Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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PAREM TODAS AS MÁQUINAS

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Não são os meios de comunicação, seja a grande mídia ou as redes sociais, uma sucursal do inferno não. O inferno está no coração daqueles que fazem uso desses meios e que, por sua deixa, acabam projetando sobre eles tudo o que há no âmago do seu ser. No frigir dos ovos, a TV, os livros, a internet, etc., são simplesmente espelhos que refletem a nossa face porque neles procuramos aquilo que nós somos, dum jeito ou doutro.

(ii)
As redes sociais, em si, não são imbecilizantes não. Elas, por sua natureza, apenas potencializam aquilo que cada um de nós é. Só isso.

(iii)
Ao seu modo, hoje em dia, as redes sociais são a ágora doutros tempos.

Nelas, nas redes sociais, as pessoas se encontram, discursam, palestram, vendem e compram coisas e serviços, contam causos, piadas e, é claro, protestam e xingam de modo similar ao que era feito nas antigas ágoras.

E, da mesma forma que nas praças de antanho, alguns recebem a atenção de multidões sem fim e, outros tantos, acabam falando apenas para meia dúzia de gatos pingados e, outros, terminam o dia falando sozinhos.

Obviamente que as dimensões dessa praça pós-moderna são bem mais amplas, porém, os indivíduos que nela circulam, de um modo geral, não são tão diferentes daqueles que fervilhavam entorno do velho coro onde a bandinha tocava.

Agora, o que cada um procura encontrar nas redes sociais (ou nas antigas praças), varia de um indivíduo para outro. Variação essa que, de indivíduo para indivíduo, vai da água para o vinho; em alguns casos, da água ao chorume.

(iv)
Muitos de nossos parlamentares – quero crer que existam nobres exceções – não desejam apenas as regalias fiduciárias das quais eles gozam em misto com tal imunidade parlamentar. Muitas desses – não todas, quero crer firmemente nisso – desejam também ser blindados contra qualquer crítica e enxovalho que seja dirigido as suas excelsas pessoinhas.

Para tais criaturinhas, tal exigência seria uma garantia fundamental para a preservação daquilo que eles entendem como sendo as tais instituições democráticas. E de fato são sim, porém, ao velho estilo orwelliano onde uns [eles mesmos] são mais iguais que todos os outros.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, N. 127

Ocas e vazias são as bolhas de sabão
Feitas em nome de uma paz hipotética
Proclamada por um e outro coração
Que crê de maneira vã e patética
Que essa ação politicamente correta
Irá proteger os cidadãos da violência
E do cinismo da intocável delinquência.

QUASE POESIA, N. 126

Quando amigos não se entendem
Queira-se ou não, as crises vão aflorar.
Se inimigos não são capazes de dialogar
O terror da guerra torna-se eminente.

QUASE POESIA, N. 125

Os mitos surgem silentes
Para tornarem dizíveis
As mais inconvenientes
Verdades invisíveis.

MATUTAS À BEIRA DO FOGÃO A LENHA

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Quanto mais uma palavra é evocada, mais o objeto a qual ela se refere encontra-se morto ou, no mínimo, inexistente no horizonte moral daquele que a utiliza.

(ii)
A razão, pobre coitada, pra poder viver é obrigada a estar sempre exprimida nos limites da realidade para poder ponderar de acordo com a sua natureza que é a razoabilidade.

Já a estupidez, por sua deixa, também é uma infeliz, haja vista que ela opera na vastidão ilimitada da insensatez emitindo observações na medida de sua índole: a insanidade que anseia em ser como a tal da razão.

(iii)
A idiotia ideologizada sonha em ser vista como sendo a voz da razão sem, necessariamente, fazer o menor esforço para tornar-se minimamente razoável.

A razão, por sua deixa, teme terminar seus dias na alcova da idiotia, porque sabe que a fronteira que a separa dessa triste possibilidade é por demais estreita e fácil de ser ultrapassada.

(iv)
Não especulemos sobre os fatos que desconhecemos. Isso é masturbação mental com ejaculação precoce da pior espécie. Procuremos, primeiro, conhecer os fatos desnudos - sem as vestimentas que impomos muitas vezes com os nossos olhares - e, após isso, tentemos articulá-los com outros fatos sem levantar conjecturas delirantes. Doravante, após a realização do rastreamento das conecções e articulações possíveis entre os mais variados fatos, podemos ter certeza de que - se estivermos realmente dispostos a compreender o que está acontecendo - a realidade se desvelará aos nossos olhos sem a necessidade de invencionices ideologicamente desorientadas e pretensamente críticas.

(v)
O razoável, por definição, tem limites. Agora, a imbecilidade, por sua natureza, os ignora e, por isso, é um saco.

(vi)
Quando alguém diz que pensa e avalia os fatos com isenção e criticidade é porque o limite de seu horizonte de compreensão é do tamanho duma tacanha visão infantil turvada pelo veneno gregário duma ideologia imbecilizante.

(vii)
É bom entendermos que não é a realidade que tem de caber dentro da guaiaca dos nossos desejos, mas sim, que são os nossos desejos que devem ser situados nos limites da realidade.

Não entender essa obviedade é a mais pura e egolátrica infantilidade. Infantilidade que, em muitos casos, torna-se destrutiva na mesma medida em que se amplia a nossa indisposição para compreender que a realidade não está aí para atender todos os nossos caprichos, sejam eles graúdos ou miúdos.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, n. 123

Toda vez que no sanitário
Dispomo-nos a sentar
Para sossegadamente obrar
É-nos sutilmente revelado,
Se pra pensar paramos,
A mais profunda verdade
Sobre a real face
De nossa humanidade.

QUASE POESIA, n. 122

O rumo do destino
Não é por Deus feito.
Ele é fruto exclusivo
Dos rumos que elejo.

PONTO POR PONTO

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Chesterton, com o seu jeitão de sempre, numa certa passagem duma de suas obras, chamou a atenção de seus leitores para uma obviedade que ululantemente é ignorada por cada um de nós na sociedade contemporânea; obviedade a qual seria a seguinte: a Santa Madre Igreja proíbe tudo, praticamente tudo, porém, por sua deixa, perdoa tudo também. O mundo, com todos os seus encantos e tentações, permite tudo, tudinho – essa é a sua lei; entretanto, ele não perdoa nada, nadinha. Se compreendermos isso, iremos aprender o que é o amor que nos foi ensinado no alto do madeiro da santa cruz.

(ii)
Aquele que não sabe ser razoavelmente competente naquilo que é certo, dificilmente fará a diferença na execução daquilo que é duvidoso porque, por incrível que possa parecer, tudo aquilo que é errado, para ser bem feito, exige muito mais preparo do que é exigido na realização daquilo que é correto.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, n. 121

Na história existem
Os tais crimes perfeitos
Na sua execução
E proposição
Como também existem
Os que são mui ridículos
Em sua proposição
E execução.

UMA QUESTÃO DE LEGÍTIMA BLOGICIDADE

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Na atual conjuntura política, que vislumbra uma eventual eleição indireta para presidento (ou presidenta), se a mim pedissem para indicar um candidato a mais elevada cadeira dessa república das bananeiras, com certeza iria sugerir, sem pestanejar, o nome do meu cachorro mais velho, o Percy. Ele é um cabra bão, de confiança e tem uma larga experiência em morder tudo o que não presta. É isso! Está aí meu candidato: Percy! Um presidento que é o cão.

(ii)
Para salvar uma alma perdida, imersa nas trevas de si e do mundo – sombras plúmbeas que são orquestradas pelo inimigo - basta a luz de uma vela, o sussurro de uma prece feita com reta e sincera intenção para que o corações transviado entregue-se nas mãos Daquele que bem nos conhece e que, por isso mesmo, nos ama e quer nos salvar de nós mesmos, de nossas fraquezas e de nossa fácil inclinação para o desespero.

(iii)
Defender o senhor Lula da Silva, motivado por confessas convicções ideológicas que sua imagem representa – mesmo que essas convicções sejam equivocadas do princípio ao fim – é um direito que assiste a todo aquele que assim procede. Agora, ficar repetindo mecanicamente um punhado de palavras de ordem para defender o excelentíssimo senhor sem vergonha achando que isso é sinônimo de elevada inteligência e distinta postura ética - dizendo que não há nada provado contra ele e blábláblá - pode até ser um direito daqueles que agem assim, entretanto, é o cúmulo da sonsice engajada advinda duma militância demente ou duma simpatia ideológica inconsequente. Só isso e olhe lá.

(iv)
Só para constar: aquele que disse que a responsável por tudo seria sua excelentíssima senhora falecida é o mesmo que fez do velório da referida um vil palanque político - em misto com declarações auto lisonjeiras e comiserações egolátricas. E tem mais! Esse sujeito é o senhor que declarou em alto e bom som que não há no Brasil uma viva alma mais honesta que ele; é o mesmíssimo camarada que, certa feita, em Roma, após comungar sem se confessar, afirmou que fez isso porque não tinha pecado algum. Ecce homo. Esse é o homem idolatrado pela rubra multidão.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, n. 120

Todos aqueles que ficam bravinhos
Com esses simplórios versinhos
Deveriam tomar naquele lugarzinho
Sem demora e bem sozinhos.

QUASE POESIA, n. 119

Frente a essa república decaída
Sou um confesso anarquista
Com um coração monarquista.

GORJEANDO COM OS PÁSSAROS NA PRAÇA

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Uma coisa que todos nós deveríamos fazer - principalmente aquelas alminhas que acreditam ter uma solução mágica e burocrática para todas as pendengas humanas - seria organizar para sua própria vida uma hierarquia de prioridades de curto e longo prazo.

Isso mesmo! Todos nós - uns mais, outros menos - cultivamos o hábito nada salutar de dizer o que deveria ser colocado em primeiro lugar na escala das prioridades da humanidade, dos governos, das religiões, de tudo e de todos, porém, se perguntarmos a nós mesmos quais são as nossas prioridades é bem possível que não saberíamos responder de modo adequado.

Na verdade, na maioria dos casos, o quadro seria um pouco pior. Ao invés de respondermos sinceramente que nunca paramos pra pensar e efetivar uma hierarquia desse tipo em nossa vida; preferimos mentir, descaradamente, para nosso interlocutor, e para nós mesmos, dizendo que temos uma muito bem elaborada.

Sim, verdade seja dita: há aqueles que sinceramente apresentam uma e outra prioridade em sua vida, mas essas são tão rasteiras e imediatistas quando despropositadas que não mereceriam nem mesmo ser consideradas. Em muitos casos chegam mesmo a ser indignas de contarem como prioridades duma vida minimamente civilizada.

Aliás, como confundimos levianamente prioridades de curto prazo com as de longo prazo e, por essa razão, sem querer querendo, acabamos por avaliar o sentido de nossa vida pelo prazer efêmero dum momento.

Aquele tipo de atitude dissimulada, juntamente com essa total inexistência de uma intenção que tenha em vista razões de longo prazo e ambas em misto com a incapacidade de elegermos elementos dignos de serem colocados em primeiro plano na nossa existência, são, bem provavelmente, alguns dos grandes males que nos fazem padecer enquanto sociedade. Uma sociedade que almeja a grandeza sem nunca estabelecer seriamente o que deve ser colocado em primeiro lugar para realizarmos isso, seja em nossa vida, seja em sociedade, seja onde for.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, n. 118

Putrefaz e insepulta
Está nossa República.
Enferma em estado grave
Está toda a brasilidade.

QUASE POESIA, n. 117

Queria ver toda a militontada sem noção 
Que tem seus quadrilheiros de estimação
Berrarem com a mesmíssima empolgação
Contra os seus bandoleiros do coração.

QUASE POESIA, n. 116

O PT, PMDB, PSDB
E todos os demais “P’s”
Deveria ir para a PQP
Pro Brasil sobreviver.

JARDIM DAS AFLIÇÕES – O FILME

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

O cineasta pernambucano Josias Teófilo produziu um filme que está dando o que falar no submundo político e cultural brazuca.

Todo o estardalhaço se deve ao fato de que, em partes, sua obra é sobre o filósofo Olavo de Carvalho e, em partes, porque o filme versa sobre um capítulo do livro que dá nome a película da discórdia que, por sua deixa, também é da autoria do referido professor.

O livro em questão - O Jardim das Aflições - é uma obra prima que merece ser lido e estudado com muitíssima atenção. Tongo de quem fizer beicinho ideológico e não lê-lo.

Quando ao filme, confesso: estou ansiosíssimo para assisti-lo. Não apenas por ser sobre esse livro que a muito estudei, nem tão só por ter como personagem central o professor Olavo com quem tanto aprendi (e com quem até hoje aprendo muito). Mas porque a censura velada, o boicote canalha e vilania insidiosa que está sendo promovida pela esquerdalha de todas as estirpes contra o filme - que eles não viram - é de tal tamanho que apenas confirma que o filme deve ser do carvalho.

Parênteses: é assim que funciona o senso de liberdade de expressão dessa gente com duas mãos canhotas que se diz tão tolerante quanto democrática. Fecha parênteses.

E, bem provavelmente, muitíssimas pessoas devem estar matutando mais ou menos assim: se esses jacus ideologicamente pervertidos estão cuspindo e desmerecendo o referido filme isso é, com toda certeza, um indicativo de que ele deve ser muito bom, pois, como dizem os roceiros, quando certas pessoas nos insultam isso é um baita elogio.

Enfim, seja como for, que a canalhada continue a insultar, boicotar e a se borrar com o filme “O Jardim das Aflições” porque isso, vindo de gente desse naipe, é a maior consagração, o maior prêmio que o talento pode receber duma ignara massa de medíocres presunçosos.

Obs.: 30 de maio, tanto Josias Teófilo quanto Olavo de Carvalho estarão no The Noite para serem entrevistados por Danilo Gentili. Isso mesmo! 30 de maio.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, N. 115

A demonstração viva do que é o amor divino
É a figura de uma mãe que dedica-se com afinco
Para criar do melhor modo possível os seus filhos
Mesmo que eles, um dia, não se lembrem mais disso,
Do quão grande foram os amorosos sacrifícios
Feitos por ela, por nossa vida, desde o início.

QUASE POESIA, N. 114

Conversão, penitência e oração
São as bases da mensagem de Fátima
Que devem ser prontamente cultivadas
Em nosso impenitente coração
Com gemidos e lágrimas
Sinceras de arrependimento
E devoção.

QUASE POESIA, N. 113

Três crianças portuguesas que pastoreavam
Brincavam e com inocência aos céus rezavam
Receberam diretamente da Virgem Santíssima
A missão de comunicar uma mensagem salvífica.

HAVIAM ALGUMAS PEDRAS NO CAMINHO

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
A vaidade da ignorância presunçosa é algo que, literalmente, não tem fronteiras e vai muito, muito além do ridículo imaginável.

(ii)
Educação não é - ou pelo menos não deveria ser - a reafirmação de estereótipos ideologizados que são repetidos diuturnamente pela mídia e endossados pelas potestades estatais.

(iii)
Onde não existe a confiança na presença luminosa da verdade divina não há educação. Num ambiente assim, o que impera é a deturpação da inteligência e deformação do caráter.

(iv)
O conhecimento da divina verdade é a pedra angular dos umbrais da educação. Quando a rejeitamos e a substituímos por qualquer tranqueira ideológica, é só uma questão de tempo para que todo o edifício da educação, e bem como de toda a sociedade, venha a desmoronar.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, N. 112

Faz cem anos que em Fátima,
Portugal, nossa Senhora apareceu
A três crianças que pastoreavam
Advertindo-nos para repararmos
As nossas ofensas, pecados e faltas
Graciosamente cometidas contra Deus
Nesse sangrento e cínico século ateu.

COM AS FLECHAS NA ALJAVA

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Uma convicção ideológica prematuramente assumida em tenra idade como sendo uma verdade etérea, que paira acima da gravidade dos fatos, é um veneno gregário violentíssimo, capaz de tornar até mesmo a alma mais gentil numa figura moralmente disforme e intelectualmente obtusa.

(ii)
Uma das coisas mais escandalosas de nossa época é o fato de vermos inúmeras pessoas externando, através dos mais variados meios, as mais desbaratadas opiniões sem ter ao menos lido um único livro sequer sobre o assunto. E o pior nisso tudo é que essas almas perturbadas ainda creem que todos aqueles que não estão de acordo com elas são alienados. Que dó.

Enfim, são essas mesmíssimas pessoas que se intitulam portadores da tal “consciência crítica” que rotulam os discordantes com os mais variados rótulos difamantes como... bem, melhor deixar esse ponto de lado, porque aí a lista iria longe e, como todos sabem, tais rótulos não tem nenhum significado que valha algo, que vá além da manifestação de um beicinho revolucionário mimado.

(iii)
Quanto menos referências uma pessoinha tem, mais convicta ela é de que suas sandices são dignas de apresso, apesar dela, com sua ignorância voluntária, não nutrir o menor amor e respeito pelo conhecimento daquilo que ela diz tanto amar.

(iv)
Quando mais ignorante for um sujeito, mais presunçoso o seu coração é. Quanto mais ideologicamente deformado for o presunçoso coração, mais petulante e ressentido é o fingimento manifesto pelo sujeito ignorante.

(v)
Evidência que, mais de uma vez, tristemente constatei: quanto mais convicta uma pessoa é de que os estereótipos e cacoetes mentais são uma expressão cristalina da verdade, menos contato essa criatura infeliz tem com a realidade e, é mais que provável, que ela nunca tenha lido nada, nem um livro sequer, sobre as sandices ideológicas que ela, uma pobre alma desorientada, tão convictamente defende.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, N. 111

Lula foi pra Curitiba responder
Como réu inconfesso que é
As questões que fazem todos ver
A sua vexaminosa má fé.

QUASE POESIA, N. 110

As nuvens negras se aproximam
Sem pedir licença ao azul celeste
Para derramar-se sobre a menina
Molhando suavemente suas vestes.

UM DIA DEPOIS DO OUTRO

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Fim de semana tem cheiro de cozinha inundada com os mais deliciosos sabores e com as flagrâncias mais saborosas que se misturam e se fundem com a presença dos amigos e da família; são dias que tem gosto de saudade daqueles que não mais estão próximos de nós com sua contagiante alegria.

Fim de semana são dias pios para nos recolhermos e nos mantermos sob o abrigo da graça divina colocando-nos em oração e em abençoada vigília; esses são dias em que nos recolhemos longe da presença infecta do mundo para renovar nossas forças junto ao calor santificante da família que permanece unida.

(ii)
Nada é mais humilhante que fundar a personalidade - que construir o nosso caráter - sob o fundamento rasteiro e sujo de nossos desejos e paixões carnais – pouco importando quais sejam eles.

No fundo, uma pessoa que assim procede, acaba reduzindo a sua vida a uma caricatura grosseira de si mesma feita com o que há de mais degradante e vil em seu ser.

De mais a mais, como é sabido por todos, ninguém irá impedir alguém de expor-se a um vexame existencial dessa monta. Ninguém mesmo.

Porém, todavia e, entretanto, não queira ser tratado com deferência por escolher esse caminho, pois, exigir isso, apenas aumenta mais ainda o ridículo dessa desorientação.

(iii)
O respeito não se conquista com estardalhaço, nem com fervo, muito menos com escândalo. Somente crianças mimadíssimas agem assim e acham bonito ser feinho.

Numa situação que não seja de anomia, a única coisa que disparates desse gênero conseguem ganhar é umas boas palmadas na bundinha. Só isso.

Todavia, na sociedade doentia em que vivemos, dar chilique infantil, em idade adulta ou pueril, é visto pelos fantoches ideologicamente desorientados, que se apresentam como a classe bem pensante de nosso triste país, como sendo uma manifestação cristalina da tal criticidade e desse trem fuçado que eles chamam pela alcunha de cidadania.

Enfim, seja como for, pouco importa o nome que se dê a esses espetáculos de fingimento e futilidade que vez por outra tomam as primeiras páginas dos órgãos de nossas fake news, porque, qualquer um que tenha um mínimo de bom senso, sabe muito bem que desejo não é direito e que expressá-lo escandalosa e histericamente não é cidadania nem aqui, nem na casa do chapéu.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, N. 109

Governar nossa vontade e desejos
É o que devemos na vida aprender
Para saber dizer não a nós mesmos

E no caminho da Verdade crescer.

QUASE POESIA, N. 108

Todo aquele que não sabe contrariar-se
Não compreende o que significa sacrificar-se
Nem entende o valor da responsabilidade

Na luta pela conquista da liberdade.


POR MARES NUNCA ANTES NAVEGADOS

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Quando as almas se encontram carcomidas pelo rancor e pela cobiça, qualquer forma de competição, mesmo que com o intuito de irmanar os participantes, acaba, sem querer querendo, semeando a cizânia.

Agora, se essa disputa é orquestrada, desde o princípio, com a finalidade de fomentar a discórdia, pra dividir mais e mais as pessoas que já se encontram apartadas, à possibilidade de que o tiro acabe saindo pela culatra. A possibilidade é pequena, mas existe.

(ii)
Toda pessoa que diz ser portadora do tal pensamento crítico, em regra cultiva uma visão monolítica sobre a realidade. Normalmente é uma perspectiva que tem uma alta dose de veneno ideológico e de sentimentalismo tóxico e, por essa razão, sua forma de encarar a vida é puerilmente limitada, incapaz de levar em consideração a complexidade de qualquer coisa, mesmo que o carniça esteja sempre com a tal “complexidade” na boca.

(iii)
Para a galerinha esquerdopática, apenas são dignos de respeito aqueles que são militantes de sua causa doentia ou simpáticos a ela.

Não? Então vejamos: o que essa camarilha ideologicamente perturbada diz sobre os sofrimentos impingidos pelo governo venezuelano ao seu povo? O que mesmo? Pois é.

O que as alminhas ditas progressistas dizem a respeito dos inocentes que são mortos por terem cometido o hediondo “crime de consciência” de oporem-se as barbáries do biltre herdeiro do totalitarismo chavista? O que mesmo? Pois é.

Enfim, por essas e muitas outras razões que essa turma, vermelhinha até o último fio de cabelo - vermelhinhos declarados, enrustidos ou dissimulados - tem uma noção extremamente seletiva e canalha do que seja o sofrimento e, obviamente, do que seja a tal da dignidade humana. Basta ouvi-los para constatar essa obviedade ululante.

Simplificando: para essa gente, tudo necessariamente passa pelo crivo de suas crendices ideológicas. Tudo. Inclusive o direito de existir.

(iv)
Essa galerinha que fala, fala, fala - e como fala - a respeito dos tais direitos humanos e dos manos... Essa turminha fica “P” da vida quando alguém emite uma e outra opinião politicamente incorreta e, mais "P" ainda quando alguém usa uma e outra palavra que o “ministério da verdade” orwelliano proíbe. Porém, quando salta a vista de todos os absurdos cometidos pelo governo venezuelano contra o povo da Venezuela, eles ficam silentes.



(*) Professor, cronista e bebedor de café.

QUASE POESIA, N. 106

Saber como dar ordens é uma arte
Que deve ser devidamente aprendida
Para bem zelar do caminho da Verdade
Que educa os infantes para a vida.

UM, DOIS, TRÊS...

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Essa conversa furada de querer mudar o mundo, de desejar construir o tal do mundo melhor possível, de lavorar pela realização de uma utopia e blábláblá, no fundo, bem no fundo, tudo isso é apenas um amargo fruto de uma tremenda falta de vergonha na cara e de achar algo útil, bom e digno que fazer. Só isso e olhe lá.

(ii)
Um dos fatores que mais nos leva a cometer equívocos é a crença pueril de que somos imunes a qualquer tentativa de nos influenciar e de nos ludibriar; a fantasia tonta de que somos mui espertos e que ninguém poderá dar um migué em nós.

Não é preciso dizer que em nosso país sobram pessoas – muitas delas bem intencionadas – que alimentam esse tipo de tolice. Soberba tolice.

Também não é à toa que os sem vergonha de todos os naipes políticos e dos mais variados estratos sociais fazem a festa às nossas custas e tripudiam, e com razão, em nossas paletas ao nos verem, muitas vezes, manifestando aquela indignação [depre]cívica contra eles quando, por desconhecimento voluntário dos fatos, estamos realizando justamente o que os carniças querem que façamos por eles imaginando que estamos lutando contra os caiporas.

Resumindo o entrevero: enquanto o cidatonto indignado, mesmo que seja por justos motivos, age por impulso, os senhores do carteado maquinam todas as jogadas possíveis, inclusive aquela que imaginamos estar fazendo autonomamente, por nossa conta e risco.

Se você nunca parou pra pensar nisso, está mais do que na hora de levar essa possibilidade em consideração para não ser mais feito de otário com tanta frequência.

(iii)
Tenha certa cautela com aquilo que julga saber com uma irrevogável certeza porque, na maioria dos casos em que imaginamos estar plenamente cônscios sobre algo, acabamos vergonhosa e tardiamente descobrindo que estávamos redondamente enganados sobre o dito cujo.

Para tanto, pergunte-se, sobre qualquer coisa que julgue conhecer com uma razoável certeza se isso, que você afirma saber tão bem, você o sabe enquanto uma possibilidade, como algo verossímil, como sendo uma probabilidade ou por ser uma indubitável certeza razoável.

Se não conseguir fazer isso é porque, penso eu, seria preciso, urgentemente, rever o seu ponto de vista sobre esse algo. Agora, se não conseguirmos nem mesmo compreender a razão dessa simplória indagação é porque o enrosco é muito mais sério do que você é capaz de imaginar. Bem mais sério mesmo.

(iv)
A grande batalha da modernidade, do homem moderno, é de natureza espiritual. E essa peleja começa pela defesa do silêncio. Sem ele, sem o nosso abençoado ambiente silente interior, tudo o mais tornasse apenas agitação vazia em misto com um punhado de impressionismos sentimentais ocos.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.