Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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ENTRE A INFÂNCIA E A MAJESTADE

Escrevinhação n. 1059, redigida entre os dias 22 de outubro de 2013, dia de São João Capistrano, e 26 de outubro de 2013, dia de Santo Evaristo.

Por Dartagnan da Silva Zanela



1. Penso que um juiz bem gabaritado para julgar-nos somos nós mesmos quando ainda estávamos em tenra idade. Isso mesmo! Deslocarmo-nos, imaginativamente, ao nosso mundo infantil, quando tínhamos mais futuro que passado, quando os sonhos eram uma realidade solvida deliciosamente em nossa alma é um exercício reflexivo formidável. Faço isso com relativa freqüência e pergunto-me: o que aquele garoto gordinho me diria? O que ele sentiria em relação ao homem que me tornei? Obviamente que não me tornei o que o eu menino queria ser quando crescido. Creio que raras são as pessoas que realizam suas projeções infantis. Porém, a pergunta que realmente interessa é bem outra. Será que aquela criança que um dia fomos sentiria orgulho ou vergonha do adulto que nos tornamos? Será que essa mesma criança não ficaria até mesmo assustada com determinados gestos e atitudes que tomamos em nosso cotidiano? Não sabe? Então tente perguntar a ela pra ver a resposta que lhe será apresentada.

2. Engraçado. Vejam só como são as coisas: é com grande freqüência que ouvimos um e outro, outro e um, falando o quanto que o povo – sempre o tal do povo – não sabe administrar as suas parcas finanças, ou o quanto que o mesmo é acomodado. Digo isso porque se fôssemos vasculhar, um pouco que fosse, a vida desses tagarelas veríamos que eles sim precisam, urgentemente, aprender um pouco com o tal do Zé do povo que, com pouco, muito pouco, sustenta sua família e, em muitos casos, com digno e honrado sacrifício, propicia um bom futuro aos filhos e constrói sua casa. Por isso, digo e repito: ver pessoas superficiais que resumem suas vidas na expectativa da balada do próximo fim de semana fazerem pose de austeros administradores de seus ganhos e ainda, em meio às excelsas conversas de botequim, vê-los fazer queixas sobre o tal do povo, como se fossem sumidades na gestão de recursos é sacanagem da brava. Coisa de gente de caráter feito de geleia mesmo.

3. Um dos problemas mais sérios de nosso país é a grande quantidade de pessoas com planos e projetos para melhorar o Brasil. Se reunirmos um punhado de brasileiros, mais do que depressa, teremos boleras de soluções para a educação, economia e tutti quanti. É! Todos têm um belíssimo – ou nem tanto – “projeto” para resolver todos os problemas que afligem a nação, porém, nem um dos tagarelantes cívicos possui, e está executando, um projeto para melhorar sua própria vida. Propõem miríades para educação sem realmente trabalhar em sua própria, apresentam panaceias econômicas sem ao menos organizar as suas finanças pessoais e por aí segue o andor. Não nego, de modo algum, que os problemas macrossociais existam e que demandam soluções. Todavia, pergunto: nós, reles mortais, temos em nossas mãos os meios para equacioná-los? Não. Mas pode ter certeza que cada um tem plena autoridade para propor soluções para mudar os rumos e dar o necessário prumo em nossa vida. E pode ter certeza que tal atitude seria muito mais relevante que toda aquela patacoada que brota dos círculos de conversa ociosa que tanto amamos frequentar.

4. Dom Pedro II era, realmente, uma alma aquilatada. Das atitudes que jorravam de seu caráter há uma que, creio eu, seja muitíssimo relevante destacar diante do contexto do Brasil atual. Em suas andanças pelo Império, sempre era recebido por uma corriola de candidatos a capachos e toda ordem de carreiristas no intento de agradá-lo com pompas e paetês. Ele, por sua deixa, não se deixava impressionar com esse esnobismo. Aliás, detestava-o. E mesmo após mostrar seu desdém por toda ordem de cerimônias ocas, muitas das autoridades da localidade propunham a construção dum monumento em honra do Imperador. Honra essa que era prontamente dispensada pelo homenageado que recomendava que a importância que seria gasta com o monumento fosse utilizada na edificação duma escola, ou hospital, ou que fosse doada na forma de bolsas de estudo ou para uma instituição de caridade. Como todos podem ver, tal postura, é idêntica as imposturas de nossas otoridades republicanas do século XXI com suas fichas alvejadas e de caráter desfigurado.

Pax et bonum
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