SER BOCA SUJA TEM LÁ SUAS VANTAGENS. Tem mesmo! Se você é
assim, desbocado, e, mesmo assim, uma e outra pessoa tem o disparate de gostar
de você é porque, de fato, deve de existir algo de bom em ti, lá no fundo, bem
no fundo de sua alma, apesar de você ser quem você é.
(ii)
QUALQUER UM QUE ESPERE ALGUMA COISA de alguém, dum governo ou
do caramba a quadro tem mais é que se lascar. Isso mesmo! Se lascar de verde e
amarelo. Ao invés de ficarmos de mimimi esperando que os outros nos carregue no
colo e sintam dó da gente, seria melhor, bem melhor, fazermos aquilo que, até
então, esperávamos que um qualquer fizesse por nós, não é mesmo?
(iii)
REPUGNO GRANDES AGLOMERADOS DE PESSOAS. Fujo dessas coisas
sempre que posso. Gente, reunida em mandada, não agrega valor a nossa alma,
muito pelo contrário, nos suga até esvaziar-nos por completo feito um grande
vampiro decrépito.
(iv)
BEBER ATÉ CAIR NÃO É BONITO NÃO. Nem algo que valha qualquer
forma de elogio. Mas, se for pra beber até cair, ao menos bebamos com elegância
e caiamos com um mínimo de compostura.
(v)
A GRANDE UTILIDADE PÚBLICA DUMA boa bebedeira é que, após
algumas doses, nos sentimos mais à vontade para, com os amigos, falar mal,
digo, pra conversar sobre as duras e tristes verdades a respeito dos sicofantas
imprestáveis que tornam a doçura da vida uma tranqueira azeda e altamente tributável.
(vi)
“SE VOCÊ VOTAR NO BELTRANO NÃO SERÁ mais meu amigo”. Errado.
Se você exige de mim uma excrescência dessa é porque jamais soube o que é uma
verdadeira amizade e, obviamente, nunca foi amigo desse devasso que agora
escrevinha. Exigir isso duma pessoa que chamamos de amiga é coisa de narcisista
podre de mimado.
(vii)
NÃO FAZ MUITO TEMPO QUE LI o livro "Todo homem é minha
caça" do impagável Millôr Fernandes. Num de seus capítulos o mesmo
apresenta-nos uma declaração de princípios. Aliás, impagável como tudo o que
ele escreveu.
Bem, aí pensei: vou invejá-lo. E, como tudo o que é invejado
sai uma porcaria, aí está a minha: a bela porcaria duma declaração de
"princípios" sobre as linhas e travessuras que rabisco aqui e acolá.
Lá vai: o que são minhas escrevinhadas? Nunca foram, e jamais
serão, cartas endereçadas a uma pessoa em particular. Não faço isso. Não gosto
disso. Ponto.
Não digo que ninguém deva fazê-lo. Longe de mim uma coisa
dessas – dizer o que os outros devem ou não fazer. Digo apenas o que e como penso.
Aliás, elas, as escrevinhadas de minha lavra, dum modo geral
são reflexões, crônicas e aforismos - ou algum trem que tento fazer parecer com
isso - com um tom pautado pelo humor cáustico, politicamente incorreto e
provocativo, ponderando sobre os mais variados temas, inspirados nas mais
variadas e absurdas situações – políticas, históricas, existenciais, cotidianas
e, inclusive, algumas vividas por mim numa infância esquecida ou na minha
vergonhosa mocidade, a muito distante -
e, sempre, endereçadas para uma hipotética personagem, objeto de minhas
matutadas, nunca para alguém em particular.
Se a carapuça servir, tudo bem. Mas não tenho nada que ver
com isso.
Doravante, essa personagem hipotética, sempre nominada de
maneira jocosa em qualquer um de meus textos, somos nós, qualquer um de nós,
inclusive e principalmente esse que agora escrevinha.
Imagino que todo bom leitor entenda isso sem a menor
dificuldade e que, sem pestanejar, dispensa essas observações agora feitas.
Enfim, quem quiser refletir e rir com elas, que o faça.
Agradeço a preferência. Quem não quiser, que não o faça, sem crise, porque, dum
jeito ou doutro continuarei - por preguiça, não por virtude - na mesma:
pensando um pouquinho e dando muitíssimas e boas risadas da desventura humana
na terra e de nossas inconsequentes atabalhoadas.
Ponto. Pausa para o café.
(*) Apenas um caipira
bebedor de café.