Por
Dartagnan da Silva Zanela (*)
(i)
Um
homem somente poderá encontrar a plenitude de sua natureza, de sua maturidade,
quando ele se tornar pai e passar a viver como tal. O mesmo também é válido
para as mulheres com relação à maternidade.
Nós,
homens e mulheres, nascemos para isso. Mas é claro, é claro que as modernosas
almas, afundadas num materialismo vil e num hedonismo rasteiro, dirão que isso
seria coisa do passado e que a nova onda é curtir a vida adoidado. Sei disso. Já
estou sabendo.
De
fato essa possivelmente seja toda a maturidade possível aos olhos da desvairada
atualidade que imagina realizar plenamente sua humanidade na procura de ser
apenas algo para si sem jamais, ou muito raramente, ser alguém para o outro.
(ii)
É
incrível como a grande mídia, em particular, e a sociedade, dum modo geral,
valorizam demasiadamente os ditos sacerdotes pop stars e os padres animadores
de show de auditório que, sem a menor cerimônia e numa hecatombe de vaidade,
enxovalham a tradição e escarnecem com o santo sacrifício eucarístico por meio
de suas modernices e improvisações.
Agrade-nos
ou não, infelizmente na atualidade cada vez mais a Igreja brasileira tem se
afastado da tradição que a tantos santificou para abraçar-se alegremente com a
espetacularização que foi e que é para muitos causa de perdição.
A
impressão que se tem é que, hoje em dia, esqueceu-se que São João XXIII, em sua
encíclica SACERDOTII NOSTRI PRIMORDIA, havia apresentado como modelo de
sacerdócio São João Maria Vianney e não Fábio Júnior ou um paquito.
Bem,
seja como for, ao que tudo indica, hoje em dia tornou-se preferível ser uma
imitação fajuta de uma figura disforme presente no show business para bajular
multidões, sem jamais preocupar-se realmente em convertê-las; prefere-se muito
mais agradar ao mundo adaptando-se a ele, para ser aceito por aqueles que,
dissimula ou abertamente, odeiam Cristo, do que realmente amar a Deus e
testemunhar o seu amor perante tudo e todos.
(iii)
E de
repente a sociedade está abrindo os seus olhos para a doutrinação que está
entranhada no sistema educacional brasileiro. E eis que muitos cidadãos estão
arregalando as vistas para ver com clareza os males advindos da mentalidade
censora que orienta muitíssimos intelectuais brasileiros que, cinicamente,
insistem em chamar de “pluralidade de ideias” justamente o seu contrário.
Enfim, eis que inúmeras pessoas estão abrindo o zóio para tentar entender a
desvirtuação da educação que se consolidou nas últimas décadas em nosso país.
Pois
é. Isso é muitíssimo bom, porém, sou franco em dizer que espero que a sociedade
também se lembre, com o mesmo interesse, que se houve essa degradação do ensino
em nosso país, muito se deve ao fato de muitíssimas famílias brasileiras terem
feito tal qual Pilatos e lavado suas mãos e abdicaram da responsabilidade de
educar os seus filhos, de oferecerem a eles os rudimentos elementares duma
educação doméstica. Impostura essa inspirada, diga-se de passagem, direta e
indiretamente, nas mesmas ideias materialistas e hedonistas que imperam em
nosso sistema educacional.
Isso,
isso, isso. Jogar tudo nas costas das instituições de ensino, mais
especificamente nas paletas dos professores, onde, pela regra, encontram-se
sutilmente desautorizados para corrigir pra poder ensinar, é muito cômodo. Como
é.
E tem
outra coisa. Também não podemos desdenhar o fato de que muitos educadores,
cônscios ou não disso, são previamente instigados pelos gurus da educação e,
principalmente, inspirados pelo patrono da dita cuja de nossa pátria, a
doutrinar sorrateiramente as tenras gerações como se isso fosse sinônimo de
emancipação. Aliás, para muitos, conforme a (de)formação recebida, doutrinação
seria sinônimo de educação.
Enfim,
tudo isso somado e devidamente misturado só podia dar nisso: na degradação da
educação e na desestruturação de nossas famílias.
A
solução para esse tremendo angu encaroçado, sou franco em dizer: eu não sei.
Não saberia nem por onde começar. Porém, todo aquele que, de fato, preocupa-se
com a sua formação e com a educação dos seus filhos e alunos, poderia começar
repensando as influências que recebemos até então para reavaliá-las com a
devida serenidade e seriedade.
Fazer
isso, é claro, não irá mudar os rumos de nossa nação e do atual sistema de
ensinação, mas, com toda certeza, fazendo-o estaremos trilhando um bom começo
para corrigir as arestas de nossa própria (de)formação. E isso, meu caro, seria
um belíssimo começo.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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