Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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DA PACIÊNCIA QUE NOS FALTA

Escrevinhação n. 1005, redigida em 06 de maio de 2013, dia de Santa Benedita, de Santo André Kim e 102 Companheiros mártires coreanos e São Lúcio, sexta semana do Tempo Pascal.

Por Dartagnan da Silva Zanela

O homem moderno vê-se com seu coração aflito. Desde a alvorada até o crepúsculo do dia encontramo-nos tomados pelos atinos e desatinos que dão forma ao nosso intento de concluir o que não foi terminado ontem, de iniciar hoje o que não iremos começar amanhã e, neste ínterim, acabamos por não fazer nem uma coisa, nem outra. Muito menos o que deveríamos realizar hoje.

Impacientamo-nos com tudo, com todos e, principalmente, conosco. Queremos que tudo seja realizado de modo imediato e instantâneo mesmo que não solvamos nada do que estamos vivenciando. Muito deste estado de espírito deve-se as novas (e outras não tão novas) tecnologias que aceleraram inúmeros atos humanos de segunda ordem e deixando, os de primeira, catatônicos.

Todas as atividades exteriores praticadas pelos seres humanos foram imensamente facilitadas por toda ordem de inovações. As viagens tornaram-se mais breves, as notícias chegam até nós mais rapidamente, a contagem de votos em uma eleição perdeu seu charme e as atividades domésticas tornaram-se menos dispendiosas e tudo isso, junto e misturado, é uma conquista que nos brinda com um imenso campo de possibilidades.

Porém, como nem tudo é um mar de rosas, essas benesses também nos fizeram um imenso desfavor. Como as atividades segundas são agora feitas de modo mais rápido e eficiente, estas, de modo indelével, cultivam em nosso íntimo a expectativa de que as atividades primeiras, o laborar do intelecto, por exemplo, realize-se de modo instantâneo, similar a uma ligação de celular.

Obviamente, se pararmos por um minuto que seja para meditar sobre o assunto, perceberemos, com clareza, que a distância que há entre uma coisa e outra é descomunal e, mesmo assim, nos impacientaremos e, conseqüentemente, jogaremos fora todo o sabor da vida. Seja no corriqueiro ato de ir ao trabalho ou no intento de aprender algo, optamos por perder o gosto pelo viver por estarmos demasiadamente afobados em chegar numa conclusão, não importando qual seja ela.

Por isso Santo Agostinho nos fala da importância capital do cultivo da paciência, virtude essa hoje tão desdenhada. Lembra-nos ele que a paciência é companheira da sapiência, jamais uma dileta amiga da concupiscência. Uma fiel amiga da boa consciência e totalmente avessa aos nossos desatinos e, por essas e outras, que todos aqueles que sabem algo participam da ciência deste algo de algum modo, porém, todos aqueles que padecem de algo, não participam igualmente da paciência. Ora, para aprendermos algo, por mínimo que seja, carece-se desta modesta e silenciosa virtude em boa dose.

A lembrança deste dado diminuto e, ao mesmo tempo, monstruoso da realidade é algo que chega soar patético, todavia, mais tolo que isso, é não aprendermos, pacientemente, essa simplória lição que a todo momento bate na soleira de nossa alma.

Se soubéssemos esperar aprenderíamos melhor as lições que nos são apresentadas, realizaríamos as tarefas que nos propomos com uma excelência jamais quista por nós e, inevitavelmente, tornar-nos-íamos pessoas mais dignas, prestativas e boas, dum modo que jamais esperávamos nos tornar. Talvez, quem sabe, porque jamais esperamos isso de nós mesmos por total falta de paciência.

Pax et bonum
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