Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
Muitos amam assistir seriados.
Uns mais que outros. Inclusive há aqueles que se fiam em grupos de discussão
para adentrar nas vísceras das tramas formulando inúmeras teorias e, de quebra,
acabam apresentando várias interpretações possíveis e plausíveis sobre as
mesmas.
Aliás, tais práticas são
profícuas formas de exercitar a imaginação moral. Show de bolice.
Dois grandes sucessos que merecem
destaque seriam os seriados “Game of Thrones” e “The Walking Dead”. Não há
dúvidas: são duas grandes produções.
Porém, o que de fato me chama
muita a atenção é o seguinte: como pode uma pessoa gostar desses dois seriados
citados e, ao mesmo tempo, ser favorável ao desarmamento civil? Como?
Bem, ou o caboclo não entendeu
nada do que está em jogo na vida real, ou não entende patavina nenhuma do que
as referidas séries nos convidam a pensar.
(ii)
As palavras não são a expressão
da realidade. São pontes movediças que podem nos auxiliar a entrarmos em
contato com o mundo ou nos distanciar definitivamente da concretude da vida.
(iii)
Se estabelecermos como meta maior
de nossa vida o intento de sentirmo-nos bem e sermos aprovados e aceitos por
todos do jeito que somos com nossos desejos e esquisitices, uma coisa é certa:
dificilmente uma vida assim vivida terminará bem, porque simplesmente a vida é
muito maior que um sentir-se bem, muitíssimo mais ampla que a necessidade de
aprovação e aceitação dos outros e, obviamente, mais profunda que nossas
veleidades.
(iv)
Um dos subterfúgios mais
calhordas do politicamente correto é o de fazer os indivíduos sentirem-se
culpados por um erro que eles tenham cometido no passado, ou fazê-los
sentirem-se torturados em sua consciência por um suposto erro cometido noutras
primaveras, paralisando seu discernimento.
E isso é feito através de cínicos
jogos de linguagem, por meio de pressão grupal e de histerismo coletivo na forma
de indignação [depre]cívica (aqueles piti cheios de indignação e palavras de
ordem).
Tamanha é a pressão que muitas
mentes não resistem e sucumbem pateticamente diante desses ídolos de barro e
passam a aderir aos novos “preceitos morais” que são ditados pelos modismos
intelectuais que lhes são sugeridos como sendo a expressão máxima do progresso
humano.
(v)
Da mesma forma que a palavra cão
não morde a vocábulo empoderamento não defende sua vida numa situação de risco
real.
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
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