Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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As parábolas do tesouro e da pérola

Por São João Crisóstomo

As duas parábolas do tesouro e da pérola ensinam a mesma coisa: que temos de preferir o Evangelho a todos os tesouros do mundo. […] Mas há uma situação ainda mais meritória: preferi-lo com gosto, com alegria e sem hesitação. Jamais podemos esquecer-nos de que ganhamos mais do que perdemos ao renunciar a tudo para seguir a Deus. O anúncio do Evangelho está oculto neste mundo como um tesouro escondido, um tesouro inestimável. 

Para procurar esse tesouro […], são necessárias duas condições: a renúncia aos bens do mundo e uma sólida coragem. Efectivamente, trata-se «de um negociante que busca boas pérolas. Tendo encontrado uma pérola de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola». Essa pérola única é a verdade, e a verdade é una, não se divide. Possuis uma pérola? Tu conheces a tua riqueza; mas, se a tens fechada na concha da mão, o mundo ignora a tua fortuna. Acontece o mesmo com o Evangelho. Se o abraças com fé, e o manténs fechado no coração, que tesouro! Mas só tu o conhecerás: os não crentes, que ignoram a sua natureza e o seu valor, não fazem ideia da incomparável riqueza que tu possuis.

SOBRE A MARCHA DA ESTUPIDEZ

Contaminação de ar, terra e água atingiu níveis históricos na China


Na China, o nível da contaminação do ar, das terras e das águas atingiu níveis jamais vistos na história e começa a ficar intolerável para seus 1.300 milhões de habitantes, escreveu o jornal“Clarín”, de Buenos Aires.

Para o jornal, não há dúvida de que a causa são os brutais métodos de desenvolvimento econômico socialista das três últimas décadas.

O Partido Comunista Chinês (PCCh) ganhou riqueza e poder na esfera internacional, mas estragou as próprias bases desse avanço e hoje ameaça ruir de um modo sem igual na história.

Estudos independentes afirmam que até 70% das terras chinesas estariam seriamente contaminadas. Camponeses e populares estão se revoltando com uma crescente frequência e intensidade.

Nas cidades deste país, no qual é proibido fazer manifestação, multiplicam-se os protestos de rua. Simultaneamente, milhares de denúncias públicas através das redes sociais apavoram o governo.

Os chineses optaram por contestar a perversa autoridade que os oprime.

Em Dalian, no leste do país, um protesto multitudinário bloqueou a ampliação de uma petroquímica da cidade, e o sucesso da manifestação passou a ser imitado em outras regiões.

Sem coragem de enfrentá-los, Pequim tenta ludibriar os descontentes. Segundo anunciou recentemente o Ministério de Terras e Recursos, será feito um estudo em grande escala em todo o território para conhecer o nível de contaminação do solo.

Serão colhidas amostras em diversas profundidades, a fim de investigar as condições do local e o impacto da atividade humana. O Ministério de Terras diz que não se sabe quando se conhecerão os resultados, porque a contaminação do solo é “segredo de Estado”.

O anúncio soou como mais uma tentativa de empurrar para as calendas gregas qualquer solução. Enquanto isso, a população se intoxica respirando, bebendo, comendo ou tomando banho.

O Ministério de Meio Ambiente diz que as terras em uso estão contaminadas com metais pesados e pesticidas proibidos nos anos 80. Zhuang Guotai, responsável pelo trabalho, disse que tudo isso é devido à descontrolada Reforma Agrária chinesa.

O socialismo no campo quis duplicar a produção de grãos em 30 anos com seus métodos confiscatórios e dirigistas e agora apela ao Brasil e à Argentina para alimentar a população.

Entrementes, continúa mantendo a periclitante estrutura econômica marxista, que por todo lado se mostra prestes a desabar.

O escândalo, diz Clarin, é tão agudo que o governo socialista escolheu falsificar os dados oficiais e silenciar os resultados dos laudos de contaminação ambiental.

Ninguém conhece os resultados do primeiro estudo nacional de contaminação do solo, iniciado em 2006.

Os acadêmicos que participaram dele narraram que o governo apagou os dados colhidos desde o início.

A contaminação do solo é a maior ameaça à saúde da população chinesa. Ela intoxica toda a cadeia alimentar pelo uso indiscriminado de pesticidas e fertilizantes, carregados de elementos tóxicos como chumbo, arsênico ou cadmio.

Em Cantão (hoje Guangzhou, capital da província de Guangdong), no sul do país, até 44% das amostras de arroz revelaram níveis muito elevados de cadmio.

Esses elementos que viram venenos nos alimentos são responsáveis pelo notável aumento, nas cidades, de crianças nascidas com defeitos genéticos e casos prematuros de câncer.

ENTRE O TOLERÁVEL E O INTOLERÁVEL

Escrevinhação n. 1027, redigida no dia 30 de julho de 2013, dia de São João Crisólogo.

Por Dartagnan da Silva Zanela


A grandeza e a miséria humana são demonstradas através de gestos. Uma imagem que bem representa a grandeza foi o encontro do Bem-aventurado Papa João Paulo II com Mehmet Ali Agca. Encontro esse onde Wojtyla perdoou o atirador que atentou contra sua vida. Passaram-se os anos e o Papa faleceu e tivemos outro gesto de grandeza: aquele que um dia tentou matar o João Peregrino lá se fez presente para render suas últimas homenagens àquele que lhe mostrou o Caminho, a Verdade e a Vida. A grandeza do perdão e a de aceitá-lo, a de evangelizar e a de converter-se e todas, juntas, regadas com o vinho da humildade que lava as feridas da soberba.

Mas, o que podemos dizer a respeito da miséria humana? Temos inúmeros exemplos que nos são apresentados, e muitos outros que são dados por nós mesmos, porém, não temos como não arregalar as vistas para os atentados das vadias (aquelas que marcham) que foram perpetrados no Rio de Janeiro neste fim de semana junto à Jornada Mundial da Juventude.

Vimos a destruição grotesca de imagens da Virgem Santíssima e de crucifixos, o uso de ícones sacros como tapa-sexo, camisinhas vestindo santas e, a campeã de todas: a simulação de uma masturbação com a imagem de Nossa Senhora de Belém. Eis aí um exemplo do quão miserável, mesquinho, brutal e demoníaco um ser humano é capaz de ser. Estes, meus caros, são os tolerantes de nosso país que exigem tolerância e respeito de todos, são os campeões da luta pelos direitos. São aqueles que declaram, cinicamente, desejar manter um diálogo aberto e respeitoso com os Cristãos para discutir a possibilidade de oficializar seus delírios.

Atos como esse são uma clara demonstração do que o sociólogo italiano Massimo Introvigne chamou de cristofobia. Este caso deve, penso eu, levar todos os cristãos a prestarem muito mais atenção as demonstrações sutis e dissimuladas de anti-cristianismo que estão presentes entre nós. De mais a mais, mutilar a imagem da Mãe de Deus de modo algum contribui para a preservação de nossas cambaleantes instituições democráticas.

Sei que os cínicos de plantão irão esfregar na minha cara o tal Estado Laico e toda aquela patacoada que lhes é tão peculiar. Bem, sejamos pontuais: (i) Estado laico não é Estado ateu, nem marxista e muito menos manicomial; (ii) um Estado democrático representa os interesses e os valores da sociedade e não molda-os e manipula-os; (iii) a sociedade é muito maior e mais ampla que os interesses de grupos de pressão e de lobby disfarçados sobre a alcunha de movimentos sociais.

Ah! Antes que eu me esqueça: e o que os fanáticos cristãos fizeram frente a essa monstruosidade? Ora, agiram como fundamentalistas intolerantes que são: respeitando o direito à estupidez das “manifestantes”, mesmo que elas estivessem visivelmente abusando deste apolíneo direito tão quisto e celebrado por elas.

Pax et bonum
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FRANCISCO É PEDRO

Good Morning, Obama!

Por Gustavo Nogy

IMAGENS MACABRAS como essa podem ser instrumento do bem, se compreendidas. Ofendem, escandalizam, agridem, mas – sobretudo – educam. Já há algum tempo que a única ocupação de muita gente, no país, consiste em protestar contra certo ‘estado de coisas’: político, cultural, ético, religioso.

Criminosos ou simplesmente idiotas, os manifestantes – bárbaros redivivos – passaram a fazer parte do cenário urbano. Contamos com eles todos os dias, todas as semanas, a partir das 18h. Exigem tudo: de tarifas grátis a casamento gay; do fim da corrupção política ao fim da Igreja Católica; ora exigem mais estado, ora exigem estado nenhum. 

Todos diferentes entre si e, a um só tempo, todos rigorosamente semelhantes. Como títeres demoníacos, só lhes interessa destruir, vandalizar, incendiar, profanar. É evidente aos olhos de quem não seja mau caráter ou irreparavelmente burro que a intenção desses grupos não é aquela declarada em amistosas entrevistas. 

Ateus militantes, gays e feministas radicais não querem o reconhecimento jurídico de sua condição, nem mesmo proteção às liberdades de expressão e consciência. Eles querem destruir uma civilização e colocar outra coisa qualquer no lugar. 

Imagens como essa servem como exemplo e como lembrete. Não se pode debater com monstros assim. Não se pode capitular, não se pode transigir, não se pode aceitar que a bestialidade satânica de canalhas como esses, miseráveis, almas deformadas cuja única vocação na vida parece ser a de exibir suas sordidezes em praça pública, seja considerada meio legítimo de atividade política. Definitivamente, não. Eles sabem o quão simbolicamente violento foi o ato. Eles sabiam que aquilo não seria entendido como 'arte', mas como a afronta que de fato foi.

Eles não são adversários intelectuais. Eles não são atores numa discussão pública racional. Eles não são agentes mais radicais dentro de outros tantos movimentos pacíficos e razoáveis. Eles são a conseqüência lógica desse ativismo.

Eu lhes agradeço do fundo da alma pelo favor que me fazem. Gosto de saber quem são meus inimigos, e eu nunca tive tanta certeza disso. Muito prazer, senhoras e senhores: sou seu mais fiel inimigo. Contem sempre comigo. [continue lendo]

A POBREZA DE BENTO

Crocodilos em pânico

Diário do Comércio, 24 de julho de 2013  


Antes de analisar qualquer coisa que o sr. Mauro Santayana escreva, é preciso saber que ele trabalhou como comentarista político da Rádio Praga, órgão oficial do governo comunista checo, e foi nada menos que redator-chefe das emissões em português da Rádio Havana. Essas estações nunca praticaram o jornalismo, no sentido normal do termo. Eram órgãos de desinformação, partes integrantes da polícia política comunista. A segunda ainda é. Chamar o sr. Santayana de “jornalista” tout court, sem esclarecer o uso específico que ele faz dessa fachada profissional, é sobrepor um formalismo burocrático-sindical à realidade substantiva do trabalho que ele exerce. Ele é, sob todos os aspectos possíveis e imagináveis, um agente de influência comunista. O jornalismo é o canal, não a substância da sua atividade.

         Um agente de influência não faz propaganda comunista. Mantém-se numa posição discreta, equilibrada, e só procura influenciar as autoridades e os formadores de opinião em pontos determinados, precisos, para induzi-los a decisões que sirvam à estratégia comunista sob pretextos que não pareçam comunistas de maneira alguma. Esse esforço só se intensifica e sobe de tom quando se trata de medidas urgentes, vitais para a sobrevivência do movimento comunista. É só aí que o lobo perde a compostura ovina, rosna, mostra os dentes e sai mordendo.

         No momento a coisa mais urgente e vital para o comunismo na América Latina é afastar a ameaça de uma investigação fiscal no Foro de São Paulo. É urgente e vital porque há 23 anos essa entidade gasta fortunas incalculáveis, transportando incessantemente centenas de politicos, intelectuais, militantes e terroristas entre todas as capitais do continente, hospedando-os nos melhores hotéis, sem jamais informar à população de onde veio o dinheiro. O envolvimento de alguns de seus membros mais prestigiosos no narcotráfico é fato notório, comprovado por depoimento do traficante Fernandinho Beira-Mar e pelos computadores do ex-comandante das Farc, Raul Reyes, apreendidos pelo exército colombiano.

         O Foro de São Paulo é o comando estratégico do movimento comunista latino-americano. Faz e desfaz governos, interfere na política interna de dezenas de países, decide os destinos do continente, fornece cobertura a terroristas e narcotraficantes e, segundo confissão do seu fundador e nosso ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, faz tudo isso de modo calculado para que “as pessoas não percebam do que estamos falando” (sic). Chamar isso de conspiração não é portanto uma “teoria”. É usar o termo apropriado para definir um fato tal como descrito pelo seu autor principal.

         Durante dezesseis anos o Foro cresceu em segredo, sob a proteção da mídia cúmplice que negava a sua existência e que, quando não pôde mais fazer isso, passou a mostrá-lo sob aparência maquiada, como um inofensivo “clube de debates”. A desconversa não pegou, é claro, em primeiro lugar porque nenhum clube de debates emite resoluções unânimes repletas de comandos a ser seguidos pelos participantes; e, em segundo lugar, porque o próprio fundador da coisa deu com a língua nos dentes, no discurso que pronunciou no décimo-quinto aniversário de fundação da entidade.

         A simples ajuda mútua entre os partidos legais e as quadrilhas de teroristas e narcotraficantes que o compõem já bastaria para fazer do próprio Foro, como um todo, uma organização criminosa no sentido mais estrito e legal do termo, mesmo sem levantar a hipótese, praticamente inevitável, de que a troca de vantagens políticas importasse em benefícios financeiros ilícitos para qualquer das partes.

         No entanto, entre tantos segredos que preenchem a história do Foro, as finanças são ainda o mais bem guardado. Mesmo depois que, forçado pelas circunstâncias a passar do silêncio ao exibicionismo histriônico, o seu atual dirigente Valter Pomar decidiu embelezá-lo como entidade transparente e aberta ao público, nem uma palavra veio à sua boca em resposta à pergunta decisiva e proibida: Quem paga a festa? Quem pagou durante 23 anos? As Farc? O governo brasileiro? O petróleo do sr. Hugo Chávez? Cadê os recibos? Cadê as notas fiscais? Cadê as autorizações de despesa? [continue lendo]

Carta aberta a Bento XVI

Publicamos a seguir uma carta aberta ao Papa Bento XVI. A carta foi escrita por Ivan Quintavalle (Estudante, I Ciclo di Teologia) e publicada originalmente em “Notizie dalla Santa Croce”, informativo da Pontificia Università della Santa Croce – Roma.

***

Meu doce Bento, são dias estranhos esses, sabe? Há uma estranha atmosfera por aqui.

A euforia é tanta, o mundo parece estar de repente em busca de conversão. Talvez seja mesmo assim, espero realmente que seja assim. No entanto, eu, eu não consigo estar contente.

Pouco importa. Mas eu tento entender o porquê.

Esta noite tentei deixar claro no meu coração. Infelizmente, não tendo a sua santidade, não posso viver tudo isso com a sua mesma paz de espírito.

Bem, na luta contra a insônia, eu entendi a razão para essa minha sútil tristeza. A principal causa do meu mau humor é a minha ingratidão. Talvez seja o mais óbvio mal de todos os homens, e é o mal que, mais do que todos os outros, me faz ser menos homem. Estamos tanto eufóricos nestes dias de recém-descoberta pobreza, que já não pensamos mais em você, que neste momento é o mais pobre de todos.

Você escolheu a solidão e o silêncio; você não ama mostrar a sua pobreza ao mundo. Porque você nunca quis alardear suas virtudes. Você pôs suas virtudes a serviço de todos nós e da Igreja de Cristo. Você exerceu suas virtudes de modo tão discreto e impessoal que não as fez parecer suas.

Como tenho sido ingrato e sem amor por você!

Eu duvidei de sua escolha, foi tentado por um momento a reconhecê-la como um ato de covardia. Mas, nestes dias brilham mais a sua grandeza. Na verdade, a fazem resplandecer, mas de uma forma invisível. Você, Santidade escolheu a ocultação, a clausura. Quanta grandeza, quanta coragem. Nenhum amor-próprio. Apenas a Cruz. E nós continuamos a fazer comparações. Fizemos-las com seu amado predecessor João Paulo II, enquanto você escrevia páginas memoráveis e ​​silenciosas do Magistério da Igreja. E as fazemos agora, enquanto você, com a sua ausência voluntária, escreve a sua encíclica mais bela: aquela sobre a humildade. Hoje é o seu onomástico, meu amado Bento. Por favor, perdoe-me por minha ingratidão, mas acima de tudo pela minha falta de fé.

Desejo-lhe dias felizes; eu vou me esforçar para ser um melhor filho de Papa Francisco, mais do que tenha sido de você.

Roma, 18 de março de 2013

Em Cristo,

Ivan Quintavalle (Estudante, I Ciclo di Teologia).

Fonte: Zenit

OUTRAS CÁUSTICAS REFLEXÕES

Escrevinhação n. 1026, redigida entre os dias 25 de julho de 2013, dia de São Cristovão, e 28 de julho, dia de São Nazário, São Celso e de Santo Inocêncio I.

Por Dartagnan da Silva Zanela

1. Todo Zé Mané presunçoso queixa-se da estultice geral, principalmente dos jovens e do povo (sempre o tal do povo) por não terem o escarrado hábito de ler. Confesso: não conheço nenhum biltre queixoso deste naipe que, de fato, tenha o famigerado hábito. Há uns que se justificam dizendo que lêem apenas aquilo que se refere à sua seara, o que é uma forma cínica de esquivar-se do fato de não terem o excelso costume. Outros ainda dizem que apreciam revistas, mas não são assinantes de nenhuma (devem o fazer quando estão nalguma ante-sala de consultório médico). Dum jeito, ou doutro, são os piores de todos os analfabetos. Sabem ler, não lêem, fingem que são eloqüentes leitores e exigem que todos o sejam de fato. Isso sim é que é uma barbaridade.

2. Muitas vezes ouvimos certas vozes clamando por justiça, arautos que se auto-proclamam defensores do povo (sempre o tal do povo). Sim, ouvimos clamores, mas estes são apenas bramidos de almas carcomidas que desejam empanturrar-se com a ceia amarga da vingança pessoal para lavar sua “honra” ferida, desforrar os interesses pessoais (ou grupais) lesados. Ora, é muito fácil confundirmos as franjas da toga de Themis com as de Nêmesis quando nosso coração está dominado por paixões que nos cegam, impedindo-nos de reconhecer as máculas gestadas por nossas mãos que não mais sabem o quão suave é a humildade que nos faz bater no peito e dizer, contrito, que somos tão culpados quanto nossos antípodas. Resumindo: onde se deseja vingança a justiça não tem nada há declarar.

3. Os gestos, em regra, são duma sinceridade brutal. As palavras, nem sempre. Aliás, raramente. Por isso o falatório excessivo é um cancro, um simulacro socialmente estimulado para desviar nossa atenção da baixeza que nos é inerente e que se faz presente em nossos atos mais cotidianos. Assim, numa sociedade de papagaios, onde todos parlam ao mesmo tempo, constantemente, tudo se torna um fútil delírio. Ninguém ouve, todos falam e, deste modo, melhor alienamo-nos de nossa real condição que, a essa altura, praticamente, é infra-humana. Viver assim é muito cômodo, porém, não é o jeito mais digno de se viver. De mais a mais, quem, hoje, quer saber de dignidade? Quem?

4. Ocorreu-me uma ideia! Aliás, uma proposta para todas as vadias que gostam de marchar de calcinha balançando os peitinhos, destruindo e masturbando-se com imagens sacras (com camisinha, é claro), em plena luz do dia no Rio de Janeiro, chamando a atenção de todos para, como elas dizem, um diálogo aberto e respeitoso com a Igreja sobre a legalização do aborto. Bem, é o seguinte: Primeiro: reciprocidade. Se você assassinar um inocente indefeso indesejado, que tal você ser também abortada pelos mesmíssimos motivos? Imagino que muitos tenham sentimento similar em relação a você. Segundo: que seja universal. Trocando por miúdos: quem defende sua prática deve primeiro abortem-se, retroativamente, visto que, não fora, em tempo, contemplado com tão excelsa garantia. Pois é, assassinar quem está num ventre é refresco...

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O marxismo e a destruição das famílias - Pe. Paulo Ricardo

Palestra sobre o livro "Todos os caminhos levam a Roma" - G.K. Chesterton

O mercado transforma tudo e todos em mercadoria?


Mais clichês já foram proferidos sobre o capitalismo e a economia de mercado do que sobre qualquer outro fenômeno social.  Recentemente, lendo as atas de um simpósio internacional ocorrido em 1982, editadas por Walter Block e Irving Hexham, deparei-me com essa observação:
A filosofia do livre mercado nos faz olhar para toda a vida social como se ela fosse um mercado... Ela leva as pessoas a considerarem tudo que as cerca como mercadorias, como coisas que têm preços, como objetos a serem usados.

Quem disse isso realmente é o de menos, embora devo esclarecer que nenhum dos dois editores foram os culpados por isso (duvido que Walter Block diria algo assim mesmo sob ameaça de tortura).  Não se trata de um argumento atípico: o livre mercado supostamente "mercadoriza" tudo, e reduz toda a vida a uma questão de cédulas e moedas.

Mas será que é realmente isso que o mercado faz?

Murray Rothbard descreveu o livre mercado como sendo simplesmente "o arranjo social em que os indivíduo praticam trocas voluntárias de bens e serviços".  Ao dar a um de seus livros o título Governo e Mercado, Rothbard estava situando "governo" e "mercado" como antinomias.  O mercado consiste em transações voluntárias entre agentes dispostos a transacionar; o governo, ou o "poder", introduz a coação nas relações humanas, criando efeitos coercivos que não teriam sido escolhidos voluntariamente pelos indivíduos. 

Se estado e mercado são opostos, comparemos então a pura economia de mercado com a pura aplicação do poder — o serviço militar obrigatório.  O recrutamento compulsório consiste em um grupo de pessoas sobre as quais o estado declara ter o direito de utilizar seus corpos em conflitos que envolvem a imposição de violência e o alto risco de morte.  O risco moral presente no recrutamento compulsório é óbvio: o estado estará mais preparado para iniciar guerras e incorrer em táticas propensas a gerar significantes perdas de vidas caso o custo de tal atividade seja socializada e os soldados utilizados sejam, do ponto de vista do estado, praticamente sem custos.  Se houver muito mais de onde aquelas centenas de milhares de soldados vieram, e nenhuma das autoridades tiver de ser responsabilizada por qualquer custo gerado pela perda de vidas, então é de se esperar que tal arranjo gere mais negligência com a vida humana do que em outro contexto.

Nosso crítico diz que o mercado "leva as pessoas a considerarem tudo que as cerca como mercadorias, como coisas que têm preços, como objetos a serem usados".  Mas não seria exatamente isso que o estado faz no caso do recrutamento compulsório, essa que é a mais antimercado das transações?  O estado vê o populacho como uma simples matéria-prima a ser empregada, involuntariamente, na busca dos perigosos e violentos objetivos do estado — em outras palavras, como "um objeto a ser utilizado."  Com uma diferença: o estado sequer paga um preço mutuamente acordado pela mão-de-obra que ele recruta!

É assim que o estado se comporta continuamente.  Ele não precisa interagir com as pessoas ou ter qualquer consideração por suas preferências e direitos; muito menos ele se sente na necessidade de negociar termos satisfatórios com elas.  Ele sempre pode agir unilateralmente, de modo que, ao indivíduo, não reste outra alternativa senão aceitar o que quer que o estado tenha determinado em relação a questões como o quanto de sua propriedade será expropriada, o que seu filho aprenderá na escola ou para onde ele será enviado para lutar e morrer.

Já no mercado existe o sistema de preços.  Os preços de mercado exercem uma importante função, além de tornarem possíveis tanto o cálculo econômico quanto a ampliação da divisão do trabalho.  Os preços de mercado implicam propriedade, a qual por sua vez implica o direito de se desfazer do bem do qual se é dono.  Se o preço que ofereço não lhe agrada, você não precisa executar seu serviço laboral para mim.  Se o preço que ofereço não lhe agrada, você não precisa entregar sua propriedade para mim.  Os preços de mercado nos relembram que a cooperação social tem de trazer em si uma cooperação genuína, o que significa que nenhum lado de uma transação tem o direito de trapacear ou roubar o outro, uma vez que essa é a moralidade do criminoso.  Ao contrário deste, os participantes do mercado precisam chegar a acordos que sejam mutuamente satisfatórios para que uma transação ocorra. [continue lendo]

COMUNICADO:


CRISTO PRESENTE

Uma introdução a Dante Alighieri e aos Fedeli d´Amore (Profa. Ivone Fedeli) - MONTFORT

O ritual do esperneio

Por João Ubaldo Ribeiro

Pode ser que, diante da rápida sucessão de acontecimentos notáveis que temos testemunhado, meu assunto deste domingo já haja caducado, apesar da importância que lhe deram. Tudo agora é soterrado num passado cada vez mais próximo do presente e o famoso de hoje é o anônimo de amanhã, assim como a novidade tecnológica já sai obsoleta das prateleiras e as modas passam antes mesmo de pegar de todo. Nas últimas semanas, a velocidade de certos eventos chega a ser atordoante, para quem está, por exemplo, acostumado ao ritmo quelônio do Congresso Nacional e seu toque de bola no meio do campo, sem nunca chegar ao gol, mesmo porque o bicho já está garantido, quer haja gol, quer não haja. Até a renomada semana de três dias foi pressurosamente esquecida, uma coisa em que a gente só acredita porque viu na televisão.

A despeito disso, talvez alguém ainda lembre todo o alarido em torno da espionagem americana, na internet e nas comunicações por satélite. Embora certamente venha a sair das manchetes em breve, deve permanecer por aí ainda algum tempo, porque há todo um ritual a cumprir, uma coreografia de aparente complexidade, mas na verdade bastante simples. Consiste, basicamente, em fazer declarações e assumir posturas que todo mundo sabe serem inócuas, hipócritas, mentirosas ou tudo isto junto. Como existem, de uma forma ou de outra, precedentes para esse tipo de situação, já está disponível um estoque de reações mais ou menos padronizadas. Não há um só dos diretamente envolvidos que não saiba tratar-se de uma encenação, mas ela é levada adiante. Faz parte, imagino eu, do que muitos consideram ridículo, na condição humana.

Os protestos dos atingidos são feitos em discursos, pronunciamentos à imprensa e solenes reações diplomáticas. O fingimento começa em agir-se como se a espionagem tivesse sido inventada ontem e apenas os americanos a praticassem. É provável que a espionagem americana seja a mais bem aparelhada e a mais universal, mas as outras potências também espionam, embora, na hora da reclamação, isso seja deixado de lado, por complicar demais a coreografia. As médias e pequenas potências, as impotências e as miuçalhas também espionam o que podem, às vezes bem mais do que se concebe ou se teme. E a espionagem, inclusive comercial e industrial, sempre rolou solta.

O segundo fingimento é o de que fazer discursos e pronunciamentos adianta alguma coisa. Não adianta nada e ninguém ignora isso, mas, a depender das circunstâncias, podem ser feitos discursos inflamados e até cheios de xingamentos, pode-se bradar em defesa da soberania nacional e pode-se recorrer a organismos internacionais. [continue lendo]

Edward Snowden e a hipocrisia mundial

Por Heitor de Paola

"Quando não existem bons conselhos, o povo cai, a segurança está na existência de múltiplos conselheiros" (Provérbios 11,14)

As denúncias de Snowden sobre a ampla rede de espionagem da National Security Agency foi recebida com protestos mais ou menos histéricos pelos países observados, como se isto fosse novidade. Todos espionam todos, o tempo todo, o diferencial é a competência. A espionagem é tão antiga quanto a existência de seres humanos no planeta. Mas falemos de países: a espionagem é generalizada, é como um gato escondido com rabo de fora. Todos fingem que é só um rabo, não tem gato. Quando um destes bichos aparece é um fuzuê. Começa um ritual já bem conhecido. Como diz João Ubaldo, no excelente artigo ‘O Ritual do Esperneio’: “não há um só dos diretamente envolvidos que não saiba tratar-se de uma encenação, mas ela é levada adiante”.

Há milênios uma boa informação vale mais do que mil armas. Sun Tzu já enunciava: 

‘Os guerreiros vitoriosos, primeiro ganham a guerra e depois vão guerrear, enquanto os perdedores primeiro vão à guerra e então tentam ganhar (...). Se você conhece o inimigo e a você mesmo, não precisa temer o resultado de centenas de batalhas’.

Ora, como se entendem estes dois axiomas da obra ‘Arte da Guerra’? A maioria das guerras é ganha antes de começar, geralmente devido a um eficiente serviço de inteligência para conhecer o inimigo, e também os amigos que podem virar inimigos sem aviso prévio, armar suas próprias forças de antemão, saber quando e onde atacar.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, o crescimento das tensões árabe-israelenses levou ambos os lados a mobilizarem suas tropas. Antecipando um ataque iminente do Egito e da Jordânia, Israel lançou um ataque preventivo à força aérea egípcia. De nada adiantou a frente árabe, formada por Egito, Jordânia e Síria, apoiados por Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão, além do apoio incondicional da União Soviética.

Israel certamente tinha a melhor Força Aérea do mundo, os soldados de todas as armas defendiam suas próprias casas, mas se não existisse o serviço secreto militar, interior e de contra espionagem Shin Beit – Agência de Segurança de Israel, e o Mossad – Instituto de Inteligência e Operações Especiais, não haveria as informações necessárias e todo o aparato militar se mostraria inútil.

É também relevante a questão do foco: onde e o quê deve-se espionar. No Brasil pós-64, o SNI, as agências das três forças armadas e os DOPS estaduais certamente eram eficientes, mas focaram a inteligência apenas nos movimentos armados, negligenciando a cabeça do gato: as escolas, a cultura (editoras, cinema, teatro), as redações de imprensa, as estatais, que eram a menina de seus olhos nacionalistódes. Resultado: no que focaram venceram, no essencial que deixaram de lado, até mesmo estimulando (vide Embrafilme e financiamento das estatais para notórios comunistas) perderam feio e hoje têm de amargar as “comissões da verdade”, as indenizações milionárias para terroristas e até idiotas inúteis, como Cony, Ziraldo et caterva. Além, é claro, da sede de vingança que leva ao sucateamento das forças e ao achatamento dos soldos. [continue lendo]

Francisco é sucessor de São Pedro, não de Judas


Ao final de sua homilia na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco citou uma frase de Bento XVI. Não foi a primeira e nem será a última vez que um Pontífice fará referência a seus predecessores. Afinal, ao mesmo tempo em que é visível no Papa o poder de São Pedro, dado pelo próprio 

Cristo (cf. Mt 16, 19), deve ficar nítida também a dimensão do serviço. O Papa não é o autor da verdade, mas seu servidor fiel; é sucessor de São Pedro e, por isto, tem consciência do imenso número de homens que o antecederam, ajudando a conservar e zelar pelo patrimônio imemorial que é a nossa fé.

Os meios de comunicação foram tomados por um grande "entusiasmo" com a visita de Francisco. Não é para menos. Sua Santidade conquistou com muita facilidade o coração dos brasileiros, com seu sorriso e simpatia cativantes.

No entanto, o que se percebe, muitas vezes, nos comentários de jornalistas e analistas religiosos, é aquele entusiasmo enganoso, que vislumbra uma Igreja que ande de mãos dadas com o aborto, com o "casamento" homossexual, com a eutanásia e um monte de outros temas da agenda progressista.

Infelizmente, o cenário é também consequência da falta de compromisso de muitos de nossos supostos católicos. Certamente você já ouviu palavras do tipo: "Eu sou católico, mas...". Em seguida, prepare-se para ouvir qualquer tipo de barbaridade. É-se católico, ma non troppo. A pessoa se diz cristã e em comunhão com a Igreja, mas se recusa a aceitar sua doutrina moral, coloca em xeque os ensinamentos dos legítimos pastores em comunhão com o Papa, pisoteia o Catecismo e cai na ilusão de um catolicismo self-service – segundo este, seria possível escolher, na doutrina de Cristo, aquilo que lhe agrada e aquilo que lhe incomoda. [continue lendo]

PROGRAMA AVE MARIA, 25 de julho de 2013.

Kiss Because I am a Girl - (OFICIAL) Legendado

CRÍTICOS CRITÉRIOS

CÁUSTICAS REFLEXÕES

Escrevinhação n. 1025, redigida entre os dias 21 de julho de 2013, dia de São Lourenço de Brindisi, e 24 de julho de 2013, dia de Santa Cristina.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Domingo é o dia do Senhor, mas não para nossos mundanos corações. Não são poucas as almas que se queixam da monotonia que toma conta das demoradas horas deste. Lá ficam, com a carcaça atirada no sofá, com o (des)controle em mãos, mudando freneticamente os canais de dissolução espiritual da caixinha de perdição televisiva. Em outros casos, fica-se estacionado numa lúgubre programação que esteja à altura de sua desídia existencial... Tão fácil desligá-la! Tão simples tomar um livro em mãos para em suas páginas navegar ou, quem sabe, sentar-se junto ao fogão para conversar com aqueles que moram debaixo do mesmo teto, mas que, raramente, paramos para ouvir. Olha, fazer isso é bem melhor que afogar-se em lamentos e queixumes.

2. João Pereira Coutinho afirmou, em 2008, que só o fato de precisarmos dum poder político já é, em si, uma comédia. Rememorando essas palavras e fazendo delas um facho de luz para clarear os atuais e alucinados acontecimentos desta terra de desterrados, não resta dúvida alguma de que nosso país tornou-se uma comédia bufa sem a menor graça. O que todas as vozes clamam, seja nas ruas, nos púlpitos, nas tribunas ou nas cátedras é o aumento da presença e atuação do poder político em nossas vidas para este nos dizer o que pensar, o que dizer, como dizer e, é claro, em que e em quem acreditar. E assim as turbas seguem, caminhando, bailando e clamando por uma coleira mais curta na vã ilusão de que estão tornando-se mais livres e, como dizem, mais cidadãs.

3. Se há um direito consolidado pelo costume em nosso país é o de ser idiota. Idiota em conformidade com o gosto, dentro das necessidades e de acordo com a capacidade do freguês, digo, cidadão. E por ser apenas um costume, seria interessante regulamentá-lo. Veja só, poderia ser estabelecida uma módica cota de estultice para cada pessoa e uma determinada multa para aqueles que ousarem ultrapassar a fronteira bestial, visto que, o abuso também é uma tradição. Sei que ocorrerão grandes discussões quanto ao tamanho da cota e sobre o valor da multa, mas, no frigir dos ovos, qual seria o efeito dessa regulamentação, se aprovada fosse? A idiotice diminuiria por metro cúbico? Penso que seria tolice crer nisso. Aumentaria a arrecadação? Não crer nisso, seria estultice. Então, melhor deixar quieto.

4. Todos querem ter suas opiniões respeitas! Que boniteza! Mas espere só um pouquinho: quando reivindicamos essa deferência, manifestamos, em nosso íntimo, um mínimo de consideração por nossa inteligência? Externamos algum respeito pela inteligência alheia que vê-se obrigada a ter de ouvir nossas estultas e mal elaboradas opiniões? Ora, a atenção que exigimos dos outros para que ouçam nossas preleções, é maior ou menor que a atenção dispensada por nós ao assunto que versará nossas considerações? Porca miséria! Então larguemos mão de choramingar e exigir de outrem o respeito que não temos nem pelo assunto, nem pela inteligência alheia, nem mesmo por nós. E zefini.

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COM O DEVIDO RESPEITO

TÃO URGENTE QUANTO DESNECESSÁRIO

Escrevinhação n. 1024, redigida no dia 22 de julho de 2013, dia de Santa Maria Madalena.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Do que mais necessitamos? Está em voga, ou em moda, a folia da cidadanite neste carnaval dantesco chamado Brasil, onde os mais variados direitos (ou o que passou a ser chamado por tal alcunha) são reivindicados, seja com passeatas, atentados ou beijaços. Mas, insisto: do que, realmente, mais necessitamos em nosso país? De minha parte, estou com Eça de Queiroz: carecemos, e muito, de força para o nosso caráter, ciência para nosso espírito e justiça para nossa consciência.

Isso! Avaliar os fatos e os atos tendo sempre em vista a devida medida. Medida esta que não advém de nossa vontade, de nosso sentimentalismo, ou de nosso, como direi, queremismo egolátrico. Só podemos afirmar que nossa consciência é iluminada pelo gládio da justiça quando ela firma seu braço junto à Verdade. Se não é a verdade a fonte de nossos juízos, o tribunal de nossa consciência fica morto ou, no mínimo, cambaleando. E, infelizmente, assim o é, por preferirmos nossa satisfação à Verdade, como muito bem nos adverte Santo Agostinho.

Nosso espírito vê-se animado por toda ordem de imundices seculares que são confundidas com as luzes que santificam. Sim, quando relativizamos tudo e colocamos todos os frutos de mãos humanas num mesmo patamar, aprovando o nefasto como algo que está ao mesmo nível do o que é digno e verdadeiro, é sinal de que não mais temos um claro discernimento. Destruímos a ciência em favor dum relativismo vil que apenas auto-justifica nossa ignorância, como admoestava-nos os Papas, de Pio XII à Bento XVI.

Enfim, nosso caráter encontra-se anêmico por termos nossa vontade amornada por um bom-mocismo ridículo que quer fingidamente agradar a todos para melhor justificar toda ordem de idolatrias massageadas pelas potestades seculares e das trevas. E assim ficou nossa vontade por não mais firmar seu laço nos braços da razão e da fé, o que permitiu que as paixões livremente passassem a dar o rumo de nossas vidas, como bem nos ensina Platão e o Beato Papa João Paulo II, cada qual a seu modo.

Ora, por um ato de vontade renunciamos à Verdade que soberanamente deveria iluminar e guiar nossos juízos de consciência. Por um ato de vontade, relativizamos a realidade ontológica para não mais sermos incomodados com as exigências da ciência que nos convida a fiar nosso passo pela vereda da Verdade. Por fim, através dum ato volitivo abdicamos de nosso senso de dever em favor das águas turvas de nossos desejos umbilicalmente mesquinhos que permitiu o esmorecimento de nosso caráter.

Por essas e outras que, em nosso país, a voz do dever emudece e o sentimento augusto da liberdade abastarda-se. Só não vê quem não quer.

Pax et bonum
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CASAL DE COELHOS

Diário do Comércio, 18 de julho de 2013

Ainda a propósito da entrevista do sr. Alberto Carlos Almeida, suspeito que uma pergunta continua zumbindo nas cabeças dos leitores: se a culpa da má educação brasileira não foi da Igreja Católica, foi de quem?

Não sei, nem me considero presidente de um Tribunal de Crimes Educacionais, mas uma coisa é certa: o desprezo pelo conhecimento, neste País, veio sempre junto com o culto dos signos exteriores que o representam e que, aparentemente com vantagem, o substituem: títulos, diplomas, cargos, honrarias, espaço na mídia, boas amizades nos altos círculos, etc. O fenômeno já foi tão  documentado e satirizado na nossa  literatura (Lima Barreto e Graciliano Ramos, por exemplo), que não há necessidade de insistir nele.        Mas o pior é que entre esses dois vícios complementares  se formou, há tempos, um círculo de reforço mútuo que parece impossível de romper.

Funciona assim: como nossa elite empresarial e política não é das mais cultas, as almas bem intencionadas que dela emergem com o propósito louvável de remediar os males nacionais não têm por si próprias a capacidade de avaliar, pelo exame direto das obras e ideias, quem, entre os intelectuais disponíveis, é competente ou um emérito medalhão de cabeça oca. Resultado: têm de julgá-los pelos sinais exteriores, os  títulos e cargos, e acabam dando ouvidos a quem não tem nada de sério a lhes informar nem de útil a lhes sugerir. A incultura gera incultura com a fecundidade de um casal de coelhos. [continue lendo]

AUMENTA A HOSTILIDADE ANTICRISTÃ NA EUROPA

Por Wendy Wright (Mídia Sem Máscara)

Os cristãos da Europa enfrentam prisões, multas, vandalismo e penalidades profissionais devido a uma tendência crescente de intolerância social e restrições governamentais, de acordo com um recente relatório.

O relatório liga a discriminação a uma onda de novas leis que de forma seletiva afetam os cristãos.

“É aqueles que lutam para viver de acordo com os elevados requisitos éticos do Cristianismo que experimentam um confronto,” não os cristãos nominais que se alinham com as tendências predominantes da sociedade, diz o Dr. Gudrun Kugler.

Kugler dirige o Observatório da Intolerância e Discriminação contra Cristãos, que lançou o relatório numa conferência internacional sobre tolerância e discriminação na Albânia em maio.

Os países europeus se orgulham de estar na vanguarda dos direitos humanos, muitas vezes usando foros como o Conselho de Direitos Humanos da ONU para pressionar outros países. Contudo, o relatório revela uma explosão de novas leis que estigmatizam os cristãos e desafiam os direitos humanos internacionais como a liberdade de consciência, expressão e direitos dos pais.

Na Holanda, apesar de um direito de não participar de procedimentos médicos antiéticos, os abortos são parte do treinamento obrigatório de obstetras e ginecologistas. Um tribunal do Reino Unido (RU) ordenou que duas parteiras católicas supervisionassem outras parteiras cometendo abortos.

A Suécia não permite nenhum direito de consciência para profissionais da saúde, parteiras, estudantes de medicina ou farmacêuticos.

Os escrivães civis da Irlanda podem ser presos por até seis meses se não celebrarem cerimônias de mesmo sexo. Igrejas podem ser multadas por não permitirem que sua propriedade seja usada para celebrações de mesmo sexo.

A França proíbe discursos negativos contra a homossexualidade. Os pregadores cristãos de rua, manifestantes pró-vida e um casal cristão numa conversa particular foram acusados de violar uma lei inglesa contra palavras ou conduta “com probabilidade de provocar importunação, susto ou angústia.”

Embora as marchas de orgulho gay sejam permitidas, o direito dos cristãos se associarem é visto com suspeita. Protestos silenciosos, aconselhamento e orações na frente de clínicas de aborto podem resultar em prisões por assédio na Áustria.[continue lendo]

João Pereira Coutinho no Debate da Folha sobre o Oriente Médio (em 2 partes)

TUDO TEM SEU PREÇO

Entrevista com João Pereira Coutinho (2008) em seis partes

PALAVRAS ATIRADAS AO VENTO

Escrevinhação n. 1023, redigido entre os dias 17 de julho, dia de Santa Maria Madalena Postel, de Santa Generosa e do Bem-aventurado Bartolomeu de Las Casas, e 21 de julho de 2013, dia de São Lourenço de Brindisi.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Todos têm seu preço! Isso é uma verdade universal. O que não fica claro é a moeda utilizada em cada situação. Muitos se vendem ao custo dalguns trocados (ou de muitos). Outros pela concessão dalguns favores. Porém, há aqueles que mensura seu preço com outras moedas como a honra, verdade, justiça, lealdade e por aí segue o andor. Obviamente, essas moedas, e outras tantas, não têm nenhuma paridade cambial com trocados, favores e demais benesses imundas que circulam maciçamente em nosso país, deixando as aquilatadas almas fora do mercado das ações políticas por não terem nenhuma paridade com o estado reinante.

2. Há, no Brasil, uma pequena porção de pessoas que integra uma massa militante, relativamente disciplinada, disposta a lutar pela implantação de seus delírios utópicos. Uma massa tão ousada quanto petulante. Doutra parte, temos uma multidão significativamente grande de sujeitos atomizados que formam um aglomerado amorfo e acanhado. Sujeitos que esperam ser respeitados simplesmente porque trabalham, dentro dos limites do possível, como cidadãos ordeiros. Desculpem-me, mas o primeiro grupo, seus mestres não tão ocultos e os coronéis de antanho, jamais os respeitarão por isso. De mais a mais, respeito se conquista portando-se à altura dele, não lamentando sua mutilação que, nestas plagas, ocorre diariamente dentro e à margem da lei.

3. Dum modo geral, na sociedade contemporânea, procura-se a fácil excitação dos sentidos na exaltação das sensibilidades mais bobocas. Com base nisto, edifica-se as regras gerais de nossos julgamentos, os ditos e escarrados critérios da tal consciência crítica. Uma consciência epidérmica e frágil que nada aprecia senão sua satisfação infantil e momentânea, similar a um drogado inveterado. Se algo for estimulante, considera-se bom. Caso contrário, faz-se aquele beicinho e projeta-se a monotonia da alma sobre o que foi desdenhado, dizendo que isso é chato, logo, indigno de atenção. Na verdade, a única coisa indigna é este o olhar criticamente apatetado que não sabe o que quer e muito menos o que deve fazer.

4. A fortuna é um vendo impetuoso que sopra livremente para qualquer direção. Têm seus próprios humores e não verga-se para afagar os caprichos humanos. Sim, ela sorri para todos, porém, na maioria das vezes, não sabemos acolher suas gentilezas. Preferimos ficar com a carranca dum menino mimado, fiando nosso destino nas franjas de desatinos, com bordados de frívolas escolhas e de companhias que revelam muito mais sobre nós do que nossas palavras e choramingos fingidos. Olha, não sei se é melhor estar só que mal acompanhado, mas não temos como negar que as más companhias são apenas uma sombra turva dum mau elemento que faz pouco de sua fortuna e que escreve à toa o seu destino que segue desaprumado d’algum lugar para lugar nenhum.

Pax et bonum
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Pedido de veto total do PLC 3-2013

Padre Paulo Ricardo, Comissão Pró-vida do Regional Sul I da CNBB e outras lideranças protocolam, em Brasília, pedido de veto total ao PLC 03/2013.

Brasília, 16 de julho de 2013.

A Sua Excelência
Dilma Rousseff
DD. Presidente da República Federativa do Brasil
Palácio do Planalto

Excelência,

Apresentamos respeitosamente a Vossa Excelência o pedido de veto total do PLC 3/2013, aprovado no dia 4 de julho de 2013, pelas razões apresentadas a seguir.

Embora uma lei que defenda e regulamente os direitos das vítimas de violência sexual seja, em tese, algo meritório, recordamos o abuso legal instaurado nesta matéria pelas normas técnicas do Ministério da Saúde publicadas em 1998 e 2005.

Recordamos a Vossa Excelência o conteúdo abusivo destas Normas. Conforme a mais recente, de 2005, “a palavra da mulher que busca os serviços de saúde afirmando ter sofrido violência, [...] deverá ter credibilidade, ética e legalmente, devendo ser recebida com presunção de veracidade”.

Por outro lado, a mesma Norma afirma que os médicos são obrigados a praticar o aborto se a mulher declarar ter sido estuprada, a menos que o médico possa provar que a gestante esteja mentindo. Caso contrário, continua a Norma, “a recusa infundada e injustificada de atendimento pode ser caracterizada, ética e legalmente, como omissão. Nesse caso, segundo o art. 13, § 2º do Código Penal, o(a) médico(a) pode ser responsabilizado(a) civil e criminalmente pelos danos físicos e mentais que [a gestante] venha a sofrer”.

Considerando o exposto acima, o Artigo 1o do PLC 3/2013, que poderia ser interpretado serenamente como sendo uma objetiva defesa de pessoas violentadas, torna-se, à luz do conteúdo e do espírito destas Normas nefastas, um eufemismo para o aborto. Do contrário, de que outra maneira poderia este serviço ser “integral”? Imagine-se então o que significaria, nesta mentalidade contorcida do executivo normatizador, um “encaminhamento [...] aos serviços de assistência social”.

Atualmente esta Norma está sendo colocada em prática em ao menos 64 unidades hospitalares de nosso país. O PLC 3/2013 torna obrigatório este tipo de procedimento abusivo e ilegal para toda a rede hospitalar da nação, quando determina que este serviço seja “obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS”.

Com um passe de mágica, a rede de aborto “legal” não somente aumentará de forma desmesurada, como também se tornará compulsória, forçando hospitais e médicos a realizarem ou encaminharem inúmeros abortos sem que para isso haja o mínimo fundamento legal.

As consequências do PLC 3/2013 chegará à militância pro-vida causando grande atrito e desgaste para Vossa Excelência, senhora Presidente, que prometeu em sua campanha eleitoral nada fazer para instaurar o aborto em nosso país.

Recorde-se, Excelência, que este projeto de lei, que jazia esquecido na Câmara dos Deputados há 14 anos, foi trazido à luz, conforme noticiado pelo próprio Jornal da Câmara, por um membro de seu governo, o Ministro da Saúde Alexandre Padilha.

Por esta razão, senhora Presidente, pedimos veementemente o VETO TOTAL do PLC 3/2013 e aguardamos, outrossim, que Vossa Excelência dê ordem para a reelaboração das Normas Técnicas que alargam de forma despudorada as disposições do atual Código Penal a respeito do aborto em caso de estupro.

Padre Berardo Graz
Coordenador da Comissão em Defesa da Vida
Regional Sul 1 da CNBB

Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior
Presidente do Instituto Padre Pio

Paulo Fernando Melo da Costa
Vice-Presidente da Associação Nacional 
Pro-Vida e Pro-Família

SOBRE O SILÊNCIO

NOS PALCOS DA OCLOCRACIA

Escrevinhação n. 1022, redigida entre os dias 15 de julho de 2013, dia de São Boaventura de Bagnoregio, de Santa Julita e São Ciro (Igreja Ortodoxa), e de São Vladimir de Kiev.

Por Dartagnan da Silva Zanela

O espetáculo é cansativo e delirante ao mesmo tempo. A peça toda que está em cartaz, já a longa data, neste mofado teatro chamado Brasil, chega a ser patética. Dum lado temos um personagem disforme, de olhar baixo, expressão oblíqua, que é feito de otário um dia sim e noutro também, principalmente quando ele imagina que está interpretando o tal sujeito histórico, ativo e crítico. Fala até pelos cotovelos, mas ninguém o ouve, nem mesmo ele.

Do outro lado, temos o seu antagonista, ou quase isso. São as otoridades. Também são disformes e desprovidas de caráter. Apresentam-se na encenação muito bem asseados, com formosa aparência que encanta as almas mais desavisadas. Tem por esporte, gerar intrigas de bastidores e coisas do gênero nos mais variados tons. E também falam muito. Demais! Porém, todos fingem ouvi-lo com muita deferência, inclusive eles.

Num dado momento, os primeiros gritam palavras de ordem que, em geral, foram insufladas por agentes de influência dos segundos. Fazem aquele carnaval, com direito a carro de som e tudo em sua apresentação circense de cidadanite de ocasião. Nesta prelação coletiva, todos se esforçam em dar aquela impressão de que se importam, realmente, com os rumos da nação. O que não contam é que, a nação, para eles, não ultrapassa os limites de sua carteira.

E a opereta continua! No ato subseqüente temos as humanitárias e abnegadas otoridades. Após o entoar dos clamores populares, eis que eles se apresentam para salvar a todos com suas emergenciais medidas. Estes, com seus olhares mimosos (olhares estes que se esquivam da mira de qualquer um que ouse ver o que há para além das janelas de suas almas), esforçam-se, e muito, como nunca se viu antes na história deste país, em dizer que eles pretendem ouvir, atenciosamente, todas as solicitações das ruas (e dos bueiros também).

O enredo é o fingimento total e irrestrito. E os devaneios não ficam por menos. Nesta, eles são elevados à categoria de reforma política salvadora enquanto, por de traz das cortinas, no fundo das fétidas coxias, estão os senhores do espetáculo, dirigindo toda a tragédia bufa que toma conta de nosso país, onde todas as competências certificam a podridão; onde todos os temperamentos se dão bem em meio à devassidão. 

Quanto aos diálogos da peça, ninguém os lê, nem mesmo os (depre)cívicos artistas. Vai tudo de improviso e, mesmo assim, com tudo dentro do que fora previsto e escrito pelo roteirista. Roteiro este de fácil leitura e compreensão, mas que, para infelicidade inteira da nação e alegria geral do espetáculo, continua sendo desdenhado pelas marionetes que hoje estão a bailar no palco da arena política brasileira que, neste teatrinho chinfrim, são os pseudo-protagonistas.

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NOSSOS VALORES

OUTROS RETALHOS

Escrevinhação n. 1021, redigida entre os dias 09 de julho, dia de Santa Madre Paulina, e 16 de julho de 2013, dia de Nossa Senhora do Carmo.

Por Dartagnan da Silva Zanela



1. “Não temos políticos de mérito, não temos estadistas de valor; estamos em pleno reinado da mediocridade e da pequenez”. Assim falava Sílvio Romero nos idos do século XIX. Palavras estas que ainda fazem eco. Não há, de fato, no horizonte de nossas ações, um abnegado amor à república. Onde não há senso de dever, a vida política reduz-se a tirania, para o delírio das massas e regozijo das oligarquias. Por isso, o que temos não passa dum covil de lobos e hienas desorganizados em alcatéias que se devoram mutuamente.

2. José de Alencar, em sua obra “Cartas ao povo”, declarava que o tesouro duma nação é o sangue e suor de sua gente. Cada um, enquanto sujeito único, é parte do sangue desta terra. O suor sagrado é o labor nosso de cada dia cujo tutano de seu fruto é vilmente sugado por parasitas disformes que dizem representar-nos e que, para infelicidade geral da nação, tem em suas mãos um mandato para tanto, mesmo que não o façam. E não o fazem! E se, vez por outra, o fazem, é pra fingir que são nossa voz junto as mundanas potestades que imperam neste chão. E fingem mal pra cacete.

3. Não são poucas as vozes que, hoje, bradam garbosamente por uma reforma política. Frente a estes gritos, mui distantes de serem retumbantes, meus alfarrábios questionam-me, com a delicadeza que lhes é característica. O sistema é corruptor por sua natureza, sim senhor, mas os indivíduos que agem sub sua égide são almas pias que por desventura do destino foram maculadas? Sejamos francos: todo sistema é aparentemente funcional e humanamente corruptor. Trocando por dorso: não há sociedade livre das forças corruptoras e há aquelas em que, os indivíduos, permitem-se ser dominadas por elas. Penso que esse seja o caso de nosso país que atualmente dissimula mais uma reforma para que todos possam esquivar-se de suas responsabilidades individuais.

4. Os ditos populares são uma rica fonte de conselhos. Cada palavra é um adocicado favo de prudência e sabedoria. De todos, há um que muito aprecio. Seria este: “tempo é questão de gosto”. Num mundo como o nosso, onde muitos queixam-se por não dispor dele, tais palavras são uma provocante bofetada. Não é que tenhamos tempo de menos. Na verdade, o temos de sobra. O que não sabemos, e nos recusamos a aprender, é aproveitar melhor as bênçãos das horas ociosas. Preferimos ocupá-las com banalidades para continuarmos apegados a nossa nulidade voluntária revelada através de nossos atos e feitos, dos nossos usos e abusos do tempo, que tanto dizem a nosso respeito. E como dizem.

5. Não tenho bandeira nem clarim. Carrego apenas em minha algibeira um punhado de palavras ferinas, outro tanto de vocábulos cáusticos e uma porção rala de gentileza. E todas elas, lhe garanto, são advindas das melhores safras de sinceridade, das poucas que ainda há nestas plagas. Uso, cada uma delas, para dizer o que penso, descrever o que vejo e cantar o que sinto. Não por vaidade. Talvez por vício. Mas digo e repito aquilo que cala em minha alma e não quer calar em minha boca, transbordando através de minha pena o azulado sangue das letras e palavras que carrego em minha algibeira.

6. “Não é senão justo apreciar as sociedades pela sua flor, pela sua elite, isto é, pelo que elas mais profundamente admiram em si mesmas e o mundo mais admira nelas”. Assim declara Joaquim Nabuco numa passagem de sua obra MINHA FORMAÇÃO. Um corpo de elite, nas mais variadas searas, apresenta-nos o que há de mais valoroso entre nós. Todavia, aqui, qualquer referência a uma elite torna-se indecoroso. E assim o é com relativa razão. Quanto se fala de elite, a única imagem que nos vem à mente é duma plutocrática (oligárquica e fisiológica). Nestas plagas, não enxerga-se nada além das sombras da cobiça, inveja e da intriga. Eis o nosso “melhor”. Tal visão obtusa revela-nos o quanto a flor do brasílico jardim está enferma, tanto quanto nosso [depre]cívico coração.

O CLAMOR QUE NÃO FOI OUVIDO

Padre Paulo Ricardo - Comissão de Direitos Humanos

DAS TREVAS DO RELATIVISMO À LUZ DA FÉ

Escrevinhação n. 1019, redigida entre os dias 08 de julho de 2013, dia de Santo Eugênio.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Vivemos hoje num mundo onde as manifestações culturais negam a presença de Deus. Vivemos como se Ele não estive presente, apesar de nossos lábios confessarem que cremos Nele e em Sua atuação no mundo. Duvidar da existência do Criador é uma vicissitude que qualquer ser humano pode (não que necessariamente deva) experimentar frente às inúmeras circunstâncias contraditórias que a vida nos apresenta. Muitíssimos santos, diga-se de passagem, tiveram de passar por terríveis crises espirituais até encontrarem a luz da fé. Aliás, somente cai quem está sinceramente trilhando sua jornada por esse vale de lágrimas.

E tem mais! O mundo moderno labuta incansavelmente para nos derrubar e nos arrastar para as sombras da dúvida estulta e, por isso mesmo, a Carta Encíclica LUMEN FIDEI, primeira do pontificado do Papa Francisco, é um ungüento providencial para todo aquele que está com seu coração chagado por esse doloroso cravo que é a fé morna ou o ateísmo (militante ou não).

Essas moléstias que atormenta a alma humana são advindas da profunda egolatria que impera atualmente e que se manifesta com toda sua majestade no mosaico cultural presente. O Papa Francisco pontua que a idolatria, dum modo geral. é um pretexto para nos colocarmos no centro da realidade, adorando as nossas parvas obras, cultuando a nós mesmos, colocando nossos desejos e nossas opiniões no centro da vida como se fossem as fontes originárias de todas as verdades dignas de respeito. Na verdade, tal situação não chega a ser nem mesmo digna de pena.

Essa, meus caros, é a ditadura do relativismo, tantas vezes denunciada pelo Papa emérito Bento XVI, que solapa e destrói a razão amordaçando-a num simulacro de racionalidade. O materialismo, o hedonismo, elevados a categoria de fundamento último da realidade, derribam a razão, como nos ensina Santo Papa João Paulo II. E, o atual Pontífice, por sua deixa, nos adverte: “A idolatria não oferece um caminho, mas uma multiplicidade de veredas que não conduzem a uma meta certa, antes se configuram como um labirinto. Quem não quer confiar-se a Deus, deve ouvir as vozes dos muitos ídolos que lhe gritam: 'Confia-te a mim!'”.

Ora, uma estrada é boa quando verdadeira. O disso é contrário é perdição. Todavia, para o homem moderno, a única via boa é aquela que é agradável e viver deste modo, leva-nos a crer na ilusão estúpida de que há um profundo abismo entre fé e razão por não compreender-se o que é a primeira e não saber usar a segunda, o que fecha nossas vistas à Verdade com as vendas de pífias opiniões.

Sem a luz da Verdade, a fé torna-se frágil e a razão, inevitavelmente, débil, por nos iludirmos com as fábulas advindas de nossos desejos e rancores que consomem e debilitam as reais potencialidades humanas.

A verdade é amor. Ela apenas manifesta-se àqueles que a amam, que estejam dispostos a sacrificar-se e destruir o altar idolátrico de sua vida para que ela, a verdade, transfigure nossa alma. Porém, nosso amor próprio é tão espaçoso que não deixa nem um cadinho que seja para essa luminosa paixão.

Por fim, a razão desprovida da luz da fé vê-se maculada. A fé, sem a orientação da razão, esmorece. Ambas, sem a chama do amor morrem e nós, sem essa tríade, perdemos a Graça. 

Pax et bonum
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OPINAR OU NÃO OPINAR...

OS CAQUINHOS DO JARRO DA MÃE JOANA

Escrevinhação n. 1019, redigida entre os dias 05 de julho, dia de Santo Antônio Maria Zacarias, e 09 de julho de 2013, dia de Santa Madre Paulina.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Michel de Montaigne, quando ainda estava entre os mortais, mandara gravar nas vigas do forro de sua biblioteca as sentenças morais que norteavam a sua vida. Atitude magnânima que deveria ser adotada por cada um de nós, visto que, esquecemo-nos com freqüência das diretrizes que nos dispomos obedecer no fiar nossos passos por esse vale de lágrimas. Seja nos gestos cotidianos, nos afazeres banais, infelizmente lá estamos nós negando os princípios que juramos com os pés juntos seguir. Aliás, quais são os princípios que dão rumo e prumo a sua vida meu caro Watson?

2. Em meu canto, onde proseio com meus alfarrábios e livros, tenho as imagens de alguns Santos de minha devoção e uma sentença afixada na parede. Esta é da pena de Goethe e diz: “quando não se sabe o que fazer, cumpra o que é de teu dever”. Ora, pra que isso? As imagens para lembrar-me do quão grande é minha pequenez. A máxima, para que eu não deixe, nem por um instante, de lutar contra ela.

3. [uma visita inesperada] Há pessoas que nos surpreendem dum modo, com seus gestos amorosos, que a única coisa que nos resta, quando diante delas, é sorrir. Sorrir e agradecer a Deus por Ele ter-nos abençoado com elas em nossa vida. Assim são meus pais que na plenitude de seus vividos anos, ainda são capazes de surpreender esse diminuto e ingrato garoto que, já há algum tempo, virou a esquina da vida. Espero, um dia, poder ser assim, surpreendente e afetuoso, para com a família de meus filhos como os meus velhos o são para com a minha. É isso. Nada mais, nada menos que isso.

4. Todos têm lá suas feridas na alma. Umas são mais doloridas e pustulentas, outras nem tanto. Não há quem possa dizer que não as carregue em seu íntimo. O que realmente muda duma pessoa para outra é a forma como as tratamos. Há uns que as cauterizam com uma lâmina em brasa duma vida fiada pela via das virtudes, fixando seu olhar para além de suas lágrimas. Outros, entretanto, ficam a lambê-las feito cães sarnentos que não conseguem enxergar nada além de sua umbilical dorzinha feito um moleque mimado. Sim! Toda dor é merecedora de nosso respeito, todavia, há certos sofredores que não são nem dignos de pena.

5. O charme do poder está em seu abuso. A sua grandeza e magnanimidade não. No abuso revela-se a mesquinharia daquele que exerce o encardo de mando através de perseguições políticas e dum patrulhamento ideológico. Nas peias pelo poder compreende-se o ranger dos dentes, mas não no seu cotidiano exercício. Somente caudilhos miúdos agem assim. Por isso, ontem ou hoje, a arbitrariedade, dissimulada de autoridade, impera em nossos rincões e, em vista disso, como nos lembra Humberto de Campos, “no Brasil nossos políticos são tal qual nossa fauna: não há gigantes”. E, ao que tudo indica, não haverá tão cedo.

6. Com freqüência ouço alguns pares de ofício falar, com amargor no coração, que Capistrano de Abreu, Silvio Romero, Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Oliveira Vianna e tutti quanti, seriam autores que tiveram lá sua importância, mas que já estariam superados. O curioso é que não conheço um, dentre eles, que tenha deitado suas vistas nas obras da lavra desses senhores. Aliás, nem mesmo numa lauda que fosse. Julgo tais leituras relevantes por várias razões. Uma é para conhecermos alguns dos grandes mestres de nossa língua. Outra: para aprendermos a estudar e pararmos de palestrar sobre assuntos que desdenhamos de modo tão soberbo.


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QUE O AMOR IMPERE

OS CAQUINHOS DO JARRO DA MÃE JOANA

Escrevinhação n. 1018, redigida entre os dias 01 de junho de 2013, dia do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, e 05 de julho de 2013, dia de Santo Antônio Maria Zacarias.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Brasileiro ama de opinar. Sobre o que? Qualquer coisa. Pouco importa a pauta que esteja à mesa de despacho para o nada na repartição do boteco da esquina. O importante é que se tenha algo a dizer, mesmo que este algo na diga em suas linhas ou entre elas. E não há perigo de parecermos bocós não. Posar-se-ia de bocó se numa destas rodas sapientes, de alto ou baixo grau etílico, se tiver a ousadia de falar de algo com propriedade. Aí sim fica-se com cara de taxo, porque o saber causa espanto nas tribos nativas. Se isso ocorrer, cuidado! Você poderá ser consumido pelos antropofágicos olhares que tudo devoram por medo de serem desnudados em seu despudorado desamor ao conhecer.

2. Independente dos protestos multicolores e rubros que estão a florir pelas ruas e vielas de nosso país, a tragédia brasileira é inevitável. Todos sabem disso. A grande dúvida está quanto ao seu desfecho. Uns acreditam que ela terminará com todo mundo entediado, desiludido, com o amargor da decepção na boca, outros afirmam que tudo acabará em um grande banho de sangue a lavar nossas faltas individuais e coletivas. Dum jeito ou doutro, o que temos é uma tragédia onde a vilania reina do primeiro ao último ato sem descansar. Quanto aos heróis, infelizmente não passam de personagens que correm de lá para cá, perdidos dentro de suas roupas, sem saber o que ocorre em seu em torno que tanto os perturba. Desta ou doutra maneira, o protagonista será a turba ululante. Ou seja: trágico barbaridade.

3. Quando o livro “História do mundo para crianças” de Monteiro Lobado estava para ser publico em Portugal, o então governo da Lusa enviou um telegrama censurando o referido livro por narrar fatos que eram considerados impróprios. Nesta ocasião, Lobato, em meio a inúmeras considerações sarcásticas, lembrou que: “ou a história é história e conta o que houve, ou ajeita os fatos conforme o convêm aos interesses dum grupo e passa a ser propaganda”. Ora, raios! É isso o que ocorre hoje na terra de Vera Cruz. O ensino de história reduziu-se deploravelmente a categoria de ministério de propaganda marxista com seus “comissários da verdade”. E ai de quem destoa o tom rubro reinante ou ouse quebrar com a vermelhidão oficial. Esse infeliz sentira o peso democrático da batuta revolucionária.

4. Somente almas decadentes deixam-se seduzir por paixões ideológicas e rebeliões desprovidas de propósito. E, diga-se de passagem, não há nada mais decadente no mundo do que as gerações, maduras ou tenras, que caminham sem rumo pelas ruas com suas palavras de ordem simiescas repetidas como um mantra mundano que evoca o espírito suíno que as anima. Refiro-me ao povo brasileiro? De modo algum. Penso apenas naqueles que se mijam só de ver uma imagem do Che, que deliram ao ver uma frase de Marx, ou de qualquer figurinha de sua matilha. Estes sim são decadentes, moral e espiritualmente, de cabo á rabo e querem, a qualquer custo, arrastar toda a nação para seu brejo ideológico.

5. Nada da tradição marxista é aproveitável? Não necessariamente. Há o que aprender, desde que, estudemo-la cientes do que seus sectários se propõem a realizar: a subversão de tudo para conquista definitiva do poder. É isso o que temos nas linhas e entrelinhas de qualquer obra marxista. Se não levarmos isso em consideração, inevitavelmente, nossa capacidade cognitiva será devorada pelas intenções indisfarçadas das rubras palavras. Mesmo cônscio disso corre-se esse risco, agora, imagine o que ocorre com os miolos daqueles que apenas macaqueiam as palavras de ordem inspiradas nesta ideologia macabra. Na verdade, a gente ri pra não chorar.

6. Muitos canhotinhos e bons-mocinhos têm todo um código moral próprio para julgar os atos alheios e um, todo especial, para apaziguar os seus (e dos seus pares), mimando-se, vendo-se como os querubins mais rechonchudos da face da terra. Ora, não há nada mais avesso a misericórdia, nada mais imoral, que esse joguinho cênico apresentado para dar ares duma superioridade postiça no intento pífio de disfarçar a patifaria miúda que perpassa suas vidas fazendo do dia a dia destes uma grande dissimulação, do princípio ao fim.

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OS MERECIDOS LOUROS AOS BRAVOS

Escrevinhação n. 1017, redigida entre os dias 01 de junho de 2013, dia do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Nestes dias estive relembrando, cá com meus botões, a tragédia da boate Kiss, das cenas que tanto chocaram o país logo no início deste ano. Correria, medo, desespero, insegurança. Tudo isso junto atirado aos quatro ventos e tendo como fundo as labaredas ardentes que devoravam lentamente o íntimo das almas que, aflitas, acompanhavam o sombrio espetáculo, ao mesmo tempo em que outra multidão fazia graça e chacota diante das mortes sulistas não anunciadas.

Todavia, minha memória, não fia seu caminhar pelas trilhas da desamparada dor, nem mesmo pela frieza do sombrio humor que se ri de tudo por desespero. A jornada dela é pela vereda da beleza do ocorrido. Beleza esta que de certa forma foi chamuscada pelo medo.

O amigo pode perguntar: onde estava a beleza desta tragédia? Pergunta justa a qual respondo: no mesmo lugar em que ela está em todas as tragédias: no auto-sacrifício abnegado que, popularmente, chamamos de heroísmo.

Provavelmente, até a fatídica noite, todos aqueles jovens levavam uma vida banal, sem nada de especial que os dignifica-se ou os macula-se. Deveriam ser bons filhos (alguns não tanto), alunos razoáveis (uns mais, outros menos), grandes amigos nas aflitivas rotinas diárias e nas noites sem fim de boemia. Em fim, pessoas banais como eu e você. Porém, o delicado véu das rotinas delirantes é rompido por um ato insensato: um incêndio que, com suas chamas, lamberam sem piedade as carnes e devoraram vorazmente as consciências humanas.

Em meio a todo esse dantesco terror, eis que das cinzas, jovens que até então viviam imersos na banalidade transfiguraram-se em colossos que miraram suas vistas nos olhos da morte, encarando-a com destemor homérico em nome dum amor que até então, provavelmente, não havia brotado na mina de seus corações.

Vidas até então eivadas de superficialidade, de repente, viam-se consumidas pelo amor incondicional ao próximo forjado numa coragem digna dum cavaleiro quixotesco que num único ato realizaram as mais excelsas possibilidades humanas, preenchendo de sentido o que até então não tinha sentido algum. Deram suas vidas para salvar outras, cujos nomes, em sua maioria, não sabiam, e que, mesmo assim, foram acolhidas entre seus braços.

Confesso que um calafrio gélido verte de minha espinha quando essas cenas escapam do claustro do esquecimento. Não por frescura, mas porque fico a perguntar-me: se lá estive será que eu teria o mesmo destemor e o mesmo amor ao próximo que fora manifestado por aqueles jovens que pelejaram contra a morte para salvar seus semelhantes? Quantos de nós teriam coragem similar? Quantos estariam dispostos a arriscar a própria vida para salvar estranhos tão iguais?

Por isso, creio, piamente, que todos aqueles que abnegadamente se sacrificaram naquela noite nas terras do vento minuano, estão com seus nomes gravados nos umbrais da eternidade que são imensamente maiores que as estreitas portas da história e das jornalísticas novidades.

Pax et bonum
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