Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

Pesquisar este blog

INDO E VINDO DE ARRASTO


Escrevinhação n. 976, redigida em 08 de novembro de 2012, dia de São Godofredo e do Bem-aventurado Dun Scoto.

Por Dartagnan da Silva Zanela


As palavras movem, os exemplos arrastam. Esse é um brocardo que todos conhecem. Os exemplos, ninguém ignora, podem ser apresentados intencionalmente ou de modo velado através de nossos gestos e ações. Em muitas ocasiões, o primeiro é contradito quando defrontado com o segundo, noutras, complementam-se. Bem, dum jeito ou doutro, sempre estamos tendo diante de nossas vistas modelos de conduta que guiam nossas escolhas.

Doravante, René Girard demonstra, com elegância e argúcia, através de sua teoria do “desejo mimético” o quão presente os exemplos se fazem na formação de uma pessoa e, bem como, na estruturação da vida em sociedade. Segundo o referido antropólogo, somos seres ciosos por ser, em nos realizar como indivíduo, por não sabermos exatamente quem e o que somos. Frente a essa angústia substancial, somos movidos a preenchê-la com algo que dê sentido a nossa vida. Sentido que, por sua deixa, é colhido no pomar de modelos que tornam latentes todas as possibilidades humanas almejáveis e indesejáveis.

Levantamos essa pedra tendo em vista a grande confusão mimética reinante. Os noticiários apresentam-nos a vilania moral como padrão de comportamento por meio de pessoas públicas, celebridades, de suas novelas e tutti quanti. Temos de modo onipresente a baixeza como padrão. Sim, há exceções, porém essas são minguadas, caricatas, e apenas auxiliam na reafirmação da torpeza reinante.

Na seara educacional, o cenário não é diverso. Aliás, nesta temos um agravante maior. Devido ao pensar, e ao educar, dito crítico, cultiva-se um grande desdém pelo que seja realmente representativo do potencial humano ao mesmo tempo em que se estimula um largo sentimento de rancor no coração dos infantes. Sentimento esse que é devidamente sevado pelas posturas e imposturas que são apresentadas a estes em sala e fora dela que coloca os púberes no patamar de juízes universais do que realmente pode ser tido como respeitável e louvável. Francamente, somente tolos são capazes de idolatrar o mimado discernimento juvenil. 

Destruindo-se a imagem dos modelos de conduta humana que refletem os valores perenes não se está libertando os infantes, não mesmo. O que se está fazendo, cônscio ou não disso, é substituir um exemplo de elevado valor por um de pérfida mediocridade que, em regra, é a cara de seus proponentes.

Com a ausência de modelos que realmente figurem as reais potencialidades da alma humana, perde-se o sentido da admiração e bem como o senso de grandeza que são substituídos por sentimentos e desejos fúteis guiados pelas referências torpes apontadas pelas almas embebidas num rancor advindo do fato de serem elas, simplesmente, pessoas desprovidas de qualquer qualidade. Não é por menos que estamos a viver sob as rédeas de uma mediocracia. Não é de espantar que nada mais escandalize a alma brasileira.

Por essas e outras que a futilidade nos subiu a cabeça e tornou-se marca distintiva de cívica brasilidade.

Pax et bonum
Site: http://zanela.blogspot.com
e-mail: dartagnanzanela@gmail.com