Por
Dartagnan da Silva Zanela
(i)
Diante
do quadro atual eu não me assusto, nem me preocupo, com aqueles que estão um
tanto que desanimados e meio apreensivos. Preocupo-me sim com aqueles que se
encontram mais animados do que nunca. Isso mesmo! No cenário atual, o caboclo
que diz estar faceiro da vida é porque ou está num estado de demência crônica
ou porque está se defumando dos pés até a cabeça com alguma espécie de
cigarrinho do capeta mega power. Só pode.
(ii)
O
gigantismo territorial brasileiro, tão celebrado por todos nós, é um dos
elementos que, ao seu modo, facilita muitíssimo a ação perdulária do gigantismo
estatal que sufoca a desarticulada sociedade civil brazuca.
(iii)
Quanto
mais os anos vão passando, mais nos distanciamos de nossos passos dados nesse
mundão feito de encontros e desencontros. Tal distanciamento é um dom celestial
que nos permite rememorar nossos dias como se fôssemos uma espécie de
espectador privilegiado da tragicomédia de nossa vida vivida até então que, por
sua deixa, nos brinda com a oportunidade única de nos envergonhar de todos os
nossos desatinos de antanho e, desse modo, podermos, quem sabe, nos tornar uma
pessoa um pouquinho melhorzinha. Ou piorarmos de vereda assumindo soberbamente
a nossa canalhice nada original.
(iv)
Não
tenho o hábito de ler, ouvir ou ver jornais diariamente. Não mesmo. Pode me
chamar de alienado, do que você quiser.
E não
faço isso por uma razão muito simples: as mesmas palermices que hoje serão
noticiadas acabarão sendo repetidas ad nauseam no correr dos próximos dias e
logo em seguida terminarão sendo engolidas pelo esquecimento social e
midiático.
Ora,
para que devo estar a par dessas coisas todas? Quem disse que elas são tão
importantes assim? A mídia? Ora bolas, sou meio tongo e preciso de tempo pra pensar
direito.
E tem
outra: Deve religiosamente acompanhar essa bobajada toda para tornar-me uma
pessoa crítica? Faz-me rir. Se você não quer realmente entender alguma coisa,
leia, ouça, assista apenas o que é vinculado pela grande mídia.
Outra:
qual a real credibilidade dessa dona, a tal da grande mídia, que faz por
merecer o apelido de fake news?
Enfim
e, a meu ver, a questão mais importante: em que estar antenado com as ditas cujas
das notícias nos torna uma pessoa melhor?
Pois
é, pois é, pois é. O mundo é muito maior que os jornais, a cultura é muito mais
vasta que um punhado de notícias e a alma humana é muito mais profunda que
nossa vã curiosidade pelo efêmero e que as tolices que nos são despejadas pela
grande mídia.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
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