Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

Pesquisar este blog

OS PÚTRIDOS FRUTOS DAS UTOPIAS

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Qualquer pessoa simples diferencia-se pra caramba das simplórias almas supostamente esclarecidas porque elas são capazes de espontaneamente reconhecer a qualidade de algo apenas pela despretensiosa observação dos frutos produzidos pelo lavoro daqueles que dizem ser o suprassumo da bondade humana. E assim o são porque eles, os saquaremas, absorvam muito bem a velha lição dos evangelhos que diz que pelo fruto podemos conhecer muitíssimo bem os atributos de uma árvore.

Por essas e outras que as almas simples, de um modo geral, desconfiam sempre das tais utopias. Aliás, somente almas sebosas e pueris acreditam no quadrado redondo anunciado pelas profecias marxistas. “Profetas” que não se cansam de dizer que o melhor ainda está por vir e que as tragédias paridas pelas suas ações ideologicamente desorientadas não são responsabilidade deles, a vanguarda do amanhã, porque o sonho rubro ainda não foi plenamente realizado e, por isso, eles dizem que a culpa toda seria da sociedade, do sistema, do raio que o parta, mas nunca, nunquinha, deles.

O curioso nisso tudo é que um caipira quando ouve alguém com uma lorota dessas, instintivamente desconfia do dito feito um velho cão perdigueiro.

Já a tigrada ilustra, cheia de salamaleques intelectuais e certificados de não-me-toque, ouve a mesma carapeta e, contrariando a sabedoria matuta, passa a ponderar absurdamente sobre o disparato ouvido e conclui que seria um desatino não labutarmos pela porca utopia que lhes parece ser tão bonitinha quanto ordinária.

Enfim, por essas e outras que o escritor argentino Ernesto Sabato dizia que as revoluções, no início, são anunciadas com letras maiúsculas e, com o tempo, são contadas com caracteres minúsculos para, por fim, acabarem sendo dissimuladamente apresentadas entre aspas. E, assim o é, porque é preciso ter um mínimo de maturidade e dignidade para se reconhecer como autor de seus erros e retratar-se por eles. Dignidade essa que falta, como falta, para toda a intelectuaria de mentalidade revolucionária. Dignidade essa que qualquer roceiro tem e sobra.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

Nenhum comentário:

Postar um comentário