao invés de interpretar essa afirmação à luz da tradição da Igreja, procuraram distorcê-la às sombras das ideologias materialistas da moda, em especial a partir do espectro do marxismo cultural fantasiado de teologia da libertação.

Bem, o resultado não poderia ser diferente: uma contínua e irrefreável mundanização da catolicidade e de seus membros.

Trocando por miúdos: ao invés de vermos homens santos brilhando por esmerar-se em refletir a luz de Cristo sobre o mundo, temos uma multidão de pop stars vaidosos esmerando-se pra caramba para projetar sua sombra mundana sobre a Igreja e, consequentemente, sobre o Cristo. E fazem isso com toda aquela velha e conhecida boa intenção.

Não é à toa que o santo sacrifício vivido de maneira incruenta em toda Santa Missa, hoje, parece-se muitas vezes mais com um bailão sertanejo cafona; outras vezes, com uma festa rave e, em alguns casos, com um tosco show de auditório com um ou mais animadores onde, geralmente, se esquece por completo da realidade que se faz presente misteriosamente numa Santa Missa.

Também, não é por menos que o Sacrário, que antes ocupava o centro do templo junto ao altar - fosse esse templo uma modesta capela ou uma magistral Basílica – hoje se encontra à margem do altar, colocado ao lado [ou de lado] para dar lugar a todos àqueles que, cada qual ao do seu modo, querem celebrar a sua envaidecida fé, esquecendo-se que a Missa e a santa liturgia são um patrimônio da Igreja de todos os tempos e não algo que possamos mutilar ao nosso bel prazer para satisfazer a nossa vaidade fantasiada de fé.

Nós deveríamos, penso eu, concentrar nossos esforços e empenhos para procurar nos integrar vivamente ao corpo místico de Cristo e não querer, soberbamente, fazer valer o inverso e lavorar para que Cristo seja do nosso jeitinho.

Na verdade, deveríamos nos esforçar e clamar à Providência para sermos imitadores do Senhor e não ficarmos querendo que o senhor se curve diante das frivolidades do tempo presente.

Mas não. Não são poucos os que abraçam e se rejubilam com a mundanização da Igreja e com a avacalhação geral dos sacramentos e da tradição.

Aviltamento esse que é capitaneado por esse soberbo espírito ecumênico que, sorrateiramente, não mede esforços para destruir tudo aquilo que foi edificado pelos sacrifícios – muitos deles silenciosos - duma legião de santos que, através dos séculos, recusaram-se a fazer o que hoje tão alegremente se faz com a barca de São Pedro.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA - n. 28 (20/XII/2016)

A grande maledicência da impunidade
Não é o fato daqueles que são investidos
Com a toga da justiça, fazerem-se de Pilatos,
Mas sim, testemunhar a gélida impiedade
Para com as vítimas desamparadas de tudo
Enquanto os biltres se locupletam a vontade
Através das leis desse desajuizado mundo
Que desdenha o cidadão e ultraja a verdade
Em nome dum bom mocismo politicamente correto
Parido pelo vil marxismo cultural multifacetado
Que ignora a diferença entre o certo e o errado
Através dum multiculturalismo furibundo e afetado
Que intenta as bases de toda sociedade destruir
E com isso fazer o bom senso e a razoabilidade ruir.

QUASE POESIA – n. 27 (18/XII/2016)

Minha amada é, se é, imperdoavelmente bela
Não há nesse mundo alma mais doce que ela
Sabendo ser carinhosa quando os dias sedem
E ser guerreira quando os mesmos dias pedem.

AS CHAVES DE DAVI

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Não podemos ser libertos de algo se não nos reconhecemos como prisioneiros dele. A lição é simples. Tão simples quanto antiga e talvez, por isso, tão sumamente desdenhada, principalmente nos dias atuais.

Todos aqueles que em algum momento da vida leram A REPÚBLICA de Platão, mais especificamente o famoso MITO DA CAVERNA, sabem muito bem de quê estamos falando.

Da mesma forma que qualquer um que tenha observado um pouco que seja os rumos que vem sendo dado para a educação em nosso país, seja no bojo do sistema ou no âmago de muitíssimas famílias, sabe muito bem que, atualmente, os grilhões da estultice são tidos na conta de sapiência e que a sapiência e encarada como um vil grilhão, bem ao velho estilo da distopia 1984 de George Orwell.

Sendo a ignorância uma prisão os seus grilhões, não tão invisíveis assim, nos impedem de vararmos para além dos limites de nossa gaiola.

E tem mais! As famigeradas grades da estupidez não são conhecidas por nós como despautério não. São por nós vistas e celebradas como se fossem uma forma de proteção.

É. Conhecer é algo perigoso e, nesse quesito, Kant estava coberto de razão quando conclamou aos seus contemporâneos para que eles ousarem conhecer. Sem uma pitada disso, de coragem e arrojo, não conseguimos romper as limitações a nós impostas e que por nós são aceitas de bom grado.

Porém, todavia, entretanto, é preciso que reconheçamo-nos agrilhoados e paremos de imaginar que estamos sendo protegidos pela nossa estultice. É fundamental que entendamos duma vez por todas que, todo santo dia, temos que travar uma peleja contra essa força que investe contra nós todos para nos divorciar de nossa inteligência e, consequentemente, da verdade.

Sem esse reconhecimento, que a tanto nos foi ensinado por Sócrates, por uma multidão de sábios e, principalmente, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que, através dos séculos, repetem a mesma advertência das mais variadas maneiras: de que prova de idiotice maior não há do que não reconhecer a profundidade de nossa própria ignorância e ama-la mais que os desafios do ato de conhecer.

Enfim, e que atire a primeira pedra aquele que não procura abrigo na lúgubre caverna de sua ignorância voluntária e voluntariosa.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

ENTRE CRÍTICAS E ORAÇÕES

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Não são poucos os que erguem a sua estarrecida e indignada voz contra o Papa Francisco, da mesma forma que não é minguado o número de gargantas que vociferam no mesmo tom contra um e outro sacerdote e, as vezes, contra todo o clero.

Espere: quer dizer que não podemos levantar a voz contra as autoridades eclesiásticas? Não. Longe de mim dizer o que é ou não de direito dos fiéis e dos não tão fiéis assim. Longe mesmo.

Aliás, quando as críticas se fazem necessárias penso que elas devem ser ditas sim. Quanto ao tom, cabe a cada um discernir sobre ele.

Bem, mudando um pouco, só um pouco de saco pra mala, permitam-me perguntar: quantos de nós, procura, diariamente, rezar pelo Papa, pelos Bispos, padres, enfim, pela multidão de sacerdotes que sacrificaram suas vidas em nome do corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, quantos?

É, meu caro, sacerdotes, como nós, são feitos de carne e ossos. Eles são tentados, são pecadores como eu e você e tem de carregar um pesado fardo. Por isso, da mesma forma que as críticas são importantes, as nossas orações também o são.

Enfim, lembremo-nos toda vez que formos criticar esses homens de Deus - seja ele o Papa ou seu Pároco - e independente do tom que as suas palavras tomem – reze por eles para que Deus os ilumine e, de quebra, até mesmo suas críticas tornar-se-ão mais eficaz e piedosas, mesmo que elas apenas sejam murmuradas no íntimo de sua inquieta consciência.

(*) professor, cronista e bebedor de café.
Site: http://dartagnanzanela.webcindario.com/
Blog: http://zanela.blogspot.com/

O NAIPE DO BA RALHO – parte II

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

O Brasil está cheio dessa gente que ganha muito bem pra paparicar a bandidagem. Gente que diz sandices mil. E todas essa sandices apresentam-se empavonadas com o bom e velho judidiquês sociologicamente afetado.

No parlamento, nas redações, nas cátedras, púlpitos, cadeiras e tutti quanti, sempre há muitos dessa estirpe que, em boa parte dos casos, sejamos francos, não sabem o que fazem. Não mesmo.

Os promotores desse tipo de lorota intelectual, em muitíssimos casos, fazem isso crendo piamente que estão defendendo as classes populares. Creem mesmo.

Pois é. Essa gente é tão avoada que chega dar náuseas só de imaginá-las dizendo o que dizem. Elas, sem querer querendo, acabam caracterizando as pessoas humildes como criminosos em potencial crendo que estão defendendo-as.

É ridículo. Tô sabendo. Mas é isso que está subjacente a fala politicamente corretíssima da turma boazinha.

É, de fato, o cúmulo da alienação. Mas é assim mesmo que essa gente criticamente age.

E tem outra: esses ditos cujos defensores do povo nunca foram conversar com as vítimas dos crimes - que, em sua maioria, são pessoas da classe trabalhadora - só pra ver o que elas acham de suas ideias de bolha de sabão sobre a criminalidade. Seria interessantíssimo que elas fossem com o coração aberto para ouvi-las. Ah! Como seria!

Seria, mas não vão não. Elas não o fazem porque, no fundo, boa parte dessa gente não está nem um pouco preocupada com o bem estar das vítimas.

O que, de fato, lhes encanta os olhos é que elas pareçam progressistas e bonitinhas para narcisicamente sentirem-se bem, mui bem, junto dos pares de sua patotinha, pouco se importando com as consequências nefastas de suas ideias sobre as pessoas que elas afirmam defender.

Resumindo o entrevero: esse tipo de alienação pode até render muitos pontos frente a gente chique e inteligente, mas destroça violentamente a vida das pessoas que tem de conviver diariamente com a impunidade da bandidagem que torna as classes populares reféns duma situação gerada por ideias criminosas sobre a criminalidade.

Ponto. E tenho dito.

(*) professor, cronista e bebedor de café.
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QUASE POESIA – n. 26 (18/XII/2016)

Foi gerado o divino Rei de todo o universo criado
No ventre, de Maria Santíssima, sempre imaculado.
De tudo e de todos Ele é o Verbo divino encarnado
Que se fez carne pra nos livrar dos grilhões do pecado.

QUASE POESIA – n. 25 (18/XII/2016)

Todos os corações se elevam aos céus
Quando as palavras tocam seus átrios
Revelando que o está por trás do véu
É a amorosa face do Deus Trinitário.

O NAIPE DO BARALHO – parte I

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Tontos existem as pampas e dos mais vários naipes. De todos esses, com o perdão da palavra, o que mais me causa espécie são aqueles diplomados que paparicam a criminalidade com aquele discursinho pro-marxista que afirma que os meliantes, dum modo geral, são vítimas do tal sistema.

E, fazendo isso, entusiasticamente crendo que estão defendendo os interesses das classes populares.

Parece trelelê, mas são os fatos.

Porém, essa gente tão metida a sabida ignora que as maiores vítimas desses biltres são justamente as classes trabalhadores que tem seus bens roubados e sua vida devassada por toda essa cultura da impunidade tão enraizada e glamourizada em nosso triste país por esse tipo de gente chique.

Não preciso nem dizer, mas direi: cultura essa que, de quebra, dificulta muitíssimo o trabalho policial.

Não? Então pergunte, não ao policial, mas ao obreiro que teve sua casa assaltada pra ver o que ele pensa a respeito disso.

Sem mais delongas e milongas, sempre é bom lembrar que os criminosos fazem isso sob as bênçãos de toda aquela gente chique e diplomada, que frequenta os famigerados jantares inteligentes descritos pelo filósofo Luiz Felipe Pondé. Gente essa que vive alheia a dura realidade vivida pelas vítimas das consequências de suas ideias inconsequentes.

E alheiam-se, é claro, estando mui confortáveis em seus condomínios fechados e, obviamente, bem seguros. Condomínios que, ao seu modo, são mui similares ao cenário distópico presente no filme Metropolis de Fritz Lang que, ao seu modo, tornou-se a imagem do Brasil contemporâneo.

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NÃO LAVE AS SUAS MÃOS

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Não chore o leite derramado. Assim reza o ditado popular. Pois é, mas como no Brasil conselho dado é óbolo desprezado.

Ao invés de encarar-se os pequenos infortúnios da vida, de encarar aqueles reveses que quando são vistos na perspectiva da alma imortal são ridiculamente insignificantes, com um mínimo de dignidade e resignação, prefere-se entrega-se, na maioria das vezes, a mais vergonhosa auto piedade, clamando-se soberbamente para que tudo e todos realizem pelo suplicante aquilo que ele em nenhum momento se dispôs fazer por si.

Outra coisa: não apenas isso. Cada queda, cada tombo que levamos em nossa vida podem ser vistos como um momento para refletirmos sobre os erros cometidos por nós, para ponderarmos sobre nossa vida e, inclusive, sobre os caminhos que escolhemos seguir nesse ou naquele momento de nossa existência.

(Tais reflexões podem e devem ser feitas não apenas com os nossos tropeços, mas também, e por que não, a partir dos de outrem para também aprendermos com a experiência alheia)

Por isso, e por muitas outras razões, que não se deve lamentar o leite derramado. Deve-se sim iniciar uma nova ordenha ou outra atividade.

Mas isso não é fácil não, haja vista que não estamos insatisfeitos, na maioria dos casos, com o que somos (ou éramos), mas sim, com aquilo que temos (ou perdemos).

Ora, na primeira forma de insatisfação nos leva a tornarmo-nos pessoas mais dignas, prestativas e boas. Descontentamento esse que nos elevar de dignidade e verdade. 

Já a segunda, dum modo geral, nos torna muitas vezes uma pessoa avarenta (mesmo sem nada ter), rancorosa e invejosa, reduzindo-nos à condição duma pessoa vaidosamente satisfeita com sua nulidade e movida frivolamente pela vã cobiça.

Por isso, o dito popular é certeiro no que diz: não choremos o leite derramado. Procuremos, com o auxílio da Providência, sermos maiores que as quedas e tropeços que vez por outra a vida nos apresenta e, acima de tudo, desejemos ser melhores, almejemos ser pessoas mais fortes, independente de quais sejam as nossas posses.

Caso contrário, pode-se continuar sendo um pusilânime na alma, um verdadeiro adulto infantilizado e moralmente mimado, sempre desgostoso com o rincão que está à seus pés e mui, mui confortável com o seu coração de geleia e papelão.

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QUASE POESIA – N. 24 (17/XII/2016)

Existem muitas dores que devoram a alma
Mas, de todas, provavelmente a mais dolorosa
É a dor de fome dum infante que, silenciosa,
Noite a dentro consome-nos em tristeza e revolta.

ONDE ESTÃO AS FRONDOSAS ÁRVORES?

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

É curioso, pra dizer o mínimo, que uma nação como a nossa, que se ufana de ser a maior nação católica do mundo, não tenha presente em suas letras uma longa, profícua e pujante tradição literária dessa linhagem.

Sim, já fora apontado certa feita, sobre o catolicismo à brasileira, que aqui ufana-se muito do tamanho das fileiras de fiéis, porém, sem querer ofender-nos, foi perguntado a nós, brasileiros: se somos tão grandes na fé, onde estão os nossos santos? Onde? Pois é. São poucos. Tão minguados quanto a solidez de nossa catolicidade.

E não sou eu que o digo. São os fatos. Fatos esses que foram certa feita constatados e apontados pelo Papa São João Paulo II que, em uma de suas visitas a Terra de Vera Cruz, disse que nós, brasileiros, somos, sim, católicos no sentimento, mas não na fé.

Duro isso não? É uma senhora pulga plantada atrás de nossa orelha pelo sucessor da cátedra de São Pedro.

Enfim, podemos dizer que do mesmo modo que nosso nacionalismo não passa dum orgulho telúrico bocó que se ufana da grandeza e formosura de sua natureza - por não sermos um povo de grandes feitos para ufanarmo-nos de nós mesmos - na fé, acabamos nos vangloriando da quantidade numérica de fiéis que, dia após dia, vem encolhendo entre nós, diga-se de passagem.

E, mesmo diante desse outro fato aterrador, continuamos a ignorar que essa numerosa floresta não deu grandes frutos. E, ao que parece, continua a ser improfícua.

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QUE VENHAM AS NUVENS... TODAS ELAS

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Muitas vezes nossa alma é tomada por um grande sentimento de indignação. Justo, muitas vezes, porém, não em sua inteireza. 

Há, nessas manifestações, uma forte dose da desordenação advinda de nossa alma que, por sua deixa, leva-nos a exacerbarmos as dimensões dos males que nos afligem ao mesmo tempo em que minimizamos as arestas que produzimos.

Por termos nossa alma desordenada, acabamos por ignorar essa tensão que há em nós, focando, nossas vistas, apenas naquilo que é de nosso interesse, ou que imaginamos ser da nossa alçada.

Chamamos esse sentimento que muitas vezes nos invade de indignação. Fúria essa que reconhecemos como se fosse a mais límpida manifestação da virtude da justiça.

Reconhecer a existência dessa fraqueza que há no coração de todos nós significa adquirir uma potência libertadora. 

Esquivar-se, negar que ela habita em nós, denota apenas que essa fraqueza nos domina, assenhorando-se de nossa vontade e turvando a nossa consciência.

(*) professor, cronista e bebedor de café.
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