Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Uma coisa que todos nós deveríamos
fazer - principalmente aquelas alminhas que acreditam ter uma solução mágica e
burocrática para todas as pendengas humanas - seria organizar para sua própria
vida uma hierarquia de prioridades de curto e longo prazo.
Isso mesmo! Todos nós - uns mais,
outros menos - cultivamos o hábito nada salutar de dizer o que deveria ser
colocado em primeiro lugar na escala das prioridades da humanidade, dos
governos, das religiões, de tudo e de todos, porém, se perguntarmos a nós
mesmos quais são as nossas prioridades é bem possível que não saberíamos
responder de modo adequado.
Na verdade, na maioria dos casos, o
quadro seria um pouco pior. Ao invés de respondermos sinceramente que nunca
paramos pra pensar e efetivar uma hierarquia desse tipo em nossa vida;
preferimos mentir, descaradamente, para nosso interlocutor, e para nós mesmos,
dizendo que temos uma muito bem elaborada.
Sim, verdade seja dita: há aqueles
que sinceramente apresentam uma e outra prioridade em sua vida, mas essas são
tão rasteiras e imediatistas quando despropositadas que não mereceriam nem
mesmo ser consideradas. Em muitos casos chegam mesmo a ser indignas de contarem
como prioridades duma vida minimamente civilizada.
Aliás, como confundimos
levianamente prioridades de curto prazo com as de longo prazo e, por essa
razão, sem querer querendo, acabamos por avaliar o sentido de nossa vida pelo
prazer efêmero dum momento.
Aquele tipo de atitude dissimulada,
juntamente com essa total inexistência de uma intenção que tenha em vista
razões de longo prazo e ambas em misto com a incapacidade de elegermos
elementos dignos de serem colocados em primeiro plano na nossa existência, são,
bem provavelmente, alguns dos grandes males que nos fazem padecer enquanto
sociedade. Uma sociedade que almeja a grandeza sem nunca estabelecer seriamente
o que deve ser colocado em primeiro lugar para realizarmos isso, seja em nossa
vida, seja em sociedade, seja onde for.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.
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