Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
Não são os meios de comunicação,
seja a grande mídia ou as redes sociais, uma sucursal do inferno não. O inferno
está no coração daqueles que fazem uso desses meios e que, por sua deixa, acabam
projetando sobre eles tudo o que há no âmago do seu ser. No frigir dos ovos, a
TV, os livros, a internet, etc., são simplesmente espelhos que refletem a nossa
face porque neles procuramos aquilo que nós somos, dum jeito ou doutro.
(ii)
As redes sociais, em si, não são
imbecilizantes não. Elas, por sua natureza, apenas potencializam aquilo que
cada um de nós é. Só isso.
(iii)
Ao seu modo, hoje em dia, as redes
sociais são a ágora doutros tempos.
Nelas, nas redes sociais, as
pessoas se encontram, discursam, palestram, vendem e compram coisas e serviços,
contam causos, piadas e, é claro, protestam e xingam de modo similar ao que era
feito nas antigas ágoras.
E, da mesma forma que nas praças de
antanho, alguns recebem a atenção de multidões sem fim e, outros tantos, acabam
falando apenas para meia dúzia de gatos pingados e, outros, terminam o dia
falando sozinhos.
Obviamente que as dimensões dessa
praça pós-moderna são bem mais amplas, porém, os indivíduos que nela circulam,
de um modo geral, não são tão diferentes daqueles que fervilhavam entorno do
velho coro onde a bandinha tocava.
Agora, o que cada um procura
encontrar nas redes sociais (ou nas antigas praças), varia de um indivíduo para
outro. Variação essa que, de indivíduo para indivíduo, vai da água para o
vinho; em alguns casos, da água ao chorume.
(iv)
Muitos de nossos parlamentares –
quero crer que existam nobres exceções – não desejam apenas as regalias
fiduciárias das quais eles gozam em misto com tal imunidade parlamentar. Muitas
desses – não todas, quero crer firmemente nisso – desejam também ser blindados
contra qualquer crítica e enxovalho que seja dirigido as suas excelsas
pessoinhas.
Para tais criaturinhas, tal
exigência seria uma garantia fundamental para a preservação daquilo que eles
entendem como sendo as tais instituições democráticas. E de fato são sim,
porém, ao velho estilo orwelliano onde uns [eles mesmos] são mais iguais que todos
os outros.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.