Por Dartagnan da Silva
Zanela (*)
ABRA AS ASAS – Em todo lugar onde a palavra liberdade é idolatrada,
transmutada numa ideologia, ou infectada por tranqueiras dessa estirpe, ela
acaba sendo transubstanciada na mais vil manifestação da decadência humana.
Manifestação essa vivida como se fosse o mais cristalino exemplo de liberdade
ao mesmo tempo a que sepulta. Tal atitude idolátrica, ao invés de abrir as
portas da percepção, apenas agrilhoa o indivíduo numa fria e soturna alcova
existencial que tolhe a sua capacidade de compreender a realidade e
impossibilita o sujeito de torne-se apto para captar a verdade que se manifesta
através da vivência das consequências dos turvos atos de nossa lavra, guiados
por nosso livre-arbítrio.
TRISTEZA DO BRASILEIRO – Para muitos, deixar tudo pra última hora é
a regra. Essa é uma coisa bem brasileira e ninguém tasca. A grande maioria dos
brasileiros - uns mais, outros menos - acaba sempre deixando alguma coisa pra
hora do pega pra capar. Gostemos ou não, essa traço mal traçado faz parte da
alma nacional.
Porém, todavia e, entretanto, o
que é de causar dilatação escrotal crônica em qualquer um, é termos de ver um
punhado de caiporas fazerem isso e, ainda por cima, insistirem em fazer aquela
pose de indivíduos preocupados e responsáveis. Coisa digna da Framboesa de
Ouro.
E pior! Eles querem te convencer
por “A” mais “B” que a irresponsabilidade manifesta por eles não é deles não.
É dos outros. De alguém. De qualquer um, menos deles.
É dos outros. De alguém. De qualquer um, menos deles.
Seria isso sinal dos tempos? Não
sinhô. É apenas mais um triste traço bem característico da brasilidade que
insistimos em dizer que não nos pertence, apesar de estar com o nosso nome
estampado em sua fronte com letras garrafais.
PALAVRAS ODIADAS - A disciplina deve, urgentemente, ser imposta
para restaurar um mínimo de razoabilidade no ambiente escolar. Opa! Certas
alminhas ao lerem isso dirão, escandalizadas, que disciplina não se impõem, que
é um absurdo, retrógrado e blábláblá.
Carambolas! É incrível como
muitíssimas pessoas tem pavor da palavra imposição. Ou seria da palavra
disciplina? Não sei. O que sei é que não são poucas as almas sebosas que ao
ouvir o anúncio de ambas - disciplina e imposição - são bem capazes de ter
sonhos bem ruins. Mãezinha do sarampo! Tadinha delas.
Então mudemos os termos da prosa:
a ordem externa à alma humana e, em particular, a ordem no ambiente escolar
deve ser cultivada para que ela, a ordem, seja interiorizada pelos mancebos
convertendo-se em hábitos virtuosos que se integrarão a personalidade do
indivíduo e o auxiliarão na ordenação interior de suas inclinações,
capacitando-o a tornar-se, no mínimo, senhor de si.
Sem o cultivo disso, da dita cuja
da disciplina, que nos infunde a vivência da autodisciplina, todo e qualquer
causo sobre educação não será nada mais que um punhado de colóquios flácidos
pra boi dormir. E zefini.
LAVA-JATO NELES - Tem muito abestado gastando o seu juridiquês
chinfrim, recheado com aquele surrado democratismo de botequim, pra tentar
desmerecer o trabalho hercúleo que vem sendo feito pela equipe da Operação
Lava-jato, equipe essa capitaneada pelo Juiz Moro.
Um trem fuçado desses é, como se
diz, tão ridículo quanto [nada] original.
Bem, mas no mercado do
abestamento ideológico brazuca, há sandices para todas as idades e todos os
gostos mesmos. Ninguém pode se queixar.
Para os moleques adestrados
ideologicamente, temos a tal invasão fantasiada de ocupação; a mais nova
modinha dos desocupados revoltados podres de mimados.
Para os mais adultinhos, contamos
com a sandice totalitária desvairada disfarçada de justa indignação em defesa
da democracia dos compadres contra a operação Lava-jato e, principalmente,
contra aquele que, como eles mesmos dizem:
"não pode ser nomeado”.
Enfim, no fundo, tudo isso, nesse
mercadinho de fanfarronices críticas, não passa de uma palhaçada sem graça
vinda do mesmo circo que transformou o Brasil num picadeiro; palhaços sinistros
e sem graça e que insistem sem cessar em arruinar o nosso país transformando-o
numa choldra ignóbil.
A MORTE DE FIDEL - Menos um ditador, filho de meretriz, canalha,
covarde e genocida no mundo. Fidel se foi, mas ficaram nesse vale de lágrimas,
aliviadas com a sua partida definitiva dessa vida, os familiares das milhares e
milhares de vítimas do carniceiro do Caribe.
Além disso, permanece nesse mundo,
infelizmente, a todo vapor, a sucursal do inferno construída em Cuba pelo
barbudo falecido, juntamente com os tentáculos e ramificações que se espalham
por toda a América Latina.
E, se isso já não fosse o
suficiente, temos ainda que aguentar a chusma de idiotas, militontos ou não,
chorando a morte del comandante biltre, elogiando-o como se ele tivesse sido o
portador de virtudes que, de fato, nunca cultivou e que eles, seus cínicos e
devotos admiradores, provavelmente nunca cultivarão.
Enfim, que Deus tenha
misericórdia de sua alma; misericórdia que ele nunca teve para com seus
adversários, piedade que ele nunca manifestou pelo sofrido povo cubano que ele
flagelou totalitariamente por cinquenta e sete anos.
(*)
Professor, cronista e bebedor de café.
Blog2:
http://zanela.blogspot.com/
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