Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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PALAVRAS PERPLEXAS

Escrevinhação n. 1057, redigida entre os dias 19 de outubro de 2013, dia de Santa Iria, de Santa Maria Bertilla Boscardin e do Beato Contardo Ferrini, e 22 de outubro de 2013, dia do Bem-aventurado Papa João Paulo II.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. A tolerância é um valor importante, não há dúvidas sobre isso. Entretanto, o que é sumamente desdenhado atualmente é que existem atitudes e valores toleráveis e outros tantos que são intoleráveis e que devem ser sumamente descriminados. Detalhe: a fronteira entre o tolerável e o inaceitável é muito clara desde que o senso de razoabilidade seja devidamente respeitado. E se há algo que definitivamente é desdenhado é justamente isso devido à presença acachapante dum relativismo moral irredutível que nivela todos os bens culturais ao nível dum banal entretenimento e eleva o materialismo e as imposturas estatais à categoria de princípio categórico que arrogam, arbitrariamente, o direito de tomar o lugar do senso de razoabilidade da maneira mais desarrazoada possível.

2. As artes dum modo geral e o teatro (o cinema e a teledramaturgia) dum modo particular são a consciência do mundo. Através dessas manifestações vê-se documentado os dramas humanos que habitam os corações duma época e, em muitos casos, nos corações de todos os tempos. Tendo isso em vista, não temos como não constatar a profunda confusão autodestrutiva que habita entre as sístoles e diástoles que agitam o peito dos homens deste século. E o pior é que a maioria esmagadora dos indivíduos, que optaram alegremente em viver como rebanho bovino não apenas é incapaz de perceber o estado calamitoso de nossa sociedade, mas sente-se satisfeita com o turbilhão niilista em que se encontra mergulhada. Em fim, uma terra de loucos onde as verdades mais elementares são desdenhadas, mesmo que estejam sendo gritadas do alto dos telhados de nossas casas. 

3. Há momentos vividos que são marcados a ferro e fogo em nossa alma. Um desses momentos em minha vida foi uma visita que fiz a uma catedral, localizada no centro duma cidade no interior do Paraná. Um templo centenário que em várias ocasiões meus pés haviam pisado, mas que, até aquele momento, não tinha tido a oportunidade de visitar o coro e os andares superiores. Neste dia, foi-me possibilitado, o que me permitiu ter a frente de minhas vistas o altar e os afrescos nas paredes e no teto com o imenso vão a convidar-me a flutuar, gerando em meu coração um misto de temor e admiração. Meus olhos marejaram de contento no ritmo do palpitar de meu coração. Uma experiência estética singular que me colocou diante duma vivência mística que jamais esquecerei. Quanto às visitas que fiz às igrejas edificadas de acordo com os cânones modernosos prefiro nada dizer, tamanho o desgosto que sinto frente ao desrespeito ao sagrado manifesto pelos autores destas aberrações arquitetônicas que insultam os Céus. 

4. Damos pouca atenção para a qualidade dos bens culturais (no sentido meramente antropológico) que consumismo em nosso dia a dia. Sejam programas televisivos ou a torrente contínua de imagens e símbolos que invadem nossa alma através da internet, de revistas ou simplesmente quando miramos nossos olhos nos lugares mais desavisados somos, literalmente, assediados constantemente por toda ordem de elementos imagéticos. Elementos esses que, como nos ensina São Cipriano de Cartago, penetram muitas das vezes no íntimo de nosso ser e com sutis imaginações afastam o nosso pensamento de tudo o que seja digno, bom e, principalmente, de Deus, levando-nos a colocar qualquer coisa em Seu lugar e, sem nos darmos conta, vamo-nos bestializando conforme colocamos nossos desejos no centro da realidade ao mesmo tempo em que nos distanciamos Daquele que é o fundamente de nossa existência.

5. Lord Byron nos ensina que: “Idiota é aquele que não sabe pensar. Covarde é aquele que não ousa pensar. Frustrado é aquele que não quer pensar”. Bem, ao ler a notícia de que Marcola havia afirmado, numa conversa telefônica grampeada, que o número de homicídios no Estado de São Paulo diminuiu por causa da atuação do PCC, rapidamente veio-me a clara imagem da consolidação não apenas de uma nova força política, mas de uma nova concepção de Estado [pós]Democrático de [oco]Direito. E, com o perdão da palavra, se você não percebe isso, permita-me perguntar: por qual razão? Por não saber, não ousar ou não querer pensar no assunto? Por ser idiota, covarde ou frustrado? Eis a questão. De qualquer forma, agora não é o momento para chorarmos, nem para tremermos sobre nossos joelhos e muito menos para nos isolarmos em nós mesmos.

Pax et bonum
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