Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
No Brasil, com uma frequência
indesejável, confunde-se o glamour da vida literária e o status da vida
acadêmica, com o amor a literatura e a procura sincera e abnegada pela verdade.
Simplificando muito mais do que devíamos: aqui, nessas terras, carreirismo oco é
sinônimo de realização de uma vocação.
(ii)
Pra que serve a literatura? Em
princípio, para entendermos o quão idiota é esse tipo de pergunta tão soberba e
frequentemente feita num mundo que se ufana de sua bárbara idiotia.
(iii)
Numa sociedade onde o desamor ao
conhecimento e a devoção idolátrica aos títulos bacharelescos é a regra geral,
qualquer discurso que aponte para a educação como sendo a solução de todos os
padecimentos sofridos pela nacionalidade, será, na maioria das vezes, apenas um
simulacro de inquietação [depre]cívica bem vagabundo, haja vista que, a
educação, definitivamente é uma joça praticamente ignorada por todos, principalmente
por aqueles que vivem dando pitaco sobre como ela deveria ser, sem, ao menos,
ter empreendido algum esforço sincero, por mínimo que seja, na direção da
edificação da sua própria.
(iv)
Não queira ser respeitado por
todos provocando escândalos, dando um chilique aqui e outro acolá, como se tudo
e todos devessem tratá-lo assim ou assado, com uma deferência digna apenas de
pessoas altamente aquilatadas.
Também não queira que todos
fiquem massageando seu ego – já mui mimado - de cidadão criticamente crítico,
imaginando que tal exigência egocêntrica e egolátrica seja uma manifestação
cristalina de amor. Não queira mesmo. Não mesmo. Tais atitudes são ridículas do
princípio ao fim, por mais que a classe falante diga o contrário.
Bem, se por ventura, imaginarmos
que esse escrevinhador saquarema está equivocado no que aponta, então
imaginemos a seguinte situação:
Se um grupo de pessoas que você
não nutre o menor sentimento de empatia e simpatia desse um chilique
[depre]cívico igualzinho a um grupo de indivíduos que você ama de paixão - que
bate o pezinho para ser repeitadinho e amadinho por todos - o que você diria a
respeito deles?
Pois é, veja só como são as
coisas, não é mesmo?
(*) Professor, cronista
e bebedor de café.
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