Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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CRITICAMENTE INCONSCIENTE


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Muitos daqueles que se intitulam progressistas adoram dizer que são os únicos que se preocupam com o tal do povo, que são os únicos que verdadeiramente sofrem com as carências populares e, principalmente, que apenas as suas ideias podem aliviar as dores do mundo.

Aliás, como gostam de se autoproclamar como sendo os legítimos representantes de tudo o que há de bom nesse mundo, que fazem tudo em nome dos infelizes da terra e que eles, os progressistas, seriam capazes de gastar mundos e fundos pelo bem do povo, tamanho é o seu amor pela humanidade; tão grande é o seu desprezo pelo próximo, como nos adverte Edmundo Burke.

É. Pois é. Veja só que coisa linda. Isso chega a comover as lombrigas e bichos de pé da minha envelhecida carcaça, tamanha a magnanimidade dessas almas. Generosidade que, em regra, é feita com o chapéu alheio e que, de amor ao próximo, pouco há, como bem lembra-nos Murray N. Rothbard.

De mais a mais, o que a turminha dessa trupe nunca conta é que eles, em sua maioria, e ao seu modo, ganham a vida, e ganham razoavelmente bem, dizendo que amam os desvalidos, que lutam por eles, que só pensam neles e por aí segue o andor, conforme nos adverte Janer Cristaldo.

Outra coisa que eles não gostam que seja dito é que, em muitíssimos casos, quem paga por toda essa papagaiada ideológica são os cidadãos, como eu e você cara pálida. Inclusive os miseráveis sofredores que eles dizem tanto amar também pagam. Ou, como dizem os populares: ganham a vida com a desgraça alheia. Desgraça que, muitas vezes, é fomentada ou ampliada por suas ideias totalitárias como bem demonstra Thomas Sowell e Roger Scruton em suas obras.

E tem mais uma! Essa turmada toda não conta para o povo, pobre povo, que todo esse suposto bem que eles dizem querer fazer pelos mais necessitados, na maioria absoluta dos casos não dá certo e que, no final das contas, quem paga pelo rombo gerado pelos seus delírios utópicos é a sociedade, justamente aqueles que eles afirmavam, e afirmam, enfaticamente, representar e defender como bem nos ensina Carlos Alberto Montaner e Mário Vargas Llosa através do livro “Manual do perfeito idiota Latino Americano”.

E tem outra! Se formos analisar a fundo a intenção que está subjacente a toda essa conversa profissionalizada de amor aos desvalidos da terra, o que provavelmente encontraremos é uma sede insaciável por poder e controle que, dia após dia, torna-se mais e mais evidente aos olhos de todos; tamanha é a incapacidade dessas almas de medirem a si mesmos com a mesma régua que medem os demais, como lembra-nos Rodrigo Constantino em seu livro "A Esquerda Caviar".

Enfim, a cada dia que passa, fica mais e mais evidente o quanto essa conversa populista, dissimulada e ideologizada, não passa dum tremendo bafo encruado duma assembleia de inconscientes e inconsequentes. De inconscientes críticos, que fim bem claro.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

ENTRE CADERNOS E FOLHAS AMARELADAS




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Há dois tipos de leitores: os que leem para conhecer e os que dizem ler para parecer que leram algo.

(ii)
Há dois tipos de amigos do povo: aqueles que vivem anonimamente suas próprias vidas e que auxiliam os necessitados na medida de suas limitações e aqueles que dizem falar em nome do tal do povo para poderem tomar o Estado de assalto e locupletar-se sob a áurea justificativa de estar fazendo todo o possível para socorrer os desvalidos da nação, realizar a tal da justiça social e blábláblá.

(iii)
A consciência indolente é amicíssima do apedeutismo politicamente engajado.

(iv)
Todo rufião populista tem a sua matilha de vira-latas militantes, sempre de prontidão, para defendê-lo de qualquer coisa que soe, aos seus ouvidos caninos, como sendo uma virtual ameaça ao seu dono. Ah! E como eles ficam faceiros fazendo isso. Chega ser bonito de ver, tamanha a comicidade da cena.

(v)
Todo indivíduo, inclinado ao servilismo, não consegue viver sem idolatrar um senhor. Tal tipo humano é incapaz de viver sem ter um amo pra pensar que é só seu e, por isso, ele fica noite e dia de prontidão adulando-o, mesmo que distante, zelando da sua reputação como todo bom capachão faz para que ninguém, em sã consciência, duvide de que ele seja um escravo devotado e, para que todos saibam exatamente quem é seu senhorio.

(vi)
Gosto de brincar com as palavras feito um moleque travesso; gosto de movê-las de lá pra cá feito guri que brinca com bolas de gude no quintal da escola no horário do recreio.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

INIQUIDADES NADA ORIGINAIS


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Um homem somente poderá encontrar a plenitude de sua natureza, de sua maturidade, quando ele se tornar pai e passar a viver como tal. O mesmo também é válido para as mulheres com relação à maternidade.

Nós, homens e mulheres, nascemos para isso. Mas é claro, é claro que as modernosas almas, afundadas num materialismo vil e num hedonismo rasteiro, dirão que isso seria coisa do passado e que a nova onda é curtir a vida adoidado. Sei disso. Já estou sabendo.

De fato essa possivelmente seja toda a maturidade possível aos olhos da desvairada atualidade que imagina realizar plenamente sua humanidade na procura de ser apenas algo para si sem jamais, ou muito raramente, ser alguém para o outro.

(ii)
É incrível como a grande mídia, em particular, e a sociedade, dum modo geral, valorizam demasiadamente os ditos sacerdotes pop stars e os padres animadores de show de auditório que, sem a menor cerimônia e numa hecatombe de vaidade, enxovalham a tradição e escarnecem com o santo sacrifício eucarístico por meio de suas modernices e improvisações.

Agrade-nos ou não, infelizmente na atualidade cada vez mais a Igreja brasileira tem se afastado da tradição que a tantos santificou para abraçar-se alegremente com a espetacularização que foi e que é para muitos causa de perdição.

A impressão que se tem é que, hoje em dia, esqueceu-se que São João XXIII, em sua encíclica SACERDOTII NOSTRI PRIMORDIA, havia apresentado como modelo de sacerdócio São João Maria Vianney e não Fábio Júnior ou um paquito.

Bem, seja como for, ao que tudo indica, hoje em dia tornou-se preferível ser uma imitação fajuta de uma figura disforme presente no show business para bajular multidões, sem jamais preocupar-se realmente em convertê-las; prefere-se muito mais agradar ao mundo adaptando-se a ele, para ser aceito por aqueles que, dissimula ou abertamente, odeiam Cristo, do que realmente amar a Deus e testemunhar o seu amor perante tudo e todos.

(iii)
E de repente a sociedade está abrindo os seus olhos para a doutrinação que está entranhada no sistema educacional brasileiro. E eis que muitos cidadãos estão arregalando as vistas para ver com clareza os males advindos da mentalidade censora que orienta muitíssimos intelectuais brasileiros que, cinicamente, insistem em chamar de “pluralidade de ideias” justamente o seu contrário. Enfim, eis que inúmeras pessoas estão abrindo o zóio para tentar entender a desvirtuação da educação que se consolidou nas últimas décadas em nosso país.

Pois é. Isso é muitíssimo bom, porém, sou franco em dizer que espero que a sociedade também se lembre, com o mesmo interesse, que se houve essa degradação do ensino em nosso país, muito se deve ao fato de muitíssimas famílias brasileiras terem feito tal qual Pilatos e lavado suas mãos e abdicaram da responsabilidade de educar os seus filhos, de oferecerem a eles os rudimentos elementares duma educação doméstica. Impostura essa inspirada, diga-se de passagem, direta e indiretamente, nas mesmas ideias materialistas e hedonistas que imperam em nosso sistema educacional.

Isso, isso, isso. Jogar tudo nas costas das instituições de ensino, mais especificamente nas paletas dos professores, onde, pela regra, encontram-se sutilmente desautorizados para corrigir pra poder ensinar, é muito cômodo. Como é.

E tem outra coisa. Também não podemos desdenhar o fato de que muitos educadores, cônscios ou não disso, são previamente instigados pelos gurus da educação e, principalmente, inspirados pelo patrono da dita cuja de nossa pátria, a doutrinar sorrateiramente as tenras gerações como se isso fosse sinônimo de emancipação. Aliás, para muitos, conforme a (de)formação recebida, doutrinação seria sinônimo de educação.

Enfim, tudo isso somado e devidamente misturado só podia dar nisso: na degradação da educação e na desestruturação de nossas famílias.

A solução para esse tremendo angu encaroçado, sou franco em dizer: eu não sei. Não saberia nem por onde começar. Porém, todo aquele que, de fato, preocupa-se com a sua formação e com a educação dos seus filhos e alunos, poderia começar repensando as influências que recebemos até então para reavaliá-las com a devida serenidade e seriedade.

Fazer isso, é claro, não irá mudar os rumos de nossa nação e do atual sistema de ensinação, mas, com toda certeza, fazendo-o estaremos trilhando um bom começo para corrigir as arestas de nossa própria (de)formação. E isso, meu caro, seria um belíssimo começo.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

PRA NÃO FICAR À TOA


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Uma alma desordenada, sem um centro, está condenada a repetir os mesmos equívocos e, faz isso, nutrindo a crença pueril de estar inovando no seu repetitivo ato de equivocar-se nas mesmas coisas e das mesmas formas de sempre.

(ii)
Não falo em nome de ninguém a não ser de mim mesmo. Aliás, só pra constar: se certas pessoas – figuras públicas ou ilustres desconhecidos - soubessem o quanto é ridículo apresentar-se como supostos porta vozes do povo, dos fracos, dos oprimidos, disso e daquilo sem, de fato, representá-los, ficariam silentes por um bom tempo ou seriam, ao menos, mais modestos em suas considerações populistas de araque.

(iii)
O Brasil é esquisito mesmo. Uma verdadeira jabuticaba.

(iv)
Procuro, dentro de minha decaída condição humana - e põe humana, e coloca decaída nisso – ir à Santa Missa dominical não pra ver e me encontrar com a comunidade, nem pra testemunhar um profano show de calouros.

Com a comunidade me encontro todo o santo dia.

Na Santa Missa anseio encontrar-me com Nosso Senhor Jesus Cristo, apresentar-me a Ele, em minha indigência e indignidade espiritual.

(v)
O Brasil não tem um problema. Ele é um problema praticamente insolúvel.

(vi)
A meu ver, um dos grandes problemas do Brasil, em especial da faixa que se autoproclama esclarecida, é a excessiva credulidade nutrida por ela nas soluções políticas - e nos ícones de barro que se apresentam como seus representantes - e uma total falta de fé em Deus junto com a ausência de uma sincera vida de oração.

(vii)
Quando escrevinho, procuro pensar no que irei imprimir na alvura da face do papel. Leio, releio, reescrevo e, ao final, coloco-me a rir. Rio da bela porcaria que tenho diante de meus olhos. Como rio.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

SUBSIDIÁRIOS SEM SUBSÍDIOS


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Socialista adora gastar dinheiro a rodo - em nome do povo, é claro - desde que a sociedade pague toda a conta do esbanjamento social promovido por ele e que, de preferência, ele possa pôr a culpa pelas suas irresponsáveis lambanças no lombo dos outros. Se possível na paleta dos seus adversários porque, desse jeitinho maroto, fica bem mais fácil posar de menino bonzinho e mal compreendido perante os olhares amigos das câmeras do mundo.

(ii)
Querer o bem do povo não pode ser jamais confundido com a prática de submetê-lo ao domínio dum grupelho político que promove a sua dependência perene através duma esmola estatal ofertada como se fosse um espécie de maná caído dos céus que é oferecido por um tipo deidade Estatal.

Aliás, o caboclo que vê nisso algo que mereça ser festejado só pode ser um cínico. Na melhor das hipóteses, só isso. Um cínico de marca maior. Na pior das hipóteses é melhor a gente nem saber que tipo de pessoa um caboclo desse é, não é mesmo?

(iii)
Uma pessoa que lê qualquer coisa com a generosa vontade de compreender o que está codificado no tortuoso traçado das linhas, direta e indiretamente, está ampliando o seu horizonte de compreensão e aprofundando a sua humanidade.

Resumindo: o caboclo estará crescendo em espírito e verdade.

Já um indivíduo que lê, uma frase que seja, carcomendo-se de raiva e rancor, dificilmente irá decodificar alguma coisa, seja nalguma linha escrita, seja no traçado de sua porca vida.

Resumindo: o caboclo continuará sendo o sujeito mesquinho que é, por mais que tende disfarçar isso com suas supostas preocupações éticas e sociais, haja vista que tais preocupações sempre foram, e sempre serão, o último refúgio dos canalhas.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

[podcast] PROGRAMA AVE MARIA, 24 de agosto de 2017.




MUITO ALÉM DA MINHA COMPREENSÃO




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Confesso que sinto-me desconfortável, até mesmo um pouco apreensivo, toda vez que vejo uma pessoa ignorando, ou mesmo fazendo pouco caso, das ameaças que são feitas pelos demagogos esquerdopatas onde eles, os demagogos, lamentam não ter realizado o que eles mesmo chamam de controle social da mídia que, em português bem claro, seria uma forma de censura pura e simples.

Que eles, os demagogos do naipe de Lula e sua trupe, queiram fazer isso, sou franco em dizer, não esperava algo diferente da parte dessa gente, pois essa é a inclinação essencial da concepção política advinda da visão totalitária que esses indivíduos tem da realidade e da natureza humana.

Porém, todavia e, entretanto, vermos pessoas que não se locupletam com as úberes estatais, vermos cidadãos comuns que procuram ganhar a vida com o suor do seu rosto acharem que isso seria algo de pouca monta e que lhes pareceria justificável mediante os supostos fins propagados e defendidos por tais figuras canhestras é algo que dificilmente entra na minha moringa.

Aliás, vale lembrar que toda vez que alguém justifica os meios em nome de algum fim é porque tem uma baita treta no meio. Até os meus cachorros sabem disso. Até eles. Já as alminhas bem pensantes não veem nada de errado nisso.

Por fim, parafraseando Étienne de La Boétie, sou franco em dizer que eu consigo entender que um punhado de demagogos cínicos queiram dominar toda uma nação por meio de mil e uma dissimulações e vis artimanhas políticas; o que eu não consigo entender é o que leva uma porção de pessoas histericamente ideologizadas a depositar sobre essas figuras uma fé cega e tacanha ao ponto deles não se acabrunha nem um pouco em repetir os slogans de campanha do demagogo mor como se esses bordões ocos fossem a prova inconteste de seu beneplácito, ao mesmo tempo em que ignoram por completo a multiplicidade de males perpetrados por ele.

Pois é. E depois o alienado sou eu.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

PAPÉIS VELHOS E AMARELADOS


Por Dartagnan da Silva Zanela

(i)
Diante do quadro atual eu não me assusto, nem me preocupo, com aqueles que estão um tanto que desanimados e meio apreensivos. Preocupo-me sim com aqueles que se encontram mais animados do que nunca. Isso mesmo! No cenário atual, o caboclo que diz estar faceiro da vida é porque ou está num estado de demência crônica ou porque está se defumando dos pés até a cabeça com alguma espécie de cigarrinho do capeta mega power. Só pode.

(ii)
O gigantismo territorial brasileiro, tão celebrado por todos nós, é um dos elementos que, ao seu modo, facilita muitíssimo a ação perdulária do gigantismo estatal que sufoca a desarticulada sociedade civil brazuca.

(iii)
Quanto mais os anos vão passando, mais nos distanciamos de nossos passos dados nesse mundão feito de encontros e desencontros. Tal distanciamento é um dom celestial que nos permite rememorar nossos dias como se fôssemos uma espécie de espectador privilegiado da tragicomédia de nossa vida vivida até então que, por sua deixa, nos brinda com a oportunidade única de nos envergonhar de todos os nossos desatinos de antanho e, desse modo, podermos, quem sabe, nos tornar uma pessoa um pouquinho melhorzinha. Ou piorarmos de vereda assumindo soberbamente a nossa canalhice nada original.

(iv)
Não tenho o hábito de ler, ouvir ou ver jornais diariamente. Não mesmo. Pode me chamar de alienado, do que você quiser.

E não faço isso por uma razão muito simples: as mesmas palermices que hoje serão noticiadas acabarão sendo repetidas ad nauseam no correr dos próximos dias e logo em seguida terminarão sendo engolidas pelo esquecimento social e midiático.

Ora, para que devo estar a par dessas coisas todas? Quem disse que elas são tão importantes assim? A mídia? Ora bolas, sou meio tongo e preciso de tempo pra pensar direito.

E tem outra: Deve religiosamente acompanhar essa bobajada toda para tornar-me uma pessoa crítica? Faz-me rir. Se você não quer realmente entender alguma coisa, leia, ouça, assista apenas o que é vinculado pela grande mídia.

Outra: qual a real credibilidade dessa dona, a tal da grande mídia, que faz por merecer o apelido de fake news?

Enfim e, a meu ver, a questão mais importante: em que estar antenado com as ditas cujas das notícias nos torna uma pessoa melhor?

Pois é, pois é, pois é. O mundo é muito maior que os jornais, a cultura é muito mais vasta que um punhado de notícias e a alma humana é muito mais profunda que nossa vã curiosidade pelo efêmero e que as tolices que nos são despejadas pela grande mídia.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

NAZISTA É TEU FIOTE


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Quando a esquerda começa com essa folia de acirrar o uso do velho estratagema de ficar nazificando a imagem de seus adversários e desafetos políticos, pode ter certeza de que ela o faz não porque está se sentindo acuada, com medo. Nada disso. Ela assim procede porque está ardilosamente preparando-se para investir todas as suas forças num contra-ataque agressivo para retomar o controle amplo e irrestrito da situação que foi por hora perdido. Só não vê isso quem está pra lá de atordoado. E põem atordoado nisso.

(ii)
Qualquer um que não tenha procurado entender a centralidade da cultura e da história europeia para podermos compreender a história e a cultura contemporânea, bem provavelmente, não parou, nem por um instante, pra pensar que praticamente toda a mentalidade antieuropeia tem suas raízes nas ideias que foram paridas por um punhado de intelectuais ocidentais.

(iii)
Quando estamos muito mais preocupado com as emoções boazinhas que nossas ideias possam despertar do que com as reais consequências que podem ser desencadeadas por elas; quando estamos preocupadíssimos com as reações raivosas que nossas palavras podem vir a provocar sem nos importarmos muito com o que de fato estamos dizendo, é porque nossa alma já foi colocada de joelhos pelo que há de mais pérfido na sociedade contemporânea.

Qualquer um, qualquer um mesmo, que se permite cair no desfrute de ser chantageado pelo politicamente correto, pelo marxismo cultural, pelo relativismo moral e suas e demais crias, sem o saber, já encontra-se mentalmente escravizado por querer tolamente conquistar o afeta daqueles que o odeiam.

(iv)
Lembre-se: qualquer um que insista em defender Maduro como sendo um democrata incompreendido e em dizer que o tal do bolivarianismo é uma ideologia política respeitável, de fato, mereceria receber de nossa parte o mesmo tratamento que a ditadura venezuelana impõem aos seus opositores. Mereceria, mas, como não somos cínicos como eles, procuremos dar-lhes tão somente todo o nosso gélido desprezo após, é claro, um olímpico vá tomar no fiote.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

[podcast] CONVERSA QUIXOTESCA - autodestruição individualista.




[podcast] CONVERSA QUIXOTESCA - Lições de Lao Tsé





NÃO ESQUECER PRA NÃO SUCUMBIR


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

A mentalidade política brazuca é meio doentia mesmo. Pra dizer o mínimo. E se aponto isso não é por maldade não, por favor, não me entendam mal, apesar de estar mais que ciente de que não serão poucos os que irão, propositadamente, seguir por esse viés. Mas, mesmo assim, vejamos alguns fatos que, no mínimo, fazem a gente parar pra matutar um pouco sobre a questão.

Um deles, que agora reavivo em minha memória, é a popularidade do senhor Lula logo no início do seu primeiro mantado. Você se Lembra de quanto era? Não? Então rememoremos: algo próximo dos 96%.

Claro que a tigrada vermelha com duas mãos esquerdas irá apontar para isso como prova inconteste de que tais números seriam a prova cabal de que ele era um líder popular, amado pelas massas e blábláblá.

Pode até ser isso em alguma medida, mas, o que me espanta é o seguinte: no Brasil nem mesmo Deus tem essa aprovação. Nem no mundo. Isso mesmo. E pior! Ele, Lula da Silva, pintou e bordou, disse sem o menor pudor toda ordem de absurdos e sandices e, mesmo assim, ainda hoje, é amado por uma montoeira de fiéis dessa capelinha do Butantã onde que ele é idolatrado até debaixo d’água.

E não preciso nem dizer, mas digo: isso não é um sinal saudável para uma democracia. De jeito maneira. Termos um demagogo com tamanha aprovação, com tamanha devoção à sua pessoa não é coisa boa não. É muita credibilidade depositada num homem de carne, ossos e sabe lá mais o que. É muita credulidade duma massa ululante que se crê crítica e esclarecida.

E tem outra: nesse fenômeno temos misturado uma boa dose de culto a personalidade dum guia político (que é típica de partidos socialistas e fascistas), com o velho credo sebastianista que nutre a esperança metastática da vinda dum salvador da pátria para nos acudir de nossas pulgas e lombrigas.

Por essas e por outras cositas, não é à toa que no final da campanha que consagrou Lula pela primeira vez nas urnas dizia-se que a esperança havia vencido o medo. Lula simbolizava isso e, vejam só: deu no que deu.

Pois é, e ainda temos outro problema. É uma meleca quando a esperança, em matéria política, vence o medo. Ele, o medo, é um sentimento necessário para mantermos a sanidade duma democracia. Se ele desaparece, perdemos, com o tempo, a capacidade de sermos céticos em relação aos mandões e, sem querer querendo, tornamo-nos crédulos por demais ao ponto de confiarmos mais num homem - como se ele fosse uma entidade divinal acima do bem e do mal - e num partido – como se a ideologia por ele apregoada fosse à última revelação.

Tamanha é a devoção a esse canastrão que, recentemente (dia 11 de agosto), ele proferiu um discurso na UFRJ para acadêmicos de direito e profissionais dessa seara e, com todas as palavras, disse que o grande erro de seu governo e do de Dilma foi não ter acelerado na direção da criação de mecanismos de controle da mídia e, ao declarar isso, o que aconteceu? O que? Isso mesmo, ele foi ovacionado.

Pois é. E isso, meu caro Watson, definitivamente, não é um bom augúrio para a nossa etílica democracia não. Não mesmo.

Quem viver, verá.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

[podcast] PROGRAMA AVE MARIA, 17 de agosto de 2017.




NA NOITE ESCURA DA ALMA


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Em nossa caminhada pela noite escura da alma devemos sempre nos lembrar que a luz que irá nos guiar para fora dela não está a nossa espera no raiar de um utópico dia incerto, ou no fim de um túnel ideológico qualquer, como insistem em crer as confusas almas politicamente corretas; ela, a luz, sempre estará radiante em nosso coração se seus os átrios e ventrículos estiverem inteiramente voltados para o grande farol da alma que é a Santa Cruz.

(ii)
Nada é mais esquisito, pra não dizer outra coisa, que um sujeito imaginar, e acreditar, que tudo o que está acontecendo em nosso país e em nossa circunvizinhança seja da responsabilidade de todos, de cada um, menos da dele mesmo.

(iii)
No Brasil se você é um monstro, um crápula, se você não vale um vintém furado, pode ter certeza de que terá todas as garantias, direitos e regalias, inclusive aqueles que ninguém, em sã consciência, seria capaz de imaginar. Agora, se você é um homem de bem, aqui nessa terra de Botocudos, sem saber, nem compreender, você será visto como um réu condenado justamente por aqueles que se apresentam como os porta-voz dos tais direitos humanos que tem a bandidolatria como um dos seus dogmas pétreos para vilmente sustentar as suas espúrias e farsescas convicções.

(iv)
Vida de policial, no Brasil, é mais ou menos assim: se ele der um tiro, se ele usar a sua arma no exercício da sua profissão, poderá ir pra cana porque a galera dos direitos dos manos vai histericamente se descabelar por causa disso. Agora, se no cumprimento do seu dever ele não atirar, vai pro cemitério e aí, a mesma galerinha histérica nada irá falar porque, no cínico entendimento dessa gente, tudo estará certo. Certíssimo.

(v)
Todo aquele que vê num meliante apenas uma alma mal compreendida, um desafortunado do sistema ou coisa do gênero, não compreende o quão perigosa, o quão cínica pode ser a mente dum criminoso, tenha ele colarinho branco ou não.

(vi)
Infelizmente, os bons-moços que acreditam lutar contra os efeitos do mal, ignorando a sua presença no coração humano, acabam, sem querer querendo, fomentando-o ao invés de combatê-lo.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

PIOR QUE FURÚNCULO


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
Já ouvi conhecidos meus referirem-se ao google como senso o grande oráculo da pós-modernidade, como já li artigos que indicam que o referido buscador seria, em nossos dias, uma espécie de divindade que tudo sabe e tudo vê; todavia, penso de maneira diversa. A meu ver, o tal do google seria tão só e simplesmente o ópio da imbecilidade hodierna.

Não que a ferramenta seja de todo ruim, não mesmo. Como dizem os tongos, ela é uma baita mão na roda pra quem sabe utilizá-la, tal qual a antiga enciclopédia britânica nos meus analógicos tempos de guri.

O problema é que, para muitas almas – algumas distraídas, outras maliciosas – o google é o critério último de veracidade, o primeiro degrau da sapiência, o suprassumo da eloquência e, por isso mesmo, o narcótico primeiro da mais que perfeita imbecilidade individual e coletiva. Ponto.

(ii)
Se o hábito de ler fosse algo realmente importante, se ele fosse de fato valorado entre nós, jamais teríamos Lula, Dilma e outras tantas nulidades alçadas à posição duma autoridade.

(iii)
No frigir dos ovos, em nossa sociedade, os diplomas não passam dum símbolo de distinção social e dum distintivo de mútuo reconhecimento corporativo. Só isso.

(iv)
Duas décadas passadas, uma tia minha, hoje professora aposentada, disse-me quando ingressei no magistério que antigamente, numa sala de aula, havia dois, três alunos que perturbavam e o restante que lá estava realmente queria estudar e que, naquele momento, as coisas haviam se invertido.

Bem, hoje, fico cá com os meus botões a perguntar-me o que minha tia diria se colocasse seus pés numa sala de aula. O que será que ela me diria? Melhor nem saber.

Mas é bom dizermos algo. Quando uma coisa muda radicalmente de substância ela deixa de ser o que era e dá um salto qualitativo, tornando-se outra coisa. Uma nova coisa. Bem, é o que vemos hoje em muitíssimas salas de aula do Ensino Médio e Fundamental em nosso triste país.

Elas se transubstanciaram em algo mui estranho e, mesmo assim, todos insistem em dizer que isso que hoje temos são salas de aula e o que ocorre nelas seria algo próximo do que um dia foi chamado de educação.

Ora, quando as pessoas acham normal um aluno agredir um professor, quando doutos dizem que isso seria apenas uma forma do infante se expressar, quando os sujeitos encaram o desdém pueril manifesto pelos mancebos pela figura do professor como algo natural, quando consideramos aceitável e compreensível que uma pessoa fique onze anos em uma instituição de ensino e sai dela tal qual um analfabeto funcional, quando não vemos nada de errado no fomento sorrateiro da ignorância soberba e da desídia moral é porque nós já não sabemos pra que servia e para que realmente serve a tal da sala de aula.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.

A PALAVRA EMUDECIDA


Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Tudo mundo, praticamente todos, em suas conversas, sejam elas ociosas ou oficiosas, regadas ou não por um chimarrão, quando entram no assunto educação, não são poucos os que gostam de falar, de enfatizar a importância do tal do ato de ler.

Aliás, quando o causo no Brasil envereda por esse caminho, o da educação, ele, por si só, já é risível; mas, quando chega na tal da importância da leitura na vida das pessoas, aí sim que o trem desanda e vira uma comédia pastelão.

Primeiro que, quando se fala disso no Brasil, é mais ou menos como pimenta nos olhos de terceiros porque, praticamente, todo mundo que fala nisso não cultiva o tal do hábito de ler. Mas, como o fingimento é um dos grandes talentos nacionais, todos fingem que, realmente, ler é muito importante, mesmo que nem de longe desconfiem qual seja o valor disso.

Quem pudera, pois, como qualquer um com um mínimo de bom senso sabe que, nessas terras de desterrados a ignorância presunçosa e a petulância (depre)cívica juntas são tidas como os critérios máximos de distinta inteligência crítica.

E o pior é que todo mundo tem uma boa explicação pra isso, para sua desídia manifesta quando o assunto é leitura. Quer dizer, todos tem uma desculpa de meia pataca que, no seu tosco entender seria realmente uma boa justificativa.

Bem, seria mais ou manos assim: uns carniças dizem que não tem tempo, outros que são muito ocupados, que sempre estão muito cansados e, os mais cretinos, por sua deixa, gostam de dizer que são, como dizem, pessoas muito “práticas”, “pragmáticas”, por isso não leem, por considerarem uma perda de tempo. De fato, essa é uma resposta pragmaticamente típica de um idiota, sem nada por, sem nada tirar.

Quando escrevinho essas tristes palavras não estou pensando nos infelizes da pátria que não tiveram a graça de ter acesso ao conhecimento das letras. De jeito maneira! Tenho um profundíssimo respeito por essas almas intocadas pelo conhecimento do suave traçado da escrita.

Quando matuto sobre isso que agora escrevo, penso nas inúmeras pessoas que frequentaram uma escola, um colégio, um curso superior, bem, pessoas que se ufanam de serem (de)formadas nalguma coisa, mas que, não aprenderam a cultivar a tal leitura, não aprenderam a amar as letras e, por isso mesmo, desprezam o conhecimento ao mesmo tempo em que se ufanam de sua ignorância diplomada – e devidamente reconhecida pelo MEC.


Enfim, essa é a grande tristeza do Jeca. Tristeza essa que, para infelicidade geral da nação, ao que tudo indica, tem um futuro próspero.


(*) Professor, cronista e bebedor de café. 

CADA UM NO SEU DEVIDO QUADRADO




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Discutir é bom; a gente cresce através do debate. Assim reza a lengalenga contemporânea. Reza ao ponto de fazer os ouvidos zunirem, porém e, por isso mesmo, discordo em gênero, número e grau desse papo furado com bafo de intelectual orgânico-progressista.

Mas, discutir não é bom? Depende zoiudo. Se for só pra convencer o outro a tomar partido duma causa “X” ou “Y” isso tem o seu valor, mas ele é limitadíssimo, haja vista que o objetivo dessa contenda não é conhecer mais sobre algo através da confrontação de pontos de vista, mas sim, convencer alguém a tomar partido do siriri que somos partidários. Só isso e olhe lá.

No fim das contas, sim, é verdade, discutindo com esse intento podemos nos tornar mais habilidosos na arte de persuadir, mas, infelizmente, não se aprende a conhecer algo de modo responsável com esse tipo de prática.

Isso mesmo. É muito fácil persuadir uma pessoa a incorrer em erro. É muito fácil vencer uma discussão sem ter razão.

Todavia, vamos supor que realmente queiramos conhecer algo em profundidade e com responsa. Show de bola! Então me diga: quantas pessoas você conhece que realmente nutrem esse tipo de interesse? Quantas? É aí justamente que mora a encrenca zoiudo.

Muitas vezes, uma pessoa toda imbuída de boas intenções, com um sincero desejo de conhecer, acaba tomando como interlocutores os tipos mais escrotos da face da terra e que, devido a sua boa vontade, irão receber dela um tratamento que não lhes é devido e, fazendo isso, o sujeito acaba projetando sobre o biltre uma imagem falseada dele e, consequentemente, acaba distorcendo a realidade do caráter de si e do outro e, dessa forma, termina por sabotar a sua sincera vontade de conhecer.

De mais a mais, acreditar ter razão sobre algo e tentar através de todos os meios se convencer e procurar convencer o outro disso não é, de modo algum, sinônimo de conhecer as razões sobre algo e, por essas e outras, que discutir não é o bicho da goiaba como muitos gostam de pintar. Tem que se estudar muito antes de querer se dedicar as lides dessa perigosa arte.

Por isso, muito mais importante que se enfiar em contendas vazias motivadas pela nossa vaidade seria aprendermos a ficar em silêncio, a suportarmos o estado de dúvida prolongado sem faniquito e estudarmos sem pressa para dizer algo à alguém comprometendo-se unicamente com o conhecimento da verdade, seja ela qual for, mesmo que ela fira mortalmente nossas convicções, ideias e ideais.

Quando aprendemos a fazer isso nós amadurecemos e robustecemos nosso caráter e, com toda certeza, estaremos bem melhor preparados para lidar com os vaidosos tagarelas que, por sua deixa, imaginam tontamente que repetir palavras de ordem vazias seja o suprassumo da tal criticidade que, no fundo, não passa duma azia mental que só pode ser realmente curada com uma boa dose de vontade de conhecer. Remédio esse que gente assim quer, a todo custo, manter uma boa lonjura.


(*) Professor, cronista e bebedor de café. 

[áudio] CONVERSA QUIXOTESCA - Chavistas Brazucas




[áudio] CONVERSA QUIXOTESCA - os filhos de Rousseau




NA BASE DA PEDRADA




Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)
O causo é mais ou manos assim: se o caboclo não teve saco o bastante para conhecer e compreender as influências que pesam sobre ele, de saber quais são as forças que impactam sobre sua pessoa, aviso a todo aquele que assim procede: não adianta vir com aquela lenga-lenga de que é um caipora que procura ter uma tal de opinião crítica sobre a sociedade e seus problemas, sobre tudo, porque, na realidade, estando incônscio de si o sujeito não sabe nada do que está falando e nem porque está fazendo isso. Não mesmo. Ele apenas sente-se bem dizendo um punhado de bobagens politicamente corretas com algumas pitadas de engajamento político-ideológico. E ele assim se sente porque simplesmente um dia lhe disseram que isso seria algo bonitinho, massa, que tal atitude o tornaria uma pessoa "mais melhor de boa" e, por isso, uma pessoa portadora duma tal de consciência crítica, com opiniões críticas. E, por isso, quando esse tipo de gente abre a boca a situação fica crítica de doer.

(ii)
O Brasil está cheio de caiporas que dizem saber quais são as influências que pesam sobre o nosso país, porém, todavia e, entretanto, não sabe dizer quais são os reais fundamentos das ideias e valores que compõe a dita cuja da sua visão crítica da realidade.

(iii)
Cuidado, muito cuidado quando estamos procurando o fundamento das ideias que compõem a nossa visão de mundo; cuidado para não confundirmos fundamentação com justificação. Não confundamos as origens de ideias, ideais, valores e concepção de mundo com uma explicação [de momento] em que apresentamos as razões ou motivos que nos levaram a aderir a elas.


(*) Professor, cronista e bebedor de café.