Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
SE CONHECEMOS MAIS PERSONAGENS de programas televisivos e celebridades midiáticas que autores da grande literatura universal, e suas respectivas obras, queiramos ou não admitir, temos diante de nós um problema do cacete que compromete de maneira significativa a integridade de nossa inteligência, a profundidade de nossa imaginação e, é claro, a solidez da nossa personalidade.
(ii)
NA SOCIEDADE ATUAL É mais ou menos assim: chama-se de entretenimento bocó aquilo que não cai nas graças da estreiteza do nosso gosto estragado e considera-se cultura o entretenimento bocó que gostamos pacas. É ou não é assim?
Nesse quadro, ao que parece, não cogita-se, nem de longe, a possibilidade de a tal da cultura existir para nos auxiliar a tornarmo-nos pessoas mais dignas, prestativas e boas. É o que parece.
E, ao que tudo indica, a única perspectiva que paira no horizonte cultural contemporâneo é a precisão de termos a mão uma grande fartura de atividades e bugigangas sem sentido que ocupem plenamente nossas horas vazias para, desse modo, continuarmos vivendo uma vidinha oca esvaziada de sentido, sem propósito e inconsequente.
Por fim, não basta dizermos que não é assim que a banda toca. Bater o pezinho não resolve. É impreterível que procuremos outras bandas que toquem algo que, de fato, destoe dessa pasmaceira hedonista e materialista que reina entre nós e em nós.
É isso. Só isso. Ponto.
(iii)
O REINO DE DEUS NÃO CONSISTE na realização de uma ideologia político zarolha, nem na implantação dum governo supostamente ético que se declara o único capaz de emancipar os frascos e comprimidos.
Aliás, esse tipo de esperança, confusa e mundana, está fadada a terminar, cedo ou tarde, num mar de lama fétida e ignóbil.
Bem, o nosso amado Brasil aí está para não nos deixar mentindo sozinho, não é mesmo?
Por isso, não esqueçamos, se possível for e se assim o desejar, que o reino do Senhor não é um reino de poder, nem de fartura, muito menos um reino de probidade ética aqui nesse mundo porque aqui, nesse mundo, o que temos é um vale de lágrimas, não um mar de rosas, nem a construção dum mundo melhor possível.
O reino de Deus é o reino da Verdade o qual começa, necessariamente, em nosso coração, quando decidimos aceitar a palavra Daquele que é o Caminho, a Verdade e a vida. Começa aqui, em nosso peito, e realiza-se na eternidade através dos ecos de nossos atos e palavras, ditos e feitos que foram deixados aqui nesse mundo. Ponto.
Tudo o mais que procure tergiversar disso não é de Deus e, não precisamos ser muito espertos, safos ou sábios pra saber donde essas tranqueiras vem, não é mesmo?
(iv)
UMA COISA QUE, AO MEU VER, parece simples, mas que é insanamente desdenhada no sistema educacional brasileiro, e bem como por grandessíssima parte da sociedade, é o problema da tal da cultura que é tratada fundamentalmente por um viés relativista e que, por isso, acaba mutilando o seu poder pedagógico.
Sim, tudo o que o ser humano faz é cultura e representa o modo de ser e a maneira de viver de um povo e/ou de uma época; porém, a ênfase que é dada para certos modos de ser não é, nem de longe, algo que seja edificante para os indivíduos, como a valorização de determinadas maneiras de viver não auxilia, em nada, as pessoas a tornarem-se mais dignas, prestativas e boas.
Ignorar esse tipo de perversão, fazer pouco caso dos seus efeitos danosos na formação dos indivíduos, e, ainda por cima, querer discutir os rumos da educação em nosso país é praticamente o mesmo que ficar fazendo buracos na água. Aliás, uma água suja pra cacete.
(*) Apenas um caipira bebedor de café.
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