Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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A DOUTA E DIPLOMADA IGNORÂNCIA


Escrevinhação n. 984, redigida em 28 de dezembro de 2012, dia dos Santos Inocentes e de Santa Catarina Volpicelli.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Estou convencido. A estultice humana é uma força [quase] insuperável. Isso não significa que entreguei os betes. Não me entrego por bem. Apenas reconheço a dureza da realidade em que nos encontramos frente ao universo cultural e educacional de nosso país.

Bem, vejamos uma amostra deste problema. Em uma contenda intelectual é natural que os interlocutores conheçam, minimamente, o assunto. Deste modo, é mais que razoável que em meio à discussão, quando as informações são faltes, por desconhecimento dos fatos ou devido ao peso mastodôntico do patrulhamento ideológico reinante, que sejam indicados livros dum para o outro e do outro para o um. Aliás, é a troca de informações que nos auxilia na compreensão dos fatos que, por sua deixa, é a causa final dum debate.

Porém, não é assim que ocorre. Nestas plagas a lógica é bem outra. Se você sugerir a leitura dum livro para a melhor compreensão do assunto, tal gesto será visto como sinal de pedantismo e arrogância. Coisa de quem quer colocar banca. Ou seja: para discutir, basta querer discutir. Conhecer, no final das contas, seria apenas uma futilidade irrelevante.

Pior! Há casos onde o sujeito justifica o seu desconhecimento do assunto, apresentando um medalhão (um título de graduação, ou de pós - lato ou stricto sensu, ou cargo de mando). Ou seja: seguindo essa lógica, concluí-se que um título infunde no elemento uma autoridade que o distingue dos demais mortais. Falou, está falado. Seja o que for.

Trocando por miúdos, desprezar obras basilares sobre um assunto, aqui, nestas terras de Pindorama, é sinônimo de humildade. O fato de um indivíduo afirmar isso ou aquilo já é algo que merece credibilidade simplesmente porque ele disse e, por isso, suas alocuções devem ser dignas de todo o nosso respeito, mesmo que ele não saiba o que e do que está falando. Eu, de minha parte, tenho que estudar para conhecer e melhor discernir. Eles não! São, com poderia dizer, oráculos auto-proclamados.

Esse tipo de atitude é uma constante em nosso país. E o mais engraçado é que quando um aluno, ou uma pessoa que não faça parte do estabelechiment, questiona a cepa de suas falas, estes, rapidamente rebatem dizendo que eles, seus questionadores, tem poucas leituras e, por isso, não sabem do que estão falando.

Utilizam-se levianamente de dois pesos e duas medidas. Quando convém, exigem o conhecimento das fontes (que, no fundo, não conhecem). Quando não, taxam essa exigência como sendo uma erudição vazia advindo dum pedantismo congênito.

As razões que levam a esse tipo de impostura são inúmeras, porém, uma destaca-se: a falta de amor pela verdade. Se o sujeito não está interessado em conhecer realmente a verdade de algo ele não quer aprender. Quer apenas sair vitorioso, mesmo que este louro não tenha valor nenhum. Resumo da opereta: temos em regra uma fogueira de vaidades, não uma fornalha para forjar o caráter.

Isso tem cura? Sim, mas, como sempre, depende da boa vontade do paciente. Porém, neste tipo de paciente, essa é tão ausente quanto a tal da honestidade intelectual.

Pax et bonum
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