O problema não é que o brasileiro não sabe votar. Isso é
lugar comum de gente tonga metida a sabida. O problema é que as escolhas
possíveis são ruins feito a peste. Isso sem falar que o voto aqui é
obrigatório. Enfim, por isso dizer que não sabemos votar é uma baita sacanagem.
(ii)
Não precisamos que gênios nos governem, muito menos de salvadores
da pátria. Francamente, o que mais precisamos é de governantes que façam-nos o
favor de não nos atrapalhar com suas políticas megalomaníacas. Isso seria um
bom começo. Um bom começo mesmo.
(iii)
Existem pessoas imaturas investidas de alguma autoridade, com
algum poder em suas mãos? É óbvio que sim. Na atualidade existem povos que não
tem noção do tamanho da responsabilidade que repousa sobre seus ombros. É claro
que há. E nós, brasileiros, estamos entre eles? Com certeza.
(iv)
Com muita facilidade, atualmente, confunde-se um diálogo,
seja ele ameno ou acalorado, entre amigos ou desconhecidos, com a prática dum
debate. Ora, nem toda conversa é um debate. Aliás, se assim o fosse a vida
seria um porre. De mais a mais, numa conversa, o discordar é habitual. Seja
entre amigos ou não é isso o que torna um bate-papo agradável. E tem outra:
essa gente toda que ufana o debater, que diz amar participar dum debate, muitas
vezes não sabe nem mesmo conversar consigo mesmo, nem dialogar com uma outra
pessoa, quem o diga debater.
(v)
Jamais considere o uso duma linguagem xucra como sinônimo de
falta de caráter. O mundo está cheio de canalhas que, quando abrem a boca, o
fazem com toda aquela doçura, com uma elegância só, como também, esse mundão de
meu Deus está repleto de pessoas portadoras duma dignidade e integridade
ímpares, mas que, raramente medem as palavras que usam, principalmente se
estiverem com os seus parentes extraviados. Pra mim, francamente, qualquer um
que julgue o caráter de alguém pelo uso duma linguagem elegante ou rústica não
passa dum dissimilado que toma seu próprio caráter de geleia como unidade de
medida para avaliar a honradez e a decência de alguém. Resumindo: gente assim,
não passa dum tipinho jaguara que não vale um vintém. Ponto. E tenho dito.
(vi)
Um dos muitos traços que melhor caracteriza uma alma
enfermada com a peçonha totalitária é imaginar que a bondade é um ativo moral
pertencente unicamente ao seu grupelho político que ele devotamente adere e que
apenas é devida e absolutamente representada pelos seus ícones, pelos seus
líderes. E, obviamente, qualquer um que ouse duvidar disso, na visão dessas
pobres almas, não passa de um golpista safado, dum alienado chinfrim merecedor
de todo o escárnio possível e pensável. Enfim, são pessoas assim que apresentam-se
como defensores da ética, como arautos dum tal de mundo melhor possível e
blábláblá. Bem, não é à toa que toda vez que esse tipo de tranqueira toma o
poder em suas mãos acaba realizando algo que não corresponde em nada com a
boniteza de suas artificiosas palavras, mas que, dum jeito ou doutro, acaba
refletindo mais do que perfeitamente aquilo que há no fundo de sua miserável
alma.
(vii)
Certa feita Leandro Karnal havia dito que as redes sociais
deram a voz a todos os idiotas, que elas permitiram que esses indivíduos
pudessem tornar públicas as suas opiniões. Bem, pode até ser, mas, sejamos
francos, isso é um grande progresso. Antes do advento das ditas redes sociais,
apenas um grupo seleto de idiotas, cheios de posse e soberba, como o referido
sinhô Dotô, podiam dizer suas idiotices pra todo mundo. Agora não. Qualquer
idiota anônimo, como eu, também pode fazê-lo. E detalhe: fazê-lo sem precisar
da chancela de nenhuma panelinha de idiotas e sem nenhum custo para o bolso do
contribuinte.
(*) Apenas um caipira
bebedor de café.
Nenhum comentário:
Postar um comentário