Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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CELEBRAÇÃO DO BATISMO DO SENHOR E ADMINISTRAÇÃO DO BATISMO

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI, domingo, 13 de Janeiro de 2013.


[...] Sabei oferecer-lhes sempre o vosso bom exemplo, através do exercício das virtudes cristãs. Não é fácil manifestar abertamente e sem comprometimentos aquilo em que acreditamos, de modo especial no contexto em que vivemos, perante uma sociedade que considera muitas vezes fora de moda e fora do tempo quantos vivem da fé em Jesus. Na onda desta mentalidade, pode haver inclusive entre os cristãos o risco de entender a relação com Jesus como limitadora, como algo que mortifica a própria realização pessoal; «Deus é visto como o limite da nossa liberdade, um limite a ser eliminado, a fim de que o homem possa ser totalmente ele mesmo» (A infância de Jesus, 101). Mas não é assim! Esta visão demonstra que nada entendeu da relação com Deus, pois é precisamente na medida em que se procede pelo caminho da fé, que se compreende como Jesus exerce sobre nós a acção libertadora do amor de Deus, que nos faz sair do nosso egoísmo, do facto de permanecermos fechados em nós mesmos, para nos levar a uma vida plena, em comunhão com Deus e aberta aos outros. «“Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4, 16). Estas palavras da primeira Carta de João exprimem, com clareza singular, o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho» (Encíclica Deus caritas est, 1). [leia o texto da homilia na íntegra clicando aqui]

Programa Ave Maria, 31 de janeiro de 2013.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h15. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.

 

O EVANGELHO SEGUNDO NERO

Escrevinhação n. 989, redigida em 27 de janeiro de 2013, dia de Santa Ângela de Mérici e do Beato Jorge Matulaitis.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Que atire a primeira pedra quem não tem nenhum pecado (João VIII; 7). Todos conhecem essas palavras. Muitos a utilizam para defender-se. Aliás, esta passagem é uma das mais profundas (VIII; 1-12) dos quatro Evangelhos. Santo Agostinho, em seus comentários ao Evangelho do discípulo amado, nos lembra que o gesto do Cristo escrever na terra simboliza uma nova afirmação da lei de Deus. Quando Iahweh entregou os mandamentos a Moisés, o fez em pedra, devido à dureza do coração humano. Porém, agora, o Filho do Homem esperava frutos. Frutos vivificados pela Letra da lei.

E não para aí não. Após todos os presentes na ocasião retirarem-se, reflexivos, Nosso Senhor aproxima-se da mulher adultera e pergunta-lhe: “Ninguém te condenou?” Ela responde: “Ninguém Senhor”. E o Filho de Davi conclui: “Pois nem eu te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar”. E não tornes a pecar.

Ora, tomando o conjunto da cena, temos três pontos importantes: o orgulho, o exame de consciência e a conversão. O orgulho de todos os presentes na cena (inclusive da mulher), pecadores irascíveis como eu e você. O exame de consciência, ao qual resistimos em fazer e que, sua ausência, impossibilita nossa conversão e a necessária obediência ao Decálogo. A mulher pecou, mas reconhecia a autoridade da Lei. Os acusadores também, todavia, esforçavam-se em seguir a piedade da Lei e, em razão disto, o Cristo pode tocar o coração da multidão e da acusada. Por isso, confesso, minhas mãos imundas tremem quando leio essa passagem do Evangelho.

Em vista disso, lembrar a todos que somos pecadores não é ofensa.  De minha parte, envergonho-me desta minha condição ontológica que faz de meu coração um campo de batalha, contando sempre com a misericórdia de Deus e com a paciência de meus irmãos. Não com a leniência.

Todavia, atualmente, ai daquele que ouse lembrar a necessidade da fidelidade à Lei Mosaica. Este receberá o tratamento que foi dado por Herodes ao profeta São João Batista por vivermos em uma sociedade que escarnece da fé, onde a religião é vista como um reles adorno pessoal.

Resumindo a opereta, hoje, não somos apenas pecadores, somos orgulhosos de nossos pecados e, em muitos casos, exigimos que todos o reconheçam como algo bom e louvável. Não é à toa que a reflexão à luz da Lei de Deus tornou-se praticamente obscena e o convite à conversão um vexame.

Exemplos disso abundam. Um, significativo, ocorreu em Curitiba em 14 de janeiro deste ano. Um grupo de Católicos Tradicionalistas (IPCO) fazia um ato público, pacífico, contra o aborto e o casamento gay. Entregavam panfletos, cantavam hinos sacros e tocavam gaitas de fole. De repente, um grupo de manifestantes chegou e os insultaram, provocaram e os agrediram (assista aos vídeos no youtube). Outra, na Parada Gay de 2012, onde um militante fantasiou-se de Papa (Bento 24, segundo ele) e segurava uma camisinha como se fosse o Santíssimo Sacramento.  E tudo isso, toda essa fúria e escárnio, em nome do reinante Evangelho segundo Nero.

Estes, e muitos outros, não querem ser lembrados de seus pecados porque os amam. Não querem ouvir nenhuma menção à Lei de Deus, porque fazer o que quer sem culpa, para eles, é toda a lei e, por isso mesmo, tudo o que os contraria, deve ser calado, inclusive e principalmente, a Palavra de Deus.

Pax et bonum
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UM LUGAR AO SOL


Escrevinhação n. 988, redigida em 21 de janeiro de 2013, dia de Santa Inês.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Por conta do pecado originário, e um amontoado de outras razões, nosso coração vê-se maculado por toda ordem de males. Destes, um merece nossa especial atenção: a autopiedade. Em uma criança, tal manifestação, é natural, porém, indesejável. Por isso mesmo, pais e educadores esforçam-se (ou, pelo menos, esforçavam-se) em ensinar-lhes que ser assim é feio, que gente grande não pode agir assim. Todavia, atualmente, muito mais do que em outras épocas, esse sentimento reina, majestosamente, nos corações de pessoas biologicamente adultas.

Vivemos, invariavelmente, numa época em que os cidadãos não se cansam de repetir que sofrem por serem inocentes (não exatamente com essas palavras). Vemo-nos como vítimas injustiçadas em toda e qualquer circunstância, imaginamos que sempre somos prejudicados por uma conspiração estranha de forças que chamamos de sistema, Estado, elites ou, simplesmente, os outros ou aqueles. Pouco importa o nome que seja dado aos algozes que supostamente nos mutilam. O importante é que nosso vitimismo seja reconhecido, por todos os séculos, como uma fonte inalienável de direitos. Tal impostura é indecente, todos sabem, mas ninguém quer reconhecer.

Tal fenômeno retrata vivamente o elevado grau de infantilismo que vem tomando conta de nossa sociedade. Infantilismo este que leva multidões a ficarem chorando o seu próprio destino, como nos lembra Pascal Bruckner. Indivíduos esses que imaginam estar acima do bem e do mal, isentos de qualquer culpa por julgarem que já sofreram demais. Muito mais que o merecido. Pensando desta forma, o sujeito pode cometer uma injustiça, ou uma infâmia, simplesmente porque imagina que tal ato seria apenas um gesto de compensação frente às injustiças sofridas (reais ou ficcionais).

Trocando por dorso (ou qualquer miúdo de sua preferência), nestes corações, o rancor passou a ser um dos valores, senão o valor, fundante da vida, fazendo do posar de coitadinho, um símbolo de distinção. Todos querem ter um motivo para revoltar-se, pois, o espectro que paira sobre as franjas desta mentalidade, de revolto com ou sem causa, sinaliza a imagem de bom cidadão que crê, piamente, ter direito a tudo que lhe foi negado, mesmo que nada lhe garanta isso. Nem mesmo seus atos e convicções.

Sim, o excessivo amor próprio gera esse estado de coisas, como nos ensina Santo Agostinho. Amor próprio esse que nos leva a perder de vista as razões que podem nos elevar acima deste quadro bestial por estarmos agrilhoados em uma irascível e exclusiva preocupação com o como viver. Ora, ensina-nos Nietzsche que qualquer “como” viver torna-se insuportável quando não temos um “porque” viver. Pior! O como viver tornou-se, para muitos, praticamente o único porque legítimo. Tal fato, por si, já explica muitas coisas.

Com essas turvas linhas, não afirmo que toda e qualquer reivindicação seja injusta. Não é isso. Porém, muitas das bandeiras de luta que são hasteadas e que tremulam com os ventos do momento são apenas sintomas dum infantilismo desmedido que advém dum amor-próprio que corrói o coração humano com toda ordem de rancor que, no vocabulário hodierno, passou a ser sinônimo de educação crítica para a cidadania. Cidadanite esta que já está começando a dar seus frutos. E que frutos!

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MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA


Escrevinhação n. 987, redigida em 13 de janeiro de 2013, dia de Santo Hilário de Pontiers.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Certa feita, perguntaram a Graciliano Ramos se ele tinha o hábito de ler dicionários. Este, por sua deixa, respondeu afirmativamente. Não apenas ele. Inúmeros mestres na arte da esgrima com pena e tinteiro o faziam. Mas por quê? Por pedantismo? Para fazer pose de sabido? Creio que não. Segundo as palavras do autor de Angústia, assim deve-se proceder para conhecer o peso e o valor de cada palavra utilizada por nós para sabermos qual palavra é a mais apropriada para expressar algo.

Sou franco, sofro com a língua de Camões, por isso a amo com todas as forças de meu coração e, por essa razão, esforço-me em crescer com o aprendizado dela e não diminuí-la à altura de minha mesquinhez.

Mas, por Deus, por que querer bem as letras? Porque as palavras são pontes que ligam os caminhos da vida, são chaves que abrem as portas ao conhecimento de realidades que até então nos eram desconhecidas. Elas, as palavras, são ferramentas que nos auxiliam em nossa jornada por esse vale de lágrimas.

Naturalmente, se tivermos em nossa algibeira um rico vocabulário, isso não nos garantirá a obtenção de uma excelsa sabedoria. Doravante, desprezar esse tesouro da lusa língua, definitivamente, não nos beneficiará em nada.

Por essas e outras, Johann Goethe declarava que ninguém sabia o quanto de tempo e de fadiga lhe custou para aprender a ler. Ele trabalhou nisso por 80 anos e não podia dizer que o tinha conseguido. Ora, somente quem ama a procura pela verdade compreende a alegria de aprender. Somente quem se rejubila em conhecer entende o real trabalho que há por trás dum aprendizado sincero, mesmo que seja do significado de uma única palavra. Aliás, quem ama a Verdade sabe que é com palavras que pensamos, comunicamos, que nos relacionamos, aprendemos, lutamos e nos angustiamos. De mais a mais, como nos lembra Drummond “lutar com palavras/ parece luta vã/ entretanto lutamos/ mal rompe a manhã”.

E, seguindo por essa vereda, Antonio Olinto, outro grande mestre das letras (seus livros são leitura obrigatória para quem diz amar a cultura africana), afirmava que desde muito cedo aprendeu que quem entende as palavras entende a vida. Tal conhecimento, segundo o referido imortal, permitiu-lhe o acumulo de um capital simbólico precioso que afetou o seu futuro. Considerava-se um colecionador de palavras! Dizia Olinto: “quanto mais palavras habitavam meu cérebro, maior era o impacto na minha forma de pensar”.

Obviamente que para poder-se acumular um tesouro desta estirpe é necessária uma boa dose de disciplina, dedicação, imaginação e perseverança. Porém, atualmente, quem, de fato, deseja cultivar essas virtudes para obter esse tipo de preciosidade? Quem?

Talvez, toda essa conversa deve ser alguma variante dum preconceito linguístico de minha parte, não é mesmo? Ou, quem sabe, seja um sintoma da falta de amor à Verdade da parte daqueles que creem que a fala miúda cotidiana é mais significativa que todo o patrimônio de nossa língua. Dum jeito ou doutro, você decide qual será a sua pátria.

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QUANDO A PEDRA ANGULAR É NEGADA


Escrevinhação n. 985, redigida em 08 de janeiro de 2013, dia de São Severino.

Por Dartagnan da Silva Zanela

Lembro-me que, em minha porca juventude, fui um leitor voraz das obras de Leonardo Boff. Não li todos os seus livros, mas em muitos de seus títulos deitei minhas vistas.

Na época eu poderia dizer, junto com Fidel Castro, que se a Igreja Católica fosse similar ao “cristianismo” de Boff, eu a integraria. Sim! Nestes idos eu estava distanciado do Corpo Místico de Cristo devido a uma dose desmedida de curiosidade frívola num misto com um bom tanto de vaidade. Eis aí a chave de interpretação para o quadro que pretendo descrever: nesta época, eu era um ateu por adesão.

Por ter minha alma obtusa à Verdade Divina, via nos escritos do referido teólogo, um cristianismo sem Deus e, por isso, minha simpatia para com sua obra em minha mocidade. Seus textos transmitiam apenas alguns valores cristãos esvaziados de todo seu conteúdo ontológico, onde o Verbo Divino encarnado era reduzido a um reles líder político revolucionário e, para minha alma medíocre, desarmada e, principalmente, envenenada pelas crendices marxistas de revolução e luta de classes, era perfeito. Um cristianismo que, com muita sutileza, nega o Cristo.

Lembro-me, claramente, da entrevista concedida pelo autor de “Igreja: Carisma e poder” em 1980, onde ele declarava abertamente que o que ele pretendia não era fazer teologia com o marxismo, mas sim, levar o marxismo para dentro da Igreja (mais uma infiltração). Naqueles idos pueris de minha vida, tudo isso me parecia muito interessante, porque reduzia a Santidade da Igreja à estultice de minhas convicções.

Bem, os anos passaram e, graças a Providência, essa fase obscura de minha vida findou. Hoje compreendo, com relativa clareza, o quão perversa são as obras desta lavra e o quão facilmente almas levianas e mal informadas podem cair neste canto de sereia.

Confesso que precisei de muita oração e abrir-me para as obras dos Santos da Igreja, estudando os seus escritos e suas vidas para aprender o que significa realmente fazer parte da Igreja e, deste modo, poder reconhecer o quão distante desta estão os ensinos desta teologia apóstata que transmuta a imagem do Reino de Deus numa utopia política.

Não obstante, sei que não são poucas as vozes a gritar que existem muitos pobres no mundo e não poucas as injustiças e crueldades cometidas. Aliás, verdade seja dita, ninguém nega esse quadro. Nega-se, sim, a solução política amarrada com a referida teologia que, até o momento, apenas agravou, e muito, esse cenário de miséria e tristeza dos que sofrem. Basta que conheçamos os frutos do socialismo real para compreendermos a imensidade do cinismo inerente ao socialismo ideológico advogado na América Latina.

Por fim, hoje entendo porque Nosso Senhor falou “Vade retro Satanás” a São Pedro quando esse lhe disse para não cumprir a Vontade do Pai. Mas é claro que para aqueles que veem-se enredados na arapuca da libertação, as palavras de Boff e tutti quanti são mais pias que os ensinamentos Daquela que é Mãe e Mestra, pois, o mais importante para elas não é a salvação das almas, mas sim, a tal da revolução que tudo justifica.

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Número de monjas enclausuradas no país é o maior desde o século 18


Desde o século 18 --quando a Igreja Católica tinha enorme projeção social no mundo--, nunca a Ordem das Carmelitas Descalças, à qual pertence Laura, teve tantas mulheres "atrás das grades" como agora.

Uma das maiores do país, a ordem, que se instalou no Brasil naqueles anos 1700, tem hoje cerca de mil monjas. Dez anos atrás, eram 700.

Entre as religiosas clarissas, outra ordem no país, são hoje cerca de 300 mulheres, em 30 mosteiros. Em 1955, eram 59 monjas e três casas. [continue lendo]

A obra de Max Weber, por Otto Maria Carpeaux


Artigo foi publicado no 'Suplemento Literário' de 14 de abril de 1962.

No Instituto de Sociologia da Universidade de Munique acaba de ser inaugurado o Arquivo Max Weber, em que, além de documentos e manuscritos, serão conservados os livros e estudos que se escreveram sobre o grande erudito: até agora, aproximadamente, 3.500.

Um orgão tão responsavel e tão insular como o

"Times Literary Supplement" chamou-o, há pouco, de "a maior figura da sociologia do seculo XX".

Raymond Aron e Lorenzo Giusso dedicaram-lhe livros. O Fundo de Cultura Economica divulgou-lhe as obras no mundo de linguas ibericas. No Brasil, toda pessoa medianamente culta conhece o nome de Max Weber, pelo menos aqueles estudos que fundaram uma nova disciplina cientifica: estudando a influencia da ética protestante ou, mais exatamente, da ética calvinista sobre a formação da mentalidade capitalista, essa tese, embora muito discutida, é sua maior gloria e é o grande desmentido contra a idolatria da especialização: pois nunca teria nascido, se o economista e sociologo Weber, no ambiente estreito de uma cidadezinha universitaria alemã, não tivesse frequentado seus colegas da Faculdade de Teologia que ensinavam e estudavam a historia moderna da Igreja. [continue lendo]

Com a palavra, São Gregório de Nazianzeno



[...] Ontem, eu estava crucificado com Cristo; hoje, sou glorificado com ele. Ontem, eu estava sepultado com Cristo; hoje, saio com ele do túmulo. Levemos, pois, nossas primícias àquele que sofreu e ressuscitou por nós. Credes que falo aqui de ouro, prata, tecidos, pedras preciosas? Ó frágeis bens da terra! Eles não saem do solo senão para cair, quase sempre, nas mãos de celerados, escravos deste mundo e do Príncipe do mundo.

Ofereçamos nossas próprias pessoas, que são o presente mais precioso aos olhos de Deus e o mais próximo dele. Rendamos à sua imagem o que mais a ela se assemelha. Reconheçamos nossa grandeza, honremos nosso modelo, compreendamos a força desse mistério e as razões da morte de Cristo.

Sejamos como Cristo, pois Cristo foi como nós. Sejamos deuses para ele, pois ele se fez homem por nós. Ele tomou o pior, para dar-nos o melhor; ele se fez pobre, para nos enriquecer com sua pobreza; ele tomou a condição de escravo, para obter-nos a liberdade; ele se abaixou, para exaltar-nos; ele foi tentado, para nos ver triunfar; ele se fez desprezar, para nos cobrir de glória. Ele morreu, para salvar-nos. Ele subiu aos céus, para atrair-nos até ele, a nós que roláramos no abismo do pecado.  
Demos tudo, ofereçamos tudo àquele que, por nossa causa, se deu a si mesmo como preço de nossa redenção. Não daremos nada de maior que nós mesmos, se compreendermos esses mistérios e nos tornarmos para ele tudo o que se tornou para nós.

PELO DESERTO


Escrevinhação n. 985, redigida em 30 de dezembro de 2012, dia da Sagrada Família e de São Rugero.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Confesso: diante dos problemas que assolam o mundo e os escândalos que envergonham o firmamento, não é muito difícil ter a fé abalada. Porém, cair e ver-se mergulhado em uma crise espiritual não é o fim da picada. Faz parte de nossa jornada por esse vale de lágrimas.

Sei que é difícil, para homens do século XXI, com a alma toda carcomida por uma cavalar dose de vaidade, orgulho e soberba, reconhecer nossa debilidade originária. Porém, mesmo que neguemos isso, que finjamos ser fortes ou ignoremos essa verdade ela, mesmo assim, se faz presente.

O não reconhecimento das limitações de nossa inteligência e de nossa fé não nos fortalece. Pelo contrário, nos deixa vulnerável aos inúmeros ataques mundanos que nos acediam em todas as searas. Seja através dos meios de comunicação, das relações sociais, dos jogos de poder, do sistema educacional, enfim, em toda e qualquer ocasião somos presas potenciais do ladrão d’almas.

Eis a razão que levou o Papa Bento XVI a convidar os fiéis para, neste ano da Fé, dedicar-se ao aprofundamento dela, estudando o Catecismo da Santa Madre Igreja e os documentos do Concílio Vaticano II, pois, se a oração é a respiração da alma, o estudo é seu alimento.

Em vista disso, penso que não preciso dizer, mas o digo mesmo assim: é por isso que nossa vida espiritual anda anêmica, desnutrida e com problemas respiratórios crônicos. Se nossa fé está debilitada, e nossa inteligência mal alimentada, é praticamente inevitável a queda, o afastamento da vida religiosa ou sua vivência morna.

Se o amigo entregar-se ao devoto trabalho de abrir e estudar o Catecismo verá que uma das primeiras questões meditada nele é a da Fé e dos obstáculos que lhe são apresentados pela vida moderna. Aliás, se formos um pouco mais dedicados e procurarmos conhecer a vida de alguns Santos, constataremos que muitíssimos deles passaram por terríveis desertos espirituais e aprenderemos, com essas aquilatadas almas, como levantar-se e perseverar.

Sim, há inúmeras contradições no mundo contemporâneo e mesmo no ceio do chagado Corpo Místico de Cristo. Mas e quem disse que esse mundo é o reino da perfeição? Somente tolos crêem que utopias políticas e/ou um consumismo conspícuo podem substituir a Luz e a Paz que advém do Altíssimo. 

Este mundo, e o coração de todos, encontra-se maculado pelo pecado original. Negar essa condição eivada de tensões e contradições seria o mesmo que tapar o sol com a peneira. Por sua deixa, negar a ação de Deus em nossa vida seria apenas um ato estulto de nos fechar á Providência Divina para ficarmos obtusos em nossa egolatria improvidente.

Agora, fortalecer a fé no exercício da razão e lapidar esta na vivência sólida da fé, pode nos ajudar, e muito, em nossa caminhada por esse deserto de lágrimas ressecadas no calor das dúvidas hodiernas vazias e maliciosas. Essa vereda, não converterá o mundo inteiro, mas talvez, quem sabe, converta os átrios de nossos pequeninos corações.

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Entre la Ciencia y la Fe - Dr. Ricardo Castañon

Novena das Mãos Ensanguentadas de Jesus [pdf]

Novena das Mãos ensanguentadas de Jesus

A DOUTA E DIPLOMADA IGNORÂNCIA


Escrevinhação n. 984, redigida em 28 de dezembro de 2012, dia dos Santos Inocentes e de Santa Catarina Volpicelli.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Estou convencido. A estultice humana é uma força [quase] insuperável. Isso não significa que entreguei os betes. Não me entrego por bem. Apenas reconheço a dureza da realidade em que nos encontramos frente ao universo cultural e educacional de nosso país.

Bem, vejamos uma amostra deste problema. Em uma contenda intelectual é natural que os interlocutores conheçam, minimamente, o assunto. Deste modo, é mais que razoável que em meio à discussão, quando as informações são faltes, por desconhecimento dos fatos ou devido ao peso mastodôntico do patrulhamento ideológico reinante, que sejam indicados livros dum para o outro e do outro para o um. Aliás, é a troca de informações que nos auxilia na compreensão dos fatos que, por sua deixa, é a causa final dum debate.

Porém, não é assim que ocorre. Nestas plagas a lógica é bem outra. Se você sugerir a leitura dum livro para a melhor compreensão do assunto, tal gesto será visto como sinal de pedantismo e arrogância. Coisa de quem quer colocar banca. Ou seja: para discutir, basta querer discutir. Conhecer, no final das contas, seria apenas uma futilidade irrelevante.

Pior! Há casos onde o sujeito justifica o seu desconhecimento do assunto, apresentando um medalhão (um título de graduação, ou de pós - lato ou stricto sensu, ou cargo de mando). Ou seja: seguindo essa lógica, concluí-se que um título infunde no elemento uma autoridade que o distingue dos demais mortais. Falou, está falado. Seja o que for.

Trocando por miúdos, desprezar obras basilares sobre um assunto, aqui, nestas terras de Pindorama, é sinônimo de humildade. O fato de um indivíduo afirmar isso ou aquilo já é algo que merece credibilidade simplesmente porque ele disse e, por isso, suas alocuções devem ser dignas de todo o nosso respeito, mesmo que ele não saiba o que e do que está falando. Eu, de minha parte, tenho que estudar para conhecer e melhor discernir. Eles não! São, com poderia dizer, oráculos auto-proclamados.

Esse tipo de atitude é uma constante em nosso país. E o mais engraçado é que quando um aluno, ou uma pessoa que não faça parte do estabelechiment, questiona a cepa de suas falas, estes, rapidamente rebatem dizendo que eles, seus questionadores, tem poucas leituras e, por isso, não sabem do que estão falando.

Utilizam-se levianamente de dois pesos e duas medidas. Quando convém, exigem o conhecimento das fontes (que, no fundo, não conhecem). Quando não, taxam essa exigência como sendo uma erudição vazia advindo dum pedantismo congênito.

As razões que levam a esse tipo de impostura são inúmeras, porém, uma destaca-se: a falta de amor pela verdade. Se o sujeito não está interessado em conhecer realmente a verdade de algo ele não quer aprender. Quer apenas sair vitorioso, mesmo que este louro não tenha valor nenhum. Resumo da opereta: temos em regra uma fogueira de vaidades, não uma fornalha para forjar o caráter.

Isso tem cura? Sim, mas, como sempre, depende da boa vontade do paciente. Porém, neste tipo de paciente, essa é tão ausente quanto a tal da honestidade intelectual.

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