Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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TERMOS DUM CRISTÃO SEM TERMOS – III

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Deveríamos, ensina-nos São Josemaria Escrivá, colocar Cristo no topo de todas as nossas atividades. De todas elas. Precisaríamos fazer tudo por Ele, com e para Ele. Todavia, muitas vezes colocamos o mundo com seus sortilégios no cume de todos os propósitos de nossa vida e, de modo sacrílego, sem ponderarmos devidamente, acabamos elevando nosso ego vaidoso acima Dele e, com nossos gestos dizemos que queremos que tudo seja por nós, com o mundo e para nosso deleite.

(2)
Onde está o Reino dos Céus? Próximo. Como faço para chegar a ele? Fazendo em minhas escolhas a opção preferencial por Ele que, por definição é aquilo que é muito mais Eu do que eu mesmo. Aceitá-Lo e permiti-Lo imperar em meus gestos, atos e palavras é realizar em meu coração e em minha vida aquele que eu devo ser frente a eternidade. Negá-Lo é fazer-me agrilhoar através de malfadados gestos, atos e ditos, negando-me a Ser frente a eternidade devido a minha opção preferencial por meu vaidoso e soberbo ego.

(3)
Vigiai. Orai e vigiai sempre. Com pouca frequência damos a devida atenção para essa lacônica advertência que nos é feita pela Sagrada Escritura. Preferimos, de maneira inadvertida, viver nossos dias inconsequentemente, permitindo-nos ceder a todas as nossas paixões e, sem temer e tremer, nos entregamos a todos os subterfúgios mundanos que nos assaltam pelas brejas abertas por nossas paixões em nossa alma. Pensamos, como pensamos, que todas as nossas paixões têm o direito de serem satisfeitas sem, necessariamente, termos de carregar os ônus de nossa insustentável fraqueza.

(4)
Há um adágio escolástico que carrego em meu coração. Adágio esse que reza: quanto mais eu sei, mais eu sou. Quanto mais conhecemos, mais nos aproximamos da Verdade que amamos. Quanto mais amamos a Verdade, mais queremos conhecê-la e nos conhecer através Dela. Quanto mais e mais conhecemos amorosamente a Verdade, mais ela alumia e modela a nossa alma.

(5)
Diga-me quem você admira, quem você elege como modelo de conduta, que eu direi de que o teu caráter é feito.

Nossas referências existenciais apontam o caminho que pretendemos trilhar; elas emolduram a amplitude de nosso horizonte de percepção.

Há referências que identificamos, que reconhecemos como nossas na mesma medida que somos delas, mesmo que desconheçamos o que exatamente elas sejam.

Porém, aqueles indivíduos que vivem suas vidinhas vadias com base num tosco pragmatismo cínico, que dizem viver de acordo com os seus “juízos” e que nada imitam, também tem lá a sua multidão de referências. Referências inconscientes.

Para o desgosto inconfessável de gente assim, essas referências são tão desconhecidas por elas quanto essas são atuantes na personalidade de papelão desses tipos humanos; atuantes enquanto forças modeladoras no caráter de geleia destes indivíduos que, infelizmente, não são poucos não.

(6)
A democracia torna-se vã, uma palavra oca, se perdemos o senso aristocrático de nosso horizonte. Um povo que abdica da verticalidade dos valores; uma sociedade onde ideologias políticas espúrias exaltam a valorização dos elementos mais baixos da alma humana; e um Estado que fomenta a desonra ao mérito são as colunas duma oclocracia, os alicerces duma mediocracia, as bases para uma canalhocracia, mas jamais serão os fundamentos de uma democracia, pois um povo sem senso aristocrático não é povo, é massa. Apenas uma vil e degradada turba massificada.

(7)
Não queira que a verdade seja generosa contigo se você não é persistente e disciplinado em sua procura. Não queira que o conhecimento e a compreensão sejam abundantes em sua alma se você não é generoso em sua disposição aos estudos.

(*) professor e cronista.

Site: http://dartagnanzanela.webcindario.com/

DIÁRIO DE BORDO: DATA ESTRELAR 160822


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
As paixões populares celebradas pelas multidões midiaticamente tangidas são, dum modo geral, fruto de ilações confusas advindas de almas desordenadas. Geralmente, as massas – reunidas nas ruas ou atomizadas em suas alcovas – defendem seus irascíveis pontos de vistas antes mesmo de terem-se dado ao trabalho de formá-los e, principalmente, ignorando a pedregosa tarefa de avaliar a verdadeira importância do que está sendo defendido por eles com tanta afetação de superioridade (depre)cívica.

(2)
Muitas pessoas, muitas mesmo, querem posar de sabidas contando a história da humanidade toda, explicando seus melindres, dissertando sobre o sentido profundo do devir humano neste vale de lágrimas, ao mesmo tempo em que são incapazes de contar com alguma propriedade a história de sua família com algum sentido minimamente razoável. Na verdade, na maioria dos casos, são almas incapazes de contar a sua própria história.
(3)
O ímpeto Estatal em zelar pelo bem-estar de todos os indivíduos acaba, sem pestanejar, custando às pessoas um sacrifício muito maior, muito maior mesmo, do que lhes seria exigido delas se elas tivessem que cultivar o mesmo zelo uns pelos outros sem o abraço nada paternal dos tentáculos Estatais.

(4)
A desesperança, nalgumas ocasiões, pode tomar conta de nossa alma, tamanhas são as sedições que temos que encarar em nossa caminhada por esse vale de lágrimas; porém, não podemos nos entregar a esse perigoso desleixo existencial, pois, onde a esperança fraqueja e faz as malas, a verdade não germina, não deita suas raízes e a vida, a nossa vida, acaba não dando bons frutos. Apenas pútridos frutos e olhe lá.

(5)
Tudo segue o seu curso, tudo; e esse não depende de nosso prumo. Mesmo que tentemos de modo arrogante e precipitado, com nossas forças, mudar o trote dos acontecimentos, o fluxo dos fatos continua seguindo o sedimentado leito do aguaceiro da vida. Todavia, o rumo traçado por nós em nosso navegar por esse oceano de lamentos é sempre marcado pelo pulso que impomos à nossa jornada. Não podemos, não temos meios para tornar o mundo um trem com a nossa cara (e que bom que é assim). Todavia, está ao alcance de nossas mãos e de nossa vontade mudar a feição da vida que vivemos nesse confuso mundo tornando-nos uma personalidade inteira e deixarmos, de vez, de sermos um tongo, ou um canalha, aos pedaços.

(6)
É difícil o ofício de quem quer tentar ser bom em meio a tantos que não movem uma palha sequer nessa direção. Não mesmo

E em anos como esse, em um ano eleitoreiro, onde as boas intenções se fantasiam com números, tem musiquinhas e estampas na traseira dos carros, não são poucos os que tentam aconselhar seus concidadãos a votarem naquilo que eles consideram ser a melhor opção.

Bem, o problema é que, em muitos rincões da república de Banânia, encontrar o melhor é uma tarefa tão ingrata quando decepcionante; tamanha é a miséria moral que habita entre nós.

Há também aqueles que, por sua deixa, e com certo cinismo pragmático, aconselham seus iguais a votarem naquilo que eles chamam de o “menos pior”, num esforço quase que desesperado de procurar administrar da melhor forma possível os inevitáveis danos que recairão sobre a civitas.

Pois é, quando esse é o caso, quando esse é o critério adotado, o trem fica empacado, pois, nesse quesito, fica difícil de precisar quem merece o título de “menos ruim”, haja vista o flagrante empate técnico que há entre os contendores eleitorais.

Enfim, voto cidadão em nosso triste país é literalmente dar um tiro às cegas na total escuridão. É quase impossível acertar. Praticamente impossível.

(7)
O estudo da dita cuja da história dá a possibilidade de nos tornarmos donos de nós mesmos na medida em que permitimos que a dedicação a ela amplie a nossa compreensão da ignorância que temos sobre nós, sobre a sociedade em que vivemos e sobre o lugar que nela ocupamos.

Todavia, muitas vezes deitemos nossas vistas em suas tortuosas linhas para apenas tentar confirmar, com fragmentos distorcidos extraídos a esmo, nossos estereótipos, preconceitos e ideologias.

Quando procedemos desse modo, acabamos apenas afundando de modo medonho a nossa consciência num fétido fosso de alienação e, por isso, militontamente passamos a crer, a imaginar que o sentido de toda a realidade está em nossa mente distorcida e intoxicada pelos cacoetes mentais de uma ideologia furibunda, esquecendo, tolamente, que a realidade é bem maior de nossos anseios de desejos.

(*) professor e cronista.
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RABISCOS QUASE PERIPATÉTICOS – parte I

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Toda sociedade é organizada para a obtenção de algum ganho. Seja ele lícito ou ilícito; espiritual ou material; digno ou indigno, as pessoas quando se reúnem o fazem entorno de algo, cientes ou não disso.

Por isso, é sempre importante perguntarmos o que reúne e mantém um grupo de indivíduos unidos. A resposta a essa pergunta ajuda, e muito, a compreendermos as intenções dos caiporas reunidos e nos permite antecipar as ações dos mesmos que se congregam e, contra outros, precipitam-se num acirrado combate no âmago de uma sociedade.

Entretanto, jamais as pessoas poderão organizar algo que dê frutos entorno delas mesmas, a partir de seus desejos mesquinhos. Se um grupo de indivíduos procede assim, o que ele conseguirá, de fato, é a sua gradual autodestruição moral, espiritual e, em alguns casos, a sua destruição física, por colocarem o amor a si mesmo acima do amor ao próximo.

(2)
Para compreender questões de ordem política é sempre salutar esforçarmo-nos no intento de remontar às origens dos fenômenos para sermos, desse modo, capazes de construir em nosso horizonte de entendimento uma visão clara, e de conjunto, das ações desse cunho.

Remontar às origens de algo é tão só e simplesmente conhecer o caminho percorrido por aqueles que agem no presente; é conhecer as ligações e compromissos firmados por esses para que eles existam desta forma e não doutra; é conhecer a finalidade de todas as ações, muitas delas contraditórias quando vistas isoladamente, mas que tem um objetivo à atingir quanto analisamos o conjunto das ações devidamente articuladas a partir da causa originária.

Enfim, ignorar essa prática, tão simples quanto trabalhosa, é agir de modo leviano e presunçoso frente aos dilemas e desafios políticos que nos são apresentados.

(3)
A família é - segundo Aristóteles - uma sociedade natural, a reunião dum homem com uma mulher, com sua prole, em torno dum domínio. Essa sociedade natural é uma das grandes forças que se contrapõem as sedições advindas das coletividades e que se opõem aos abusos do poder Estatal. Se abolirmos os domínios familiares e aceitarmos com naturalidade que o Estado seja a entidade dominante sobre o universo familiar, não apenas essa micro-sociedade irá degringolar, mas também, com o tempo, a própria sociedade como um todo. Mutilando-se a família, os indivíduos irão vergar sua alma sob os flancos totalitários do Estado moderno. Na verdade, já estamos.

(4)
A comunidade é uma organização natural ao ser humano. O que constitui uma entidade dessa magnitude é o fato de as crianças, das gerações futuras, alimentarem-se do mesmo leite. Não apenas do mesmo alimento físico, mas também e principalmente, do mesmo leite espiritual; dos mesmos valores e das mesmas tradições. São eles, os valores em comum e as tradições cultivadas que dão forma a uma comunidade.

Logo, um agrupamento humano onde os infantes e, consequentemente, os adultos, não tenham em comum um conjunto de valores e tradições que os faz ser e agir como uma comunidade, pode até ser chamada de sociedade, mas esse agrupamento não passará duma massa amorfa. Uma massa disforme de indivíduos atomizados facilmente manipuláveis.

(5)
O que define a natureza de alguma coisa é o seu fim. A finalidade de algo determina a razão de existência deste. Por isso, é de fundamental importância perguntarmos sobre a finalidade de tudo, de nossos atos e da vida como um todo. O fato de não identificarmos uma resposta clara para questões dessa monta não significa que elas não são cabíveis. Significa apenas que estamos a viver e a encarar os fatos de nosso devir por esse vale de lágrimas como se tudo estivesse sendo disposto ao acaso e sem razão alguma. Esse tipo de atitude, por sua deixa, reflete apenas nossa desídia existencial, não a ausência de sentido das coisas da vida vividas e testemunhadas por nós.

(6)
Negar todos os laços que nos ligam a pátria, enxovalhar tudo aquilo que nos unem a um passado comum sob e égide de estarmos construindo uma sociedade justa e perfeita a partir de nossas ideias abstratas; ideias essas tão ocas quanto tolas do que seja a perfeição e a justiça é uma atitude mui glorificada na sociedade atual como se essa fosse uma forma decantada de cidadania.

Bem, eis aí mais um ledo engano da atualidade. Um terrível equívoco. Aliás, nada é mais contrário a dita cuja da cidadania do que uma atitude dessa monta.

Colocar-se como fundador duma nova ordem, apresentar-se como um novo marco zero duma sociedade é tão só uma manifestação soberbamente egolátrica que nega o direito a voz e vez para as gerações que nos antecederam; coloca em risco o futuro dos nossos concidadãos que estão por vir e, tudo isso, feito em nome de duvidosos ideais bondade e justiça apresentadas com uma gama de poses postiças de bom-mocismo que são encenadas por uma trupe que confunde chiliques afetados com a própria realidade.

(7)
Não devemos confundir a mera emissão de palavras com o uso apropriadamente humano delas. Muitas vezes, a forma parca com que os indivíduos utilizam as palavras é tão bestial que elas apenas expressam, através de confusos vocábulos, uma sucessão de desordenada e contraditória de emoções epidérmicas.

Uma prosa assim, mesmo dita e escrita com uma relativa elegância, não passa duma “fala” animalesca, similar ao ladrar dum cão que é capaz de dizer que está com fome ou carente de afagos, mas é incapaz de indagar sobre algo que vá além dos pragmáticos estímulos do momento.

Enfim, podemos dizer que, atualmente, não são poucos os indivíduos humanos que caninamente tentam comunicar-se entre humanos, e para esses, os seus mais profundos anseios canídeos.


 (*) professor e cronista.

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BLOGICAMENTE FALANDO – parte XX

 Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Todos gostam de tecer críticas. Todos. Ouvi-las e discerni-las são outros quinhentos.

Sim, é óbvio que nisso tudo há uma boa dose de vaidade – tanto no ouvir como no proferir críticas - mas, além disso, há outros fatores que levam uma crítica a ser devidamente acolhida e ponderada pelo ouvinte.

O momento em que ela é foi feita, o tom que é utilizado para tanto, o lugar escolhido para tal, o tamanho e o tipo de público que está testemunhando-a e, naturalmente, a personalidade e o caráter do ouvinte. Tudo isso contribui dum jeito ou de outro para a acolhida ou não de uma crítica.

Não apenas isso! Devemos também considerar a intenção daquele que profere a crítica. Se essa é feita por misericórdia, com o intento de corrigir um erro, ou se é proferida simplesmente pela satisfação sádica de destruir não o equívoco, mas sim, o equivocado. Isso também - gostemos ou não - faz parte do babado.

Enfim, seja como for, todos nós sabemos que tudo o que está abaixo do sol desde tempos imemoriais não passa de vaidade; porém, ela manifesta-se em nossa alma com muitíssimos tons que fazem das críticas – na forma como são feitas e na maneira como são ouvidas – um verdadeiro cipoal de confusão.

Por isso, na dúvida, sigamos o conselho do Apóstolo São Paulo: ouçamos tudo e fiquemos com o que é bom; pouco importando de onde venha. E quando dissermos algo, procuremos fazê-lo com misericórdia – mesmo que com palavras duras - e em espírito e verdade para que nossas palavras sejam um instrumento de libertação dos grilhões do erro e do engano, libertação para nós e para o alvo de nossa crítica.

(2)
Misericórdia para com o próximo não é, de modo algum, sinônimo de passar a mão na cabeça do outro frente a qualquer maluquice que esse faça ou diante de qualquer sandice que seja dita por ele.

Misericórdia é fazer de tudo pelo bem duma pessoa sem preocupar-se com a sua própria imagem diante dela ou dos demais; é fazer o bem sem esperar gratidão ou aplausos ocos duma multidão tola.

A preocupação excessiva com a boa imagem não é bondade, é vaidade. Ou, se preferirem, isso é bom mocismo puro e simples. E, onde a vaidade e suas filhas ditam o ritmo, não há misericórdia e, obviamente, a bondade não floresce não.

(3)
Para o homem modernoso todos os dissabores humanos reduzem-se a doenças. Não que elas, as doenças psíquicas não existam. Não é isso não caipora. Mas nem tudo que é forçosamente enquadrado nessa clave se enquadra nela.

Na ótica dos modernosos, um indivíduo nunca está infeliz, não mesmo. Ele está estressado ou com depressão. Seu coração não pode jamais estar sendo sufocado por uma tristeza atroz. Não. Ele só pode ser bipolar ou coisa do gênero. E por aí segue o andor. Detalhe: muito do que é chamado por nós de doença não é doença meu caro. É parte de uma vida humanamente vivida. Só isso.

Enfim, no esforço de reduzir todos os dilemas existências que integram nossa vida - cada um ao seu modo - a categoria de doenças, acabamos mutilando o sentido de nossa existência, fechando-nos para a dimensão do transcendente, tornando-a tão artificial quanto artificiosa como tudo o mais na sociedade hodierna.

(4)
Devemos, com dignidade, saber receber as vitórias como também acolher bem as derrotas de nossa vida. Desmoronar com a segunda e portar-se de modo soberbo com a primeira demonstram apenas que o indivíduo – vencedor ou perdedor – é portador duma personalidade de gelatina e dum caráter formado na base de excrementos.

(5)
Quando um povo perde a capacidade de rir de si – de seus sofrimentos e bem como de suas bestagens - é porque, de fato, ele tornou-se motivo de riso para toda humanidade de todos os tempos.

(6)
Rir de nossos males é a forma mais eficaz para exorcizá-los; é a forma mais direta e dinâmica de dizermos às máculas de nossa sociedade e de nossa alma que elas não vão nos arrastar para o abismo da autocomiseração. Só os medíocres se permitem cair em tamanho disparate. Só eles e seus iguais.

(7)
Sem uma dose razoável de autodisciplina todo esforço humano reduz-se a um vão desperdício de tempo, recurso e energia. Ter claro em nosso horizonte a finalidade que pretendemos realizar a partir da otimização dos meios que temos em mãos é imprescindível para a obtenção do bom sucesso em nossos atos e, sem um mínimo de autodisciplina, a única coisa que possivelmente irá raiar nos dias vindouros de nosso peregrinar por esse vale de lágrimas será o fracasso de nossas intenções desfibradas e desorientadas. Só isso e olhe lá.

 (*) professor e cronista.
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BLOGICAMENTE FALANDO – parte XIX

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Lição que é desdenhada pelas alminhas críticas: saber observar os acontecimentos com paciência e sem se enervar.

Essa atitude é imprescindível para conhecer o tempo de cada fato e o passo de cada ato. Ficar nervosinho, dando peti de cidadanite, pode até dar IBOPE, mas não ajuda a entender nada e não resolve coisa alguma.

E te digo uma coisa: indignação não passa duma birra. Isso mesmo. Por mais que se diga que ficar indignado seja uma “virtude cívica”, no fundo não passa de uma criancice aceita socialmente em sociedade moralmente decadentes.

E te digo outra: ter nervos de aço é fundamental para conhecer os fatos sem ser arrastado pelas paixões do momento e, consequentemente, para sermos capazes de agir sobre os acontecimentos com razoável consistência.

E, por fim, te digo isso: ficar nervosinho pode até fazer-nos parecer bonitinho na foto e aos olhos instantâneos do momento, entretanto, tal atitude não passa dum impensado rompante infantil e ordinário. Só  isso e nada mais.

Por isso, pare, pense, compreenda e pondere sobre a situação presente e sobre nossas atitudes patentes antes que seja tarde de mais.

(2)
Precipitação - em misto com indignação colérica - é um claro sinal de que a situação que estamos dispostos a enfrentar nos domina; não o contrário.

Enquanto não somos capazes de ordenar e de controlar nossas emoções frente aos problemas e dilemas que a vida nos atira à face, não estaremos aptos a agir de modo eficaz, mesmo que estejamos cobertos de razão quanto ao que motiva nosso sentimento de cólera cívica.

Não basta sentirmo-nos indignados frente às injustiças; temos sim que fazer os injustos indignar-se frente a nossa presença por aquilo que representamos; fazê-los tremer com o vislumbre de nossas possíveis ações.

Quanto ao resto, bem, todo o resto é bobagem, mesmo que essa bobagem tome conta das ruas de verde e amarelo fazendo-nos imaginar que isso seja o suprassumo da cidadania.

(3)
Ruas cheias de cordeiros, gritando palavras de ordem e vestidos a caráter para um passa-tempo cívico com dia previamente marcado pode até impressionar, mas não assusta, nem derrota as alcateias de lobos e os covis de leões que nos assaltam sorrateiramente a partir dos meandros Estatais, para-Estatais e corporativos.

É preciso muita astúcia e um tantão de paciência para encurralar e enquadrar essas bestas e, principalmente, sermos mui vigilantes para não acabarmos nos tornando presas delas numa de suas sutis arapucas; para não fazermos o jogo deles imaginando tolamente que estamos fazendo o nosso.

Se não formos vigilantes, pacientes e astutos estaremos apenas fazendo papel de bobos num teatro de loucos patrocinado por canalhocratas.

(4)
Boa parte dos críticos do juiz Sérgio Moro apegam-se caninamente aos mais toscos detalhes de qualquer formalismo burocrático - formalismos tão vazios quanto cínicos - fantasiando-os com toda ordem de dissimulações jurídicas e dessa forma, cônscios ou não, acabam ignorando o que ele está realizando, o mal que ele e sua equipe ousaram afrontar, que continuam ousadamente combatendo. Quem não percebe isso ou é aparvalhado ou parte interessada – material ou ideologicamente interessada.

(5)
A disciplina é um dos alicerces da formação da personalidade; outra coluna importante é o senso de responsabilidade devidamente balizado por uma aguda consciência de que tudo aquilo que fazemos - de bom e de ruim - é de nossa autoria, de nossa responsa, e não culpa de algo ou de alguém malvadão que está sempre nos sacaneando desde tempos imemoriais.

Por isso, enxovalhar a disciplina e perverter a consciência moral dos indivíduos é a pedra angular da pedagogia da mediocridade que há décadas vem destruindo, silenciosa e criticamente, o pouco de honradez e integridade que havia em nosso país.

Está mais do que na hora de procurarmos salvar o pouco que restou.

(6)
Onde não há retidão de propósito, não há boa intenção nem ação responsável. Num lugar onde carecesse disso as únicas coisas que reinam é a dissimulação histriônica, o artificialismo (depre)cívico duma multidão de canalhas disfarçados de cidadãos em conluio com outro tanto de biltres fantasiados de redentores públicos dessa choldra ignóbil maquiada de democracia. Essa, meu caro Watson, é a canalhocracia tão vigorosa e cheia de vida a parasitar o nosso anêmico país.

(7)
Não sou fã de futebol, porém, nada tenho contra aqueles que o são. Porém, todavia, entretanto, acessar as redes sociais no dia seguinte após a final olímpica da referida modalidade desportiva e ver a galerinha multiculturalista - com duas mãos canhotas - pau da vida com a seleção brasileira de futebol não tem preço.

Onde já se viu - pensa a turminha politicamente correta com seus alfarrábios e postagens - o Neymar usar uma faixa na testa escrito 100% Jesus; como é que pode o goleiro Weverton Pereira da Silva declarar em entrevista que o ouro é nosso, mas a glória é de Deus, como? Bem, turminha, pode porque estamos no Brasil e, apesar de toda hegemonia cultural e intelectual exercida sobre nós pelos grilhões rubros, ainda há no coração brazuca os ecos da Palavra que jamais passará.

Enfim, eles piram o cabeção enquanto os atletas militares batem continência ao pavilhão nacional e surtam ao ver os futebolistas dando glória ao Senhor por terem conquistado o ouro olímpico para a nossa mãe gentil.

E deixem que eles pirem, pois é divertido demais vê-los assim.

 (*) professor e cronista.

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BLOGICAMENTE FALANDO – parte XVIII

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Frequentemente naufragamos em meio ao frenético tsunami de acontecimentos que se abatem sobre a nau de nossa existência. Frequentemente.

Para nos defendermos dessas turbulências é de fundamental importância que nos encontremos munidos de boias; boias essas que seriam as perguntas apropriadas a serem feitas para compreendermos de modo adequado as circunstâncias em que nos encontramos.

Se tivermos em nossa algibeira as perguntas certas, bem provavelmente iremos conseguir navegar e superar as correntes do mar tenebroso que nos desafia; caso contrário, nos afogaremos em nós mesmos por não sabermos o que estamos procurando, nem desconfiar de onde exatamente estamos. E, tudo isso por não sermos capazes de fazer as perguntas que realmente importam; por não sabermos nem mesmo como fazê-las.

(2)
O ódio nos cega da mesma forma que o medo é mau conselheiro. Sempre foi e sempre será assim. O primeiro nos leva a subestimarmos a astúcia de nossos inimigos e a superestimar as nossas parcas habilidades e escassos meios; no segundo caso a situação é inversa: superestimamos nosso antagonista e depreciamos nosso potencial. Bem, seja como for, ambos, tanto o ódio como o medo, quando se apoderam de nossa alma nos apartam e nos distanciam da realidade dos fatos. Por isso, é bom não esquecermos, jamais, que a irritação não é um argumento razoável da mesma forma que a temeridade nunca será um fundamento aceitável de coisa nenhuma.

(3)
A fúria na maioria das vezes não é a via apropriada para a resolução dum problema, grande ou pequeno. Mas, às vezes, é mais que necessária.

(4)
Essa é a essência do espírito desportivo: anos de magnânimos sacrifícios por alguns instantes de glória que preenche uma vida com sentido.

(5)
Há canalhas que vivem da pregação de lamúrias ideológicas, como há. Biltres bem pagos pelo escasso erário pra nada fazer de substancial. Nada.

(6)
Foi dada a largada! Os biltres já estão na pista da dissimulação e não vão poupar os cidadãos com o velho festival de cinismo eleitoreiro.

(7)
A tirania torna-se inevitável quando imaginamos que todas nossas libertinagens pessoais, em misto com todas as nossas imbecilidades coletivas, deveriam ser vistas como uma excelsa virtude cívica e reconhecidas como uma dionisíaca garantia constitucional.

 (*) professor e cronista.

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BLOGICAMENTE FALANDO – parte XVII

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
O mal educado de carteirinha sempre imagina que qualquer um que ouse exigir dele um pingo daquilo que ele não tem, deve fazê-lo com o máximo de decoro possível. Ora, onde já se viu alguém falar com um sem educação na linguagem dele, não é mesmo? Isso é demais para sua sebosa alminha suportar.

(2)
Só para constar: toda essa defesa, constante e irascível,  da busca pela satisfação egoística de todo e qualquer prazer não tem por intento emancipar essa ou aquela minoria não. Não mesmo. Tais inclinações da alma humana, da sua alma e da minha, são, de fato, estimuladas porque nada na face dessa terra é mais facilmente manipulável do que uma massa que fundamentalmente busca a satisfação de sua insaciável sede por prazer. Enfim navegante, seja como for, abra olhos e não cai nesse pérfido canto de sereia politicamente correto.

(3)
Quanto mais se estimula a liberdade pessoal; quanto mais é fomentada a libertinagem dos costumes para realização das inclinações mais baixas que se fazem presentes na alma humana, em nossa alma, mais facilmente as ideologias tirânicas conseguem deitar suas pérfidas raízes nos corações; mais sorrateiramente elas passam imperar sobre as vidas levianamente vividas e, inevitavelmente, sem muito esforço elas conseguem corromper as consciências desarmadas pela volúpia pessoal desenfreada.

(4)
Quem não aprende a sacrificar a liberdade pessoal em favor do bem estar dos seus acaba, sem querer querendo, tornando-se um brinquedinho mais que perfeito para destruir todas as liberdades civis em favor da tirania Estatal.

(5)
Só pra constar, só isso: cultura nunca foi, e jamais deve ser vista como um reles entretenimento. O aperfeiçoamento moral dos indivíduos, de cada um de nós, é a finalidade maior da cultura. Por isso, se uma manifestação cultural não almeja esse intento, podemos até chamar esse trem fuçado de cultura, mas, na real, esse trambolho não passará dum dejeto enfeitado; dum excremento com purpurina a refletir o que há de mais profundo em nossa alma. E põem profundo nisso.

(6)
A verdade sempre é boa para alma humana. Sempre. O que não significa que ela será necessariamente confortável para almas maculadas como a nossa. Todavia, como estamos profundamente encalacrados com o hedonismo rasteiro contemporâneo, toda vez que ouvimos uma verdade, por mais pequenina e generosa que seja, reagimos com um punhado de ui, ui, ui, ai, ai, ai feito criancinha que ralou o joelho e a mamãe acabou de passar mertiolate. Ora, carambolas! Deixemos de frescuragem. Ouçamos e assimilemos devidamente as verdades, as grandes e pequeninas, para que possamos crescer em dignidade e virtude com elas; procuremos dar um basta a todas as mesquinharias morais e intelectuais que massageiam nossos vaidosos egos podres de  tanto mimo; tenhamos coragem para olhar a realidade para conhecê-la e crescer conhecendo-a.

(7)
A grande literatura é como um bosque com frondosas árvores. Quando as colocamos abaixo, quando destruímos a mata, deixando o solo nu e desprotegido e, com o tempo, em seu lugar crescerá uma tristonha e feia quiçaça rasteira. Bem, é o que está acontecendo com a literatura e com a alta cultura em nosso triste país. O desmatamento foi feio e o que restou é essa vil capoeira cultural que temos. Só isso. E ao que tudo indica vai piorar.

 (*) professor e cronista.

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DA VIOLÊNCIA DAS ÁGUAS

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Não são poucos os folgados, os mal educados de pai e mãe que agem como se o mundo existisse para satisfazer as suas manhas e futilidades. Eles não são muitos, mas em número suficiente e com petulância o bastante para infernizar a vida dos demais.

Tais tipos são facilmente reconhecíveis; são inconfundíveis na forma como utilizam os espaços e transportes públicos; pessoinhas vazias que, inconvenientemente, não medem esforços para chamar a atenção de todos com sua zoada mimada. Imaginam eles que a palavra “público” signifique inexistência de regras de convívio, que aquilo que é tido como sendo público sinaliza um vale tudo em favor do seu egoísmo incurável. E com base nesse imaginar doentio eles vivem com seus narizes tão empinados quanto entupidos.

E o pior é que estes biltres, com sua patente falta de respeito para com todos, sempre contam, na verdade exigem que qualquer um porte-se com todo o decoro e civilidade caso cogite a possibilidade de chamar-lhes a atenção.

E ai se alguém ousar dizer um “fiquem quietos”. É um Deus nos acuda porque essas alminhas sentem-se feridas mortalmente em seu cinismo sem freios quando uma pessoa ousa lembrá-los que eles devem refrear a sua doideira.

Doravante, o que essas criaturinhas podres de mimadas jamais levam em consideração é que num espaço público onde ilustres desconhecidos convivem sempre há muitos indivíduos cansados, uns com problemas pessoais ou profissionais; outros tantos frustrados, uns pares exaustos e, é claro, sempre há aqueles que estão irritados - verdadeiras bombas-relógios - e, de um modo geral, o que todos com seus problemas querem é apenas um pouco de sossego com seus alfarrábios antes de chegar a casa.

Porém, todavia e, entretanto, como nos lembra Albert Schweitzer, no horizonte dessas alminhas inexiste a natural gentileza de sentimentos e, em seu lugar, impera apenas uma ostentação de absoluta indiferença que se reveste das mais variadas formas de afetação de “superioridade” ultrajada.

Pois é. Muitas vezes, a falta de respeito demonstrada ao próximo é tamanha que, qualquer indivíduo, cansado ou não, em um momento qualquer, pode vir a ter o seu dia de fúria que, gostemos ou não, pode acabar numa tragédia.

Detalhe: vale lembrar que uma tragédia não é nem desejável, nem justificável, todavia, toda e qualquer drama pode e deve ser compreendida com a devida e indispensável clareza. Se não procedemos assim, acabamos por cair na linguagem viciada do coitadismo, tão presente em nossa sociedade. Dito isso, vamos em frente.

Quando isso acontece, mais do que depressa, as hienas cívicas, tão mimadas quanto atrevidas, transfiguram-se em cândidas criaturas inocentes que dizem nada terem feito para viverem essa ou aquela situação.

Quanto aos demais, esses veem tudo feito baratas tontas, impressionadíssimas com a violência das corredeiras ao mesmo tempo em que desconsideram a violência do leito das turvas águas.

Por essas e outras que o filósofo Olavo de Carvalho nos lembra que quanto mais se lisonjeia as tenras gerações, maior será a probabilidade de esses indivíduos virem a se tornar adultos estúpidos, ressentidos e invejosos; de tornarem-se indivíduos incapazes de respeitar o próximo por simplesmente imaginar que seus umbiguinhos sebosos sejam o centro do universo e o trono do interesse público.

Esses bocós de mola, de tão alienados que vivem em seu mundinho inconsequente, acreditam mesmo que são vítimas inermes, quanto alguém perde as estribeiras com eles. Jamais se reconhecem como sendo a causa direta da ação reativa que veio a se abater sobre eles.

É isso que acontece quando se fica afagando distorcidos egos juvenis que necessitavam de disciplina para que, quando adultos - ou quase isso - soubessem agir com um mínimo de civilidade.

Infelizmente, em nosso país confunde-se mimar com educar; e como continuamos a confundir uma coisa com a outra, a vaca continuará marchando a passos ligeiros, e num estardalhaço só, para o brejo.

Enfim, esses são os novíssimos cidadãos dessa triste nação. O futuro que os aguarde. Na verdade, o futuro já os encontrou com título eleitoreiro na mão.

 (*) professor e cronista.

Site: http://dartagnanzanela.webcindario.com/

TERMOS DUM CRISTÃO SEM TERMOS – II

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Ensina-nos São Paulo que más companhias corrompem bons costumes. Essa é uma verdade tão auto-evidente que dispensa qualquer comentário ou explicação, todavia, como evitar a companhia dos maus numa sociedade como nossa é uma questão delicada pra caramba.

É praticamente inevitável a todo aquele que tem o propósito de exercer a profissão de bom em meio a abundância de tantos maus ter de se acostumar a viver longos períodos de solidão que, para todo aquele que almeje o bem, é sempre uma excelente companhia.

Mas não se deve apenas ficar com ela. A provação das más companhias é fundamental para conhecermos a real densidade de nossa alma, de nosso caráter.

Ora, se facilmente caímos no canto de seria da mundanidade é porque não somos tão bons assim como imaginamos ser. Agora, se somos de fato pessoas de grande densidade moral; de grande envergadura espiritual; de nada servirá toda essa força se ela não for empregada no intento de alumiar aqueles que estão atolados no lodo da fraqueza moral e da desídia espiritual.

Enfim, más companhias corrompem apenas bons costumes superficialmente adquiridos; más parcerias necessariamente revelam as más inclinações que já estavam em nosso coração, mas que nos recusávamos a enfrentá-las.

(2)
Tudo que é bem feito jamais é feito em vão. Mesmo que tudo o que fora feito tenha sido, aos olhos dos homens, um grande desperdício, aos olhos de Deus continua sendo bom.

(3)
Todo aquele que confessa uma religião o faz porque a sente como sendo verdadeira; mais verdadeira que as demais. Se o indivíduo não age assim é porque ele é hipócrita para com os seus e cínico para com os demais. Detalhe: isso não significa que indivíduo odeie as demais religiões; significa apenas que ele deseja sinceramente que todos confessassem a mesma fé que ele confessa; significa que ele reza pela conversão de todos ao caminho que ele escolheu. E isso, amiguinho politicamente correto, não é mau não. É a própria expressão do amor ao próximo. Entenda isso e pare de ficar relativizando o valor da procura amorosa e abnegada pela Verdade.

(4)
Se depositar todas as minhas esperanças neste mundo vil, se procurar reduzir a amplitude transcendente na mensagem viva de Nosso Senhor Jesus Cristo aos limites desta miserável existência finita, definitivamente, minha existência seria uma lastimável do princípio ao fim.

(5)
Ensina-nos Pascal que nada é mais real, nem mais terrível do que a morte. Da mesma forma, nada é mais tolo, nem mais ridículo do que viver ignorando o peso e o significado dessa realidade.

(6)
O ser humano de um modo geral, e o brasileiro de maneira particular, é um bicho engraçado mesmo. Vive falando que a morte é a verdade mais acertada; sabe que a morte é o limite irrevogável para todos os planos terrenos. Mesmo assim, o carniça vive os seus dias e traça seus planos como se ele fosse uma criatura vampiresca, ignorando a imortalidade da alma e sugando tudo o que a vida pode lhe ofertar para realização das mais mesquinhas e vazias finalidades que, de maneira tola, ele coloca num patamar de importância bem acima, muito acima da imortalidade da sua própria alma.

(7)
Quando ignoramos a realidade da imortalidade, gradativamente nos embrutecemos; pervertemos o senso de justiça que há em nosso coração.

 (*) professor e cronista.

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BLOGICAMENTE FALANDO – parte XVI

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
O grande erro, a sacanagem cognitiva maior que se faz latente em todas as ideias progressistas politicamente corretas é que elas desdenham a real e constante condição humana. Realidade a qual seria: a inconstância geral das almas, o tédio generalizado do dia a dia e a inquietação perene dos indivíduos frente às miudezas da vida. Qualquer ideiazinha que ignore esses traços não passa de um sintoma epidérmico dessa realidade passada e demasiadamente humana, jamais um unguento para ela.

(2)
Muitas pessoas, como se diz, de bem, sentem-se indignadas diante do lúgubre pântano moral, político e econômico em que nos encontramos atualmente e, indignados, querem agir de supetão crendo poder, desse modo, colher bons frutos em curtíssimo prazo.

Ledo engano. Não se pode combater algo com eficiência sem, primeiramente, conhecer bem o que se pretende combater da mesma forma que nenhuma ação de curto prazo, por mais bem intencionada que seja, obterá um sucesso duradouro se ela não estiver integrada numa estratégia ampla e de longo prazo.

Por isso, toda ação motivada unicamente por um sentimento de indignação é epidérmica e sem finalidade; por essa razão ações assim acabam invariavelmente realizando inúmeras coisas imprevistas pelas almas indignadas porque, por impaciência e vaidade, nunca pararam pra conhecer bem quem e o que eles estavam combatendo.

(3)
De quanto tempo precisamos para fazer tudo aquilo que devemos fazer? Não sei dizer. Na verdade, somente você pode responder a essa pergunta. Entretanto, uma coisa é certa: independente de quanto tempo você necessite para cumprir com o seu dever, todo ele deverá ser obtido das limitadas disposições temporais de sua vã e frágil vida.

(4)
Muitas vezes não somos capazes de realizar o bem, nem mesmo um simplório benzinho, por sermos frequentemente avessos à procura pela verdade e, principalmente, arredios a sua presença em nossas vidas.

(5)
Muitas são as vozes que, indignadas, clamam pela necessidade de recuperarmos o tal do senso ético, os valores morais e todo aquele trelelê que todos estamos carecas de ouvir dizer. Porém, todavia e, entretanto, é chato lembrar, porém, temos de fazê-lo, mas, não se pode recuperar o que nunca se teve; não se ter o que nunca foi sinceramente almejado.

(6)
Num ano eleitoral, os cidadãos como um todo, e os candidatos em especial, acabam dando uma importância colossal para as condições do momento, aos títulos honoríficos, aos cargos, salamaleques, a tudo que seja fugidio e que massageie os seus já mui inflados egos envaidecidos. E assim o fazem por ignorar, de modo estulto, o peso da eternidade que paira sobre a cabeça de todos nós.

(7)
A irascível insatisfação que habita o coração do homem modernoso é, em boa parte, fruto de uma vida vivida sem a eternidade como finalidade. Somente a consciência do eterno é capaz de aplacar a nossa volúpia; somente ela, iluminado pelo Altíssimo eleva nosso olhar para além do turbilhão de nossos desordenados desejos mundanos.

 (*) professor e cronista.

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