Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
Quanto mais uma palavra é evocada,
mais o objeto a qual ela se refere encontra-se morto ou, no mínimo, inexistente
no horizonte moral daquele que a utiliza.
(ii)
A razão, pobre coitada, pra poder
viver é obrigada a estar sempre exprimida nos limites da realidade para poder
ponderar de acordo com a sua natureza que é a razoabilidade.
Já a estupidez, por sua deixa,
também é uma infeliz, haja vista que ela opera na vastidão ilimitada da
insensatez emitindo observações na medida de sua índole: a insanidade que
anseia em ser como a tal da razão.
(iii)
A idiotia ideologizada sonha em ser
vista como sendo a voz da razão sem, necessariamente, fazer o menor esforço
para tornar-se minimamente razoável.
A razão, por sua deixa, teme
terminar seus dias na alcova da idiotia, porque sabe que a fronteira que a
separa dessa triste possibilidade é por demais estreita e fácil de ser
ultrapassada.
(iv)
Não especulemos sobre os fatos que
desconhecemos. Isso é masturbação mental com ejaculação precoce da pior
espécie. Procuremos, primeiro, conhecer os fatos desnudos - sem as vestimentas
que impomos muitas vezes com os nossos olhares - e, após isso, tentemos
articulá-los com outros fatos sem levantar conjecturas delirantes. Doravante,
após a realização do rastreamento das conecções e articulações possíveis entre
os mais variados fatos, podemos ter certeza de que - se estivermos realmente
dispostos a compreender o que está acontecendo - a realidade se desvelará aos
nossos olhos sem a necessidade de invencionices ideologicamente desorientadas e
pretensamente críticas.
(v)
O razoável, por definição, tem
limites. Agora, a imbecilidade, por sua natureza, os ignora e, por isso, é um
saco.
(vi)
Quando alguém diz que pensa e
avalia os fatos com isenção e criticidade é porque o limite de seu horizonte de
compreensão é do tamanho duma tacanha visão infantil turvada pelo veneno
gregário duma ideologia imbecilizante.
(vii)
É bom entendermos que não é a
realidade que tem de caber dentro da guaiaca dos nossos desejos, mas sim, que
são os nossos desejos que devem ser situados nos limites da realidade.
Não entender essa obviedade é a
mais pura e egolátrica infantilidade. Infantilidade que, em muitos casos,
torna-se destrutiva na mesma medida em que se amplia a nossa indisposição para
compreender que a realidade não está aí para atender todos os nossos caprichos,
sejam eles graúdos ou miúdos.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.
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