Por Dartagnan da silva
Zanela (*)
Existem inúmeras ideias que são
profundamente corruptoras da alma humana e, na atualidade, o que mais temos é
esse tipo de choldra.
Dentre elas, uma que gostaria de
destacar nessas minguadas linhas é a de que a sociedade tem uma dívida para com
todos e, uma bem grandona para com alguns de modo particular, que devem ser
atendidas e acolhidas na forma dum direito.
O vício dessa ideia está em sua
própria enunciação. Dum modo geral, todos nós, uns mais que outros, somos
devedores das gerações que nos antecederam e duma multidão de indivíduos que
com sua criatividade, genialidade e, nalguns casos, empreendedorismo, tornaram
possíveis inúmeras coisas que nós mesmos seriamos incapazes de conceber em
nossa empobrecida imaginação (e quem o diga realizá-las). E, mesmo assim,
usufruímos de seus frutos.
Quando passamos a refletir sobre
esse outro prisma, torna-se praticamente inevitável que cheguemos à conclusão
de que, na verdade, devemos muito mais a sociedade que essa a nós.
Não? Bem, então perguntemo-nos em
que nós contribuímos para tornar, não a sociedade, mas a vida de algumas
pessoas mais confortável? Qual é a nossa contribuição para a elevação da
dignidade de nossa gente, daqueles que nos circundam? Melhor! O que temos feito
para sermos simplesmente mais dignos, prestativos e bons? O que?
Pois é, mesmo assim acreditamos
candidamente que a tal da sociedade nos deve alguma coisa.
Pior. Educar na base dessa ideia
viciada e viciosa produz em larga escala uma multidão de ingratos desprovidos
do mais raso senso das proporções, de responsabilidade, e incapaz dum mínimo de
simpatia. Quem o diga de empatia.
Enfim, a única coisa que pode ser parida tomando por base
essa visão distorcida da realidade é uma sociedade podre de mimada que crê,
candidamente, que sua putrefação moral é o suprassumo da tal da cidadania. Só
isso e olhe lá.
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
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