Um cansativo e repetitivo palavrório que, uma vez ou outra,
acaba sendo entoado pelos devotos da capelinha do Butantã da estrelinha cadente
do barbudinho megalomaníaco dos últimos dias é aquele que reza ser o povo
brasileiro, dum modo geral, um punhado de gente corrupta e que seria uma
hipocrisia sem par sujeitos que furam a fila e pulam a cercado querer apontar o
dedo acusador para o senhor Lula por ele ter, junto com os seus pares do Foro
de São Paulo, quebrado com o país no intento de realizar os seus devaneios
totalitários. Bem, essa ladainha é repetida aqui e acolá por inúmeras pessoas
dos mais variados naipes e, por isso, creio que seja justo indagar: tais gritos
de indignação são feitos com o intento de conclamar a sociedade brasileira para
elevar-se da decadência moral indicada ou tão só e simplesmente para, de
maneira cínica e oportunista, com toda aquela afetação postiça, defender o
intocável chefe do esquema criminoso e totalitário de poder que fez o Brasil
descarrilhar? E lembre-se: perguntar não ofende da mesma forma que refletir não
mata.
(ii)
A galerinha daquela capelinha da estrelinha xoxa caída não se
cansa de mostrar o quão grande é a sua fidelidade canina ao seu senhor. Quando
indicam o número sem fim de “otoridades” públicas envolvidas em escândalos de
corrupção o fazem imaginando que cada um dos brasileiros deve de ter, como
eles, um bandidinho de estimação do coração. De minha parte, todos aqueles que
abusaram da boa fé do povo brasileiro - e que, diga-se de passagem, muitos até
a pouco estavam, de alguma forma, mancomunados com o barbudinho mor – devem
encontrar o seu destino, independente da coloração ideológica, pois, como nos
ensina a Sagrada Escritura (Lucas XII; 48), àqueles que muito foi dado, muito
será cobrado. Então, que assim seja.
(iii)
Verdade curta e grossa que aprendi, ainda menino, com meus
pais: uma pessoa sã de lombo deve procurar ganhar a vida com o suor de seu
rosto. Por isso, abra olhos e muito cuidado com todo caipora que disser que vai
garantir a nossa vida, independente do nosso esforço e apesar de nosso mérito.
Um sujeito que se propõem a esse tipo de papel não passa dum canalha perigoso
que quer, de modo sorrateiro, reduzir-nos a condição de serviçais, duma
clientela de um populista qualquer. De mais a mais, chamar isso de cidadania,
como se faz hoje em dia, é simplesmente o fim da rosca do tal do bom senso.
Pior! Quando se perde a rosca do senso das proporções o sujeito passa a crer,
candidamente, que a defesa de seu sinhozinho seria uma espécie de dever
(depre)cívico que, se cumprido for, acabará por custar a autonomia da nossa
consciência.
(iv)
O povo brasileiro é trabalhador, porém, a nossa classe
política, dum modo geral, parasitária e perdulária, trata-o como se ele fosse
igualzinho a ela. Aí, historicamente, deu no que deu e, conjunturalmente,
continuaremos na mesmíssima encrenca.
(v)
O problema do Brasil não é o tal do capitalismo selvagem.
Isso é bobagem. O real problema do Brasil é o capitalismo de compadrio.
(vi)
Quando o caboclo diz: “já li a obra do Olavo de Carvalho” e,
em seguida, começa, com aquele ódio do bem, a sentar o Carvalho no Olavo, sei
que não leu patavina alguma de sua obra. Nem um livro sequer. Na melhor das
hipóteses assistiu a um vídeo ou leu um e outro post no facebook. Em alguns
casos o sujeito até folheou “O Mínimo”, mas não conseguiu começar a lê-lo por
medo de ter que acabar deixando de ser aquilo que ele acha o máximo.
(vii)
Tanto subestimar como superestimar um inimigo são o verso e o
reverso da mesmíssima moeda. A primeira é fruto de uma ignorância soberba, já a
segunda é o reflexo duma covardia moral e intelectual sem par e, tanto uma como
a outra são erros que, com uma frequência alucinante, são cometidos no Brasil
contemporâneo, tanto pela direita como pela esquerda.
(*) Apenas um caipira
bebedor de café.
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