Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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AS BOTAS FURADAS DO CORONEL


Escrevinhação n. 975, redigida em 30 de outubro de 2012, dia da Bem-aventurada Retistuta Kafka.

Por Dartagnan da Silva Zanela

Duas pústulas infectam os ares de nossa sociedade quando esta se vê arrebatada por rompantes democráticos de ocasião. A primeira são as cloacas de utopias. A outra, o repicar do taco partido das botas dos arcaicos coronéis (ou mandatários se preferirem). De tão fétidas que são suas manifestações que o mau cheiro destas ilações, na verdade, fazem-me rir. Mas fedem.

De um lado temos os barbudinhos enfezados, similares a Eduardo Cambará e Adão Stein, personagens de “O tempo e o Vento” de Érico Veríssimo. Fanáticos que tratam o marxismo como algo superior as religiões. Creem-se sacerdotes de uma nova era de (in)justiça social e, não sei porque cargas d’água, são sujeitos desprovidos de senso de humor e com um senso crítico praticamente anulado ao mesmo tempo que julgam-se acima da, como eles diriam, patuléia alienada e aburguesada.

Chega cansar termos de ouvir esses tipos furibundos, que tanto abundam nestas plagas, com as suas efusivas intervenções todas enfeitadas com palavras de ordem decoradas que eles ouviram aqui e outras tantas frases dogmáticas que eles colheram acolá. Almas rasas que, em regra, acreditam ter chegado à profundidade das verdades incontestes simplesmente porque papagaiam um amontoado de cacoetes e estereótipos que lhes permitem sentir-se um pouco acima de sua nulidade bestial.

Do outro lado temos a coronezada fisiológica. Isso mesmo! Esses tipinhos, também, acotovelam-se em nossa sociedade e que, inclusive, finjo não saber qual a razão deles imaginarem que o patrimônio público seja um brinquedinho que seus paizinhos lhes deram quando infantes para brincar de Coronel Amaral. Sim, a personagem que quase pelejou de verdade (faltou-lhe bagualidade) com o Capitão Rodrigo Cambará, no primeiro volume da trilogia citada.

Adoram mandar e desmandar, gostam de ser reverenciados pelas virtudes que não possuem. Aliás, a bajulação é indispensável para que sua nulidade não venha à tona. Todos veem e reconhecem a sua falta de qualidades dignificantes, mas ninguém deixa de entrar neste jogo de cartas viciadas e adulam o chefinho do feudozinho pós-colonial.

O pior de tudo é que esses sujeitos por terem como “ideologia” apenas a defesa dos seus interesses e dos integrantes de sua trupe, acabam imitando o palavrório dos barbudinhos e, fazendo isso, pensam que estão fazendo um grande negócio, sem dar-se conta de que ao imitarem o discurso de seus adversários eles passam, sem perceber, a jogar o jogo deles e, não mais o seu. Eles enfraqueceram, estão sendo usados para fins que não compreendem e, ainda, contam vantagem.

Ora, quem diria que um dia José Sarney seria o office boy do Partido dos Trabalhadores no Senado. Sim, quem diria que, um dia, Paulo Malluf seria o garoto de recados de um candidato petista em São Paulo. Bem, é isso o que ocorre quando se parasita o discurso político do adversário imaginando que ainda poderá continuar agindo com um coronel de antanho.

Tem louco pra tudo neste mundo.

Pax et bonum
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