Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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UMA AMPOLA DE VERGONHA NA CARA


Escrevinhação n. 955, redigida em 09 de julho de 2012, Santa Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, de Santa Verônica Giuliani e de Agostinho Zhao Rong e de seus 119 Companheiros.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Uma treta excelente para mensurar a estupidez de uma pessoa é observar a capacidade dela de portar-se com recato em um ambiente público. Em regra, quanto mais pífia e nula é a pessoa, menor sua capacidade para tanto. Quanto mais insignificante é a pessoa mais ela deseja chamar a atenção de todos das maneiras mais impróprias nos locais mais inoportunos.

Estas são almas carentes de tudo. Carentes de afeto, de atenção e, fundamentalmente, de educação elementar e um bom senso do ridículo. Sim, esses dois pontos levantados são basilares para o desenvolvimento do caráter de um indivíduo, porém, em uma sociedade onde a egolatria é gritante e o umbigocentrismo elevado a critério basilar da edificação do que se convencionou chamar de cidadania nada de digno e bom pode se esperar.

Creio que todo sujeito razoável já teve o desprazer de testemunhar esses tipinhos disformes em ação. De todos os atentados perpetrados por esses seres, creio que há um que cada vez mais se faz presente em nossa sociedade e que demonstra de modo cabal a imensa avalanche de incivilidade que vem tomando conta de tudo e de, praticamente, todos. Talvez, penso eu, um bom exemplo desse mal seja os tais aparelhos celulares.

Estes aparelhinhos são praticamente um patuá, uma espécie de amuleto que deve ser carregado o tempo por seus fiéis, digo, usuários, para que possam a qualquer momento do dia evocar os seus dionisíacos poderes para aliviá-los da monotonia de suas almas. Monotonia esta que, cinicamente, é transferida para tudo que está a sua volta.

Imaginem a cena! Lá está o sujeito, com o olhar fixo em uma telinha insignificante a luzir em suas mãos. As costas arqueadas e a boca levemente aberta, quase babando diante do oráculo que lhe está sendo revelado pela bugiganga sagrada. Aliás, as revelações que essas coisinhas bestiais apresentam aos seus fiéis é sempre algo de uma profundidade que chega a dar náuseas só de imaginar. E tudo isso acontece nos mais variados ambientes, inclusive, em uma sala de aula.

Confesso que, muitas vezes, me pergunto se a cara de bobo do sujeito é fruto de sua fixação neurótica ao aparelho ou se aqueles trejeitos aparvalhados são traços intrínsecos de sua [falta de] personalidade. É difícil saber, visto que o patuá e seu portador são praticamente inseparáveis.

De mais a mais, vai que o elemento venha a ter uma crise de abstinência, digo, existencial, por ver-se apartado daquele troço insignificante que preenche de sentido a sua vida medíocre. Infelizmente, o risco de colapso é demasiadamente elevado para realização deste inocente experimento, não é mesmo?

Goste-se ou não, é um sinal de grande vulgaridade e mesquinharia não sermos capazes de sair de nosso mundinho suprimindo os lábios e desligando o celular. E, para isso, sempre uma dose de vergonha ajuda um bom tanto.

Pax et bonum
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