Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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PROGRAMA AVE MARIA, 22 de dezembro de 2010.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.



COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 20/12/2010 à 22/12/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

GLÓRIAS DE MARIA


TEMPO PARA ORAR


UM FELIZ NATAL E UM ABENÇOADO 2011

[pdf] AQUELES QUE TIVEREM OUVIDOS...

AQUELES QUE TIVEREM OUVIDOS...

AQUELES QUE TIVEREM OUVIDOS...

Escrevinhação n. 866, redigido em 21 de dezembro de 2010, dia de São Pedro Canísio.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Há muitas centúrias passadas Santo Afonso de Ligório nos lembra um acontecimento que ocorreu em um Natal que fora celebrado há muitos séculos distantes dos dias em que ele pisou e caminhou por esse vale de lágrimas. Conta-nos que em certo Santo Natal, São Francisco de Assis andava pelos caminhos dos bosques a chorar e suspirar, sem consolo. Diante dessa imagem, uma anônima alma aproxima-se do irmão de Assis e pergunta-lhe qual seria a razão de tamanho pranto. Este, em meio às lágrimas advindas de seu pranto, disse: “Como não chorar, vendo que o amor não é amado? Vejo um Deus como que perdido de amor ao homem, e o homem tão ingrato para com esse Deus!”

Após nos lembrar essa passagem da vida dessa aquilatada alma, Santo Afonso, piamente, pergunta: “Se a ingratidão dos homens afligia tanto o coração de São Francisco de Assis, quanto mais não terá afligido o Coração de Jesus Cristo?” Eis aí a pergunta que deveríamos fazer ecoar nos átrios de nosso coração neste Tempo Litúrgico e em todos os dias de nossa vida que estão por vir. Mas é obvio que não queremos levantar essa pergunta. Não queremos saber que nos importunem com a vergonhosa verdade sobre nós, sobre nossa imensurável ingratidão, sobre nossa incalculável insensatez humana frente à realidade da imensidão do amor divino por cada um de nós.

O amor, meu caro, é uma virtude teologal, infundida por Aquele que é em nós. Entretanto, cabe lembrar que para amar alguém é necessário conhecer a pessoa que nos inspira o amor. Sim, o Deus de Abraão, Issac e Jacó nos conhece intima e perfeitamente, visto que Ele é a Sabedoria, é Aquele em que tudo existe e é. Ele é a Perfeição e o Amor que nos conhece mais do que nós mesmo nos conhecemos.

Bem, e quanto a nós? O quanto realmente conhecemos Deus? O quanto nos esforçamos para conhecer e compreender os desígnios Dele em nossa vida? O quanto procuramos nos empenhar em nos amoldar àquele que é O Amor?

Há um belíssimo verso de um dos sonetos de Camões que nos diz que a maior alegria do amador é tornar-se a coisa amada. Ora, amar significa tão só e simplesmente a realização livre de um gesto de doação, e mesmo de sacrifício, à pessoa amada. Naturalmente, ninguém apresentou um exemplo mais límpido do que significa amar do que aquele que nos foi dado pelo Filho de Davi deixando-se imolar na Cruz, silencioso e resoluto como a um cordeiro, para com Seu sangue nos salvar. E nós, de nossa ingrata parte, em que medida retribuímos esse gesto de amor? Com que gesto procuramos demonstrar que as palavras que saem de nossos lábios são uma sincera confissão de amor ao Cristo? Realmente apresentamos gestos que vão além das palavras, que retratam o nosso amor por Aquele que é o Amor?

Sim, estamos nos aproximando do Santo Natal, é tempo de júbilo! Deus está conosco! E nós, realmente, procuramos estar com Ele? Procuramos? Sim, podemos mentir para aqueles que estão a nossa volta, até mesmo pode-se mentir para si mesmo. Porém, não nos é possível enganar o Olhar onisciente de nossa consciência. De mais a mais, mentir, omitir, calar a verdade é negá-la. É negar Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ah! E quantas vezes fazemos isso! Quantas vezes, em nosso íntimo, por desfibramento espiritual e ignorância, negamos o amor Daquele que deu-nos a mais clara e transparente declaração de amor?

Era isso que inquietava o coração de São Chico de Assis. Era essa imagem que desassossegava Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso mesmo! Não foi apenas no horto das oliveiras que Nosso Senhor se deparou com a imagem da realização de sua Paixão. Desde a noite dos tempos que o Verbo divino conhecia a sua Paixão. Desde os tempos que antecedem o firmamento que Ele sabia o quão duro é o nosso coração e, mesmo assim, rebaixou-se para chegar até nós. Encarnou-se e Viveu como homem e entre os homens. O amor andou por entre nós e, o que fizemos? O insultamos. O flagelamos. Nós o matamos.

E continuamos a matar, de pouquinho em pouquinho, todo santo dia. Matamos Aquele que é amor imaginando agir como quem conhecesse suficientemente bem a Deus sem ao menos ter desejado vivamente conhecê-Lo como todas as almas Santas o fizeram. Ele se doou por amor. Nós, de nossa parte, pouco doamos a Ele e quando o fazemos empavonamo-nos como um biltre.

Por fim, que neste Santo Natal, ao volvermos as meninas de nossos olhos para o menino que repousa na manjedoura, saibamos que um menino há 2010 anos, aproximadamente, sofria com as dores que iria passar em nome de pessoas de putrefaz caráter como eu e você, que nada somos com nossas pueris glórias, mas que, podemos nos tornar alguém se aceitarmos crescer em Espírito e Verdade, permitindo que esse Amor nos molde na procura amorosa por Ele.

Não permitamos que esse sacrifício tenha sido em vão. Sejamos mais do que o nome Cristão. Sejamos almas que com auxílio da Graça fazem-se Amor conhecendo e amando Aquele que é Amor.

Pax et bonum
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COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 13/12/2010 à 17/12/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

ORAÇÕES E GESTOS


SÃO PAULO NOS ORIENTA


ENFERMO


VIDA DE SANTO


A MAGNANIMIDADE DE DEUS magnanimidade

[pdf] VIGIAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

VIGIAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

VIGIAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

Escrevinhação n. 865, redigido em 14 de dezembro de 2010, dia de São João da Cruz.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Aproprio-me humildemente das palavras de São Justino de Roma, dirigidas aos seus algozes, para iniciar essa missiva, dizendo que com o presente escrito, não pretendo bajular-vos, nem dirigir-vos um discurso como mero agrado, mas pedir-vos que realizeis o julgamento dos cristãos conforme o exato discernimento. Um julgamento do mau Cristão. Do mau Cristão que há em nós. Do Cristão desleixado que habita em nosso ser e que posa de bom moço perante nossos próprios olhos todas as manhãs quando lavamos nossa deslavada face.

A milonga não é curta, sei disso, mas seria de pouca serventia tecer aqui uma longa carta aberta denunciando as forças que querem nos destruir, que anseiam por arrastar nossa alma pela vereda das trevas. Como também seria algo desmedido ficarmos aqui rasgando seda em torno das celestiais virtudes que coroam a cristandade. De pouca serventia seria, visto que, se perguntarmos para qualquer dito Cristão quais são os três grandes inimigos e quais são seus subterfúgios, estes não saberia responder e, se respondessem, o fariam com forte sentimento de confusão. Ou vão-me dizer que estou mentindo?

Hoje em dia, desejamos muito mais nos sentir bem conosco e com os nossos concidadãos do que salvar nossa alma, do que lutar a boa luta. Tememos mais a desaprovação dos olhares da multidão e dos que nos circundam do que o juízo de Deus. Preferimos seguir os exemplos presentes no mundo e que o representam do que aprender e crescer em Espírito e Verdade com a vida exemplar dos Santos e Mártires. Cremos que nossas fúteis verdades pessoais são mais dignas de crédito do que a Doutrina da Santa Madre Igreja, que é a expressão doutrinal da Verdade. Acreditamos muito mais em um hipotético mundo melhor a ser edificado pela concentração de poder realizada em nome de supostas justiças sociais do que na realidade do Reino de Deus que nos chama para, livremente, atendermos com firmeza à justiça Divina.

Queremos, no fundo, ser apenas reles cristãos softs, que não incomodam ninguém e que não se incomodam com a sua vida pecaminosa. Para estes pseudo-cristãos, que abundam em nossa época, principalmente nos bancos e púlpitos da Igreja, oração, penitência, esmola, estudo, são coisas do passado, a nossa onda é se considerar iluminado. E, é claro, não estorvar, de modo algum, nem a carne, nem o mundo e nem ao diabo.

Assim se vive atualmente, devido à perda da perspectiva da imortalidade de nossa alma. Agimos, julgamos, planejamos, pensamos, refletimos e até mesmo rezamos, como se todos os nossos atos devessem ser unicamente julgados a partir de uma perspectiva temporal, nos esquecendo que tudo o que fazemos nesta vida reflete e ecoa pela eternidade.

Lembremo-nos ou não disso, cada um de nós é uma alma imortal e é no plano da eternidade que nossos atos devem ser pensados, planejados, realizados e vividos, pois, é nessa perspectiva que está a realidade da natureza humana. Nós formos criados por Deus e para Ele e não para expirarmos na finitude do tempo e do espaço.

E se assim agimos, com nossas costas viradas para a realidade da imortalidade da alma, estamos literalmente trabalhando contra a Verdade, contra a realidade de nossa existência. Enfim, contra a fé que nós exteriormente professamos ao mesmo em tempo que não permitimos que esta deite as suas doces raízes no fundo de nosso ser para que Ela nos molde e nos edifique.

E aí, meu caro, eu vos pergunto: quem tem a ganhar com a negação, explicita ou não, da imortalidade da alma humana? O diabo, obviamente. Mas, é claro, como eu poderia me esquecer disso! Na atualidade as pessoas também não mais acreditam na existência e na atuação deste, não é mesmo? É, mas esse não seria o seu maior ardil? Dizer a todos que ele não existe para melhor agir contra nós?

Por isso irmãos, vigiai! Vigiai, pois o inimigo é traiçoeiro. Assim nos adverte São Cipriano de Cartago. E, com o mesmo tom pastoral ele nos admoesta, em sua obra A unidade da Igreja, que: “Nada é mais importante para nós, irmãos diletíssimos, quanto vigiar com todo o cuidado para descobrir logo e, ao mesmo tempo, compreender e evitar as ciladas do inimigo traiçoeiro”. Para tanto, é fundamental que lembremo-nos destas duas verdades elementares. Primeira: nós somos almas imortais e assim devemos agir. Segundo: o encardido quer que você despreze essa realidade sobre nós e que ignore a existência dele para que ele possa nos arrastar para suas sombras.

Em fim, este é o quadro da luta. Este é o campo de batalha que há em nossa alma. E queiramos ou não, a decisão a ser tomada quanto ao lado que penderá o nosso gládio cabe unicamente a nós. Por isso, preparai-vos e vigiai, porque a luta está apenas começando e você, meu caro, deve decidir qual lado será.

Pax et bonum
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COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 20/12/2010 à 22/12/2010

Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

GLÓRIAS DE MARIA


TEMPO PARA ORAR


UM FELIZ NATAL E UM ABENÇOADO 2011

COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 06/12/2010 à 10/12/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

JESUS ENTRE NÓS


ENTRE JUDAS E PEDRO


SER O AMOR


CURVAR-SE PARA VONTADE DE DEUS


OS FALSOS PRUDENTES

[pdf] ENTRE CARTAS GENTIS E ESPETÁCULOS DISFORMES

ENTRE CARTAS GENTIS E ESPETÁCULOS DISFORMES

ENTRE CARTAS GENTIS E ESPETÁCULOS DISFORMES

Escreinhação n. 864, redigido em 10 de dezembro de 2010, dia de São João Roberts.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Muito se fala sobre a cultura de massa. Aliás, todos falam de boca cheia toda ordem de horrores sobre esta, sem flagrar-se do imenso vazio que habita em sua alma. Intentar chamar a atenção dos críticos massificados da presença atroz da crítica soberania da cultura de massa em sua vida é o mesmo que teimar com um teimoso. Simplificando: perda de tempo.

Todos neste acampamento de exilados chamado Brasil vêem a si próprios como sábios incompreendidos, apesar de nunca terem dedicado uma parcela mínima de seu tempo para compreender qualquer coisa que seja. Principalmente aquelas figuras disformes que ostentam na parede do banheiro, logo acima da privada, um diploma de um curso superior, que apenas atesta o seu douto fingimento ignaro.

Por isso mesmo, falemos da massificação hodierna sem nela tocar. Façamos isso apenas cutucando as feridas pustulentas que chagam nossa alma. Nesta semana que passou, estava eu deitando minhas vistas em uma jóia que encontrei entre cascalhos: as cartas de Machado de Assis. De longa data aprecio esse tipo de leitura: a correspondência de hercúleas almas. Não apenas por causa de suas letras luminosas, mas para conhecer as pessoas com quem essas pessoas de grande envergadura trocavam figurinhas. E que figurinhas!

A esta altura, podemos nos indagar: o que isso tem haver com a bestialização cultural que impera em nossa sociedade e, consequentemente, em nossa alma? Será que lendo as correspondências de Machado, Eça de Queiros, Gilberto Freire e tutti quanti, iremos elevar a alma brazuca de sua pútrida cova? Não. Entretanto, tal documentação pode nos servir como um bom instrumento para mensurar a degradação da nossa alma. Aliás, para tanto, não há nem a necessidade de recorrermos aos grandes. Basta que vasculhemos o baú das lembranças familiares e tomemos em mãos as cartas de nossos avôs e comparar com os e-mails que trocamos com todos em um clima de grande futilidade.

Uma carta, quando era enviada para alguém, era tecida com toda atenção que é merecida ao destinatário e este a lia com a mesma. O papel era apenas um meio através do qual duas almas dialogavam francamente. Ah! E não nos esqueçamos (aqueles que são da minha geração) da alegria que invadia nossa alma quando recebíamos uma carta, seja ela de um amigo distante ou de uma mulher com quem estávamos flertando.

E é claro, devido a isso, todo cuidado era pouco na hora de redigir as laudas íntimas. Como iniciá-la? Que palavras utilizar? Como deveriam ser dispostas as frases? E depois de escrita, esta era lida e relida antes de ser postada. Da outra ponta, a mesma era lida, relida, e relida e, dependendo de quem fosse o remetente, cada palavra e suspiro ficavam registrados na alma do leitor destinatário, pois o conteúdo presente naquelas letras era muito mais que palavras e reles notícias. Eram o extrato de uma vida humana partilhada com outro ser humano que estava, mesmo distante, presente em nosso coração.

Feito esta experiência rememorativa e imaginativa, podemos então comparar esta com a forma que desenvolvemos a tessitura de nossos e-mails, com o conteúdo de nossas correspondências eletrônicas, com a leviandade que tratamos tudo isso juntamente com desprezo que edificamos em relação ao nosso destinatário. E olha que não me refiro tão só àqueles e-mails enviados e reenviados em massa para toda nossa lista de contatos com aqueles slides enjoativos. Refiro-me também aos e-mails que trocamos com aquelas pessoas que dizemos ser nossas amigas. Tais mensagens, não há dúvida, nos permitem manter contato com muitas pessoas, fazendo-nos presentes em suas vidas. Todavia, esses contatos estão tornando o quê, de nós, presente na vida dos nossos? De nós, realmente, com grande probabilidade, muitíssimo pouco. E este pouco, muitíssimo bem oculto (inclusive de nós mesmos) e perdido em meio ao conteúdo frívolo disponível no bazar da cultura de massa que é repassado por nós e este apenas revela a miséria que habita em nós e faz-nos ser o que somos.

Bem, e se ao findar desta missiva, as meninas de suas vistas estão contrariando o que aqui fora dito, então olhe para o interior de sua alma, para as vielas de sua vida e diga, a si mesmo, o que você tem de significativo em seu ser, o que você tem ultimamente partilhado com os seus que, de fato, seja seu. O que? Eis aí uma pergunta que, creio eu, merece ser devidamente meditada.

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[pdf] DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM

DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM

DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM

Escrevinhação n. 863, redigido em 08 de dezembro de 2010, dia da Imaculada Conceição de Maria e do Bem-aventurado Alojzy Liguda e companheiros.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"É impossível calcular o dano moral, se é que posso chamá-lo assim, que a mentira mental tem causado na sociedade." (Thomas Paine)

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Vem chegando o fim do ano letivo e, com ele, o famigerado conselho de classe. Ontem mesmo, nas anotações que tomo em meu diário estava cá, com minha pena e tinteiro, a refletir sobre isso, sobre a desconcertante situação dos professores que entendem qual tipo de fruto deve-se colher nessa lavoura que é a educação ao mesmo tempo em que tem de enfrentar, nesta ocasião, uma assembléia demente que encena um simulacro chinfrim de bom senso.

Poderia aqui apontar vários exemplos testemunhados por mim e outros tantos que me foram relatados por pares de ofício que residem em outros rincões, mas não vou. Assim procedo em vista do caso recente que ouvi relatado no Talk Show True Outspeak do filósofo Olavo de Carvalho [www.blogtalkradio.com/olavo] que foi ao ar nesta segunda-feira, dia 06 de dezembro. Um de seus ouvintes ligou e desabafou o fato que segue: sua esposa leciona (ou lecionava) a disciplina de ciências para uma turma do Ensino Fundamental. Em uma de suas avaliações ela perguntou aos seus incautos alunos: “Quais são os estados físicos da água?” Resposta: “Quente, morno e frio”.

Até aí, nenhuma novidade, não é mesmo? Até parece um pequeno estrado do quadro “pérolas” do Programa do Jô. Entretanto, a equipe pedagógica da Instituição de Ensino a chamou para conversar e disse que ela, a professora, deveria considerar a resposta do aluno, visto que, ao menos, ele havia tentado responder a pergunta. Ele se esforçou e, por isso, merece ser regiamente premiado. É mole ou quer mais? Você queira ou não, tem muitíssimo mais que isso nesta lúgubre alcova, infelizmente.

Quem é professor já deve ter ouvido, mais de uma vez, sentenças como estas, onde reza-se que: “o senhor deve avaliar o aluno como um todo”. Ou então: “Você deve ver todo o contexto deste aluno, visto que, não podemos nos esquecer que tudo em educação é um processo”. E ainda: “Que você, como um educador crítico, deve valorizar os progressos feitos pelo aluno no correr do ano”. Bem, e por aí segue o andor maquiado com toda ordem de topus sem o menor requinte retórico. Simplificando a opereta: frasezinhas como estas são apenas maneiras diversas para se dissimular o fato de que a escola vem a muito apenas entregando diplominhas aos aluninhos mesmo que elezinhos não tenham objetivamente aprendido nada (ou quase nada) do que as disciplinas intentavam lhes ensinar. Tudo isso para que os numerozinhos das estatísticas da educação sejam mais vistosos do que a mísera realidade que eles fantasiam.

Perdoem-me a indelicadeza no uso das letras, mas desde muito aprendi com Confúcio e com o filósofo acima citado, que não devemos nunca privilegiar a fineza no trato em detrimento da verdade. Também não nos esqueçamos do que nos ensinam os latinos: facta potentiora sunt verbis. Os fatos têm mais força que as palavras. E o fato é este: as Instituições de ensino não mais estão ensinando, o sistema educacional está muitíssimo distante da realização de algo que possa ser chamado de educação e nós, professores, que confessamos, sinceramente, intentar ensinar, nos vemos ilhados neste mar de desesperança.

Sim, aumentou o número de escolas, de salas de aula, de Instituições de Ensino, de bibliotecas, de recursos destinados a educação, entretanto, todos estes elementos não são dirigidos para a vereda do ex ducere. Aliás, como nos ensina Sto. Tomás de Aquino, uma coisa perece quando ela é impedida de chegar à sua finalidade e, a muito, que a educação vem sendo apartada de seu caminho originário e, consequentemente, de sua razão de existir.

Sim, isso tudo é de uma imensa perversidade, não há necessidade de dizer. Todavia, torna-se apropriado indagar: o que temos feito em relação a tudo isso? Aliás, de que maneira, direta e indireta, temos contribuído para a formação e consolidação deste quadro aterrador? Gostemos ou não, são estas duas perguntas que devem ser cultivadas no âmago de nossa alma para que sejamos capazes de reconhecer as nossas digitais impressas neste lamaçal ignóbil para, quem sabe, corrigir os nossos erros que em muito contribuíram no avolumar desta sujeira toda. Ou então, que nos locupletemos todos e paremos de fingir nos preocupar com algo que simplesmente ignoramos.

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COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 29/11/2010 à 03/12/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

PROCURAR A GLÓRIA DE DEUS


A VONTADE DE DEUS A NOSSO RESPEITO


VIGIAI


O QUE VALE É AMAR


TESTAMENTO

PROGRAMA AVE MARIA, 02 de dezembro de 2010.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.

[pdf] MUITAS PALAVRAS SOBRE COISA NENHUMA – parte II

MUITAS PALAVRAS SOBRE COISA NENHUMA – parte II

MUITAS PALAVRAS SOBRE COISA NENHUMA – parte II

Escrevinhação n. 862, redigido em 30 de novembro de 2010, dia de Santo André.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“[...] cada um está preso a sua própria consciência como à própria pele, e vive imediatamente apenas nela”. (Arthur Schopenhauer)

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Uma coisa que torna a nossa época cômica é o excesso de zelo que cultivamos para com os problemas de outrem, em especial representando-os na abstrata imagem da sociedade, da coletividade. Rimos, para não chorar, da enorme quantidade de conselhos que são apresentados todos os anos sobre o que se deve fazer para que a educação melhore os seus resultados. Deve-se, segundo a multidão de palpiteiros, fazer-se isso e aquilo sem esquecer, naturalmente, do necessário aumento de verbas a serem destinadas para esta seara.

Tudo bem, mas a pergunta que não quer calar, ao menos no âmago de meu ser: de todos estes senhores e senhoras empavonados em suas honrarias e auto-lisonjas que vivem para dizer o que deve e o que não deve ser o ato de educar, quantos realmente se preocuparam com a sua educação? Quantos de nós realmente procura dedicar o cerne de suas energias para o aprimoramento e crescimento de sua pessoa em dignidade, prestatividade e bondade? Olha, se formos realmente francos e volvermos nossas vistas para a realidade tal qual ela se apresenta às meninas de nossos olhos, veremos que desde as mais “excelsas otoridades” até as personas anônimas como eu e você, veremos que pouca atenção foi dada a procura pelo conhecimento e, infelizmente, nestas paragens, o amor pela verdade é um ilustre desconhecido dos passos turvos que caminham pelas vias desta terra de desterrados.

Todavia, mesmo assim, é de cansar os ouvidos e as vistas a repetição que se faz de loas em nome de algo que praticamente ninguém cultiva em nossas terras. Literalmente temos palavras esvaziadas de seu sentido originário e, por isso mesmo, acabam por ser preenchidas pelo conteúdo vivido por nós, em nosso dia a dia que tem suas raízes deitadas no âmago de nossa alma o que as reduz a um reles adorno que coroa a nossa fingida existência. Palavras bonitinhas que apenas enfeitam de maneira caricata a nossa superficialidade incurável.

Intratável é essa compulsão nacional pelo papagaiar com ares doutorais. Isso mesmo, meu caro Horácio. Disfarçamos nosso desprezo pelo conhecimento com o nosso apetite voraz de opinar sobre todos os assuntos sem nunca ter dedicado a eles um minutinho que fosse para estudá-lo, conhecê-lo e refletir sobre o que foi apreendido no trabalho de edificação do conhecido. Disfarçamos nossa ignorância com a nossa pose de conhecedores e com a autoridade postiça que atribuímos para as nossas opiniões, como se a relevância do que dizemos fosse maior que o trabalho despendido por nós para chegar a essas ou aquelas considerações.

Não é por menos que a frase predileta deste tipo humano que se faz tão freqüente em nossa CIVITAS é esta: “você tem que respeitar a minha opinião”. Ora, mas paremos para pensar um pouco no que há de respeitável no que estamos dizendo, qual é a profundidade do conhecimento que temos, não da realidade, mas do que simplesmente estamos falando. Trocando por dorso e pescoço: o que realmente desejamos expressar com as palavras que preenchem e enfeitam as nossas áureas opiniões?

Desprezamos magistralmente o conhecimento da realidade tanto quando desconhecemos o conteúdo do que estamos falando e do que realmente preenche a nossa alma e, mesmo assim, imaginamos que cada palavra proferida por nós deve ser tratada com a mesma deferência que é devida as palavras de um douto (de fato, não de títulos), de um sábio e mesmo das que são pronunciadas por um Santo.

Não ocorre a estes indivíduos que, gostem eles ou não, o conhecimento não se edifica através da adaptação da realidade ao nosso mundo umbilical, mas sim, através de nossa disposição em romper com esse. Não é à toa que exista neste país tanta gente que acredita ter uma solução para educação sem nunca, de fato, ter-se dedicado a sua própria.

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IMAGEM DA SEMANA

PROGRAMA AVE MARIA, 25 de novembro de 2010.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.


MUITAS PALAVRAS SOBRE COISA NENHUMA

Escrevinhação n. 861, redigido em 24 de novembro de 2010, Santo André Dung-Lac e companheiros.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"Foge por um instante do homem irado, mas foge sempre do hipócrita".
(Confúcio)

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Já estamos chegando na reta final de mais um ano letivo e com o seu término temos mais uma safra dos frutos desta lavoura de [des]ilusões. Produzimos e vivemos em uma ilusão que chamamos pela alcunha de “educação crítica” ao mesmo tempo em que nos desiludimos com a cepa desta que, de fato, tem apenas como crítico os seus resultados que estatisticamente e qualitativamente são os piores do mundo, conforme os resultados consecutivos dos exames do PISA e constatáveis através de uma observação direta.

Mas poucos querem realmente enxergar a realidade e muito menos tomar a atitude necessária. Estamos tão imersos e tomados pelo fingimento que não mais somos capazes de enxergar os problemas tais e quais eles se apresentam às nossas vistas e muito menos de atuar de maneira ativa em relação aos mesmos. Apegamo-nos teimosamente a inúmeras ilusões literalmente diabólicas que nos impelem a crer que nosso universo subjetivo, ideológico, é mais importante que a realidade da pessoa humana.

Sei que o tacho deste angu é grande e que os caroços não são poucos. Por essa razão que nos detemos apenas neste que, em si, é o ponto nevrálgico da contenda, que é o fingimento histriônico diante da realidade patente que se apresenta diante de nossas vistas.

No fundo, o que a maioria das pessoas deseja não é educar os mancebos, mas sim, posar de bons moços politicamente corretos como paizões e mãezonas caricatos. No fundo, não deseja-se corrigir os erros, mas apenas justificá-los vendo no desleixo e na desídia a presença da mão invisível do sistema jogando-se na lata de lixo o fator volitivo que determina as ações humanas perante si mesmo, diante da sociedade, frente ao sistema ou estando diante do raio que o parta.

Lembro-me aqui de uma passagem de minha vida onde em meio a uma acalorada discussão foi-se indagado: Qual é a função da escola? A resposta, simples e direta: transmitir para a geração atual o legado civilizacional (cultural, moral, espiritual, técnico e científico) que foi edificado e preservado pelas gerações (inumeráveis gerações) que nos antecederam para que assim possam, ativamente, agir no mundo. Bem, mas é agora que a porca torce o rabo porque tivemos uma contra-resposta no seguinte tom: “sim, mas antes disso é fundamental que tornemos os nossos alunos críticos, capazes de mudar esse sistema...” e o resto da patacoada todos nós já conhecemos bem.

Indo direto ao ponto do conto, para este e bem como para muitos, mais importante que munir a tenra geração com os instrumentos básicos para que ela possa agir de maneira relativamente independente e ativa é doutriná-lo de acordo com os ditames de uma ideologia materialista e alienante que o faz sentir-se desvencilhado da responsabilidade pela sua vida passando e desprezar e mesmo odiar a realidade desejando apenas transformá-la de acordo com a sua imagem e semelhança, mesmo que não saiba o quão torpe é a sua imagem e substância.

Trocando por miúdos, é esse o objetivo de toda a dita educação crítica que em sua ânsia de tudo transformar sem nada compreender acaba por destruir a alma que se aferra pela via da crítica vazia que a ela mesma esvazia, tornando-a impaciente, prepotente e inoperante diante da vida. Nos dias de hoje, desde muito cedo se aprende a apontar para todos os erros presentes no mundo e a gritar contra eles ao mesmo tempo em que somos adestrados a fechar as portas de nossa consciência para os nossos erros e faltas projetando sempre a responsabilidade por esses em algum elemento externo.

Neste ínterim, vem-me a mente uma sentença do professor Confúcio que nos diz que quem diz a verdade perde amizades. Mas, e quem disse que alguém realmente deseja encarar a verdade e agir a partir dela? Quem? Quem realmente está disposto a enfrentar os dissabores de desagradar os tolos no esforço de corrigi-los? Quem? Não é à toa que nossa educação em suas safras tem apresentado os frutos que colhemos, visto que, não estamos plantando algo diverso disso.

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COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 16/11/2010 à 19/11/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

16/11/2010


17/11/2010


18/11/2010


19/11/2010

[lembrança] HOMENAGEM PARA DONA FRANCISCA (25/03/1955 - 21/11/2010)

HOMENAGEM PARA DONA FRANCISCA (25/03/1955 - 21/11/2010)

HOMENAGEM PARA DONA FRANCISCA (25/03/1955 - 21/11/2010)


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Francisca da Silva Caldas. Quem não conheceu a “tia Chica”? Para alguns “Dona Chica”, para os familiares e amigos, Chiquinha. Para os netos Johann e Pedro, vovó Chica. E assim também será para sua neta, Helena, que apenas à conhecerá nesta vida pelas lembranças que serão contadas pelos dois primeiros. Mas a questão aqui, caríssimos, não é o como lembrar, mas sim, a impossibilidade de esquecê-la, de deixar no baú do ontem uma pessoa tão doce e amorosa como ela. Não mesmo. O seu lugar é em nosso coração e assim será.

Mas a memória humana é traiçoeira e muitas das vezes nos golpeia de maneira sutil e desleal através das armadilhas que o dia à dia nos arma para nos levar a cair na cova atroz do esquecimento. Isso é uma grande verdade e não podemos negar. Do mesmo modo que é verdade e não temos o direito de negar que o amor é muito maior e mais forte que a soma de todos os dias em que passamos por esse vale de lágrimas. O amor é a força que nos faz sorrir com aqueles que, em si, são o júbilo de nossa vida e é a mesma força que leva nossos olhos a marejar em um dilúvio de lágrimas que cantam em nossa face a saudade que não quer calar.

E em nome deste mesmo amor, queremos que Dona Francisca seja lembrada do jeitinho que ela sempre viveu. Como aquela que, silenciosa, sempre estava aqui e acolá auxiliando a todos sem nunca manifestar-se, sem nunca requisitar glórias, tal qual ensina-nos Santa Terezinha do Menino Jesus. Fazendo-se pequena ela tornou-se grande engrandecendo nossas vidas com sua bondade e mansidão.

Mansa e humildade de coração. Eis as virtudes que definem esta bem-aventurada alma que hoje nos deixa para ir ao encontro do Pai Eterno para que assim ela possa sentar-se junto ao banquete dos justos e beber, alegremente, uma boa xícara de café passado na hora pelas mais suaves mãos.

É isso! Lembremo-nos do café. O café que sempre acompanhava as nossas conversas com ela. Fosse pela manhã, ao cair da tarde, ou mesmo à noite, lá estava Tia Chica com sua xícara na mão e um sorriso singelo no rosto. Lembremo-nos sempre que o aroma agreste desta efusão é a clara imagem de sua alegria. Lembremo-nos que a energia estimulante desta bebida é um retrato fiel da força de vontade e da perseverança desta mulher. E não nos esqueçamos, jamais, que o calor que emana de uma xícara de café é a compleição viva de seu amor e de seu carinho por cada um de nós que aqui estamos para dela nos despedir.

Nosso coração está apertado. Sim, é verdade. Mas em meio às lágrimas ele sorri entre as palpitações que bailam em nosso peito porque sabemos que, agora mesmo, suas franzinas mãos franciscanas estão a cultivar flores, brancas e vermelhas, no celeste jardim, sorrindo, falando-nos parafraseando as pias palavras de Santo Antônio de Pádua: “não temam, porque tudo, não acaba aí...”. Não acaba aqui, não acaba...

Redigido em 21 de novembro de 2010, dia de São Gelásio, solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
Pax et bonum

NOTA DE FALECIMENTO






Faleceu hoje, dia 21 de novembro do ano de 2010 da Era de Nosso Senhor, às 05h17, Dona Francisca Ribeiro Caldas. Descanse em paz Vovó.

PROGRAMA AVE MARIA, 18 de novembro de 2010.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.

FÚTEIS REFLEXÕES E NADA MAIS

Escrevinhação n. 859, redigida em 15 de novembro de 2010, dia de São Alberto Magno.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“Transforma se o amador na cousa amada...”
(Luís Vaz de Camões)

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Somos uma geração de fracos. Uma sociedade de desfibrados que dia após dia caminha por uma senda vazia crendo tolamente que tal vereda seja a forma mais elevada de vida virtuosa. Assustamo-nos com todo e qualquer perigo (hipotéticos, na maioria das vezes) que possa assolar nosso corpo e nossa segurança ao mesmo tempo em que desprezamos nossa alma. Preferimos afagar a vaidade da multidão que parasita em nosso entorno do que fintarmos nosso olhar e nossas palavras pelo rumo do dedilhar da Verdade, mesmo que isso custe nossa sinceridade e, conseqüentemente, nossa sanidade espiritual.

Um sintoma característico desta fragilidade encontra-se na temática de nossas conversas. Bastam apenas alguns minutos de prosa que o assunto é a saúde física e a aparência estética. Obviamente, que mais do que depressa cada um apresenta uma e outra receita para manter a boa forma ou então informa os pares sobre uma e outra matéria que leu em uma revista aqui ou viu em um programa televisivo acolá que versa sobre os malefícios disso e os benefícios daquilo para o corpinho.

Todavia, mude a conversa para a sanidade espiritual. Bem, se o tom da prosa já era estupidificante no primeiro ponto, neste, o conto torna-se patético. Aliás, revela o quão patético nos tornamos na sociedade moderna, visto que, não mais se compreende o sentido do que significa a vida espiritual e intelectual e, toda vez que tenta-se macaquear um simulacro desta, acaba-se por expressar apenas uma reles e superficial caricatura. Detalhe: quanto mais “estudada” é a pessoa, mais estupidificada se apresenta suas considerações sobre este assunto.

Para melhor ilustrar o que intentamos apresentar, permitam-nos recorrer ao uso de um exemplo significativo sobre este degradado quadro. Certa feita em uma destas paragens que meus pés me levam, ouvia eu a conversa de um grupo de, como se diz, “formados”, onde se dizia que eles achavam uma bobagem esse negócio de muitas senhoras reunirem-se no dia da Assunção da Santíssima Virgem para rezar as mil Ave-Marias. Bem, de um grupo de doutos ignorantes diplomados não se poderia esperar algo mais elevado. Todavia,o “x” da questiúncula é que a conversa iniciou-se a partir dos comentários irônicos que um Padre teria feito sobre esta piedosa devoção. Em fim, a arrogância e o disparate festejavam nos lábios dos palpiteiros (de)formados que desprezam o conhecimento fingindo possuí-lo.

O padreco pode achar um absurdo que um grupo de senhoras pratique uma devoção que exija tão grande esforço. No entendimento destes (do pseudo-padre e dos “entendidos”), elas estaria recitando as orações sem saber claramente o que estão fazendo e dizendo. Ótimo! Mas, e quanto aos distintos, sabem o que dizem e o que fazem? Sabem eles que esta devoção era recomendadíssima pelo finado Papa João Paulo II? Será que eles estão cônscios de que nas várias aparições da Santíssima Virgem esta pede aos fiéis que realizem grandes esforços no caminho da oração e da penitência? Putz! É claro, como eu poderia me esquecer que estas pessoas são (em suas cabecinhas) maiores que a Igreja e mais sapientes que a Santíssima Virgem.

Indo mais adiante sobre este ponto, bastaria que as almas (in)cultamente diplomadas estudassem um pouquinho que fosse a biografia e a obra dos grandes Santos e místicos que, primeiro, iria perceber que todos eles, sem exceção, dedicavam-se a contínuas e longas orações. Segundo: que eles recomendavam vivamente essa prática a todos os fiéis e apresentavam em sua obra e em sua maneira de viver os luminosos frutos advindos de sua presteza. Obviamente que é muito mais cômodo acreditarmos que nossa preguiça espiritual e moral é um mérito e que a perseverança um vício. Tão cômodo quanto corruptível.

De mais a mais, se tomarmos em mãos as Sagradas Páginas, poderemos averiguar que o Senhor nos ordena que procuremos a Oração Permanente (1 Tes V: 17; Lc XVIII: 1; Tim II: 8 e Ef VI:18). Ao invés disso, o que procuramos? Procuramos dedicar mais tempo a mundanos assuntos que, em si, são de uma superficialidade atroz e desprezamos olimpicamente o que deveria ocupar o centro de nossa vida. E se isso não fosse o suficiente, ainda palpitamos com toda aquela autoridade postiça característica de nossa época.

Por fim, em uma sociedade que entende a preocupação patológica em relação à aparência, que é determinada simplesmente pelo gosto e desgosto das multidões bestializadas, como algo normal a Verdade, naturalmente, não encontra um coração que à abrigue e a alma e a inteligência humana divorciada da Verdade perecem similar ao rio que se aparta de sua nascente.

Não é à toa que sejamos atualmente tão crédulos e desfibrados.

Pax et bonum
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PÁGINAS AMARELADAS PELO ESQUECIMENTO – parte I

Escrevinhação n. 858, redigido em 06 de novembro de 2010, dia de São Leonardo Noblac.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Quem conta um conto, aumenta um ponto. Assim roga o velho dito popular. Dito este, carregado de grande sabedoria por retratar jocosamente uma evidente verdade. Verdade esta que, como todo extrato da realidade, é sumamente desdenhada pelos nossos olhares que se encontram na maioria das vezes embebidos de toda e qualquer vã curiosidade ou, nos casos mais complexos, com a alma envenenada com toda ordem de delírios utópicos e ideológicos que camuflam o entendimento com o engodo advindo do douto desprezo pelo ato de conhecer.

Infelizmente, o ensino das chamadas humanidades está repleto desta impostura. Mas como reconhecer e diagnosticar esse problema? Como identificar essa pústula no centro de nosso ser? Inicialmente, depende da forma como procedemos no ato de conhecer. Como nos ensina Platão, o primeiro no ato do conhecer é o último na realidade do Ser. Trocando por miúdos, o que o grande mestre dos Jardins de Acádemo está nos advertindo é para o fato de que a realidade se apresenta a nossa alma em camadas superpostas. Naturalmente que isso não significa que a primeira camada de nosso entendimento seja um reles engodo, mas sim, que esta é apenas pequena e superficial quando comparada com a inteireza do real.

Infelizmente, na maioria das vezes, quando conhecemos algo novo, ou algo novo sobre um assunto que “conhecemos”, não procuramos avaliar este conhecido pelo seu valor epistêmico, mas sim, pela forma como essa informação se articula com o nosso universo simbólico modelado pelas nossas paixões pessoais, por nossa formatação utópico-ideológica, por nossos interesses (individuais e grupais) e, muitas das vezes, pela nossa futilidade intrínseca (típico da geração do “tô nem aí”).

Naturalmente que essa impostura abunda em nossa sociedade e, conseqüentemente, estas sementes de joio encontram em nossa alma um solo fértil para germinar. Corrigir a sociedade com o maroto dedo acusador seria contraproducente. Todavia, nos corrigir e procurar nos elevar frente essa torpeza que infecta a sociedade com plúmbeos ares é algo que devemos fazer se realmente amamos sinceramente a procura pela verdade e fazemos desta procura o sentido de nossa vida.

Procura pela verdade. Eis aí um ponto interessante para iniciarmos uma caminhada. Quando se fala no VERITATIS SPLENDOR, rapidamente aparece um daqueles engraçadinhos presunçosos, ignorantes de si e de tudo mais, dizendo: “como é possível falar em procura pela verdade se tudo é relativo?” Bem, sem discutirmos a essência flato[lógica] desta consideração, vejamos apenas o porque ela é insana em si mesma. Se o indivíduo não é capaz de constatar a objetividade da Verdade e, conseqüentemente, do ato de conhecer, o que ele procura quando está conhecendo? Somente mais um ponto de vista para futilmente agregar a sua coleção de pontos de vistas sem ponto de referência real?

Naturalmente que este tipo ao ler (ou ouvir) uma consideração como esta irá recorrer ao JUS SPERNIANDI. Tudo bem, mas nós devemos aceitar a sua manifestação como uma expressão da verdade ou como apenas mais um ponto de vista em meio a tantos outros? É claro que todo preclaro relativista crê que o ponto de vista de todos é relativo e que o seu é um decantado estrato da realidade porque ele “superou” as contradições da sociedade e libertou-se dos grilhões da alienação. Ele não declara abertamente isso, por dissimula uma “humildade”, postiça como sua sinceridade, mas afirma tudo o que crê como sendo um dever grave que deve ser cumprido por todo aquele que foi “iluminado” pelo catecismo materialista dialético.

Sem percebermos, muitas das vezes acabamos por agir como fundamentalista. Detalhe: entendamos por fundamentalistas o elemento que se apega a uma idéia, ideologia ou teoria e a torna medida de todas as coisas existentes e da própria existência. Ora, não é assim que agem praticamente todos os nossos auto-proclamados “pensadores críticos” com os seus jargões rotos e cacoetes mentais alucinantes?

Pax et bonum
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PROGRAMA AVE MARIA, 04 de novembro de 2010


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.

COMENTÁRIO RADIOFÔNICO, 04 de novembro de 2010


Comentário proferido no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

OUTRAS PEQUENAS NOTAS E NADA MAIS

Escrevinhação n. 857, redigido em 02 de novembro de 2010, dia de finados.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"O temor de pequenas coisas faz as grandes superstições." (Camilo Castelo Branco)

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Um ensino que nos é ministrado pela Doutrina da Santa Madre Igreja sob a orientação da filosofia de Santo Tomás de Aquino, é que o Cristão deve viver sem medo. Se ampliarmos os átrios de nosso peito, perceberemos que estas palavras encontram-se pulsando vivamente também na tradição helênica. Quando lemos os diálogos Platônicos ou mesmo filósofos latinos como Sêneca e Cícero nos deparamos com apelos similares feitos diretamente a nossa alma. Tocando por dorso (ou qualquer outro miúdo de sua preferência), viver de maneira dignamente humana significa singrar por este vale de lágrimas sem temor.

O temor de Deus é princípio de Sabedoria (IX; 10), sim, como nos ensina o Livro dos Provérbios, porém, devemos ter destemor perante os três inimigos da alma. Entretanto, no Brasil contemporâneo, a regra que se faz geral é justamente o inverso do que foi dito até aqui. De uma maneira ampla e irrestrita, as pessoas (em especial as que se vêem empavonadas com títulos, diplomas e cargos – muitas vezes “inhos”) temem vergonhosamente mais o que as pessoas vão dizer do que o juízo Daquele que É a Verdade (1ª Carta de São João II; 15-17). Tamanha é a inversão dos valores que hoje impera nestas terras abaixo da linha do Equador que qualquer sandice proclamada contra o Espírito de Verdade, em nome do mundo, da carne e das potestades das trevas, é aceita como sendo algo, como diria, “moderado” e, por isso, digno de “respeito”.

Nestes últimos meses tivemos manifestações de inúmeros clérigos da Igreja Católica Apostólica Romana em defesa da vida. Sacerdotes que deram um legítimo testemunho de coragem apostólica falando abertamente contra o aborto, pronunciando-se virilmente em defesa da Vida e da Fé, tal qual ensina a sã doutrina da Igreja. Todavia, para cada alma de ouro, com seu gládio afiado na fidelidade à Nosso Senhor Jesus Cristo, havia e há uma multidão de almas de lata que de maneira insensata e pusilânime preferiram agradar ao mundo que servir a Deus.

Vergonhoso para todos nós, Cristão Católicos, ter havido a necessidade do Santo Padre Bento XVI lembrar aos clérigos temerosos de suas obrigações. E detalhe: para aqueles que leram o discurso do Papa perceberam com grande clareza que cada palavra dita estava fundada naquilo que a Santa Madre Igreja defende já de longa data e que não era o fruto de um reles impulso de ocasião. O Sumo Pontífice lembra-nos em sua preleção do conteúdo da Constituição Pastoral Gaudium et Spes (do Concílio Vaticano II), da Exortação Apostólica Christifideles Laici de João Paulo II, da Encíclica Evangelium vitæ de Paulo VI e, naturalmente, dos ensinos que fazem-se presentes na primeira encíclica de seu Pontificado - Deus caritas est.

Ou seja: Bento XVI apenas estava lembrando os sacerdotes daquilo que todos eles deveriam saber desde antes de sua ordenação. Em 28 de outubro do ano de 2010 da Graça de Nosso Senhor, afirmou o Vigário de Cristo que: “[...] seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural. Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases”.

Dizer a verdade não é calúnia. Porém, calar-se diante da ignomia por medo de ser vexado pelas potestades abjetas é um insulto contra a Verdade. Ser verdadeiro e fiel aos princípios Cristãos não significa agradar ao mundo e ser afável com suas sandices (São João XV; 18-26), mas sim, ser firme em seu sim e profundamente claro em seu não (São Matheus V; 37). Ser reto no agir e não dúbio como o mundo que singra ao toque da marcha das massas, ditado pelo tom dos tiranetes leviatãnicos com seus falsos profetas de plantão que abundam nos dias hodiernos.

Como havíamos dito em nossa missiva anterior, não há em nosso país canais políticos, culturais e midiáticos em que possamos encontrar uma clara e franca postura conservadora, porém, cada um pode e deve perseverar na defesa destes valores e princípios estudando-os e vivendo-os e, deste modo, fortalecendo-se em Espírito e Verdade (São João XIV; 17). É nesta vereda que devemos fiar a nossa ação cívica. Não será através dos partidos rubros e fisiológicos que maculam nossa sociedade e muito menos através de um líder carismático ou de um caudilho aventureiro, mas sim, através de nosso aprimoramento como pessoa, enquanto súditos Daquele que venceu a morte. Assim, com o tempo, nascerão árvores de boa cepa que renderão bons frutos.

Até lá lutemos o bom combate.

Pax et bonum
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COMENTÁRIO RADIOFÔNICO, 03 de novembro de 2010


Comentário proferido no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

PROGRAMA AVE MARIA, 28 de outubro de 2010.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.

COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS DA SEMANA



Comentários proferidos através das ondas da Rádio Cultura AM/FM entre os dias 18 a 22 de outubro de 2010.

Para ouvir os comentários, clique aqui.

PEQUENAS NOTAS E NADA MAIS

Escrevinhação n. 856, redigido em 27 de outubro de 2010, dia de Santo Elesbão e São Frumêncio.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"Certos homens odeiam a verdade, por amor daquilo que eles tomaram por verdadeiro". (Santo Agostinho)

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Muitas lições podem ser aprendidas neste pleito. Dentre elas, a que julgo ser da maior importância é que nesta eleição ficou patentemente claro que o povo brasileiro é profundamente conservador e que, paradoxalmente, não possui nem canais políticos, nem midiáticos e muito menos culturais para expressar os princípios que fundamentam a sua vida, os valores que regem o seu senso de cidadania.

Naturalmente, não devemos entender a palavra conservador no sentido pejorativo que a intelectuária canhota lhe atribui. Para estes, conservador é apenas uma topus (lugar comum) para insultar os seus desafetos, ou seja, todos aqueles que não concordam com suas idéias maravilhosas de um “mundo melhor possível”.

Entendamos por conservador o que Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino e tutti quanti compreendiam. Trocando por miúdos: ser conservador, em princípio, significa compreender que apesar de todas as mutações e degradações que se apresentam no mundo existe na alma humana uma estrutura permanente que deve ser preservada, porque essa é essa nos define.

Todavia, na atmosfera cultural em que estamos inseridos na atualidade, tornou-se praticamente um valor supostamente sacrossanto que a sociedade e bem como a humanidade devem ser transformados em sua essência em algo hipoteticamente melhor mediante, é claro, a concentração de poder nas mãos de um grupo político que vê a si mesmo como sendo portador das mais elevadas qualidades, tal qual nos ensina o filósofo Olavo de Carvalho.

Aliás, como nos ensina o professor Michael Oakesshott, o conservadorismo se baseia, inicialmente, em um senso de “[...] gratidão adequada por aquilo que está à disposição e, consequentemente o reconhecimento por uma dádiva ou uma herança do passado”. E, nossa cultura reinante, ao contrário, nos ínsita a revermos tudo o que nos foi deixado, sem ao menos conhecer o que estará sendo supostamente revisto, justamente porque imagina-se que o nosso tempo é superior a todas as outras épocas vividas pela humanidade e que seria um dever de nossa geração mudar tudo para que tudo fique de acordo com nosso turva imagem e semelhança.

Tal impostura, presente em nossa cultura, é essencialmente gnóstica. O gnóstico, segundo Eric Voegelin, é aquele que vê a realidade como sendo essencialmente ruim. Vendo o mundo com essa visão nebulosa, lhe restaria apenas duas alternativas: a fuga da realidade ou a revolta contra ela. O que é interessante é que para este tipo, todo mundo é ruim, menos ele, é claro. Ama a humanidade, mas é incapaz de ser ao menos gentil para com os seus próximos.

Doravante, Russell Kirk, nos ensina que o conservador “[...] acredita que existe uma ordem moral duradoura. Que a ordem está feita para o homem, e o homem é feito para ela: a natureza humana é uma constante, e as verdades morais são permanentes”. Não é à toa que todo ciclo moderno foi profundamente marcado pela ação de uma intelectuária que tinha por objetivo inverter a percepção desse dado da estrutura da realidade para assim melhor impor a sua (in)compreensão de mundo as pessoas. Ou seja: disseminando a crendice de que os princípios morais não são universais ao mesmo tempo em que se afirma, levianamente, que eles seriam apenas um reles produto cultural, absolutamente relativo, para melhor subverte a ordem moral.

Por isso toda ação política, conforme nos lembra Leo Strauss, está fundamenta em uma compreensão do que seja “o melhor” e “o pior”. Consequentemente, esse pensamento do que seja um e outro, nos leva a um entendimento do que seja o Bem, do que seja uma boa vida, uma boa sociedade. Entretanto, muitas das vezes essa compreensão está em contradição com o que o ser humano é. Esse é o caso de toda doutrina materialista como marxismo e todos os matizes totalitários que crêem poder refazer a natureza humana, melhorar a humanidade sem ao menos parar para refletir que ele enquanto pessoa deveria, antes de cogitar isso, melhorar-se, como nos ensina Confúcio já a longa data.

Bem, é neste sentido que o povo brasileiro é conservador e, para surpresa da intelectuária orgânica rubra, neste pleito, apesar de não ter encontrado um grupo político que sinceramente represente os esses princípios, muitas pessoas encontraram uma bandeira que foi abraçada vivamente que é a luta contra a legalização aborto e a conversão ignóbil disso em “direito humano”.

Porém, é fundamental que não calemos a nossa voz após o dia derradeiro. É imprescindível que procuremos ter claro em nosso íntimo os valores que nos definem como pessoa e defendê-los publicamente, ensiná-los a quem tiver ouvidos, sem medo de sermos rotulados de conservadores, pois, defender a vida é um dos princípios do conservadorismo e, insultar com jargões e cacoetes mentais esvaziados de significado é a própria essência da mentalidade dos indivíduos que se denominam progressistas. E, se o sentido das palavras revela quem nós somos, tais palavras esvaziadas de sentido revelam claramente o que há realmente no íntimo destes boníssimos sujeitos, não é mesmo?

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Obs.: Com grande alegria estamos inaugurando em nosso web site - http://dartagnanzanela.k6.com.br - uma sala virtual de conferência. Nesta segunda-feira a partir das 18h00, teremos a primeira transmissão, ao vivo, de uma breve preleção e, desde já, agradecemos a sua presença.

Pax et bonum
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E DEPOIS O FANÁTICO SOU EU – breves considerações

Escrevinhação n. 855, redigido em 19 de outubro de 2010, dia de São Paulo da Cruz.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“Nada se aprende sem um pouco de trabalho”.
(Sta. Teresa d’Ávila)

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É incrível como as pessoas que menos compreendem as suas próprias razões são as primeiras a lhe chamar de fanático. Incapazes de flagrar-se como sendo os únicos a estar dando uma clara demonstração de obscurantismo secular ideológico em uma efusiva massa ululantemente “crítica” com seus jargões e cacoetes mentais que cansam qualquer ouvinte. Bastou que inúmeros cidadãos, Cristãos Católicos, Cristãos Evangélicos, Espíritas e inúmeras outras tantas almas que se esforçam em reger suas vidas pela régua do bom senso declarar o óbvio para elas se enfurecerem civicamente. Bastou apenas ser lembrado que legalizar a prática do aborto é um absurdo moral, que, mais do que imediato, os patrulheiros ideológicos rubros, sempre de plantão, já começaram a vociferar: “Fanáticos! Inquisidores! Conservadores! Retrogradas! Reacionários! Manipuladores da fé popular!” E por aí verga o andor de dissabores.

Tudo bem, se pessoas como eu são fanáticas, vamos então aos fatos: se volvermos as nossas vistas para as laudas do PNDH – 3, especificamente em suas páginas 91 e 92 encontraremos o seguinte: “Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de saúde. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 12.05.2010).[e...] Recomenda-se ao Poder Legislativo a adequação do Código Penal para a descriminalização do aborto”. Não precisamos lembrar que o Programa Nacional de Direitos Humanos é um documento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Trocando por miúdos: não se está difamando, insultando e muito menos manipulando ninguém, mas apenas apontando um fato que, em meu ver é, ao mesmo tempo, óbvio e de grande relevância.

Como também julgamos ser de grande relevância lembrar que o atual governo se comprometeu junto a ONU, em abril de 2005 a legalizar o aborto nesta terra de Vera Cruz e em agosto do mesmo ano, junto a mesma, a reconhecer o aborto como um Direito Humano da Mulher. Inclua-se aqui o boicote que houve a chamada CPI do aborto que iria investigar as origens do financiamento por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil. Conclusão: bandeiras de longa data como estas não são abandonadas, meu caro Watson, mas apenas arriadas por conveniência e oportunismo que este momento sugere.

Doravante, lembro aqui as falas de algumas vozes oficiosas que afirmavam que esse documento (PNDH – 3) é fruto das discussões ceifadas nos movimentos sociais e que, por isso, representaria a vontade da sociedade. Todavia, perguntamos: em que medida esses ditos movimentos são legítimos representantes da sociedade brasileira? Ora raios, 87% da população brasileira é contra a legalização do aborto. De mais a mais, cabe destacar que muitas das mulheres e homens que praticaram ou foram coniventes com um aborto arrependem-se do feito e se colocam contra isso. Para os defensores do aborto isso seria um sinal de hipocrisia. Para os defensores do bom senso isso se chama arrependimento mediante um exame de consciência. Ah! Mas é claro que para se fazer e compreender o que é isso é preciso ter uma, não é mesmo?

Poderíamos ir para um pouco além dos fatos e refletirmos sobre os valores que estão presentes na defesa da legalização deste “problema de saúde pública”. A questão do aborto não é um reles pomo de discórdia ocasional e eleitoreiro, apesar de muitas almas obtusas apenas ver isso na querela. Temos presente nesta discussão toda uma peia em torno de uma concepção de civilização e de ser humano em jogo. Uma fundada em princípios metafísicos e sacros que compreendem o humano como um ser que transcende o material, tal qual nos ensina a Santa Doutrina Cristã. A outra apresenta-nos uma concepção materialista, utilitarista e hedonista do sentido da vida humana e vislumbra o indivíduo apenas como humano na medida em que possa mundanamente “ser” e nada mais.

Sobre este ponto, sabemos que a querela é muito mais extensa do que o parvo parágrafo que antecede a este. Aliás, a documentação sobre o tema é deveras significativa para ser desdenhada do mesmo modo que o que está em jogo é muito mais sério do que a vitória ou a derrota do candidato “A” ou “B” neste pleito.

Antes de findar, voltemos ao fanatismo. Estas “pessoas maravilhosas”, que acham um absurdo falar-se que o aborto não deve ser legalizado, afirmam sempre defender a liberdade de expressão, porém, sempre ficam espantadas, acachapadas, quando outras pessoas, adversários ou não, tem a ousadia de expressar idéias e ideais diversos dos seus. Que coisa em? Como podem ser assim tão ousados e abusar tanto assim da boa vontade destes indivíduos organicamente iluminados e comprometidos como eles? É, e depois o fanático sou eu.

Por fim, cremos que quem conseguiu descrever esta mentalidade da intelectuária militante coletivista de uma forma absurdamente clara foi o sociólogo Raymond Aron em sua obra clássica “O ópio dos Intelectuais”, o historiador Paul Johnson em seu livro “Os Intelectuais”, o Embaixador J. O. de Meira Penna em “A ideologia do século XX” e os filósofos Albert Camus em seu imperdível “O Homem revoltado” e Olavo de Carvalho em seus memoráveis “O Imbecil Coletivo” e “Da Nova Era à Revolução Cultural – de F. Capra à A. Gramsci”. Mas, para que apresentar essas obras juntamente com os seus autores? Ué, ao contrário do que os iluminados imaginam, as pessoas que não partilham de seus “ideais” estudam e, por incrível que pareça, existe muito mais coisas entre o céu e a terra do que julga a sua vã idolatria materialista.

[um dia desses, continua...]

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