Escrevinhação n. 909, redigido em 13 de setembro de 2011, dia de São João Crisóstomo e de São Maurílio de Angers.
Por Dartagnan da Silva Zanela
Nadar contra a maré nunca é fácil, mas, muitas vezes, é o único caminho sensato. Penso que na atualidade esse seja o caminho a ser trilhado no que tange o que canhestramente convencionou-se chamar de educação.
Quando apontamos isso, não estamos, de jeito algum, afirmando que temos uma proposta inovadora a ser implementada em larga escala junto ao sistema atual, por duas razões: (i) todo aquele que afirma isso não sabe o que é educação, nunca foi educado e muito menos se educou; (ii) não é possível tornar uma farsa burlesca em algo verdadeiro (ou esperar que algo legítimo faça-se a partir do engodo).
Nadar contra maré, nesta seara, é recusar-se a assimilar os preceitos materialistas estupidificantes que hoje fundamentam nosso sistema educacional. E o caminho é este. Não há outro. E basta de dedos acusadores, pois estes não evocam a justiça. Eles apenas afirmam nossa covardia em assumirmos a responsabilidade pela vida.
Caso exemplar dessa covardia é a tristeza que toma conta da alma de muitos professores quando ouvem de seus mancebos a afirmação atávica de que eles não gostam de poesia e muito menos de literatura. Sim, tal afirmação é uma estultice descomunal, todavia, quantos professores realmente gostam de literatura? Quantos edificaram, em seu íntimo, uma biblioteca imaginária das obras que pretende ler em sua vida? Aliás, quantos compreendem a importância basilar da literatura na formação do caráter de um indivíduo? Quantos?
Do lado dos infantes, temos a estultice soberba, da parte dos educadores a pusilanimidade em reconhecer no seu íntimo as falhas que devem ser supridas e, no que tange a sociedade como um todo, creio que as palavras próprias para descrever o estado de espírito reinante seriam impróprias para a publicidade deste libelo.
Por fim, como muitíssimo bem nos aponta o filósofo Olavo de Carvalho (Educação ao contrário, 27/01/2009): “Se há uma coisa óbvia na cultura brasileira, é o desprezo pelo conhecimento e a concomitante veneração pelos títulos e diplomas que dão acesso aos bons empregos. [...] campanhas publicitárias que enfatizem a educação como um direito a ser cobrado e não como uma obrigação a ser cumprida pelo próprio destinatário da campanha têm um efeito corruptor quase tão grave quanto o do tráfico de drogas. Elas incitam as pessoas a esperar que o governo lhes dê a ferramenta mágica para subir na vida sem que isto implique, da parte delas, nenhum amor aos estudos, e sim apenas o desejo do diploma”.
É, meu caro, a verdade é essa e ela continuará sendo ela mesmo que a massa ignara torça o nariz.
Pax et bonum
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