Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS DA SEMANA


Comentários proferidos através das ondas da Rádio Cultura AM/FM entre os dias 21 e 25 de junho de 2010.

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PROGRAMA AVE MARIA, 24 de junho de 2010.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.

[pdf] CALAR PARA ENSINAR E APRENDER

CALAR PARA ENSINAR E APRENDER

CALAR PARA ENSINAR E APRENDER

Escrevinhação n. 835, redigido em 15 de junho de 2010, dia de São Vito e da Bem-aventurada Albertina Berkenbrock.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"A minha consciência tem para mim mais peso do que a opinião do mundo inteiro". (Cícero)

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Temos um gosto um tanto que obsceno, por assim dizer, pelo ato de emitir nossos juízos rasos, “pedagogicamente” chamados de opinião, e somos adestrados simiescamente a criarmos um significativo apresso por tais expressões verbais que se apresentam em nossos lábios com um dissabor rançoso advindo de uma grande quantia de um compacto de sentimentos que se encontra incrustado nestas palavras que formam a nossa dita e escarrada opinião crítica que criticamente é parida pelo amargor do coração humano que as cultivou.

No fundo, utilizamos apenas as parcas palavras que conhecemos para expressar o que queremos para, no fundo, nos esquivarmos da dura realidade que habita no âmago de nossa alma e que, devido a uma mastodôntica porção de covardia moral, preferimos nos esquivar e nos esconder atrás de nossos colóquios como um cãozinho amedrontado com as possíveis chineladas que nosso dono pode nos aplicar. Isso mesmo. Escondemo-nos de nossa consciência moral de modo similar a um cão que se esconde de seu dono. Não suportamos a idéia de que devemos ser senhor de nossa vontade para não nos tornarmos um canino doméstico nas mãos de nossas paixões que se fantasia de idéias para melhor nos rebaixar a um nível bestial.

Quanto maior é o respeito que nutrimos pelas nossas opiniões, maior é o nosso desdém desrespeitoso que manifestamos pela Verdade. Outro ponto interessantíssimo a ser destacado é o fato de que quanto mais uma assembléia de pessoas “críticas” profere palavras, menos compreensão ela tem do que realmente é o objeto de suas contendas verbais. Cara! Isso é mais comum que lavar o rosto pela manhã. Fala-se até pelos cotovelos, porém raramente sabe-se com clareza sobre o que estão falando justamente porque a preocupação maior é aparentar que se sabe do que realmente testemunhar uma vontade crescente de conhecer por estarmos muito mais preocupados em convencer os demais de nossas ditas opiniões do que saber se elas necessariamente refletem a realidade.

O que nos impressiona nisso tudo é que tal problema não é exotérico, de difícil constatação. De longa data temos isso apontado em nossa cultura e denunciado por almas hercúleas como sendo um grande mal que nos aflige. Por exemplo, se tomarmos em nossas mãos o belo livreto do místico medieval Tomas de Kempis intitulado A IMITAÇÃO DE CRISTO, ele nos ensinará, em seu capítulo IV que: “Não se há de dar crédito a toda palavra nem a qualquer impressão, mas cautelosa e naturalmente se deve, diante de Deus, ponderar as coisas. Mas, ai! Que mais facilmente acreditamos e dizemos dos outros o mal que o bem, tal é a nossa fraqueza. As almas perfeitas, porém, não crêem levianamente em qualquer coisa que se lhes conta, pois conhecem a fraqueza humana inclinada ao mal e fácil de pecar por palavras”.

Esse conselho que evocamos foi redigido no século XV, aproximadamente, e era algo que até mesmo um rude camponês compreendia com grande clareza, mas que, o “ilustrado” homem modernoso, com o seu ego inflado de orgulho e intoxicado de vaidade não mais é capaz de compreender. Dirão alguns: “Onde já se viu eu não poder expressar a minha opinião crítica sobre a realidade!” Tá, mas qual a validade real disto que você diz sobre essa tal realidade que você tão olimpicamente desdenha em cara pálida?

Examinamos com nossa crítica pacóvia tudo e a todos sem ao menos termos examinado de maneira profunda e séria a nossa própria alma, a nossa própria pessoa, para vermos se a auto-imagem que edificamos de nós mesmos corresponde a nossa pessoa real que tanto se esforça em esconder-se atrás de tantas palavras como a um cão que apenas sabe latir, abanar o seu rabo e de vez em quando rosnar, todavia, não sabe explicar o que está vendo, o que fez e muito menos descrever as razões de sua manifestação canina.

Mas, no fim das contas, o importante é que elas são críticas e as sente como suas, mesmo que a pessoa as profere não seja nada mais que um cãozinho que corre, amedrontado, de sua senhora consciência.

Pax et bonum
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[pdf] NÃO ENSINAR PARA APRENDER

NÃO ENSINAR PARA APRENDER

PENSANDO BLOGICAMENTE n. 12

(desejo de correção)


Um dos pontos fundamentais no processo educativo é o desejo de correção. De o aluno procurar o aprimoramento de seu ser através da orientação corretiva de um mestre e do desejo deste de levar o seu aluno para o caminho do crescimento enquanto pessoa. Trocando por miúdos, nos educamos quando nos permitimos amoldar o nosso ser à realidade. Quando dilatamos nossa alma para que ela torne-se apta a captar e integrar o Real em nossa realidade íntima. Entretanto, nos preocupamos tanto em afirmar o mundinho de nossa alcova que acabamos por confundir esse com as dimensões do Real. Tal impostura, não é educação. É deseducação. Afirmar nossas opiniões não sinaliza que amadurecemos, mas sim, que apenas continuamos agindo como um garotinho que teima em agir como se o mundo tivesse sua órbita em torno de seu umbigo pseudo-solar. Não é por menos que a grande maioria das pessoas tenha tanta aversão à correção de seus atos, pois imaginam que não são elas que devem se emendar, mas sim, a realidade que não se ajustou de maneira adequada à sua majestade umbilical.

Dartagnan da Silva Zanela,
em 15 de junho de 2010.

[pdf] OUTROS CONSELHOS DESDENHADOS – parte III

OUTROS CONSELHOS DESDENHADOS – parte III

OUTROS CONSELHOS DESDENHADOS – parte III

Escrevinhação n. 833, redigido em 21 de maio de 2010, dia de Santo Eugênio de Mazemod e dos Bem-aventurados e Manuel G. Gonzáles e Adílio Daronch.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“Eu cumpro o meu dever. Os outros seres não me inquietam”. (Marco Aurélio)

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Arrependo-me de não ter deitado minhas vistas antes nesta jóia que é esse livreto do último imperador Antonino que sob Roma fez imperar seus decretos. Não tanto pelo conteúdo específico do mesmo, mas sim, pela maneira sincera que ele transcreve os seus conselhos nas suas páginas. Sinceridade esta incomum nos hodiernos dias.

Convencionou-se chamar de filosofia nestas terras de Pindorama algo que beira simplesmente a demência coletiva auto-sugerida e nada mais do que isso. Trocando por dorso, a opção filosófica que impera em nosso país é simplesmente uma caminhada ululante repleta de fingimentos histriônicos que tem por objetivo o culto de si e de sua insanidade travestida de sabedoria, fantasiada com alguns míseros trapos retóricos, palavras vazias, cacoetes mentais, termos chaves que fazem com o indivíduo que a isso adere sentir-se supostamente superior aos demais.

Por essa razão que quando lemos as palavras que seguem abaixo, tiradas diretamente da lavra de Marco Aurélio, compreendemos o quanto que o fazer filosófico distanciou-se do que originariamente lhe conferia a dignidade que lhe era devida. Diz-nos o sábio César que: “Quem ama a glória situa o seu bem numa atividade alheia”. Conhecer-se a si mesmo. Eis aí o ponto nevrálgico do ensinamento Socrático, eis a sentença luminosa que brilhava nos umbrais do Oráculo de Delfos. Eis aí a grande ausente no que se convencionou chamar de filosofia na atualidade.

Entretanto, não é a essa advertência que nos é feita por essa augusta alma que gostaríamos de chamar a atenção. Não tão só a essa advertência, mas sim, a algo que ele faz logo no primeiro livro de suas MEDITAÇÕES que é tão só e simplesmente listar o nome das pessoas que contribuíram de alguma forma para que ele fosse quem ele havia se tornado, apontando os ensinamentos que lhe foram ministrados por estes, direta ou indiretamente. Através de palavras ou de atitudes exemplares.

Veja só que coisa simples e majestosa. Ao invés de doutrinação materialista, niilista, marxista e politicamente-correta que infecta nossas Instituições de Ensino poder-se-ia ensinar, em um primeiro momento, aos nossos mancebos a rastrearem (i) o que eles sabem, (ii) em que medida sabem, (iii) de quem aprenderam e (iv) como aprenderam o que os torna quem eles são. Tal exercício, em resumidas palavras, nada mais é do que a apresentação de uma prática primeira de autoconhecimento. Estariam os jovens meditando sobre a sua própria vida e sobre a forma como a sua alma foi sendo influenciada pelos mais variados elementos externos e pelas mais distintas pessoas. Fazendo isso, poderá ela, conhecendo-se melhor, corrigir os erros que podem estar deitando raízes em seu caráter e aprofundar mais significativamente as virtudes que ele deseja que se assenhorem de sua alma e, por fim, fazer-se mais senhor de sua vontade e de suas paixões através da retidão de sua consciência.

Além de tudo isso, tal exercício levará a tenra alma a aprender a cultivar no âmago de seu ser um profundo sentimento de gratidão para com os seus próximos. Gradativamente, estará ele reconhecendo que no pouco que há de bom em seu ser a presença edificante de pessoas que lhe ofertaram algo sem nada em troca pedir, ao mesmo tempo em que, também, reconhecerá que tudo que há de mesquinho e miserável em sua alma frutificou tão só e simplesmente de seu orgulho e vaidade que o impele a ansiar ser o centro de tudo.

Aliás, e quanto a vocês meu caro Watson, saberia listar o nome das pessoas que lhe influenciaram e em que medita lhe influenciaram? Bem provavelmente não, pois a gratidão não é um dos pontos fundadores de nossa cultura. A humildade e a procura pela retidão que essa virtude nos impele não são traços marcantes em nossa sociedade o que, conseqüentemente, tornam o reconhecimento de nossa divida para com aqueles que nos ensinaram algo um tanto que estranho e mesmo jocoso nos círculos de convívio desta terra de desterrados.

Por fim, pense-se o que quiser sobre isso. Porém, uma coisa eu lhes digo: qualquer um que humildemente fizer esse exercício, imbuído de profunda sinceridade, aprenderá muito mais sobre si mesmo e sobre a vida do que qualquer professor, incluso esse que lhes escreve, poderá, um dia, ensinar. Todavia, o problema não é esse. O problema é sabermos quem realmente deseja aprender tal lição, não é mesmo?

Pax et bonum
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[pdf] CONSELHOS DESDENHADOS – parte II

CONSELHOS DESDENHADOS – parte II

CONSELHOS DESDENHADOS – parte II

Escrevinhação n. 832, redigida em 19 de maio de 2010, dia de São Pedro Celestino, Santo Ivo Hélory de Kermartin, São Crispim de Viterbo e do Bem-aventurado Agostinho Novello.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Se o amigo leitor me permite, gostaria de, através destas parvas linhas, tecer outros comentários a respeito do belíssimo livreto de Marco Aurélio, em especial o seu LIVRO I de suas MEDITAÇÕES, onde o mesmo apresenta a nós a sua gratidão para com todos que contribuíram para que ele fosse o homem havia se tornado.

Aliás, tal gesto, em si mesmo, já é algo de grande louvor. Por isso, indagamos: seríamos nós capazes de listar o nome das pessoas com as quais aprendemos algo de significativo e apontar esse algo? E mais! Seríamos capazes de sermos gratos a essas almas pela contribuição que nos legaram para nos tornarmos quem nos tornamos? Provavelmente não. As sombras projetadas por nosso orgulho encobrem e sufocam a nossa humildade na maior parte do tempo.

Dito isso, há uma passagem desta primeira parte de sua obra que julgo ser de significativa relevância para nós, homens modernos. É onde ele aponta de maneira gentil o que aprendeu com o filósofo estóico Claudio Máximo. Diz-nos o Sábio Imperador que, com este homem, aprendeu: “[...] o domínio de si mesmo e o não titubear em matéria nenhuma; a fortaleza nas vicissitudes, notadamente nas enfermidades; a feliz fusão da doçura e da imponência em seu caráter; o cumprimento de suas obrigações sem queixas; o crerem todos que ele pensava como dizia e não havia maldade em seus atos; a ausência de espantos e de medos; o jamais açodar-se ou demorar, embaraçar-se, descoroçoar, ou gargalhar e em seguida entregar-se a cóleras ou suspeitas; a beneficência, a indulgência e a lealdade; o dar antes a impressão de não entortado que de endireitado; que ninguém jamais se imaginaria menosprezado por ele, nem ousaria acreditar-se superior a ele”.

Peço que o leitor, livremente, medite sobre essas palavras, sobre esses ensinos que foram aprendidos pelo finado César Antonino e pergunte-se: quais dessas qualidades humanas se encontram expressamente presentes como conteúdo a ser aprendido em nossas escolas e mesmo de maneira informal em nossa sociedade. Quais? Não à toa que nosso sistema educacional encontra-se capenga do jeito que está e porque ele tem gerado os frutos que tem gerado. Em uma sociedade onde as mais elevadas qualidades humanas não mais são cultivadas como lição fundamental que deva ser aprendida pelo indivíduo torna-se deveras difícil se falar em dignidade.

Poderíamos, nestas linhas, comentar dito por dito, deste trecho da obra do gentil imperador. Poderíamos, porém, nos contentaremos em apenas comentar um, juntamente com o seu gesto. “[...] o domínio de si mesmo e o não titubear em matéria nenhuma”. Essa, a meu ver, é a lição mais importante a ser aprendida por uma tenra alma. Se não somos capazes de dominarmos a nós mesmos não somos capazes de realizar nenhuma empreitada de maneira apropriada, muito menos nos dedicar apropriadamente aos nossos estudos. Uma alma que não é capaz de dominar suas paixões e seus impulsos mais baixos está condenada a ser dominada por qualquer um que demonstre um pouco de força. Uma alma assim turvada, jamais poderá afirmar com convicção que é senhora de si mesma, pois é incapaz de enfrentar qualquer matéria com firmeza e convicção, visto que não é firme consigo e, conseqüentemente, flácido quanto às convicções que o sustentam.

Nossa época está parindo uma geração de pessoas impaciente, ansiosas, insensatas, desregradas, enfim, a cara de nosso sistema educacional que, por sua deixa é a cara escarrada de nossa alma. Uma geração que almeja apenas fazer o que gosta desdenhando o que lhe cabe cumprir. A isso chamam atualmente de cidadania e lutar pelos seus direitos. Fazer o que. A tenra geração aprendeu louco de bem o que lhes foi ensinado.

E assim ensinamos aos nossos mancebos, por não termos agido como o velho imperador e pensado com gratidão sobre as pessoas que nos ensinaram tudo o que de valor preenche nossas vidas, por termos sido orgulhosos e intentado querer criar algo melhor sem ao menos termo-nos nos esforçado em sermos, primeiramente, pessoas melhores.

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DE TANTO PENSAR MORREU UM BURRO [pdf]

DE TANTO PENSAR MORREU UM BURRO

DE TANTO PENSAR MORREU UM BURRO

Escrevinhação n. 831, redigido em 18 de maio de 2010, dia de São Félix de Cantalício, São João Primeiro e São Leonardo Murialdo.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Peço licença ao amigo leitor, para iniciar essa missiva, com uma citação, um tanto extensa de Alexis Carrel, citação essa que nos diz que: “Na esmagadora comodidade da vida moderna, o conjunto das regras que dão consistência à vida se reduziu; a maior parte das fadigas que o mundo cósmico impunha desapareceu, e com elas desapareceu também o esforço criativo da personalidade [...]. Pouca observação e muito raciocínio conduzem ao erro. Muita observação e pouco raciocínio conduzem à verdade”. Ora, mas o que exatamente esse senhor, prêmio Nobel de Medicina, intentou nos dizer com essas palavras? Simplesmente o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues. E como o óbvio é, por demais, fugidio aos olhos do homem moderno, dediquemo-nos, neste momento, a visualizar o que essa distinta pessoa desejou nos dizer.

A sociedade moderna com seu fluxo crescente de inovações que tem por objetivo aplicar à vida cotidiana uma maior praticidade e conforto, gradativamente, foi (e continua) literalmente abolindo com inúmeras regras que moviam a pessoa humana pela procura de uma vida autêntica. Antes do advento da sociedade moderna, o sentido da vida humana era uma questão levada a sério pelas pessoas de um modo geral, visto que, a sociedade apresentava aos sujeitos regras e símbolos que permitiam ao indivíduo compreender o seu lugar no cosmo. Regras e símbolos que não reportavam a superficialidade de nossa condição carnal e transitória, mas sim, para a nossa condição espiritual real. Isso mesmo. Como nos lembra, pontualmente, o Sumo Pontífice Bento XVI, o real é o espiritual. Real é o elemento que é eterno e não o que é fugas e transitório que serve apenas de sustentáculo da alma humana imortal.

Tudo que era passível de ser realizado exigia do homem um relativo sacrifício a ser despendido por sua pessoa. Exigia do homem um relativo esforço. Desde a manutenção de sua existência física até a obtenção de saberes que lhe auxiliariam na compreensão da realidade. Da realidade do mundo e de si. Na sociedade moderna, nos dias hodiernos, nada mais de significativo é exigido do ser humano e quando é, este sacrifício é literalmente um reles simulacro, um pseudo-símbolo esvaziado de significado substancial.

Um bom exemplo são as razões que nos são apresentadas, e que na maioria das vezes assimilada, para que nos dediquemos a uma “vida dita intelectual”, aos estudos. Se formos mergulhar com sinceridade nas camadas de nossas intenções, perceberemos com grande tranqüilidade que o “amor ao conhecimento” que é afirmado por nós é tão superficial como a face de uma possa d’água. É comum por demais vermos pessoas falando disso com aquele ar postiço de superioridade fingida. No fundo, todos fingem não saber que ele não é nada daquilo, pois denunciar a sua falsidade implicaria, necessariamente, na delação da nossa e, conseqüentemente, iria nos forçar a adotarmos uma mudança significativa de nossa maneira de ser.

Por nos afastarmos das regras tradicionais que davam sentido a vida humana e nos entregarmos voluntariamente aos quereres mais banais de nossa alma, acabamos por tolher a nossa personalidade, mutilando o sentido mesmo de nossas possibilidades de realização enquanto ser humano.

Elaboramos em nossa mente mil e uma explicações para o que somos e para o que almejamos ser ao mesmo tempo em que ignoramos o que nós realmente somos. Ou, como nos diz Carrel, “raciocinamos demais e observamos de menos”. Aliás, enxergamos tudo de acordo com a superficialidade de nossos raciocínios e esquecemos a necessidade de observar a realidade tal qual se manifesta diante de nós e em nós.

Por isso mesmo, não é de causar admiração alguma vermos uma sociedade composta de pessoas que tratam com tanto carinho suas opiniões imprecisas e vagas, ao mesmo tempo em que desdenham olimpicamente a realidade que o rodeia e o constitui.

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