Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
PARA DISSOLVER AS BASES DUMA SOCIEDADE – Todo grande livro é
similar a um grande e majestoso espelho. Sempre e sem pestanejar, esse, com
suas letras e entre suas sinuosas linhas, nos apresenta um reflexo de nossa
alma, como se fosse um espelho.
Por essas e outras que é
impossível a um jerico ao colocar-se diante dum espelho livresco ver um sábio.
Não tem jeito mesmo.
Entretanto, tamanha é a estultice
que hoje impera nessas plagas que, quando um douto ignorante deita suas vistas
nas páginas dum livro ele invariavelmente vê um bocó e nele, no tonto,
reconhece uma suposta e, ao mesmo tempo, inconteste genialidade sapiencial.
Pois é. Pois é. Pois é. E é nesse
trote que temos a (de)formação da mentalidade criticamente crítica de nossa
gente bem pensante.
MORINGA PUTREFAZ – Um dos grandes vícios cognitivos de nossa época,
vício esse especialmente praticado pelas pessoas ditas esclarecidas e
devidamente diplomadas, é confundir a realidade que se apresenta diante de
nossos olhos com as ideias e pensamentos que são confabuladas em nossas
moringas. Eita confusão miserável essa!
E MAIS OU MENOS ASSIM - Que o fato seja dito em português bem claro
e à luz do dia: não existe esse negócio de ocupação de Escola pública. O que há
é invasão. Repito: invasão de Colégios Públicos Estatais por menores de idade instigados
por pessoas bem crescidinhas.
E tem outra: todo aquele que
instiga, de maneira velada ou escancarada, os alunos a invadirem uma
instituição de ensino, com o perdão da palavra, dificilmente são professores.
Dificilmente o são.
Ao pé da letra esses tipos seriam
tão somente manipuladores, doutrinadores que, sem medir a (in)consequência de
seus atos, instrumentalizam a gurizada para realização de fins que pouco ou
nada tem que ver com a tal da educação.
Por fim, que o Brasil e seus
tentáculos estatais deixam muitíssimo a desejar no quesito educação, isso é
fato. Ninguém nega isso. Ponto. Agora, instigar a piazada a invadir prédios
públicos não resolverá problema algum. Esse é outro fato que somente uma mente
alucinada é incapaz de enxergar. Ponto final.
UMA VELHA LIÇÃO – O embaixador José Osvaldo de Meira Penna, em seu
livro O BRASIL NA IDADE DA RAZÃO, dizia de modo lacônico que há, em nosso país,
dois tipos de estudantes.
Um desses tipos integra uma horda
presunçosa que perambula de um lado para o outro agitando o coreto e se
apresentando como os detentores de uma tal de "consciência crítica".
O outro tipo integra uma
silenciosa multidão que, em sala de aula, ou no claustro duma biblioteca, ou em
qualquer lugar, fia-se zelosamente no cumprimento de seu dever que é estudar e
se preparar para tornar-se um cidadão digno, prestativo e bom.
Os segundos são, de acordo com
Meira Penna, a esperança da nação. Quanto aos primeiros, apenas a massificação
mimada e pueril de toda a desventura que assombra o nosso país; um infortúnio
que vem, a gerações, sendo acumulado e sedimentado no fundo da alma nacional.
REGRA SIMPLES - Quanto mais desvairada uma multidão for, mais
alienada ela é.
NÃO É MERA COINCIDÊNCIA – Quando um grupo de adultos maliciosos,
ideologicamente desorientados, cheios das tais boas intenções, usam
descaradamente incautas crianças para realizar fins políticos no mínimo
suspeitos, não estamos apenas diante de um sintoma de mau-caratismo não. É bem
mais do que isso. O que temos diante de nossas vistas é algo similar à atitude
que é adotada pelas redes terroristas que iludem e inflamam crianças para
lutarem uma pugna que não é delas.
Enfim, com ou sem bombas, em
todos os casos onde crianças são usadas como arma política é porque existe uma
chusma de adultos, tão covardes quanto maliciosos, ocultando-se atrás da
inocência delas para atingir os seus intentos. É só isso e nada mais.
É OU NÃO É? – Independente da situação, pouco importando a
circunstância, todo aquele que se esconde atrás de uma criança pra defender
qualquer coisa, sempre foi e sempre será um covarde. Ou não?
UMA REFLEXÃO (METAFÍSICA) FECAL – Todos nós, uns mais outros menos,
tontamente acreditamos muitas vezes ser o tal do bicho da goiaba. Porém, basta
uma bactéria para nos debilitar; para agrilhoar-nos ao trono sanitário com uma
soltura desenfreada para reconhecermos que, no fundo, não somos nada mais do
que um bosta.
Pois é. Dessa e doutras formas
Deus, o supremo pedagogo, sutilmente mostra-nos o quão tola é a nossa maneira
soberba de ser. O quão pequeno e débil somos diante de toda a criação.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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