Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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Escrevinhação n. 1071, redigida entre os dias 25 de novembro de 2013, dia de Santa Catarina de Alexandria, e 03 de dezembro de 2013, dia de São Francisco Xavier.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Todos nós temos lá nossa cota de mediocridade, porém, o medíocre, de corpo e alma, distingui-se dos demais seres humanos pela capacidade de conseguir vangloriar-se de suas incapacidades. Quando ele não sabe uma língua estrangeira (e não faz questão de aprender) declara, olimpicamente, que ele nunca irá precisar disso. Se ele não se dedica a leitura de obras da grande literatura universal, afirma, com pose doutoral, que tal prática não passa dum reles pedantismo sem utilidade alguma para vida. Ou então se sua caligrafia for disforme, declara que uma letra legível não é sinônimo de sapiência. Ora, o inverso também não corresponde aos fatos. Garrancho não é sinal de inteligência. Ignorância literária não equivalente à erudição. Desconhecimento duma língua diversa da língua materna, não nos torna mais comunicativos. Enfim, somente para os medíocres a incapacidade de realizar algo pode vir a ser objeto de orgulho. Para os seres humanos, dum modo geral, apenas uma vergonha entre tantas outras.

2. É muito importante sabermos por que uma coisa é o que é, ou porque uma pessoa é como ela é. Quando atiramos uma semente no solo esperemos que nasça uma árvore de boa cepa e que ela dê suculentos frutos. Para que nossas expectativas não sejam frustradas, precisamos, necessariamente, saber de quê são as sementes, como nos lembra Mário Ferreira dos Santos. Conselho facilmente acatado e praticado nas lides da agricultura, mas que, quando apresentado na seara da vida política, torna-se muito confuso. Neste caso, as sementes não são separadas em pacotes e, pra piorar, todas elas são muito semelhantes. Quanto aos frutos, invariavelmente, caducam no próprio pé. Algumas variedades de maneira precoce, outras em determinada estação, mas todas, invariavelmente, nestas plagas, brindam-nos com frutos tão amargos quanto putrefazes. Infelizmente, nesta roça, não há transgênicos ou híbridos que nos socorram, visto que, estas sementes são o que são e nada diverso delas podemos esperar.

3. Diz-nos o Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica EVANGELII GAUDIUM: “O grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Este é um risco, certo e permanente, que correm também os crentes. Muitos caem nele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é a escolha duma vida digna e plena, este não é o desígnio que Deus tem para nós, esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado”. Ao ler essas palavras, cada uma delas, via com cristalina clareza o retrato de nossa época. Palavras que refletem o estado de espírito do homem contemporâneo não frente ao mundo moderno, mas sim, frente ao seu coração alinhado diretamente com seu umbigo espiritual, moral, ideológica e economicamente desorientado e, por isso, nega-se a reconhecer que o centro de toda a criação é Cristo e não isso ou aquilo.

4. Se Rui Barbosa desanimou diante da patifaria que imperava em seu tempo, porque eu, reles caipira, desprovido de meios e parvo no compreender, não posso desanimar diante da bandalheira que impera nesta banânica república de despudorados aduladores do povo que se lambuzam nas úberes estatais, por quê? Porque não me dou a esse desfrute. Recuso-me a dar esse gosto para as almas sebosas que tão facilmente se ensoberbecem com o cálice do poder. Nego-me, terminantemente, a tal cobardia.

Pax et bonum
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