Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
A batina dum padre, um padre de batina, é um poderoso
símbolo. É um homem que se oferece em sacrifício a Deus e, por isso, ele é um
sinal de escândalo para o soberbo mundo moderno que não suporta ser obrigado a
ter de ver um homem que declara, silenciosamente, através de sua indumentária,
que ele está morto para o mundo e que apenas vive para Cristo.
(ii)
O caboclo que insiste em não enxergar o óbvio, que crê que
tudo está bem, que tudo é só alegria, é um sujeito condenado a quebrar a fuça. Cedo
ou tarde ele acaba se decepcionando consigo e com todos e, desse modo, ele
pode amadurecer em dignidade e verdade.
Agora, o carniça que insiste em apenas ver o mar de
excremento que viceja em nossos dias é um sujeito que está a dois passos duma
rebelião tola e vazia e, ao seu modo, também acaba quebrando as ventas e se
frustrando com todos, apenas com os outros, nunca consigo mesmo, porque esse
tipo de caipora é um tolo elevado à enésima potência que acredita piamente que
tudo e todos estão errados, menos ele e aqueles que concordam com ele.
(iii)
Chega ser engraçado de tão trágico que é termos de ver um
sujeito fomentar a cizânia, gerando sorrateiramente toda ordem de intrigas para
manter-se na crista da onda [a qualquer preço] e, depois de tudo isso, com uma
pose de líder incompreendido, com aquela cara de vítima de meia pataca, de
mártir de uma causa benemérita, ter de vê-lo esperando [merecer] o tal do
respeito de todos. É tão trágico que chega ser ridículo.
(iv)
Um indivíduo que, sorrateira e dissimuladamente, procura jogar
os cidadãos uns contra os outros para poder permanecer indefinidamente no poder
não é um líder. Nem mesmo um tirano. É apenas um cretino que preenche sua
vidinha sem sentido com o subproduto excrementício de seu indisfarçado sadismo.
Só isso.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.
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