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COM A BALA NA AGULHA
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
O grande problema do Brasil, em
Brasília ou nos grotões mais distantes dessa terra de desterrados, é a presença
aviltante, junto às instituições, de incompetentes em tudo que, por total falta
de caráter, são capazes de tudo para manterem-se agarrados nas poderosas úberes
estatais.
(2)
A elite petista é uma casta que
se locupleta com o capital alheio; usurpa os ganhos do espoliado povo
trabalhador e eles, a vanguarda revolucionária do caviar, transformam
facilmente tudo em massa falida, como bons incompetentes que são; e fazem isso
tudo em nome duma ignóbil sanha utópico-totalitária e através da mais vulgar
rapinagem.
(3)
Chamar José Dirceu de guerreiro
do povo brasileiro é vilipendiar o Brasil, enxovalhar com o sofrido povo
espoliado por essa turma que está transformando nosso país num envergonhado
pardieiro.
(4)
Se na década de cinqüenta a
compra suspeita duma fazendinha no Rio Grande do Sul era chamada pela alcunha
de “mar de lama”, do que iremos chamar as falcatruas que nos são atiradas nas
ventas todos os dias? Oceano do churume? Galáxia da Cloaca?
(5)
Num país onde a incapacidade é
obrigatória, o talento torna-se um pecado imperdoável.
(6)
Quando as potestades estatais,
com suas instituições “responsáveis” pela educação, vêm com aquele blá blá blá
de gênero, cotas, preconceitos, violência e tutti quanti, vem-me a mente as
palavras de
Roger Scruton que nos lembra o
óbvio ululante: de que os valores são forjados através de nossas relações
interpessoais, cara a cara, e não por meio da intermediação artificiosa do
Estado que apenas faz parir entre nós, e em nós, aberrações morais como as que
estamos vendo florescer nestes tristes trópicos.
(7)
O problema não é de gênero, nem
de preconceito, mas sim, a vulgaridade geral e irrestrita que toma conta de
toda a sociedade que reduz as relações humanas a mais rasteira
infra-animalidade.
(8)
A burrice no Brasil não é
compulsória, mas não há dúvida alguma de que ela é um elemento fundamental para
que o indivíduo senta-se incluso. A dita é, praticamente, um símbolo de
distinção.
(9)
Um direito só tem valor quando
você está disposto a se sacrificar por ele. Agora, quando o sujeito crê,
histericamente, que a sociedade deve ser sacrificada, ou que alguém deve ser
penalizado para que ele vislumbre seus desejos contemplados, com o perdão da
palavra, isso não é direito não; é apenas ressentimento, um mimimi dissimulando
uma dignidade inexistente.
(10)
Quanto mais o Estado estende os
seus tentáculos de controle sobre a sociedade, quanto mais o Leviatã amplia o
seu poder, mais diminuto se torna o senso de responsabilidade dos indivíduos e,
consequentemente, mais anêmica fica a liberdade dos mesmos. Essa é uma
obviedade ululante tamanha que somente quem é demasiadamente “crítico” não
percebe; é capaz de perceber.
(11)
Liberdade sem responsabilidade é
um conjunto vazio que é facilmente invadido e tomado por um Estado totalitário.
(12)
Ao invés de fomentar o conhecimento,
o que sistema educacional brasileiro faz é afagar egos até deixá-los podres de
mimados para cultivar ressentimentos ocos no intento anódino de, com isso,
elevar a auto-estima dos indivíduos.
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UM CAMINHO PRATICAMENTE PERDIDO
Por Dartagnan da Silva Zanela
(1)
Aprender não é, geralmente, uma atividade
prazerosa. Quando aprendemos algo é claro que há alguma espécie de gozo, como
também é inegável que o aprendizado de certas coisas nos interessa muito mais
do que outras; porém, na maioria das vezes, aprender qualquer coisa que seja
exige de nós um esforço que vara bem longe do prazer, contrariando as pregações
de muitos doutos em educação.
Na verdade, alimentar esse tipo de crendice
modernosa, de que o aprendizado deve andar de mãos dadas com o prazer, é muito
mais um anti-estímulo à educação do que a sua pedra fundamental.
Aliás, construir um sistema educacional todo
baseado nesse lero-lero é colaborar na construção do edifício humano algo totalmente
diverso do educar.
Mesmo que insistamos chamar esse trem fuçado de
educação ela continuará a ser aquilo que seus frutos vergonhosamente nos
apresentam.
(2)
Quanto mais o homem moderno vê-se munido de
brinquedinhos tecnológicos, mais mutilada a sua inteligência se torna. Não que
isso necessariamente seja uma regra pétrea, não mesmo; mas é o que
frequentemente se constata.
(3)
As tecnologias podem ampliar significativamente
os nossos poderes, a nossa capacidade de agir, ao mesmo tempo em que podem, também,
aleijar a nossa consciência.
(4)
O resultado do processo de aprendizado pode ser
prazeroso ou, ao menos, trazer-nos uma relativa satisfação com o resultado
obtido por nosso esforço. Todavia, vale lembrar que inexiste satisfação sem
esforço e, por isso, todo o caminho para o oásis do conhecimento é
invariavelmente árido e pedregoso.
(5)
Há uma gama de aspectos danosos que se fazem
presentes em toda e qualquer forma de ação afirmativa, em toda e qualquer
política de caráter cotista. De todas elas, a que me parece mais nociva, é o
fomento indevido do rancor histérico em misto com um vitimismo indecoroso, como
se tais fraquezas morais fossem alguma espécie de excelsa virtude cívica.
(6)
O que há no Brasil contemporâneo pode até ter uma
carinha bem sem vergonha de democracia, mas às vezes, muitíssimas vezes, tem um
fedor de sovaco de ditadura que ninguém merece.
(7)
Ensina-nos Hermann Hesse que não há verdadeira
leitura sem amor, nem saber sem respeito e muito menos cultura sem coração. O
mesmo ainda nos lembra que ler sem amor, conhecer sem respeitar e a celebração
duma cultura sem pulso seriam os grandes pecados contra o espírito cometidos em
nossa época. Sabendo isso, o que podemos dizer a respeito de nosso sistema
educacional? O que podemos dizer a respeito de nós mesmos? Pois é, o melhor a
fazer é nada dizer.
(8)
O tédio é a mais letal das armas de destruição em
massa. Ela dilacera silenciosamente a alma bem antes da morte começar a devorar
a carne fatigada, bem antes de beber o sangue monótono da vítima.
(9)
Um pouco de desatenção, por mínima que seja, já é
o suficiente para cometermos grandes erros.
(10)
O maior fruto desse trem fuçado conhecido como
teoria do “preconceito linguístico” é o fomento indevido da ignorância
orgulhosa e o elogio soberbo do desleixo para com a língua. E não são poucas as
almas desavisadas que veem esse trambolho como se fosse alguma espécie de
vanguarda literária.
(11)
O coitadismo vitimista é a ideologia dos
canalhas, dos rancorosos e dos fingidos. Entre esses biltres há de tudo, de
tudo mesmo, menos coitados; porque esses, ao contrário daqueles, têm vergonha
na cara e não querem ser vistos como tal.
(12)
Se lermos algo sem a menor intenção de
lembrarmo-nos do que foi lido, se nós ouvimos uma preleção sem o propósito de
guardá-la em nosso íntimo, a nossa presença diante das palavras, ditas ou
lidas, tornam-se um insulto e, nossa insistência em querermos parecer sabidos,
uma piada grosseira e sem a menor graça.
(13)
A hipocrisia é um claro sintoma da decomposição
dos costumes duma época; o cinismo, por sua deixa, é uma evidência inconteste
de que a sociedade encontra-se num avançado estado de putrefação moral.
(14)
Não há nada de errado em contestar uma
autoridade; o que é esquisito pra caramba é que existam tantas autoridades
contestáveis que acreditam estar acima de tudo; e, por isso mesmo, tais
excrecências acreditam merecer o tal do respeito; do nosso respeito.
(15)
Quem exige respeito, não é que não merece tê-lo;
na verdade o sujeito não sabe o que está pedindo.
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A MISÉRIA É BEM MAIOR E NÃO É DE PÃO
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Atualmente, de um modo geral, as
pessoas no Ocidente não são paupérrimas em termos materiais. Não mesmo.
Goza-se, nos dias de hoje, de confortos que até pouco tempo atrás não eram nem
mesmo usufruídos pelas classes mais abastadas. Todavia, hoje as almas que
perambulam sonsamente pelas vielas de sonhos e delírios modernosos padecem duma
miséria existencial que nunca antes se viu na história da humanidade. Padecemos,
muito mais do que em outras épocas, duma crônica miséria cultural, moral,
mental, emocional e espiritual que nos faz cair não abaixo da linha da pobreza,
mas sim, nos reduz a uma condição infra-animalesca.
(2)
Acabamos por conhecer um pouco
sobre o caráter das pessoas quando descobrimos o que elas fazem de suas vidas e
com o que elas padecem em seus soturnos dias; porém, as conhecemos muito melhor
quando ouvimos atentamente as justificativas que as mesmas tecem sobre os seus
atos e as explicações que elas apresentam frente aos males dos quais padecem.
(3)
Irresponsabilidade moral não é uma
doença; por isso não pode ser curada. Ela é uma atitude que, para ser sanada,
exige uma contra-atitude para substituí-la. Todo o resto que se diga não
passará da consequência da polaridade moral da postura que se tornou a opção
preferencial de nossas ações. Somente isso e nada mais.
(4)
Quem nunca, ao se olhar no
espelho, teve aquela dolorosa sensação de ser uma fraude é por que é um
farsante mesmo.
(5)
A idolatria que hoje se faz da
libertinagem sexual nada mais é que um culto grotesco da infra-animalidade, uma
adoração hedonista desregrada que reduz a humanidade aos mais rasteiros
impulsos e desejos, como se tais descomedimentos fossem o que há de mais
elevado em nossa alma; em nosso ser.
(6)
A cada dia que passa aumenta o
número de pessoas, portadoras de diplomas, incapazes de se comunicar por
escrito com relativa clareza. Quanto ao numero de indivíduos que não se
encontram habilitados para ler uma mensagem razoavelmente clara é ainda maior,
mesmo que esses tenham um canudo de papel que afirme que eles são portadores
dessa competência que, infelizmente, não lhes pertence.
(7)
Um dos sinais mais claros da
decadência de nossa sociedade é a ridícula presença de sujeitinhos vulgares que
se ufanam, risonhos que só eles, de sua futilidade. Verdadeiros rabos de
cachorros falantes que se rejubilam de sua vantajosa posição existencial.
(8)
O nosso país é farto de
analfabetos funcionais; todos sabem disso e, por incrível que possa parecer,
não causa escândalo na maioria das almas. E talvez seja assim, porque boa parte
desses indivíduos que padecem desse mal também carecem, e muito, da elementar
educação doméstica que garantiria que o sujeito soubesse conviver com os seus
pares; se tivesse ao menos isso, saberiam portar-se com decoro em público mesmo
que na intimidade de suas vidas fossem criaturas impudicas. Resumindo: em nosso
país, infelizmente, o escândalo é a regra e a regra, por si só, é um escândalo.
(8)
Nunca antes na história desse
país tantos almejaram atingir níveis tão baixos de cultura através do sistema
educacional.
(9)
As pessoas querem ser livres?
Mentira. No fundo, o que a grande maioria das pessoas quer é uma relativa
segurança, que alguém seja responsável pela sua vidinha medíocre. Liberdade é
um luxo que, sinceramente, a maioria das pessoas não quer nem saber, a não ser
que alguém assuma a responsabilidades por suas possíveis e inevitáveis escolhas
erradas. E, como todo mundo sabe, e finge ignorar, não há uma coisa sem a
outra, não existe liberdade sem responsabilidade; por isso, não é inapropriado
dizer que a maioria de nós age feito cães, desejando ter um bom dono para zelar
de nossas pulgas. Somos, na real, voluntária e inconfessadamente inclinados a
uma silenciosa e desavergonhada servidão. Enfim, La Boétie sabia o que dizia;
Thomas Hobbes, nem tanto.
(10)
Por mais bem articulado que seja
a apresentação de um argumento favorável ao consumo de drogas, ele sempre será
um ataque frontal à razoabilidade; e se for um argumento “criticamente”
formulado, será um insulto à inteligência.
(11)
Inteligência sem virtude é
malandragem; malandragem sem inteligência é politicagem.
(12)
Uma sociedade que funda sua
moralidade no mais rasteiro relativismo acaba desfibrando os indivíduos ao
ponto de reduzi-los a condição de reles marionetes de geleia.
(13)
A miséria é bem maior e não é de
pão nem de mortadela. A grande miséria é moral e espiritual mesmo.
(14)
Quem não castiga as suas vaidosas
inclinações, por elas acaba sendo dominado.
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DISSIMULAÇÃO POUCA É BOBAGEM
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Um importante passo para nos
livrarmos da ignorância presunçosa é abdicarmos da vã curiosidade.
(2)
Quem não sabe servir generosamente
ao próximo está abaixo do nível de um cão. Todo aquele que não sabe o quão
importante é sermos zelosos quando estamos atendendo um pedido de alguém, ou a
súplica de uma pessoa, não é digno para ser reconhecido pelo epíteto de gente;
não é merecedor de ser tratado como dejeto de um cão.
(3)
Sim, a iniquidade existe desde
tempos imemoriais; ela vagueia entre nós desde muito antes do surgimento das
ideologias materialistas e igualitárias. Todavia, desde que essas ditas cujas
passaram a parasitar o coração humano, as obscenas tiranias proliferaram
formidavelmente, feito coelhos, por poderem esconder-se com mais facilidade por
trás dessas máscaras ideológicas.
(4)
Quando um sujeito usa a alcunha
“crítico” para dizer que alguém é inteligente e esclarecido, abandone, porque
caboclo, mais do que provavelmente, não é uma pessoa esclarecida. Presunçosa
sim, mas não esclarecida. Também, bem provavelmente, ele não saiba o que, de
fato, significa ser crítico e não tenha a menor noção do que seja e para que
serve a tal da inteligência, tamanho o grau da “criticidade” desse tipo de
caipora tagarelante.
(5)
Mais vale conhecermos,
humildemente, a nós mesmos que conhecermos o mundo com todos os seus discretos
e indiscretos meandros. Entretanto, com uma infeliz frequência, por causa de
nossa humana presunção, nos auto-enganamos construindo uma auto-imagem
empavonada de nós mesmos imaginando que isso seja a mais excelsa verdade sobre
nosso serzinho. Tolice. Uma baita palermice humana que nos faz fingir sermos
quem não somos e que nos leva a ignorarmos quem deveríamos vir a ser.
(6)
A pergunta é bem simples: quem
curar-te-á de tua ignorância se você orgulha-se tanto dela?
(7)
Os militontos vermelhos só não
são mais risíveis porque são muito chatos. Chatos de dar dó. Em alguns casos,
de dar nos nervos.
(8)
Quem leva tudo para o lado
pessoal não passa de um babaca, da mesma forma que todo aquele que trata todas
as situações como se fossem apenas negócios não passa de um miserável canalha.
(9)
Quando alguém escreve um livro
intitulado “Como conversar com um fascista”, das duas uma: ou essa alminha está
apresentando um manual para que as pessoas possam polidamente conversar com a
sua totalitária pessoa, ou o serzinho acabou se esquecendo de ler [direito] uma
edição de “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota” e preferiu
publicar uma confissão detalhada sobre sua delicada situação.
(10)
A ideologização marxista é, de
fato, um grave problema; mal esse que se aproveita formidavelmente da covardia
latente no coração da sociedade brasileira.
(11)
Quando a covardia se assenhora de
nosso olhar, de nosso coração e de nossa alma, os maus, com sua petulância
cínica e com suas atitudes sinistramente dissimuladas passam a imperar sobre
tudo, inclusive e principalmente sobre nossa alma, em nosso coração e através
de nosso trêmulo e assustado olhar.
(12)
Quando não há consideração pela
oposição, quando nem mesmo essa se dá ao respeito e o governo, por sua deixa,
não é respeitável, abandone, porque por mais que se carregue nas tintas pra
dizer que tudo está correndo dentro da normalidade democrática, isso não
encobre a triste realidade de que vivemos em uma mediocracia esfarrapada que
arrota uma grandeza inexiste; grandeza que, ao que tudo indica, jamais foi
almejada pelos seus pretensos defensores.
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NEM COMO FIM, MUITO MENOS COMO MEIO
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Uma sociedade que despreza a alta
cultura, substituindo-a por toda ordem de entretenimentos vazios paridos por
cucas ocas, definitivamente não sabe a diferença que há entre um penico e uma
panela; quem o dirá entre uma verdade e uma farsa. Uma sociedade formada por
indivíduos com o olhar turvado dessa maneira está, irremediavelmente, condenada
a corromper-se até a última raspa do talo de sua putrefaz (in)dignidade.
(2)
Quando uma figura histórica que
comprovadamente possuía escravos, que nada fez para acabar com a escravidão, é
escolhida como ícone da consciência da luta contra esse mal, é sinal de que a
malícia encontra-se tão arraigada na alma da nacionalidade que não mais quer-se
ver o óbvio, por mais ululante que ele seja, tamanho o desejo de nos tornarmos
menores do que somos, para que os tentáculos das potestades estatais tornem-se
mais longos e criticamente asfixiantes e, desse modo, possa mais eficientemente
agrilhoar a liberdade que é celebrada nessa falsa imagem de nossa história e, é
claro, de nós mesmos.
(3)
Quando a liberdade é celebrada a
partir de uma farsa, a mentira acaba usurpando o trona da verdade distorcendo
todo o sentido da realidade.
(4)
Um sistema educacional que elege
como meta a medianidade, quando a mediocridade é o mais límpido horizonte que
se almeja atingir, abandone o barco, porque o próximo passo que possivelmente
será dado é a redução da existência humana a mais rasteira animalidade.
(5)
Nunca nos esqueçamos que uma meia
verdade é uma mentira inteira e que uma mentira completa não seria nada mais
que uma verdade veladamente envergonhada.
(6)
Só é coroado de glória o soldado
valoroso. E esse apenas torna-se valoroso quando forjado pelo fogo das mais
duras batalhas.
(7)
Pompa não é glória, mas sim, a
fantasia surrada e gasta das almas recalcadas.
(8)
Quem não desconfia de suas boas
intenções acaba condenando-se aos grilhões de suas mais ocultas e rasteiras
paixões.
(9)
Desconfiarmos de nossas boas
intenções não é o suficiente para crescermos em espírito e verdade. Para tanto,
é imprescindível que confiemos, sem reservas, na imensurável bondade de Deus.
(10)
No Egito antigo as bibliotecas
eram chamadas de tesouros dos remédios da alma; hoje, elas não são lembradas,
nem livremente frequentadas, tamanho é o estado de putrefação das almas
contemporâneas.
(11)
O pano de fundo da vida vulgar é
o tédio irremediável do rotineiro gastar duma vida sem sentido.
(12)
A república brasileira e sua
cambaleante democracia não passam de uma mesquinha mentira sistematicamente
organizada e contada por almas cinicamente dissimuladas.
(13)
Ciente ou não, a abstração
precede a ação, até mesmo para discordar e dizer que não é assim não.
(14)
O tempo é um precioso tesouro que
generosamente nos é regalado pela Providência e, por nós, tolamente
desperdiçado sem a menor cerimônia e sem a mais mínima decência.
(15)
Por trás de todo grito afetado de
indignação em favor de toda ordem de coitadismo, há um encruado e mal
disfarçado ressentimento em misto com um dolorido sentimento de inferioridade.
(16)
Aprenderíamos muito e até, quem
sabe, nos tornaríamos sábios, se soubéssemos calar.
(17)
A arquitetura contemporânea, de
um modo geral, é tão indigente quanto os representantes da espécie humana que
habitam as cidades modernas e, ao mesmo tempo, tão megalomaníaca quanto o
coração daqueles que idealizam esse cenário decrépito edificado em concreto
armado.
(18)
Noutros tempos, não tão distantes
dos atuais, a vileza fantasiava-se de nobreza, para os tolos poder governar.
Hoje, contrariando a hipocrisia de outrora, o cinismo coloca-se a imperar; a
vileza desnuda e despudorada pode tranquilamente tripudiar sobre a nobreza e
soberbamente tomar o seu lugar sem que ninguém contrarie a sua vontade de
mandar e desmandar.
(19)
É paradoxal sabermos que o que
tem valor não tem preço, nem mesmo uma forma objetiva de sua preciosidade
mensurar.
(20)
Em matéria de política, quando
descobrem o preço de um indivíduo e o tomam por ele, é porque o sujeito vendeu
sua alma; e vendeu porque nunca teve valor algum.
(21)
No Brasil, o aviltamento geral é
a regra, e a degradação total o maior projeto nacional.
(22)
Não são poucos os que confundem a
pusilanimidade com a virtude da prudência.
(23)
É muito bom quando nos
envergonhamos de nossos erros, porém, isso não basta para começarmos a corrigi-los.
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A GRANDE FARSA MULTICULTURAL
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Educar não é sinônimo de
imposição de limites artificiosos; educação é a clara e gradativa apresentação
dos indispensáveis limites da existência presentes na realidade para que o
indivíduo possa crescer em espírito e verdade.
(2)
Devemos, necessariamente, nos
adaptar aos limites da realidade para que possamos nos ajustar aos ditames da concretude
de nós mesmos. É nessa tensão que se constitui a nossa personalidade e se
forma, ou deforma o nosso caráter.
(3)
Sem limites razoáveis não há
possibilidade de uma saudável estabilidade nas relações humanas. Uma verdade
simples e elementar que os apregoadores do multiculturalismo e do relativismo
moral jamais levaram em consideração, tamanho o grau de estupidificação que
turva o olhar e deforma o coração dessa gente.
(4)
Regra simples: não se negocia com
quem despreza as regras da civilidade; inexiste diálogo com aqueles que não
medem esforços para destruir as bases desta. Com os inimigos da liberdade, com
os apóstatas das colunas da honorabilidade, deve-se sempre manter a prontidão e
a disposição para pelejar o bom combate.
(5)
Da mesma forma que a maior prova
de amor que há é dar a vida pelo irmão, não há prova maior de monstruosidade
que estourar uma bomba e matar um punhado de inocentes em meio a uma multidão.
Aliás, prova de cretinice maior não há que querer relativizar e justificar atos
absurdamente bárbaros em nome de qualquer imundice ideológica.
(6)
O culto do famigerado e mal
parido espírito crítico, tão quisto pelas deformadas almas com duas mãos
canhotas, não é nada mais, nada menos, que uma forma refinada e elegante de
estupidez que leve o sujeito a imaginar que a sua mocoronguice cognitiva,
ideologicamente mutilada, seja uma decantada manifestação da humana
inteligência. É de doer, sei disso; mas eles acham isso lindo. Criticamente
lindo.
(7)
Todo aquele que vê discriminação
em tudo, que encara qualquer trocadilho ou gracejo como sendo uma pérfida
manifestação de micro-relações de maldade racial, sexual ou de qualquer gênero
que seja, no fundo, não sabe o que é preconceito, nem o que é humor e, é claro,
não tem a menor noção de como as relações humanas são constituídas na tessitura
da vida real, tamanho é o vazio ressentido de sua alma e a artificialidade rancorosa
de sua vida.
(8)
A idolatria das palavras ciência,
científico, progresso, moderno, revolução e tutti quanti não passa de um
obscuro culto de razão que gradativamente atrofia a inteligência humana.
(9)
Os dementes ideologizados, em
regra, tendem a substituir o mundo da vida pelas suas crendices ideológicas.
Não é à toa que eles acabam falando todas aquelas sandices que os danados não
se cansam de dizer.
(10)
Não raro o ceticismo empedernido
leva o indivíduo ao fanatismo autodestrutivo.
(11)
Todo fanático, estupidificado
pelas suas ideologias revolucionárias de meia pataca, acreditam que são membros
impolutos de uma espécie de vanguarda do esclarecimento, iluminada e tolerante,
ao mesmo tempo em que dão testemunho de sua brutal ignorância com seus chiliques
de indignação farsesca, porém, esses caboclos fazem isso sem jamais perder a
sua artificiosa e afetada doçura advinda seu fingimento histérico.
(12)
Ideias tem consequência; porém, ideias
estúpidas de consequências trágicas.
(13)
Vingança e rancor são claros
sinais de medo e fraqueza. O perdão, somente ele, é a única real demonstração
de força e coragem capaz de alumiar a alma humana em sua peregrinação por esse
vale de lágrimas.
(14)
É complicado, pra não utilizar
outro termo, dizer que há democracia num país onde a maioria acachapante das
pessoas não reconhece a legitimidade de suas instituições e não crê na lisura
do processo eleitoral.
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COBARDIA TEM NOME, SOBRENOME E PARTIDO
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Quando o titular do poder abusa
dele pra tentar mostrar quem é que manda, na verdade acaba apenas atestando
que, de fato, não é mais ele o depositário do dito mando e que nem mesmo é um
sujeito que merece qualquer forma de dignidade oficiosa, por mais
insignificante que seja.
(2)
O abuso sempre é um sinal de
fraqueza. Por isso, todo incapaz investido de poder, qualquer que seja, conhece
apenas esse vil expediente pra disfarçar sua nulidade existencial; para
esconder a sua incompatibilidade com a função que supostamente desempenha.
(3)
Sejamos fortes! Essas são as
palavras que deveriam estar a frente de todo conselho que um bom mentor pode
dar aos seus alunos. Agora, se você é daqueles caboclos cheios de mimimi, não
tem problema não; pode continuar se afogando em sua auto-piedade e esperando
que os outros façam por sua pessoa tudo aquilo que você se recusa a fazer por
si. Isso mesmo! Pode continuar a ser um fraco, em termos humanos e morais,
apenas não aporrinhe o saco dos demais que não veem beleza nem dignidade nesse
seu jeitão infantilizado de ser.
(4)
A atitude típica duma alma servil
é o rejubilar-se diante da desgraça alheia, principalmente quando essa é fruto
da truculência dum covarde investido de poder.
(5)
Onde há um covarde que, de
maneira truculenta, abusa do poder, sempre há, também, um punhado de idiotas
para lhe aplaudir e servir-lhe de capacho.
(6)
A verdade não é uma palavra para
que indevidamente tomemos posse; a verdade é a realidade na qual devemos nos
colocar humildemente para conhecermos a realeza da verdade que habita o íntimo
de nossa alma.
(7)
Cristo é a Verdade. Quanto ao
resto, não passa de metade. Partes e metades que, sem a luz que Dele irradia,
nada valem. Essa é a realidade.
(8)
Não são poucos os que crescem
recusando-se a assumir qualquer responsabilidade existencial. Esses tipos não
passam de mimados crescidos, entupidos de vaidade e hedonismo que querem ser
vistos e reconhecidos como adultos respeitáveis, mesmo que não saibam o que
seja o tal do respeito e, por isso mesmo, não querem nem saber de, quem sabe um
dia, se tornarem adultos de fato.
(9)
Tudo o que hoje, as cabeças de
vento ideologizado gostam de chamar de consciência crítica, conhecimento
crítico, visão crítica e blablablá, não passa duma idolatria canhestra dos
instintos mais baixos em misto com os vícios morais e cognitivos mais mesquinhos.
(10)
Quanto mais petulante é a certeza
grupal, mais patente é a ignorância individual.
(11)
Um indivíduo, formado nas coxas e
entupetado de diplomas que atestam sua douta ignorância, acaba sempre guiando
os seus atos com base numa moral de meia pataca, bem ao nível de seu mau
caráter.
(12)
Muitos indivíduos não se flagram
que ao mesmo tempo em que gritam histericamente em defesa duma total libertinagem
a nível individual estão fazendo recair sobre seus ombros uma monstruosa
estrutura totalitária; eles não consideram que a cada direito novo que é
“conquistado” por seus gritinhos o Estado ganha garbosamente um novo mecanismo
para intervir e controlar suas vidas justamente através das ditas “conquistas”.
(13)
Hoje em dia o sistema educacional
fomente nas tenras almas toda forma de ressentimento e revolta, toda fraqueza
moral em misto com recalque ideológico e, depois dessa meleca toda, os doutos
não sabem por que quando o assunto é violência, o uso de drogas e precocidade
sexual o nosso país está nas cabeças e, no que se refere ao desempenho
intelectual, o último lugar é praticamente sempre nosso e ninguém tasca.
(14)
Ser capaz de rir de si é sinal de
sabedoria; rir à toa de qualquer coisa é estupidez barata; viver azedo com
beicinho de indignação politicamente-correto é idiotice pura.
Site:
http://dartagnanzanela.webcindario.com/
NADA MENOS QUE ISSO, NADA MAIS DO QUE AQUILO
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Todo entendimento cristalino,
quando exteriorizado graciosamente para qualquer massa ignara, é um claro sinal
de falta de juízo, multiplicado por uma boa dose de vaidade.
(2)
Machado de Assis, através da
distante voz de Brás Cubas, sua personagem pouco augusta, diz-nos que descobriu
uma lei de equivalência das janelas. De todas elas. Segundo ele, “o modo de
compensar uma janela fechada é abrir outra, a fim de que a moral possa arejar
continuamente a consciência”. Pois é, hoje em dia, os ouvidos contemporâneos
fazem-se surdos a tal conselho, haja vista que é um hábito mais do que
corriqueiro, em nosso país, fechar-se nas alcovas das consciências esquecidas e
caladas, sem a menor ventilação, onde os mofos morais e os bolores da
ignorância voluntária travestida de lucidez tomam conta da morada da alma,
emporcalhando-a, adoecendo-a pela simples carência da abertura duma janela para
que os ares da vida possam avivar a alma com a brisa moral que nos faz lembrar o
frescor do que é o viver verdadeiramente em todos os tempos para, desse modo, podermos
verdadeiramente viver o tempo presente.
(3)
Triste é a infância onde a
criança é incompreendida pelos seus iguais. Triste é a vida daqueles que não
são compreendidos pelos seus pares. Todavia, somente os idiotas são
compreendidos pelos seus.
(4)
Auscultar o coração dum tolo, ou
dum homem vulgar, para sondar seus sonhos e delírios, é o mesmo que pôr-se a
ouvir as cólicas intestinais duma criança gulosa e desavisada.
(5)
Quando a possibilidade duma
rígida punição desaparece do horizonte de possibilidades de uma sociedade, a
educação da geração subsequente fica seriamente comprometida juntamente com a
existência razoavelmente estável de qualquer sociedade que se entrega a esse
tipo de desfrute hedonista.
(6)
Quando os indivíduos sentem-se
ofendidos, ou ultrajados, porque lhes foi sugerido que eles deveriam ser fortes
e encarar as agruras do dia a dia com maior altivez, é porque a maturidade foi
pervertida e transubstanciada num reles infantilismo tacanho carente de mimo.
(7)
Realmente ama-se alguém, ou algo,
quando somos capazes de realizar pequenos sacrifícios, silenciosos e anônimos,
em favor do bem amado. Quando o indivíduo coloca em primeiro lugar, sempre, o
seu bem pessoal, quando o elemento torna sua cobiça por prazer algo
inegociável, deixando em segundo plano aquele, ou aquilo, que diz amar tanto,
pelo amor de Deus, deixe de ser idiota e para de dar trela para esse palhaço
sem graça. Pessoas assim não amam nada, nadinha, que esteja fora das fronteiras
de seu mundinho umbilical. Para esse tipo de biltre, tudo que está além das
fronteiras de seu egocentrismo não passa de um mero instrumento para realização
de seus fúteis desejos e na mais.
(8)
Todo aquele que se recusa a
enxergar o óbvio deveria calar-se antes de querer obrigar os outros a ouvir
toda ordem de absurdidades que é regurgitada pela sua boca cheia de dentes e de
tolices.
(9)
Há casos em que a estupidez é
criminosa, como também há situações em que a inocência não passa duma terrível
e leviana dissimulação.
(10)
Não pode haver educação sem
correção; não há correção sem a possibilidade de extirpar arestas. Por isso, um
sistema educacional que se ocupa fundamentalmente em afagar as arestas e a
fomentar a egolatria não é outra coisa senão uma monstruosidade indigna de
existir; uma farsa, do princípio ao fim.
(11)
A alma de um povo encontra-se
condensada em sua moral e sua cultura, consequentemente, é apenas um reflexo dessa
realidade. Por isso, quando a cultura dum povo encontra-se em franca degradação
é porque a sua moral foi pras cucuias. E se ela, a moral, foi para tal destino
é porque esse povo perverteu-se ao ponto de tornar-se desalmado.
(12)
Se nunca tivesse sido confundido
materialismo, positivismo, e toda ordem de ismos, com ciência, bem
provavelmente o cientificismo jamais teria existido ou, pelo menos, não teria
sido levado tão sério como hoje tolamente se faz, tamanha é a confusão que impera
entre as mais variadas formas de bobagismos e o que a ciência realmente é.
(13)
O fato dum sujeito dizer que
afirma acreditar apenas naquilo que seja cientificamente comprovado não
significa que ele saiba o que seja uma ciência, como é a sua prática e, muito
menos o seja uma prova.
(14)
Bravos eram, nas centúrias
passadas, os marinheiros que na incerteza de seus barcos e na fragilidade de
seus rumos, enfrentavam com destemor o desconhecido. Hoje, bravos são os
caminhoneiros que estacionam a margem dos caminhos negros, cientes da
fragilidade de sua condição e da incerteza de sua luta e, mesmo assim, desafiam
a brutalidade covarde daqueles que parasitam a dignidade de todos aqueles que
lavoram silenciosamente para manter em pé o pouco que restou do Brasil.
Blog
1: http://zanela.blogspot.com
BANANAS E DEMAIS FRUTAS REPUBLICANAS
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
No Brasil tudo é uma avacalhação
só, especialmente em nosso espírito republicano. Aqui, nessas terras de
tupinambás, quando alguém diz que há muitos novembros fora proclamada uma RES
PUBLICA, uma coisa dita de todos, mais do que depressa, os (depre)cívicos
indivíduos paridos por essa mãe gentil imaginam que, por ser de todos, não é de
ninguém, logo, será de quem primeiro e melhor pôr a mão na cumbuca
brasiliensis. Resumindo: é pura avacalhação mesmo, sem pôr nem tirar.
(2)
Quando alguma alma, assustada,
aqui ou acolá, grita que estão tentando dar um golpe assim ou assado na
democracia brazuca, a abençoadinha esquece que o grande golpe contra ela foi a
proclamação da dita república e não outra coisa. Resumindo: golpes e sedições
são da essência da rotina (depre)cívica de nossa RES PUBLICA, não a sua
exceção.
(3)
O simples fato de sentirmos
vergonha de nossa enfadonha república é um claro sinal de que ela é uma coisa
de todos, que alguns colocam a mão nela, onde nem todos podem boliná-la e que,
por isso mesmo, ninguém quer saber de assumi-la.
(4)
Os republicanos, quando sonhavam
com a aurora de uma república nessas terras ensolaradas, diziam ansiar pela
vinda de uma imaculada dama para, de maneira cortês, amá-la e idolatrá-la.
Mentira deles! O eles que sempre, sempre desejaram mesmo era uma dama fácil que
atendesse a todos os seus caprichos, todinhos; mas somente os deles e de mais
ninguém. Isso, nessas terras carnavalescas, é a dita cuja da coisa pública que
com seu suíno espírito continua a emporcalhar essa terra de Vera Cruz em misto
com a cidadanite que insiste em não saber a diferença que há entre uma
democracia e uma urna eletrônica.
(5)
A história da república
brasileira pode ser resumida assim: inicia-se com um bando de barbados fazendo
mimimi, que sob a liderança de um marechal senil, alimentavam a vã esperança de
que ele livrasse os seus soldos; e culmina com uma desvairada guerrilheira que
cultua e comunga a mandioca sem a menor cerimônia ao mesmo tempo em que cogita
a possibilidade de estocar todo o vento que faz a curva, guardando-o todinho no
rombo aberto pelas pedaladas de sua ideológica loucura.
(6)
A república brasileira é similar a
uma tribo onde o cacique quer apitar em tudo e, no frigir dos ovos, não manda
em nada.
(7)
Dizem que no Brasil tudo é feito
pra inglês ver. Sim, tudo de fachada, pintado e lambuzado com uma fina camada
de verniz para enganar a todos, inclusive e principalmente a nós mesmos, nesse
vil intento de aparentar uma seriedade que nunca tivemos e que, bem
provavelmente, não iremos ter tão cedo. De mais a mais, ouso perguntar: quem
foi que disse que os ingleses, ou quem quer que seja, estão interessados em
saber o que nós dissimulamos ser?
(8)
No Brasil, praticamente tudo é
feito no grito, na última hora e empurrando com a barriga, seja ela tanquinho,
seja ela saliente. E, por esse desleixo brasílico, imaginamos que tudo que seja
feito por nossas maculadas mãos, desse jeitão, tem alguma excelsa importância.
E que importância! Nisso resume-se o tão ufanado jeitinho que tanto enche de
orgulho o homem-massa brasileiro.
(9)
Uma pessoa piedosa, quando recebe
o Sacramento Eucarístico, está plenamente consciente de que está recebendo o
corpo de Cristo. Ela sabe que, em sua pequenez, faz parte do Corpo Místico da
segunda pessoa da Santíssima Trindade. Por sua deixa, qualquer cidatonto
brasileiro, quando sufraga o seu votinho na eletrônica urninha padrão
smartmatic, credulamente imagina que está contribuindo positivamente com sua
insignificância para os rumos de nosso país.
(10)
Após a proclamação da república,
magicamente, muitos dos que até então eram monarquistas de pai e mãe,
declaravam-se ser republicanos a muitas gerações. Hoje, em meio a mensalinhos e
mensalões, propininhas e petrolões, todos que até então diziam ser os baluartes
da ética, orgulhosos de serem membros do partido impoluto, tem a cara de pau de
dizer que apenas fazem o que todos sempre fizeram e que, por isso, todos os
malfeitos de suas maculadas mãos estão perdoados; porém, todavia e entretanto,
não os malfeitos de todos os outros, simplesmente porque eles não integram o
partido da ética que veio para salvar a república. Pois é, meu amigo, não é à
toa que a vaca está no brejo, exausta de tanto berrar; cansada de tantos maus
tratos, enfim, não é por menos que o Brasil está do jeito que está.
(11)
A república brasileira é uma
piada grotesca contada por vilões escandalosos que fazem da rapina sua
profissão de fé.
(12)
Toda nação tem o seu mito
fundador. Nele encontra-se compactada todas as possibilidades de realização das
gentes que a ele aderem. Há cinco séculos, quando as naus portugas aqui
aportaram, fora lançado um poderoso mito fundador: chamaram-nos de Terra de Vera
Cruz. Já pararam pra imaginar as possibilidades? Pois é. Todavia, tal mito,
aparentemente não correspondia à têmpera de nossa gente. Preferiu-se então a
alcunha de Brasil, terra do pau vermelho e o cidadão, brasileiro, aquele que
vive pra derrubá-lo. Resumindo: trocamos um mito fundador por um mico
afundador.
Blog3:
http://zanela.blogspot.com
CONTANDO DAS PEDRAS ALVAS DO CAMINHO
Por Dartagnan da Silva
Zanela
(1)
Todo aquele que não sabe
respeitar a memória dos mortos não sabe viver de maneira respeitável.
(2)
Não existe imagem que mais eleve
a nossa alma do que a visão de uma criança que, espontaneamente, ajoelha-se
diante de uma lápide, beija-a, e em seguida coloca-se a rezar. Não há visão que
mais nos revele sobre o mistério da vida que a imagem de um mancebo sentado
diante de uma lápide; mergulhado em um oceano de preces e saudades que banha o
seu rosto iluminado por amendoados olhos marejados de lágrimas.
(3)
A realidade da morte nos
humaniza; a sua presença nos eleva do lodo bestial da banalidade cotidiana que
tão facilmente coloca em primeiro plano todo ordem de futilidades.
(4)
A moralidade de um povo vê-se
estampada, cristalizada, no zelo que esse aufere aos cemitérios. Quando maior
for o zelo pelas lápides, jazigos e mausoléus, mais evidente é a elevada moral
dos indivíduos que compõe a sociedade e integram os poderes constituídos.
Quanto maior o descaso pelos finados cidadãos, mais decadente é sociedade e
mais corrupto são aqueles que estão encastelados nas entranhas do poder. Enfim,
a cidade dos mortos nos revela claramente como vivem aqueles vagueiam pelos
caminhos e descaminhos dos vivos.
(5)
O desejo irascível por justiça é
o caminho mais rápido e eficaz para realizarmos o contrário de nosso justo
anseio.
(6)
A dedicação aos estudos e o
esmero na realização dos mesmos não é, nem no infante, muito menos no adulto,
um mero adorno existencial. É parte integrante dessa. É seu alicerce.
(7)
Devemos combater, sem cessar, a
compulsão irascível que habita em nós e que nos arrasta para o meio dos
círculos de palpiteiros que tagarelam sem parar e sem parar pra pensar no que
estão falando. Para tanto, é de fundamental importância que reconheçamos que em
muitíssimos assuntos nossa ignorância é praticamente absoluta; noutros tantos
ela, nossa ignorância, é relativa e, por isso mesmo, não pode e nem deve ser
encarada como algo que nos autorize a falar com arrogância. Enfim, se assim
procedêssemos, compreenderíamos que não temos muito coisa pra dizer. Na
verdade, descobriríamos, desconcertados, que muito do que falamos, não tem nem
de longe a importância que julgávamos ter.
(8)
Todo aquele que não escreve com
compaixão, por inteiro, deve temer as paixões que vertem de seu tinteiro.
(9)
Quem não se encanta com a
simplicidade duma flor silvestre desencanta toda a abóbada celeste com seu
parvo olhar.
(10)
A morte é uma grande dádiva pedagógica
que o Sapientíssimo utiliza para nos educar, para nos libertar de nossa baixeza
existencial. Se a sombra do crepúsculo de nossos dias não estivesse latente em
nossa peregrinação por esse vale de lágrimas, dificilmente compreenderíamos
nossa pequenez diante da criação e, bem provavelmente, não seriamos capazes de
contemplar a luz da eternidade celeste.
(11)
A ganância e a inveja são as duas
forças profundamente idolatradas no mundo contemporâneo. Aqueles que adoram a
primeira acreditam que não devem satisfação de nada sobre seus ganhos e que
esses, por mais vultosos que sejam sempre são poucos. Já aqueles que veneram a
segunda acreditam candidamente que sua incapacidade seja uma espécie de excelsa
virtude. Na verdade, na maioria dos casos, esses indivíduos são tão gananciosos
quando os do primeiro grupo, porém, incapazes de dar dó e, por isso mesmo,
invejosos.
(12)
Ensina-nos Hermann Hesse que se
realmente desejamos conhecer uma determinada verdade devemos também entender o
seu necessário sentido contrário, pois, se não somos capazes de cogitar o que
seja o mal, como podemos estar seguros do bem que afirmamos conhecer? Se não
somos capazes de imaginar a extrema feiura como podemos estar certos de que o
belo com o qual nos deleitamos não seja apenas uma reles deformidade estética?
Enfim, se não estamos dispostos a testemunhar tudo o que contraria a verdade
que julgamos conhecer, como podemos afirmar que ela seja tão veraz quando
dizemos ser?
(13)
A finalidade da vida humana não está
em seu término, mas para além dele.
(14)
Somente os idiotas acreditam
saber tudo e, por isso, sempre tem um palpite furado sobre todas as coisas.
Palpite esse que ele sempre relativiza ao mesmo tempo em que relativiza tudo
que lhe digam, tudinho mesmo, pouco importando o que seja dito, pois o que
realmente interessa para ele é disfarçar a sua congênita estupidez.
(15)
Nada tenho contra as
interpretações levianas que muitos chamam orgulhosamente de “opinião própria”.
O que se torna difícil de engolir é que esses tipos de biltres, que tanto
abundam com seus diplomas sem valor, é que eles acreditam, e querem que todos
creiam, que suas “opiniões próprias” sobre a realidade, são mais reais que a
própria realidade.
(16)
Os cretinos querem recuperar
hipócrita e magicamente com palavras tudo aquilo que morreu e fedeu em suas
porcas almas.
(17)
O verdadeiro filósofo é sempre
objeto de difamação e escárnio; odiado com toda bile dos falsos profetas políticos
e combatido por todas as jumenticas forças dos fanáticos de todas as alcovas
ideológicas.
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