Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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ENTORPECENTE E DEGRADANTE




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
POR MAIOR QUE SEJA A POMPA e o simulacro de superioridade que um caipora, doutamente empavonado, queira exibir com sua artificiosa elegância verbal, o tesouro carcomido que jaz em seu coração fica, dum jeito ou de outro, mais que visível ao luzeiro de todos, menos para as meninas de seus olhos, tendo em vista que esse tipo de gente não se enxerga de jeito maneira, devido a sua intratável afetação diplomada que apenas atesta a fatuidade que infecta sua alma.

(ii)
O POLITICAMENTE CORRETO ENTORPECE a alma de tal forma que, quando um indivíduo é tomado por essa praga, acaba tornando-se incapaz de distinguir um simples gracejo cáustico de um, como dizem, discurso de ódio; o sujeito fica impossibilitado de diferenciar uma simples ironia de um ato de violência. Isso é triste, sim senhor, mas é assim mesmo. E, assim o é, porque a única coisa que essa tranqueira, o politicamente correto, faz é cevar o ódio nos corações dos indivíduos ao mesmo tempo em que insufla os infelizes a dissimular, da melhor forma possível, aquela carinha afetada de bom-moço, cheinho de boas intenções, e, desse modo, condenando-o a viver uma vida artificiosa, levando-o a crer que, tal fingimento, seria o suprassumo da dita cuja da cidadania e daquele simulacro idolatrado chamado criticidade.

(iii)
É TRISTE, MUITO TRISTE, quando o caipora não sabe a diferença entre o que seja uma ideologia e um conjunto de princípios. Aliás, verdade seja dita: não há nada de errado em defender uma ideologia. Que cada um faça o que bem entender de sua vida. Mas, como bom caipira que sou, continuarei achando isso um trem muito do esquisito. Agora, a porca torce o rabo, e torce feio, quando o tranqueira coloca uma ideologia, não interessa qual seja, acima da soberania da realidade e no lugar da majestade da verdade. Aí, meu velho, a doideira não é pouca não. Quando isso ocorre, o indivíduo não procura mais esforçar-se para dilatar o seu horizonte de compreensão para poder, na medida de suas limitações, compreender o real de modo mais amplo e profundo. Não. O que ele anseia, com todas as forças de seu ser, em misto com a sua insânia ideologizada, é reduzir a realidade à pequenez de sua ideologia e banir a verdade com a sua mesquinhez fantasiada de cidadania que o impossibilita de ver, mesmo que minimamente, qualquer obviedade ululante que contradiga, mesmo que minimamente, a sua utopia delirante. E, como havia dito antes, que cada um faça o que bem entender de sua vida. Mas, como bom caipira que sou, continuarei achando isso um trem muito, muito do esquisito.

(iv)
HÁ MUITOS ANOS ATRÁS, ainda no século passado, li o que Jorge Amado entendia por ideologia. Em suas lacônicas e imorredouras palavras, dizia que “toda ideologia é uma merda”. Ele sabia muito bem do que estava falando. E como eu já bebi e me embriaguei desse cálice em minha porca juventude, também acabei chegando à mesma conclusão. Na mesmíssima obviedade.

Outra ocasião, numa entrevista que assisti, Millôr Fernandes sentenciou algo que, confesso, também guardei para todo o sempre em meu mesquinho e caipiresco coração. Dizia ele: “desconfio, sempre, de quem ganha à vida com a sua ideologia”. E, a partir de então, também passei a desconfiar desse tipo de gente tão bem intencionada.

Bem, como já havia dito, noutras linhas, nada tenho que ver com o que cada um faz com os seus miolos. Se o caipora quer colocar a simploriedade duma ideologia no lugar da complexidade da realidade, que fique a vontade.

Só peço, por caridade, para que não insista que tongos, como eu, sejam obrigados a achar essa feiura toda algo bonito e digno de aplausos e, se possível for, que também não batam o pesinho de maneira ideologicamente sincrônica, para exigir que suas contas sejam pagas pelo erário.

Isso mesmo. A cuca é de cada um, o excremento ideológico também, mas não queira empurrar esse tipo de tranqueira goela abaixo de todos e acreditar que, fazendo isso, deveria viver razoavelmente bem pela realização dessa inutilidade pública, propagandeando que isso seria para o bem da sociedade, da diversidade e das futuras gerações.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

APENAS UM RELÓGIO QUEBRADO




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
DEVEMOS PROCURAR RESTAURAR todas as coisas, inclusive e principalmente nossa alma, em Cristo. Abraçar a mundanidade para refazer-se é autodestruição.

(ii)
A SENSIBILIDADE DO BRASILEIRO para problemas é toda invertida. Faz-se, aqui nessas terras, um auê por picuinhas e mantemos silentes e indiferentes diante de problemas realmente sérios. Bem, é isso o que ocorre quando o velho e bom senso das proporções é maculado pelo relativismo moral.

(iii)
UM ERRO DEVE SER CORRIGIDO e, no ato de corrigi-lo, o mesmo acaba sendo esclarecido quando a repreensão por sua realização é clara e direta. Porém, atualmente, não apenas tornou-se feio pensar em corrigir um erro, mas, se ousarmos corrigir o dito cujo, devemos explicar e justificar a necessidade da sua reparação; não para aplica-la, apenas para que nossa intenção não venha parecer malévola diante dos olhares politicamente corretos que amam dissimular preocupações mil com tudo e com todos que estejam em seu horizonte de simpatia. E de dissimulação em dissimulação seguimos, ladeira a baixo, na longa marcha da decomposição de nosso sistema de ensinação.

(iv)
PENSO QUE DEVERÍAMOS PROCURAR, na medida de nossas limitações, apenas falar em nosso nome. Essa é a medida de toda a nossa autoridade por ser o chão, o ponto de sustentação de nossa realidade. Agora, quando o caipora começa com essa lengalenga de falar em nome do povo, de seus títulos, dessa ou daquela corrente política, desse ou daquele grilhão ideológico, dessa ou daquela cadeia de pensamentos, abandone, porque o dito cujo não passa dum fantoche empavonado que não sabe o que diz, nem o que faz e muito menos o que ele é. Ponto e zefini.

(v)
QUANDO O CARNIÇA ADERE A ESSA OU aquela patotinha ideologizada, ele acaba encontrando a sua tão sonhada capelinha do Butantã para nela destilar todo o seu rancor fantasiado de peçonha ideológica e o faz, em regra, por viver uma vidinha esvaziada de sentido e propósito e aí, catapimba, ele os encontra nesse tipo de tranqueira. Por isso, quando esse tipo de caboclo encontra uma viseira desse naipe, que o ajuda a caminhar de modo retilíneo pelas pedregosas estradas desse vale de lágrimas, ele sente-se aliviado por ter, enfim, um caminho pra trilhar, mesmo que esse termine por leva-lo ao fundo dum abismo sem sentido.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

O FIO E A AGULHA




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
SE IGNORAMOS A FINALIDADE DAQUILO que fazemos, abdicamos da condição de agente consciente duma ação e reduzimo-nos a posição dum reles instrumento nas mãos de sujeitos que desconhecemos para realizar, justamente, uma plêiade de finalidades de ignoramos.

(ii)
O MAIOR SINTOMA DA DECADÊNCIA da inteligência nacional a imensa dificuldade, que nalguns caso chega a total incapacidade, que muitos indivíduos manifestam para compreender uma simples ironia.

(iii)
PROCURO, NA MEDIDA DAS MINHAS MUITÍSSIMAS limitações, tratar os temas que me atraem e as questões que me inquietam numa perspectiva similar à adotada por Miguel de Unamuno. Ou seja: trato todos os temas em que fio-me a estudar e as indagações que colocam-me a meditar, como se fossem pessoais; como se fosse uma questão de vida ou morte. Digo, como se fosse uma questão de morte ou vida.

(iv)
O MARXISMO É O ÓPIO DOS INTELECTUAIS e das demais almas que estão alienadas de si e de sua humana condição devido justamente a desorientação fomentada pela mesmíssima intelectualidade.

(v)
OS ATAQUES SÓRDIDOS PERPETRADOS PELOS ÓRGÃOS da grande mérdia brasileira contra a pessoa septuagenária de Olavo de Carvalho apenas confirmam, mais e mais, a importância singular da obra do professor Olavo de Carvalho.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

MÃOS LEVES, ALMA LEVIANA





Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
NÃO SOU PROFISSIONAL de patavina nenhuma e em nada que realizo. Sou apenas um irresoluto e confesso amador. Amo tudo o que faço e, sem não amo, procuro fazer por amor.

(ii)
A PALAVRA É UM DOM PRECIOSO, preciosíssimo, para ser desperdiçada com nossas frivolidades do dia a dia que apenas fazem inchar o nosso ego vaidoso e cegar a nossa alma desordenada.

(iii)
O CABOCLO QUE DIZ CRER APENAS naquilo que seja uma verdade cientificamente comprovada, em regra, não passa dum crédulo tonto que ignora o que seja uma prova, que não sabe como se pratica uma ciência e que desdenha soberbamente o que seja a dita cuja da verdade.

(iv)
O TEMOR DO SENHOR, COMO TODOS SABEMOS, é o princípio da Sabedoria; a presença total da realidade é a fonte primeira dela. Como dissemos, todos sabemos disso e, mesmo assim, preferimos muitas vezes guiar nossos atos, gestos e palavras pelo temor que nos é semeado pelas levianas línguas e maliciosos olhares do mundo que anseiam nos reduzir a total mediocridade, como se a estultice preguiçosa e conveniente fosse fonte de alguma coisa que valha.

(v)
QUEM NÃO RESPEITA, DE MODO REVERENTE, a soberana presença da realidade, por mais que se julgue crítico e esclarecido, não passa de um idiota presunçoso que, tolamente, projeta suas preconcepções a respeito de tudo e todos sobre o real e passa a trata-las como se fossem a própria realidade dos fatos da vida. Para esse tipo de caipora a realidade seria apenas, e tão somente, aquilo que se encaixa perfeitamente em seus esqueminhas mentais ideologizados. E se, por ventura, algo não se enquadrar perfeitamente em seus cacoetes cerebrinos, para ele, pro caipora, isso seria uma forma malvada de alienação que alguém, ou algo, está querendo impor à sua consciência criticamente crítica.

(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

[podcast] CONVERSA QUIXOTESCA, CIDADANITE E AMOR AO PRÓXIMO



[podcast] CONVERSA QUIXOTESCA - O GRANDE MAL




O VELHO LIBAMBO ENFERRUJADO




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
DIANTE DAS INFINDÁVEIS CONFUSÕES presentes na sociedade atual é imprescindível que procuremos tratar as coisas pelo que elas de fato são e, jamais, nos darmos ao desfrute de julgarmos elas a partir daquilo que se diz a respeito delas. Sim, a imagem é um elemento integrante da realidade, porém, não é a inteireza dela que, quanto é isolada do restante da realidade, ela acaba perdendo a sua significação originária.

(ii)
NÃO PENSE TANTO NO PECADO que os outros cometem. Pergunte-se sobre os pecados que nós cometemos e que, soberbamente, nos recusamos a reconhecê-los como tal.

(iii)
AO VERMOS UMA PESSOA DIGNA, prestativa e boa, somos abençoados com uma presença que pode nos servir de inspiração. Quando nos defrontamos com uma pessoa indigna, folgada e má, somos abençoados com uma presença que pode nos auxiliar na realização de uma serena e indispensável autocrítica.

(iv)
DICA NÚMERO UM PARA ESTUDARMOS a dita cuja da história: estar sempre aberto para narrativas e explicações até então impensadas por nós. Muitas vezes, quando dizemos que vamos estudar algo dessa seara o fazemos a partir de um punhado de pressupostos sobre algo que apenas vagamente ouvimos falar. E se assim procedemos, não estamos procurando conhecer o que está nas entrelinhas das amareladas laudas da mestra da vida, mas sim, apenas fazendo uso de um subterfúgio afetado para dar alguma legitimidade oca para a nossa ignorância, criticamente presunçosa, sobre a tal da famigerada história que, com muita frequência é citada sem ser devidamente estudada.

(v)
QUANTA FERVO, QUANTA FRESCURA POR CAUSA da mudança do dito cujo do horário. Quanto mimimi. Do jeito que uns e outros falam dá-se a impressão de que estamos diante duma eminente tragédia de proporções cósmicas quando, na realidade, a única coisa que temos, é o adiantar dos ponteiros do relógio em uma hora. Só isso. Quanto ao resto, tudo na mesma. Ao menos pra mim que, como muitos, com ou sem horário de verão, continuo levantando para o batente as seis da matina e indo dormir pra lá da meia noite.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

[podcast] CONVERSA QUIXOTESCA - TUDO NO AVESSO



PÃO E UM POUCO DE VINHO BARATO




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
A CADA SEMANA QUE PASSA, Brasília amplia mais e mais o seu picadeiro espetaculoso, daquele vil cirquinho sem a menor graça; e faz isso enquanto o Brasil afunda-se, cada vez mais, em sua desgovernada tragédia que, a muito, deixou para traz o cadinho de comicidade que havia em sua histórica desventura. Enfim, o bicho está tão feio que nem dá vontade de fazer piada.

(ii)
LIBERDADE É APENAS UMA PALAVRA que pode, mui facilmente, ganhar um significado com um conteúdo contrário ao seu sentido original. Aliás, essa é uma imagem bem corriqueira e que ilustra perfeitamente os dias atuais. Qualquer lugar onde vemos multidões em cena, vemo-las clamando pela liberação de todos os limites morais para a libertação de todos os nossos instintos, principalmente dos mais baixos, como se tal clamor fosse a quintessência da liberdade, da realização da plenitude humana. Porém, o que tais multidões não se flagram é que, com tais clamores e bandeiras, a única coisa que estão galgando para si, e para todos, são os pesados grilhões da mais vil e ignóbil escravidão totalitária.

(iii)
QUANDO TUDO PASSA A SER balizado pelo relativismo moral, é apenas uma questão de tempo para que a insanidade, travestida de sofisticação, passe a ser o novo critério de razoabilidade e decência.

(iv)
NÃO HÁ, NO HORIZONTE DE CURTO e médio prazo, a menor possibilidade de encontrarmos uma solução política para os problemas que estão a assombrar o nosso triste país. Essa é a mais macambúzia verdade. Ponto. E se não somos capazes de reconhecer, mesmo com pesar, essa infame obviedade é porque, definitivamente, não há, em curto ou longo prazo, remédio para a nossa indigência intelectual e moral.

(v)
CRISTO NÃO É, COMO NOS LEMBRA Joseph Ratzinger, o Messias esperado. Ele é, por definição, o Messias inesperado. Porém, ainda hoje, muitíssimo mais que em outras épocas, cada um de nós, cada qual ao seu modo, continua acalentando essa ou aquela expectativa em relação a Ele na vã intensão de moldá-Lo de acordo com nossa soberba vontade.

Aliás, quem nunca ouviu uma pergunta similar a essa: se Cristo estivesse vivo, hoje, o que Ele diria a respeito da vida que Fulano e Sicrano levam? Pois é. Pergunta tão tola quanto maliciosa. Isso mesmo! Bem maliciosa. E o é por duas razões: primeiramente não é se Ele estivesse vivo. Ele está vivo. Em segundo lugar, ao invés de perguntar-se o que Nosso Senhor diria a respeito da forma como os outros vivem as suas vidinhas, pergunte-se o que Ele falaria a respeito de nossa pessoinha.

Tornou-se mais do que banal na modernidade a ideia de que Cristo aprovaria esse ou aquele comportamento pelas razões mais disparatadas possíveis. Ora, carambolas! Quem de nós não seria reprovado por Ele? Quem? Pois é, a vaidade, como sempre, aí está a nos cegar para as mais patentes obviedades e a abrir caminha para a nossa perdição.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

ALGUNS PALPITES E UMA XÍCARA DE CAFÉ




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
QUANDO UMA ABSURDIDADE INTOLERÁVEL passa a ser aceita e respeitada por uma geração como senso algo bom e, como dizem, tolerável, a geração subsequente, infeliz e inevitavelmente, acabará aceitando como natural o que até então era evidentemente aberrante e passará a encarar como inaceitável tudo aquilo que seja contrário ao absurdo agora normatizado.

(ii)
NA SEMANA EM QUE SE CELEBRA os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e dos 100 anos do milagre do Sol de Nossa Senhora em Fátima, todos nós tivemos que testemunhar, atônitos, a uma investida alucinada e alienante realizada pela grande mídia, empresas, artistas, intelectuais, enfim, de toda horda que está alinhada com a agenda dos potentados globalistas que, histericamente, reafirmaram os sofismas da ideologia de gênero como se fosse a revelação dum novíssimo e apócrifo evangelho segundo Nero.

Aliás, reafirmaram o que a décadas esses potentados vem sorrateiramente semeando, no coração e no imaginário da sociedade, por meio de seus serviçais, cônscios ou não de seu papel.

Tais atitudes, que afrontam o bom senso de maneira vergonhosa, ao seu modo, tem lá o seu lado bom, haja vista que revelaram, de supetão, o que de fato está subjacente a toda essa insanidade politicamente correta que pretende tornar-se hegemônica na sociedade e nas almas dos indivíduos. Agenda essa que não almeja o bem de ninguém; nem de héteros, nem de homossexuais, muito menos das futuras gerações.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

O RATO QUE NÃO RUGE


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
O ABUSO DE AUTORIDADE É ALGO degradante, repugnante, pois revela de que matéria é feita a alma do portador do dito cujo do poder usado e abusado em nome sabe lá do que, ou de quem. Todavia, não apenas a posse deste revela a substância dum sujeito. O denuncismo também, seja ele histérico ou sorrateiro. Essa prática covarde, típica dos capachões, desvela a verdadeira face duma pessoa que anseia deleitar-se com o abuso do poder, mesmo que seja apenas através da sombra de outrem. Enfim, no fim das contas, o denuncismo e o autoritarismo são o verso e o reverso da mesma moeda podre largamente usada no mercado patrimonialista da canalhada unida.

(ii)
O QUE DE FATO É TRISTE, digo, o que de fato faz-se vergonhoso é termos de testemunhar, atônitos, o silêncio covarde e escandaloso de grandíssima parte do clero católico frente as aberrações blasfemas que escandalizaram inúmeras almas nas últimas semanas em nosso triste país; aberrações que, dissimuladamente, foram e são apresentadas soberbamente como se fossem manifestações artísticas do mais aquilatado gabarito quanto, na realidade, não passam de excrementos enfeitados.

(iii)
IDENTIFICAR UM MONTE DE EXCREMENTO pelo que ele de fato é não seria, de modo algum, um ato de censura. Não mesmo. É um ato de bom senso. Afinal de contas, cada coisa deve ser claramente identificada pela sua natureza, não pela sua imagem enganosa. Se equivocado estou no que digo, então sinta-se à vontade para degustar um bom prato de merda que lhe seja apresentado pomposamente como sendo uma suculenta picanha. E coma tudinho sem reinar, afinal, contrariar a majestade da obra dum "artista", ou o parecer demiúrgico dum "intelectual" mui bem diplomado, dizendo tão somente o óbvio ululante é coisa de fascista malvado. Muito malvado.

(iv)
RESUMO MUITO BEM FEITO pelo Deputado Onyx Lorenzoni em discurso proferido no dia 11 de novembro de 2017 na Câmara dos Deputados. Por isso recomentado esse vídeo. Não apenas ele, mas também e principalmente o estudo do teor putrefaz das referências indicadas pelo parlamentar em sua preleção. Estudo esse que não podemos nos dar ao desfrute de desdenhar. Não mesmo. De jeito maneira.
https://www.youtube.com/watch?v=DAkBMN3nt6c

(v)
APEGAR-SE A UMA IDEOLOGIA, recorrer a qualquer uma, pra tentar dar algum sentido tosco para uma vida vivida sem nenhum propósito que valha é coisa pra jacu.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café. 

DELICADO FEITO PINO DE PATROLA


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
NÃO HÁ DÚVIDAS DE QUE UMA OBRA DE ARTE pode muitas vezes conter certo ímpeto revolucionário, um determinado timbre de contestação que pode revitalizar o quatro geral duma civilização. Outra coisa bem diferente são os chiliques infantis que se tornaram tão corriqueiros em boa parte da arte contemporânea.

(ii)
NA ÂNSIA DE PARECER ORIGINAL, na veleidade de querer se apresentar como um furioso contestador de tudo e de todos, muitíssimos sujeitos - que se apresentam como artistas e intelectuais - acabam terminando por desedificar tudo e todos; acabam degradando-se através da apresentação da suma decomposição de sua humanidade, como se essa fosse digna de aplausos e que, no frigir dos ovos, não chega nem mesmo a ser digna de pena.

(iii)
CERTA FEITA, NIETZSCHE HAVIA DITO que a arte existe para que a verdade não nos destrua. O que, talvez, o cáustico bigodudo não imaginava que aconteceria é que, numa certa época, surgiriam certos artistas que dedicariam todas as forças de sua alma para destruir a verdade através da decomposição da arte.

(iv)
A FUNÇÃO PRIMEIRA DA ARTE é nos revelar as múltiplas faces do bem, do belo e do verdadeiro em sua unidade que transcende todas as contingências culturais. Hoje, porém, ao que tudo indica, essa função está sendo brutalmente revogada em nome da celebração de tudo aquilo que é mal, disforme, falso e que, por isso, corrobora para a desintegração da integridade da alma humana.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

CUTUCANDO ONÇA COM PALAVRAS CURTAS




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
O MUNDO MODERNO PERDEU O SENSO da alegria. Tamanha é a confusão que a loucura escandalosa passou a ser tida como medida universal de contentamento.

Tamanha é a confusão que, se uma pessoa apresenta-se serena, a placidez de seu semblante é tida como uma manifestação discreta de tristeza.

Se isso já não fosse o suficiente, confunde-se a júbilo com a satisfação de todo e qualquer prazer rasteiro. Não que o prazer seja ruim. Não mesmo. O que é sinistro é colocá-lo, com sua efemeridade e seu insaciável apetite, no lugar a alegria.

Não é por menos que a cada dia que passa, vemos mais e mais um crescimento no número de almas sorumbáticas, atordoadas com a monotonia da vida moderna, pois, ao contrário da alegria, os prazeres, com o tempo, se esgotam, deixando um vazio nos inquietos corações humanos.

Enfim, por essas é outras que toda pessoa minimamente sensata sabe que esse mundo não é um harém, nem um parque de diversões; toda alma minimamente razoável sabe que peregrinamos num vale de lágrimas e que não devemos tratar os gozos efêmeros que encontramos aqui e acolá como sendo o ponto arquimédico da plenitude de nosso ser que, por sua deixa, não pode ser obtida aqui neste mundo e, muito menos, dessa maneira.

(ii)
POR MAIS QUE SEJA ALGO DESEJÁVEL, uma mudança, grande ou pequena, sempre nos causa calafrios.

(iii)
SE AS PREOCUPAÇÕES LEVIANAS INVADEM A TUA alma, ocupe-se. De preferência de algo minimamente edificante e que seja razoavelmente decente.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

A TRISTEZA DO JECA




Por Dartagnan da silva Zanela (*)

(i)
SEMPRE DESCONFIEI, E IREI CONTINUAR até o fim dos meus dias desconfiando, de todo aquele que se vangloria, publicamente, da caridade que fez aqui e acolá, principalmente se essa foi realizada com o chapéu do contribuinte.

Ora, o velho conselho é claríssimo: não deixa que tua mão esquerda saiba o que fez a tua direita (Matheus VI; 3). O dito é antigo e repetido a exaustão em todos os pampas, porém, o conselho bíblico é ignorado olimpicamente por todas as vivas almas que se fazem de generosas, movidas, sempre, pelos mais variados e indignos interesses de ocasião.

E o pior é que tem muito tongo de carteirinha que acha esses showzinhos patéticos a coisa mais linda do mundo. E como tem meu caro Watson! Como tem.

Bem, de minha parte, fico cá com o conselho de Coelho Neto que nos lembra, através de seus rabiscos esquecidos, que a caridade deve sempre ser tal qual a luz do sol, que generosamente tudo ilumina sem mostra-se; e similar ao aroma das flores, que perfuma o ar sem que seja preciso tocá-las. E isso é algo bem diferente do espirito caritativo que reina por essas brasílicas plagas. Bem diferem mesmo.

(ii)
DA MESMA FORMA QUE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO dos filhos reconhecemos as virtudes, ou os vícios, dos pais, na civilidade dum povo reconhecemos a grandeza, ou a pequenez, dos governantes.

(iii)
SÓ OS MEDÍOCRES TEMEM a solidão. Somente uma alma muitíssimo tosca apega-se a companhias fúteis e entrega-se a conversar vazias e bocós por medo da solitude.

É. A solidão, com sua aspereza pode fortalecer nosso espírito; já a frequência regular em colóquios fúteis irá, com o tempo, nos corromper até o tutano da alma.

(iv)
LEMBRE-SE, HOJE E SEMPRE: este mundo, onde nos encontramos exilados, não é um mar de rosas; é um vale de lágrimas. Meditemos sobre isso e compreenderemos a real natureza da felicidade.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

NA CANOA FURADA




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
NUMA PASSAGEM DE SEU LIVRO “ORTODOXIA”, Chesterton nos lembra de que um lunático é um sujeito que perdeu tudo, tudo mesmo, menos a razão. Afirmação essa que facilmente podemos comprovar quando, por descuido, damos trela para que uma pobre alma, ideologicamente deformada, exponha as suas sandices utópicas, as suas tais razões.

(Em casos como esse, papel higiênico pouco é bobagem. Previna-se).

Doravante, sujeitos assim, desse naipe confuso, visivelmente perderam tudo, inclusive a noção do ridículo, porém, todavia e, entretanto, não abrem mão, de jeito maneira, de suas razões furadas, com as quais ele procura se proteger de qualquer um que tenha a petulância de lhe contar uma verdade, por pequena que seja.

E, esses pobres diabos agem assim porque têm medo de conhecer a verdade. Eles a temem porque a dita cuja irá, provavelmente, implodir os alicerces de sua vida, destronando as razões equivocadas sobre as quais eles construíram sua existência.

Enfim, esses lunáticos, como qualquer desequilibrado, agarram-se com unhas e dentes às suas razões, porque são as únicas coisas que lhes restaram em sua confusa e delirante personalidade de papelão crítica e ideologicamente engajada, é claro.

(ii)
MUITOS CABOCLOS GOSTAM DE SE VANGLORIAR de que são pessoas autoconfiantes. Tolice. Somente uma pessoa desvairada, fraca de espírito e com um caráter de gelatina enche a boca pra dizer uma coisa dessas.

Sou franco em dizer que compreendo perfeitamente que uma pessoa realize isso ou aquilo porque confia plenamente em alguém, em algo ou em Deus; mas, porque confia plenamente em seu taco é algo que, para mim, sinceramente, não orna.

Digo isso porque a manifestação de tal tipo de fé em si mesmo, de tal egolatria, nada mais seria que uma forma muito simplória de tentar disfarçar a humana insegurança interior que advém duma soberba oca, tão bem vista pela sociedade modernosa, ciosa por querer ser o onipotente e que, ao invés disso, sem querer querendo, acaba apenas afirmando e confirmando a nossa total impotência.

Enfim, quando cremos, candidamente, que somos as criaturinhas mais perfeitas, as mais honestas e realizadoras de todas as vivas almas desse mundo, estamos depositando sobre nós mesmos uma confiança que apenas é devida a uma deidade.

E o pior é que todos nós fazemos isso. Uns com uma frequência maior que outros, mas todos, de vez em quando, cometemos esse deslize.

Pior! Há aqueles que veem esse tipo soberbo de atitude como sendo uma manifestação cabal de humildade, tamanha é a perversão que impera nos dias plúmbeos em que vivemos.

Resumindo o entrevero: autoconfiança, em excesso e por si só, não é sinônimo de força; é um claro sinal duma soberba fraqueza. Só isso e olhe lá.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.

DATA ESTELAR 20170929




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
O QUE UMA PERSONALIDADE MEDÍOCRE, tipicamente brasileira, deve fazer para amadurecer e vir a ser uma pessoa digna, prestativa e boa? O que mesmo? Pois é. Essa questão, em meu ver, deveria ser a coluna central no processo de formação dum indivíduo. Questão essa que, em nossa sociedade, nem mesmo chega a ser cogitada. Nem de leve, nem de longe.

(ii)
O CONSERVADORISMO não é uma ideologia, nem um partido, muito menos uma facção; é apenas a atitude característica de toda e qualquer pessoa minimamente decente.

(iii)
POR QUE DEVEMOS OPINAR sobre isso ou aquilo? Por vaidade. Por leviandade. É isso. Só por isso. Opina-se por imaginarmos que sabemos algo sobre aquilo ou sobre esse outro, que apenas ouvimos falar aqui ou acolá e que, de certa forma, tais causos jornalísticos, mal comunicados e mal compreendidos, acabam causando em nós aquele velho sentimento de indignação. Ah! A tal da indignação que, como sempre, anda de mãos dadas, faceira da vida, com a leviandade e com a vaidade, numa ciranda suja e sem fim que nos arrasta para nos lambuzarmos em toda ordem de futricas que, por sua deixa, passam a integrar a nossa vida sem fazer a menor cerimônia.


(*) Professor, caipira, cronista e bebedor de café.