Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
A sinceridade é, em toda a
humanidade, uma joia preciosa, mui estimada por todas as almas imbuídas de boa
vontade; porém, na vida política brasileira, essa virtude não chega a ser nem
mesmo um conjunto vazio, como todos estão carecas de saber.
(2)
Uma sociedade onde as pessoas,
dum modo geral, não sabem identificar e nominar os seus estados interiores, um
ambiente onde os indivíduos não têm o menor critério para discernir entre o que
seja realmente importante e o que é irremediavelmente irrelevante, não é uma
sociedade nem aqui, nem na Cochinchina. Na melhor das hipóteses é uma horda
aloprada sujeita a tirania dos oportunistas mais ousados que acabam ditando aos
indivíduos desnorteados um rumo que, obviamente, não é o deles. Esse é o risco,
mortal, de viver uma vida sem rumo, nem prumo. Esse é o risco de tornar-se um
instrumento nas mãos de quem tem um. Até aqui, esse tem sido o fado destes
tristes trópicos.
(3)
Apenas os amigos são capazes de
traição. Os inimigos não. Esses apenas realizam aquilo que deles é esperado.
(4)
Uma vida sem oração é como uma
festa sem canção.
(5)
Nietzsche dizia que a arte existe
para que a verdade não nos destrua. Discordo. A arte existe para que possamos
ver a verdade sem que ela nos cegue, para que ouçamos a sua doce voz sem que
ela nos enlouqueça, enfim, para que sua majestade coroe de glória nossa
caminhada por esse vale de lágrimas. E tem mais! Ela, a verdade, apenas destrói
a nossa farsa existencial, nossa superficial e vulgar maneira de viver para que
possamos verdadeiramente viver iluminados pela luz da eternidade.
(6)
Imagine uma geração de estudantes
e intelectuais que acham o sexo livre e desenfreado, o uso de drogas e tutti
quanti a coisa mais linda do mundo; uma geração que combate os valores morais,
a estrutura tradicional da família como se essas fossem as mais ferozes bestas.
Imaginou? Pois é, essa era a galera dos anos 60 e 70 arrotando superioridade
com suas baixezas.
Passaram-se pouco mais, pouco
menos, de três décadas e essa turma toda chegou ao poder, encastelou-se nas
cátedras e nos órgãos de mídia e passaram a propor nas Universidades, tribunas
e parlamentos essas mesmas sandices como se fossem ideias inovadores,
salvadoras, que, rapidamente, passaram a ser propostas como projetos de lei
para realizar em idade adulta tudo aquilo que eles achavam uma lindeza em sua
mocidade. Bem, esse é o cenário em que nós vivemos hoje.
Enfim, agora imagine como será
nosso triste país daqui a duas ou três décadas. Imaginou? Pois é, dá até medo
de imaginar o que será visto e vivido como normalidade num futuro nada
distante; assusta só de pensar no que estará presente nos currículos escolares
de nossa nação daqui a pouco.
Enfim, não há dúvidas de que
somos, enquanto nação, a receita mais que perfeita para perverter toda e
qualquer sociedade.
(7)
Em 29 de dezembro de 1992 ganhei
de aniversário a renuncia de Fernando Collor de Mello à Presidência da
República do Brasil. Foi show de bola! Esse ano eu estou torcendo para no dia
29 de dezembro ganhar de presente o pedido de renúncia da senhora Dilma
Rousseff. Vai que eu ganhe... Tomara que eu ganhe.
(8)
Só para lembrar a galerinha que
está ouriçada com a possibilidade iminente do impeachment da senhora Dilma: ela
não é a presidência; está apenas, exercendo-a mal e porcamente. Ou, se
preferirem: ela é apenas a presidenta, não a presidência. Ainda bem.
(9)
A vida é uma pedagoga com métodos
de ensinação politicamente-incorretos, mas pedagogicamente eficazes. Cedo ou
tarde seus pupilos (no caso, todas as almas que peregrinam ou vagueiam por esse
vale de lágrimas), sempre acabam aprendendo o que é necessário através de suas
misteriosas (e, nada doces) preleções. Por isso, quando mais cedo aprendemos,
pode crer, melhor pra nós. Agora, se formos displicentes com seus ensinos o
bicho pega, haja vista que ela não gosta de ensinar duas vezes a mesma lição e,
quando isso ocorre, não tem ECA nem bom-mocismo fingido pra bajular o
desleixado não.
(10)
Os opostos se atraem, sim, isso é
verdade; mas apenas os semelhantes se unem. Tal fato não é uma mera questão de
amor, muito menos de tesão. Antes de qualquer coisa, união é questão de
caráter. Ponto.
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Muito bom e real as reflexões
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