Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(1)
Tudo aquilo que é honrado
publicamente, tudo aquilo que é louvado pela massa de cidadãos e pelas
autoridades constituídas, de maneira discreta ou escancarada, torna-se a força
que impulsiona os indivíduos à ação. Dependendo do que for reverenciado, tem-se
o estímulo do cultivo das mais elevadas virtudes ou dos mais ignóbeis vícios.
Ora, não é preciso nem dizer o
que é incitado num triste país que faz da bunda, do oportunismo, da boemia
vagabunda e da idolatria das chuteiras símbolos do orgulho nacional, não é
mesmo? Por essas e outras que digo, sem constrangimento, que sou brasileiro,
porém, não sou praticante.
(2)
Deve nos causar muita satisfação,
mas muita mesmo, quando um biltre manifesta uma irremediável repugnância por
nossa pessoa; devemos nos regozijar em saber que aquilo que somos lhe seja tão
estranho e repugnante, pois, como dizem os populares: somos profundamente
elogiados quando certas pessoas nos insultam. De mais a mais, é uma grande
vergonha ser agraciado por um elogio proferido por esse tipo de gente, não é
mesmo?
(3)
As pessoas de bem,
necessariamente, devem sentir uma natural repugnância frente à possibilidade de
se misturar com a canalhada. Se não sentimos essa ojeriza, devemos,
urgentemente, reavaliar os juízos que temos a respeito de nosso caráter.
(4)
Os jogos de linguagens - e as
intenções verbais - largamente disseminados na sociedade, que são utilizados
pelas alminhas que se ufanam de ser muitíssimo críticas, frequentemente não
correspondem à realidade da vida. Pior! Em muitíssimos casos são vilmente
usados, noutros tolamente utilizados, para distorcer a percepção da realidade.
(5)
As pessoinhas que se consideram
muito críticas e instruídas frequentemente confundem a sensação de saber alguma
coisa com o ato de conhecer algo de fato.
(6)
Há uma carrada de gente por aí
advogando em favor de toda essa penca de valores politicamente corretos que são
apresentados pelas potestades estatais como se fosse uma espécie de “novo
decálogo” que, segundo dizem, irá tornar o mundo um lugar tão legal, tão fofo,
que os cidadãos não mais precisarão se preocupar em serem pessoas boas.
Ora bolas! Será que essas pias
alminhas, com toda essa micagem, não percebem o quanto que essa sua pregação
afetada dessa tábua de valores artificiosos é capaz de destruir a capacidade de
percepção da realidade? Será que não veem o quanto esse palavrório mutila o
senso de razoabilidade dos indivíduos? É bem provável que não. É bem provável
que nunca tenham pararam pra cogitar essa possibilidade, haja vista que elas se
acham a própria cada da lindeza por estarem fazendo esse angu todo.
(7)
Uma das notas características das
leis é a coerção externa e da moral a coerção interna. Na primeira, o outro me
acusa; na segunda, a minha consciência me acusa.
Bem, quanto mais a segunda se vê
enraizada no coração dos indivíduos, mais estáveis são as relações humanas.
Agora, quando a primeira vai tomando o lugar da moral, mais instáveis se tornam
as relações sociais.
Ora, o que vivifica a prudência e
as demais virtudes são corações animados pelos valores perenes que ordenam e
coíbem as paixões individuais em favor de algo digno, prestativo e bom.
Quando esse elemento passa a ser
desdenhado em favor de leis redigidas com o tinteiro das paixões ideológicas e
grupais, as portas da alma são escancaradamente abertas para o cultivo dos mais
torpes vícios no coração dos homens.
(*)
professor e cronista.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
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