Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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PROGRAMA AVE MARIA, 22 de dezembro de 2010.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.



COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 20/12/2010 à 22/12/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

GLÓRIAS DE MARIA


TEMPO PARA ORAR


UM FELIZ NATAL E UM ABENÇOADO 2011

[pdf] AQUELES QUE TIVEREM OUVIDOS...

AQUELES QUE TIVEREM OUVIDOS...

AQUELES QUE TIVEREM OUVIDOS...

Escrevinhação n. 866, redigido em 21 de dezembro de 2010, dia de São Pedro Canísio.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Há muitas centúrias passadas Santo Afonso de Ligório nos lembra um acontecimento que ocorreu em um Natal que fora celebrado há muitos séculos distantes dos dias em que ele pisou e caminhou por esse vale de lágrimas. Conta-nos que em certo Santo Natal, São Francisco de Assis andava pelos caminhos dos bosques a chorar e suspirar, sem consolo. Diante dessa imagem, uma anônima alma aproxima-se do irmão de Assis e pergunta-lhe qual seria a razão de tamanho pranto. Este, em meio às lágrimas advindas de seu pranto, disse: “Como não chorar, vendo que o amor não é amado? Vejo um Deus como que perdido de amor ao homem, e o homem tão ingrato para com esse Deus!”

Após nos lembrar essa passagem da vida dessa aquilatada alma, Santo Afonso, piamente, pergunta: “Se a ingratidão dos homens afligia tanto o coração de São Francisco de Assis, quanto mais não terá afligido o Coração de Jesus Cristo?” Eis aí a pergunta que deveríamos fazer ecoar nos átrios de nosso coração neste Tempo Litúrgico e em todos os dias de nossa vida que estão por vir. Mas é obvio que não queremos levantar essa pergunta. Não queremos saber que nos importunem com a vergonhosa verdade sobre nós, sobre nossa imensurável ingratidão, sobre nossa incalculável insensatez humana frente à realidade da imensidão do amor divino por cada um de nós.

O amor, meu caro, é uma virtude teologal, infundida por Aquele que é em nós. Entretanto, cabe lembrar que para amar alguém é necessário conhecer a pessoa que nos inspira o amor. Sim, o Deus de Abraão, Issac e Jacó nos conhece intima e perfeitamente, visto que Ele é a Sabedoria, é Aquele em que tudo existe e é. Ele é a Perfeição e o Amor que nos conhece mais do que nós mesmo nos conhecemos.

Bem, e quanto a nós? O quanto realmente conhecemos Deus? O quanto nos esforçamos para conhecer e compreender os desígnios Dele em nossa vida? O quanto procuramos nos empenhar em nos amoldar àquele que é O Amor?

Há um belíssimo verso de um dos sonetos de Camões que nos diz que a maior alegria do amador é tornar-se a coisa amada. Ora, amar significa tão só e simplesmente a realização livre de um gesto de doação, e mesmo de sacrifício, à pessoa amada. Naturalmente, ninguém apresentou um exemplo mais límpido do que significa amar do que aquele que nos foi dado pelo Filho de Davi deixando-se imolar na Cruz, silencioso e resoluto como a um cordeiro, para com Seu sangue nos salvar. E nós, de nossa ingrata parte, em que medida retribuímos esse gesto de amor? Com que gesto procuramos demonstrar que as palavras que saem de nossos lábios são uma sincera confissão de amor ao Cristo? Realmente apresentamos gestos que vão além das palavras, que retratam o nosso amor por Aquele que é o Amor?

Sim, estamos nos aproximando do Santo Natal, é tempo de júbilo! Deus está conosco! E nós, realmente, procuramos estar com Ele? Procuramos? Sim, podemos mentir para aqueles que estão a nossa volta, até mesmo pode-se mentir para si mesmo. Porém, não nos é possível enganar o Olhar onisciente de nossa consciência. De mais a mais, mentir, omitir, calar a verdade é negá-la. É negar Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ah! E quantas vezes fazemos isso! Quantas vezes, em nosso íntimo, por desfibramento espiritual e ignorância, negamos o amor Daquele que deu-nos a mais clara e transparente declaração de amor?

Era isso que inquietava o coração de São Chico de Assis. Era essa imagem que desassossegava Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso mesmo! Não foi apenas no horto das oliveiras que Nosso Senhor se deparou com a imagem da realização de sua Paixão. Desde a noite dos tempos que o Verbo divino conhecia a sua Paixão. Desde os tempos que antecedem o firmamento que Ele sabia o quão duro é o nosso coração e, mesmo assim, rebaixou-se para chegar até nós. Encarnou-se e Viveu como homem e entre os homens. O amor andou por entre nós e, o que fizemos? O insultamos. O flagelamos. Nós o matamos.

E continuamos a matar, de pouquinho em pouquinho, todo santo dia. Matamos Aquele que é amor imaginando agir como quem conhecesse suficientemente bem a Deus sem ao menos ter desejado vivamente conhecê-Lo como todas as almas Santas o fizeram. Ele se doou por amor. Nós, de nossa parte, pouco doamos a Ele e quando o fazemos empavonamo-nos como um biltre.

Por fim, que neste Santo Natal, ao volvermos as meninas de nossos olhos para o menino que repousa na manjedoura, saibamos que um menino há 2010 anos, aproximadamente, sofria com as dores que iria passar em nome de pessoas de putrefaz caráter como eu e você, que nada somos com nossas pueris glórias, mas que, podemos nos tornar alguém se aceitarmos crescer em Espírito e Verdade, permitindo que esse Amor nos molde na procura amorosa por Ele.

Não permitamos que esse sacrifício tenha sido em vão. Sejamos mais do que o nome Cristão. Sejamos almas que com auxílio da Graça fazem-se Amor conhecendo e amando Aquele que é Amor.

Pax et bonum
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COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 13/12/2010 à 17/12/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

ORAÇÕES E GESTOS


SÃO PAULO NOS ORIENTA


ENFERMO


VIDA DE SANTO


A MAGNANIMIDADE DE DEUS magnanimidade

[pdf] VIGIAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

VIGIAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

VIGIAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

Escrevinhação n. 865, redigido em 14 de dezembro de 2010, dia de São João da Cruz.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Aproprio-me humildemente das palavras de São Justino de Roma, dirigidas aos seus algozes, para iniciar essa missiva, dizendo que com o presente escrito, não pretendo bajular-vos, nem dirigir-vos um discurso como mero agrado, mas pedir-vos que realizeis o julgamento dos cristãos conforme o exato discernimento. Um julgamento do mau Cristão. Do mau Cristão que há em nós. Do Cristão desleixado que habita em nosso ser e que posa de bom moço perante nossos próprios olhos todas as manhãs quando lavamos nossa deslavada face.

A milonga não é curta, sei disso, mas seria de pouca serventia tecer aqui uma longa carta aberta denunciando as forças que querem nos destruir, que anseiam por arrastar nossa alma pela vereda das trevas. Como também seria algo desmedido ficarmos aqui rasgando seda em torno das celestiais virtudes que coroam a cristandade. De pouca serventia seria, visto que, se perguntarmos para qualquer dito Cristão quais são os três grandes inimigos e quais são seus subterfúgios, estes não saberia responder e, se respondessem, o fariam com forte sentimento de confusão. Ou vão-me dizer que estou mentindo?

Hoje em dia, desejamos muito mais nos sentir bem conosco e com os nossos concidadãos do que salvar nossa alma, do que lutar a boa luta. Tememos mais a desaprovação dos olhares da multidão e dos que nos circundam do que o juízo de Deus. Preferimos seguir os exemplos presentes no mundo e que o representam do que aprender e crescer em Espírito e Verdade com a vida exemplar dos Santos e Mártires. Cremos que nossas fúteis verdades pessoais são mais dignas de crédito do que a Doutrina da Santa Madre Igreja, que é a expressão doutrinal da Verdade. Acreditamos muito mais em um hipotético mundo melhor a ser edificado pela concentração de poder realizada em nome de supostas justiças sociais do que na realidade do Reino de Deus que nos chama para, livremente, atendermos com firmeza à justiça Divina.

Queremos, no fundo, ser apenas reles cristãos softs, que não incomodam ninguém e que não se incomodam com a sua vida pecaminosa. Para estes pseudo-cristãos, que abundam em nossa época, principalmente nos bancos e púlpitos da Igreja, oração, penitência, esmola, estudo, são coisas do passado, a nossa onda é se considerar iluminado. E, é claro, não estorvar, de modo algum, nem a carne, nem o mundo e nem ao diabo.

Assim se vive atualmente, devido à perda da perspectiva da imortalidade de nossa alma. Agimos, julgamos, planejamos, pensamos, refletimos e até mesmo rezamos, como se todos os nossos atos devessem ser unicamente julgados a partir de uma perspectiva temporal, nos esquecendo que tudo o que fazemos nesta vida reflete e ecoa pela eternidade.

Lembremo-nos ou não disso, cada um de nós é uma alma imortal e é no plano da eternidade que nossos atos devem ser pensados, planejados, realizados e vividos, pois, é nessa perspectiva que está a realidade da natureza humana. Nós formos criados por Deus e para Ele e não para expirarmos na finitude do tempo e do espaço.

E se assim agimos, com nossas costas viradas para a realidade da imortalidade da alma, estamos literalmente trabalhando contra a Verdade, contra a realidade de nossa existência. Enfim, contra a fé que nós exteriormente professamos ao mesmo em tempo que não permitimos que esta deite as suas doces raízes no fundo de nosso ser para que Ela nos molde e nos edifique.

E aí, meu caro, eu vos pergunto: quem tem a ganhar com a negação, explicita ou não, da imortalidade da alma humana? O diabo, obviamente. Mas, é claro, como eu poderia me esquecer disso! Na atualidade as pessoas também não mais acreditam na existência e na atuação deste, não é mesmo? É, mas esse não seria o seu maior ardil? Dizer a todos que ele não existe para melhor agir contra nós?

Por isso irmãos, vigiai! Vigiai, pois o inimigo é traiçoeiro. Assim nos adverte São Cipriano de Cartago. E, com o mesmo tom pastoral ele nos admoesta, em sua obra A unidade da Igreja, que: “Nada é mais importante para nós, irmãos diletíssimos, quanto vigiar com todo o cuidado para descobrir logo e, ao mesmo tempo, compreender e evitar as ciladas do inimigo traiçoeiro”. Para tanto, é fundamental que lembremo-nos destas duas verdades elementares. Primeira: nós somos almas imortais e assim devemos agir. Segundo: o encardido quer que você despreze essa realidade sobre nós e que ignore a existência dele para que ele possa nos arrastar para suas sombras.

Em fim, este é o quadro da luta. Este é o campo de batalha que há em nossa alma. E queiramos ou não, a decisão a ser tomada quanto ao lado que penderá o nosso gládio cabe unicamente a nós. Por isso, preparai-vos e vigiai, porque a luta está apenas começando e você, meu caro, deve decidir qual lado será.

Pax et bonum
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COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 20/12/2010 à 22/12/2010

Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

GLÓRIAS DE MARIA


TEMPO PARA ORAR


UM FELIZ NATAL E UM ABENÇOADO 2011

COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 06/12/2010 à 10/12/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

JESUS ENTRE NÓS


ENTRE JUDAS E PEDRO


SER O AMOR


CURVAR-SE PARA VONTADE DE DEUS


OS FALSOS PRUDENTES

[pdf] ENTRE CARTAS GENTIS E ESPETÁCULOS DISFORMES

ENTRE CARTAS GENTIS E ESPETÁCULOS DISFORMES

ENTRE CARTAS GENTIS E ESPETÁCULOS DISFORMES

Escreinhação n. 864, redigido em 10 de dezembro de 2010, dia de São João Roberts.

Por Dartagnan da Silva Zanela

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Muito se fala sobre a cultura de massa. Aliás, todos falam de boca cheia toda ordem de horrores sobre esta, sem flagrar-se do imenso vazio que habita em sua alma. Intentar chamar a atenção dos críticos massificados da presença atroz da crítica soberania da cultura de massa em sua vida é o mesmo que teimar com um teimoso. Simplificando: perda de tempo.

Todos neste acampamento de exilados chamado Brasil vêem a si próprios como sábios incompreendidos, apesar de nunca terem dedicado uma parcela mínima de seu tempo para compreender qualquer coisa que seja. Principalmente aquelas figuras disformes que ostentam na parede do banheiro, logo acima da privada, um diploma de um curso superior, que apenas atesta o seu douto fingimento ignaro.

Por isso mesmo, falemos da massificação hodierna sem nela tocar. Façamos isso apenas cutucando as feridas pustulentas que chagam nossa alma. Nesta semana que passou, estava eu deitando minhas vistas em uma jóia que encontrei entre cascalhos: as cartas de Machado de Assis. De longa data aprecio esse tipo de leitura: a correspondência de hercúleas almas. Não apenas por causa de suas letras luminosas, mas para conhecer as pessoas com quem essas pessoas de grande envergadura trocavam figurinhas. E que figurinhas!

A esta altura, podemos nos indagar: o que isso tem haver com a bestialização cultural que impera em nossa sociedade e, consequentemente, em nossa alma? Será que lendo as correspondências de Machado, Eça de Queiros, Gilberto Freire e tutti quanti, iremos elevar a alma brazuca de sua pútrida cova? Não. Entretanto, tal documentação pode nos servir como um bom instrumento para mensurar a degradação da nossa alma. Aliás, para tanto, não há nem a necessidade de recorrermos aos grandes. Basta que vasculhemos o baú das lembranças familiares e tomemos em mãos as cartas de nossos avôs e comparar com os e-mails que trocamos com todos em um clima de grande futilidade.

Uma carta, quando era enviada para alguém, era tecida com toda atenção que é merecida ao destinatário e este a lia com a mesma. O papel era apenas um meio através do qual duas almas dialogavam francamente. Ah! E não nos esqueçamos (aqueles que são da minha geração) da alegria que invadia nossa alma quando recebíamos uma carta, seja ela de um amigo distante ou de uma mulher com quem estávamos flertando.

E é claro, devido a isso, todo cuidado era pouco na hora de redigir as laudas íntimas. Como iniciá-la? Que palavras utilizar? Como deveriam ser dispostas as frases? E depois de escrita, esta era lida e relida antes de ser postada. Da outra ponta, a mesma era lida, relida, e relida e, dependendo de quem fosse o remetente, cada palavra e suspiro ficavam registrados na alma do leitor destinatário, pois o conteúdo presente naquelas letras era muito mais que palavras e reles notícias. Eram o extrato de uma vida humana partilhada com outro ser humano que estava, mesmo distante, presente em nosso coração.

Feito esta experiência rememorativa e imaginativa, podemos então comparar esta com a forma que desenvolvemos a tessitura de nossos e-mails, com o conteúdo de nossas correspondências eletrônicas, com a leviandade que tratamos tudo isso juntamente com desprezo que edificamos em relação ao nosso destinatário. E olha que não me refiro tão só àqueles e-mails enviados e reenviados em massa para toda nossa lista de contatos com aqueles slides enjoativos. Refiro-me também aos e-mails que trocamos com aquelas pessoas que dizemos ser nossas amigas. Tais mensagens, não há dúvida, nos permitem manter contato com muitas pessoas, fazendo-nos presentes em suas vidas. Todavia, esses contatos estão tornando o quê, de nós, presente na vida dos nossos? De nós, realmente, com grande probabilidade, muitíssimo pouco. E este pouco, muitíssimo bem oculto (inclusive de nós mesmos) e perdido em meio ao conteúdo frívolo disponível no bazar da cultura de massa que é repassado por nós e este apenas revela a miséria que habita em nós e faz-nos ser o que somos.

Bem, e se ao findar desta missiva, as meninas de suas vistas estão contrariando o que aqui fora dito, então olhe para o interior de sua alma, para as vielas de sua vida e diga, a si mesmo, o que você tem de significativo em seu ser, o que você tem ultimamente partilhado com os seus que, de fato, seja seu. O que? Eis aí uma pergunta que, creio eu, merece ser devidamente meditada.

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[pdf] DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM

DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM

DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM

Escrevinhação n. 863, redigido em 08 de dezembro de 2010, dia da Imaculada Conceição de Maria e do Bem-aventurado Alojzy Liguda e companheiros.

Por Dartagnan da Silva Zanela

"É impossível calcular o dano moral, se é que posso chamá-lo assim, que a mentira mental tem causado na sociedade." (Thomas Paine)

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Vem chegando o fim do ano letivo e, com ele, o famigerado conselho de classe. Ontem mesmo, nas anotações que tomo em meu diário estava cá, com minha pena e tinteiro, a refletir sobre isso, sobre a desconcertante situação dos professores que entendem qual tipo de fruto deve-se colher nessa lavoura que é a educação ao mesmo tempo em que tem de enfrentar, nesta ocasião, uma assembléia demente que encena um simulacro chinfrim de bom senso.

Poderia aqui apontar vários exemplos testemunhados por mim e outros tantos que me foram relatados por pares de ofício que residem em outros rincões, mas não vou. Assim procedo em vista do caso recente que ouvi relatado no Talk Show True Outspeak do filósofo Olavo de Carvalho [www.blogtalkradio.com/olavo] que foi ao ar nesta segunda-feira, dia 06 de dezembro. Um de seus ouvintes ligou e desabafou o fato que segue: sua esposa leciona (ou lecionava) a disciplina de ciências para uma turma do Ensino Fundamental. Em uma de suas avaliações ela perguntou aos seus incautos alunos: “Quais são os estados físicos da água?” Resposta: “Quente, morno e frio”.

Até aí, nenhuma novidade, não é mesmo? Até parece um pequeno estrado do quadro “pérolas” do Programa do Jô. Entretanto, a equipe pedagógica da Instituição de Ensino a chamou para conversar e disse que ela, a professora, deveria considerar a resposta do aluno, visto que, ao menos, ele havia tentado responder a pergunta. Ele se esforçou e, por isso, merece ser regiamente premiado. É mole ou quer mais? Você queira ou não, tem muitíssimo mais que isso nesta lúgubre alcova, infelizmente.

Quem é professor já deve ter ouvido, mais de uma vez, sentenças como estas, onde reza-se que: “o senhor deve avaliar o aluno como um todo”. Ou então: “Você deve ver todo o contexto deste aluno, visto que, não podemos nos esquecer que tudo em educação é um processo”. E ainda: “Que você, como um educador crítico, deve valorizar os progressos feitos pelo aluno no correr do ano”. Bem, e por aí segue o andor maquiado com toda ordem de topus sem o menor requinte retórico. Simplificando a opereta: frasezinhas como estas são apenas maneiras diversas para se dissimular o fato de que a escola vem a muito apenas entregando diplominhas aos aluninhos mesmo que elezinhos não tenham objetivamente aprendido nada (ou quase nada) do que as disciplinas intentavam lhes ensinar. Tudo isso para que os numerozinhos das estatísticas da educação sejam mais vistosos do que a mísera realidade que eles fantasiam.

Perdoem-me a indelicadeza no uso das letras, mas desde muito aprendi com Confúcio e com o filósofo acima citado, que não devemos nunca privilegiar a fineza no trato em detrimento da verdade. Também não nos esqueçamos do que nos ensinam os latinos: facta potentiora sunt verbis. Os fatos têm mais força que as palavras. E o fato é este: as Instituições de ensino não mais estão ensinando, o sistema educacional está muitíssimo distante da realização de algo que possa ser chamado de educação e nós, professores, que confessamos, sinceramente, intentar ensinar, nos vemos ilhados neste mar de desesperança.

Sim, aumentou o número de escolas, de salas de aula, de Instituições de Ensino, de bibliotecas, de recursos destinados a educação, entretanto, todos estes elementos não são dirigidos para a vereda do ex ducere. Aliás, como nos ensina Sto. Tomás de Aquino, uma coisa perece quando ela é impedida de chegar à sua finalidade e, a muito, que a educação vem sendo apartada de seu caminho originário e, consequentemente, de sua razão de existir.

Sim, isso tudo é de uma imensa perversidade, não há necessidade de dizer. Todavia, torna-se apropriado indagar: o que temos feito em relação a tudo isso? Aliás, de que maneira, direta e indireta, temos contribuído para a formação e consolidação deste quadro aterrador? Gostemos ou não, são estas duas perguntas que devem ser cultivadas no âmago de nossa alma para que sejamos capazes de reconhecer as nossas digitais impressas neste lamaçal ignóbil para, quem sabe, corrigir os nossos erros que em muito contribuíram no avolumar desta sujeira toda. Ou então, que nos locupletemos todos e paremos de fingir nos preocupar com algo que simplesmente ignoramos.

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COMENTÁRIOS RADIOFÔNICOS - 29/11/2010 à 03/12/2010


Comentários proferidos no programa CONVERSA AO PÉ DO RÁDIO que é transmitido pela Rádio Cultura AM/FM de Guarapuava.

PROCURAR A GLÓRIA DE DEUS


A VONTADE DE DEUS A NOSSO RESPEITO


VIGIAI


O QUE VALE É AMAR


TESTAMENTO

PROGRAMA AVE MARIA, 02 de dezembro de 2010.


O Programa Ave Maria é o Programa radiofônico da Paróquia Nossa Senhora de Belém e vai ao ar de segunda à sexta das 18h00 às 18h20. Nas quintas a apresentação do mesmo é feita por Dartagnan da Silva Zanela.

[pdf] MUITAS PALAVRAS SOBRE COISA NENHUMA – parte II

MUITAS PALAVRAS SOBRE COISA NENHUMA – parte II

MUITAS PALAVRAS SOBRE COISA NENHUMA – parte II

Escrevinhação n. 862, redigido em 30 de novembro de 2010, dia de Santo André.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“[...] cada um está preso a sua própria consciência como à própria pele, e vive imediatamente apenas nela”. (Arthur Schopenhauer)

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Uma coisa que torna a nossa época cômica é o excesso de zelo que cultivamos para com os problemas de outrem, em especial representando-os na abstrata imagem da sociedade, da coletividade. Rimos, para não chorar, da enorme quantidade de conselhos que são apresentados todos os anos sobre o que se deve fazer para que a educação melhore os seus resultados. Deve-se, segundo a multidão de palpiteiros, fazer-se isso e aquilo sem esquecer, naturalmente, do necessário aumento de verbas a serem destinadas para esta seara.

Tudo bem, mas a pergunta que não quer calar, ao menos no âmago de meu ser: de todos estes senhores e senhoras empavonados em suas honrarias e auto-lisonjas que vivem para dizer o que deve e o que não deve ser o ato de educar, quantos realmente se preocuparam com a sua educação? Quantos de nós realmente procura dedicar o cerne de suas energias para o aprimoramento e crescimento de sua pessoa em dignidade, prestatividade e bondade? Olha, se formos realmente francos e volvermos nossas vistas para a realidade tal qual ela se apresenta às meninas de nossos olhos, veremos que desde as mais “excelsas otoridades” até as personas anônimas como eu e você, veremos que pouca atenção foi dada a procura pelo conhecimento e, infelizmente, nestas paragens, o amor pela verdade é um ilustre desconhecido dos passos turvos que caminham pelas vias desta terra de desterrados.

Todavia, mesmo assim, é de cansar os ouvidos e as vistas a repetição que se faz de loas em nome de algo que praticamente ninguém cultiva em nossas terras. Literalmente temos palavras esvaziadas de seu sentido originário e, por isso mesmo, acabam por ser preenchidas pelo conteúdo vivido por nós, em nosso dia a dia que tem suas raízes deitadas no âmago de nossa alma o que as reduz a um reles adorno que coroa a nossa fingida existência. Palavras bonitinhas que apenas enfeitam de maneira caricata a nossa superficialidade incurável.

Intratável é essa compulsão nacional pelo papagaiar com ares doutorais. Isso mesmo, meu caro Horácio. Disfarçamos nosso desprezo pelo conhecimento com o nosso apetite voraz de opinar sobre todos os assuntos sem nunca ter dedicado a eles um minutinho que fosse para estudá-lo, conhecê-lo e refletir sobre o que foi apreendido no trabalho de edificação do conhecido. Disfarçamos nossa ignorância com a nossa pose de conhecedores e com a autoridade postiça que atribuímos para as nossas opiniões, como se a relevância do que dizemos fosse maior que o trabalho despendido por nós para chegar a essas ou aquelas considerações.

Não é por menos que a frase predileta deste tipo humano que se faz tão freqüente em nossa CIVITAS é esta: “você tem que respeitar a minha opinião”. Ora, mas paremos para pensar um pouco no que há de respeitável no que estamos dizendo, qual é a profundidade do conhecimento que temos, não da realidade, mas do que simplesmente estamos falando. Trocando por dorso e pescoço: o que realmente desejamos expressar com as palavras que preenchem e enfeitam as nossas áureas opiniões?

Desprezamos magistralmente o conhecimento da realidade tanto quando desconhecemos o conteúdo do que estamos falando e do que realmente preenche a nossa alma e, mesmo assim, imaginamos que cada palavra proferida por nós deve ser tratada com a mesma deferência que é devida as palavras de um douto (de fato, não de títulos), de um sábio e mesmo das que são pronunciadas por um Santo.

Não ocorre a estes indivíduos que, gostem eles ou não, o conhecimento não se edifica através da adaptação da realidade ao nosso mundo umbilical, mas sim, através de nossa disposição em romper com esse. Não é à toa que exista neste país tanta gente que acredita ter uma solução para educação sem nunca, de fato, ter-se dedicado a sua própria.

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