Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
Tudo mundo, praticamente todos, em suas conversas, sejam
elas ociosas ou oficiosas, regadas ou não por um chimarrão, quando entram no
assunto educação, não são poucos os que gostam de falar, de enfatizar a
importância do tal do ato de ler.
Aliás, quando o causo no Brasil envereda por esse caminho, o
da educação, ele, por si só, já é risível; mas, quando chega na tal da
importância da leitura na vida das pessoas, aí sim que o trem desanda e vira
uma comédia pastelão.
Primeiro que, quando se fala disso no Brasil, é mais ou
menos como pimenta nos olhos de terceiros porque, praticamente, todo mundo que
fala nisso não cultiva o tal do hábito de ler. Mas, como o fingimento é um dos
grandes talentos nacionais, todos fingem que, realmente, ler é muito
importante, mesmo que nem de longe desconfiem qual seja o valor disso.
Quem pudera, pois, como qualquer um com um mínimo de bom
senso sabe que, nessas terras de desterrados a ignorância presunçosa e a
petulância (depre)cívica juntas são tidas como os critérios máximos de distinta
inteligência crítica.
E o pior é que todo mundo tem uma boa explicação pra isso,
para sua desídia manifesta quando o assunto é leitura. Quer dizer, todos tem
uma desculpa de meia pataca que, no seu tosco entender seria realmente uma boa
justificativa.
Bem, seria mais ou manos assim: uns carniças dizem que não
tem tempo, outros que são muito ocupados, que sempre estão muito cansados e, os
mais cretinos, por sua deixa, gostam de dizer que são, como dizem, pessoas
muito “práticas”, “pragmáticas”, por isso não leem, por considerarem uma perda
de tempo. De fato, essa é uma resposta pragmaticamente típica de um idiota, sem
nada por, sem nada tirar.
Quando escrevinho essas tristes palavras não estou pensando
nos infelizes da pátria que não tiveram a graça de ter acesso ao conhecimento
das letras. De jeito maneira! Tenho um profundíssimo respeito por essas almas
intocadas pelo conhecimento do suave traçado da escrita.
Quando matuto sobre isso que agora escrevo, penso nas
inúmeras pessoas que frequentaram uma escola, um colégio, um curso superior,
bem, pessoas que se ufanam de serem (de)formadas nalguma coisa, mas que, não
aprenderam a cultivar a tal leitura, não aprenderam a amar as letras e, por
isso mesmo, desprezam o conhecimento ao mesmo tempo em que se ufanam de sua
ignorância diplomada – e devidamente reconhecida pelo MEC.
Enfim, essa é a grande tristeza do Jeca. Tristeza essa que,
para infelicidade geral da nação, ao que tudo indica, tem um futuro próspero.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.
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