Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
(i)
Uma convicção ideológica
prematuramente assumida em tenra idade como sendo uma verdade etérea, que paira
acima da gravidade dos fatos, é um veneno gregário violentíssimo, capaz de
tornar até mesmo a alma mais gentil numa figura moralmente disforme e
intelectualmente obtusa.
(ii)
Uma das coisas mais escandalosas de
nossa época é o fato de vermos inúmeras pessoas externando, através dos mais
variados meios, as mais desbaratadas opiniões sem ter ao menos lido um único
livro sequer sobre o assunto. E o pior nisso tudo é que essas almas perturbadas
ainda creem que todos aqueles que não estão de acordo com elas são alienados.
Que dó.
Enfim, são essas mesmíssimas
pessoas que se intitulam portadores da tal “consciência crítica” que rotulam os
discordantes com os mais variados rótulos difamantes como... bem, melhor deixar
esse ponto de lado, porque aí a lista iria longe e, como todos sabem, tais
rótulos não tem nenhum significado que valha algo, que vá além da manifestação
de um beicinho revolucionário mimado.
(iii)
Quanto menos referências uma
pessoinha tem, mais convicta ela é de que suas sandices são dignas de apresso,
apesar dela, com sua ignorância voluntária, não nutrir o menor amor e respeito
pelo conhecimento daquilo que ela diz tanto amar.
(iv)
Quando mais ignorante for um
sujeito, mais presunçoso o seu coração é. Quanto mais ideologicamente deformado
for o presunçoso coração, mais petulante e ressentido é o fingimento manifesto
pelo sujeito ignorante.
(v)
Evidência que, mais de uma vez,
tristemente constatei: quanto mais convicta uma pessoa é de que os estereótipos
e cacoetes mentais são uma expressão cristalina da verdade, menos contato essa
criatura infeliz tem com a realidade e, é mais que provável, que ela nunca
tenha lido nada, nem um livro sequer, sobre as sandices ideológicas que ela,
uma pobre alma desorientada, tão convictamente defende.
(*) Professor, cronista e
bebedor de café.
Nenhum comentário:
Postar um comentário