Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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O STF corre perigo


Por Marco Antonio Villa

No julgamento do mensalão o Supremo Tribunal Federal (STF) está decidindo a sua sorte. Mas não só: estará decidindo também a sorte da democracia brasileira. A Corte deve servir de exemplo não só para o restante do Poder Judiciário, mas para todo cidadão. O que estamos assistindo, contudo, é a um triste espetáculo marcado pela desorganização, pelo desrespeito entre seus membros, pela prolixidade das intervenções dos juízes e por manobras jurídicas.

Diferentemente do que ocorreu em 2007, quando do recebimento do Inquérito 2.245 - que se transformou na Ação Penal 470 -, o presidente Carlos Ayres Britto deixou de organizar reuniões administrativas preparatórias, que facilitariam o bom andamento dos trabalhos. Assim, tudo passou a ser decidido no calor da hora, sem que tenha havido um planejamento minimamente aceitável. Essa insegurança transformou o processo numa arena de disputa política e aumentou, desnecessariamente, a temperatura dos debates.

Desde o primeiro dia, quando toda uma sessão do Supremo foi ocupada por uma simples questão de ordem, já se sinalizou que o julgamento seria tumultuado. Isso porque não interessava aos petistas que fosse tomada uma decisão sobre o processo ainda neste ano. Tudo porque haverá eleições municipais e o PT teme que a condenação dos mensaleiros possa ter algum tipo de influência no eleitorado mais politizado, principalmente nas grandes cidades. São conhecidas as pressões contra os ministros do STF lideradas por Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente agiu de forma indigna. Se estivesse no exercício do cargo, como bem disse o ministro Celso de Mello, seria caso de abertura de um processo de impeachment. [continue lendo]

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI


CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA E IMPOSIÇÃO DOS PÁLIOS 
AOS NOVOS ARCEBISPOS METROPOLITANOS 
NA SOLENIDADE DOS SANTOS PEDRO E PAULO

Basílica Vaticana 
Sexta-feira, 29 de Junho de 2012

Venerados Cardeais,
Amados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Queridos irmãos e irmãs!

Reunimo-nos à volta do altar para celebrar solenemente os Apóstolos São Pedro e São Paulo, Padroeiros principais da Igreja de Roma. Temos connosco os Arcebispos Metropolitas nomeados durante os últimos doze meses, que acabaram de receber o pálio: a eles dirijo, de modo especial e afectuoso, a minha saudação. E, enviada por Sua Santidade Bartolomeu I, está presente também uma eminente Delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, que acolho com gratidão fraterna e cordial. Em espírito ecuménico, tenho o prazer de saudar, e agradecer pela sua participação, «The Choir of Westminster Abbey», que anima a Liturgia juntamente com a Capela Sistina. Saúdo também os Senhores Embaixadores e as Autoridades civis: a todos agradeço pela presença e a oração.

À frente da Basílica de São Pedro, como todos bem sabem, estão colocadas duas estátuas imponentes dos Apóstolos Pedro e Paulo, facilmente identificáveis pelas respectivas prerrogativas: as chaves na mão de Pedro e a espada na mão de Paulo. Também na entrada principal da Basílica de São Paulo Extra-muros, estão conjuntamente representadas cenas da vida e do martírio destas duas colunas da Igreja. Desde sempre a tradição cristã tem considerado São Pedro e São Paulo inseparáveis: na verdade, juntos, representam todo o Evangelho de Cristo. Mas, a sua ligação como irmãos na fé adquiriu um significado particular em Roma. De facto, a comunidade cristã desta Cidade viu neles uma espécie de antítese dos mitológicos Rómulo e Remo, o par de irmãos a quem se atribui a fundação de Roma. E poder-se-ia, continuando em tema de fraternidade, pensar ainda noutro paralelismo antitético formado com o primeiro par bíblico de irmãos: mas, enquanto nestes vemos o efeito do pecado pelo qual Caim mata Abel, Pedro e Paulo, apesar de ser humanamente bastante diferentes e não obstante os conflitos que não faltaram no seu mútuo relacionamento, realizaram um modo novo e autenticamente evangélico de ser irmãos, tornado possível precisamente pela graça do Evangelho de Cristo que neles operava. Só o seguimento de Cristo conduz a uma nova fraternidade: esta é, para cada um de nós, a primeira e fundamental mensagem da Solenidade de hoje, cuja importância se reflecte também na busca da plena comunhão, à qual anelam o Patriarca Ecuménico e o Bispo de Roma, bem como todos os cristãos. [continue lendo]

Punir o culpado pega mal

Por Ferreira Gullar

Estar, hoje, a mais alta corte de Justiça do país, julgando um processo que envolve algumas importantes figuras do mundo político nacional é um fato de enorme significação para o país.

É verdade que esse processo estava há sete anos esperando julgamento e que muitas tentativas foram feitas para inviabilizá-lo. Até o último momento, no dia mesmo em que teve início o julgamento, tentou-se uma manobra que o suspenderia, desmembrando-o em dezenas de processos sujeitos a recursos e protelações que inviabilizariam qualquer punição dos réus.

Mas a proposta foi rechaçada e, assim, o julgamento prossegue. Se os culpados serão efetivamente punidos, não se pode garantir, uma vez que os mais famosos e sagazes advogados do país foram contratados para defendê-los. Além disso, como se sabe, punição, no Brasil, é coisa rara, especialmente quando se trata de gente importante.

E é sobre isso que gostaria de falar, porque, como é do conhecimento geral, poucos são os criminosos condenados e, quando o são, nem sempre a pena corresponde à gravidade do crime cometido. Sei que estou generalizando, mas sei também que, ao fazê-lo, expresso o sentimento de grande parte da sociedade, que se sente acuada, assustada e, de modo geral, não confia na Justiça. Nem na polícia.

Agora mesmo, uma pesquisa feita pelo Datafolha deixou isso evidente. Embora 73% dos entrevistados achem que os réus do mensalão devem ser condenados, apenas 11% acreditam que eles sejam mandados para a cadeia. [continue lendo]

DA PUSILANIMIDADE COTIDIANA


Escrevinhação n. 963, redigida em 27 de agosto de 2012, dia de Santa Mônica.

Por Dartagnan da Silva Zanela



Em seu Testamento Político, o Cardeal Richilie ensina-nos que os maus exemplos minam a legitimidade da autoridade e que isso ocorre devido ao fato de que muitos indivíduos mensuram seu mérito de acordo com sua astúcia esquecendo-se da necessária realização de atos e feitos que deem substância a este.

As centúrias passaram, junto com os passos de milhares sobre terras e mares e cá estamos nestas terras distantes vivenciando a mesma chaga que se vê impregnada nos átrios de nosso coração e macula-nos. E pior é que tal estado de coisas não é uma novidade nestas paragens. Aliás, se formos realmente francos, constataremos o óbvio ululante de que o que destoa esta triste realidade é o tom da dignidade que, vez por outra, faz-se luzir em meio às sombras que amoldam a visão que temos de nossos dias.

Não é pouca a astúcia que molda nossa cultura política, ao mesmo tempo em que raro faz-se o mérito como medida indispensável de todas as ações. Neste cenário em que vemos dramatizada a vida política e social brasileira, mérito torna-se sinônimo de “eu mereço porque eu quero” de modo similar a um infante birrento que crê no poder mágico de sua manha cívica. E, como boas crianças manhosas que somos, facilmente nos intimidamos com caras feias e olhares atravessados que podem nos ser lançados por outrem, pois tememos mais a desaprovação da multidão do que o atormentar de nossa consciência por termo-nos silenciados frente ao clamor da verdade.

No fundo não passamos de adolescentes que se negam à maturidade. Tememos os perigos da vida devido ao nosso caráter desfibrado. Tal desfibramento mina a substância de nossa alma, a autoridade e a dignidade originárias e, neste sentido, como nos ensina São Tomás Morus, em seu “Diálogo sobre o conforto espiritual e a tribulação”, não se fará justiça aos homens sem autoridade como não é possível realizar um grande gesto sem ser detentor de uma abençoada grandeza.

Por essas e outras tantas razões que não me sinto empolgado com gritos retumbantes que clamam por justiça, visto que, a própria sociedade vê-se vacilante frente à corrupção nossa de cada dia. Indignamo-nos, sim, arregalamos os olhos quando vemos nossa alma invadida pelas manchetes sobre os inumeráveis escândalos que flagelam nosso país, porém, indignação é sentimento de fracos, ou disfarce hipócrita de uma alma sebosa.

Os fortes agem, meu caro. Os justos lutam sem temor e a alma, investida de autoridade, marcha com a couraça da verdade e invade os olhares dissimulados como um tanque em linha de batalha alvejando os sicofantas com as palavras que desnudam a orgulhosa e pérfida astúcia que impera em nossa mediocracia.

Por fim, como nos ensina Johann Goethe, o que mais uma República precisa são de homens de coragem e, infelizmente, é justamente essa virtude que tanto nos falta para tomarmos posse da dignidade que a tanto nos foi usurpada.

Pax et bonum
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Nova Ordem Mundial - o maior perigo que ameaça o Cristianismo

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Na Aula ao Vivo de 21/08/2012, Padre Paulo Ricardo continua comentando sobre o livro "Poder Global e Religião Universal", do Monsenhor Claudio Sanahuja, no qual expõe a transformação que o mundo atual está sofrendo, partindo dos novos paradigmas propostos pela Nova Ordem Mundial.

Sabendo que o projeto de reengenharia social esbarra nos valores judaicos-cristãos, notadamente representados pela Igreja Católica Apostólica Romana, os arquitetos da Nova Ordem Mundial pretendem destruí-la desde o seu interior.

É o que nos mostra o Monsenhor Sanahuja por meio desta obra valiosíssima que deve ser estudada por todo aquele que deseja manter-se cristão e fiel ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, único modo de terminar essa guerra do lado certo.

Para adquirir o livro, clique aqui: http://www.ecclesiae.com.br/

Viva Santo Agostinho, Santo e Doutor da Igreja!

O que mantém livre o livre mercado?


Por Jeffrey Nyquist

Se você quiser entender a base da liberdade e do livre mercado, então você deve ouvir o testemunho do magistrado da Suprema Corte dos Estados Unidos, Antonin Scalia, em 05 de outubro de 2011, perante o Comitê de Justiça do Senado [1]. De acordo com Scalia, nossa liberdade é assegurada por meio da Constituição dos Estados Unidos da América. Infelizmente, segundo ele, nós não estamos passando adequadamente para a próxima geração os segredos da Constituição. Scalia encontra-se frequentemente com os estudantes das melhores escolas de Direito e pergunta a eles: “Quantos de vocês leram O Federalista?”; nunca vejo mais de 5% deles levantando as mãos. Sobre isso, Scalia diz: “Isso é muito triste... Aqui temos um documento expondo as pretensões dos Autores da Constituição. É uma exposição tão profunda das ciências políticas... ainda assim criamos uma geração de americanos que não estão familiares com ela”.

Scalia continua e pergunta por que os EUA é um país livre e o que o diferencia dos demais. Segundo ele, muitos dirão ser a Carta de Direitos [Bill of Rights] a base da nossa liberdade. Meneando a cabeça ele ressalta que “se o sujeito pensar que uma Carta de Direitos é um fator diferencial, ele está louco. Qualquer república das bananas mundo afora tem uma Carta de Direitos. Todo Presidente vitalício tem uma. A Carta de Direitos... da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas é melhor que a nossa”. Scalia lembra a seus ouvintes que uma Carta de Direitos são meras “palavras no papel, algo chamado pelos nossos Autores da Constituição de ‘pergaminho de garantias’. E o verdadeiro motivo é que a verdadeira Constituição (é uma estrutura)... e uma sólida constituição tem uma sólida estrutura... A constituição da União Soviética não impedia a concentração de poder em uma única pessoa ou partido. E quando isso acontece, é o fim do jogo...” [continue lendo]

Já notaram?

Por Olavo de Carvalho

Vocês já notaram que, de uns anos para cá, a simples opinião contrária ao casamento gay, ou à legalização do aborto, passou a ser condenada sob o rótulo de "extremismo", como se casamentos homossexuais ou abortos por encomenda não fossem novidades chocantes, revolucionárias, mas sim práticas consensuais milenares, firmemente ancoradas na História, na natureza humana e no senso comum, às quais realmente só um louco extremista poderia se opor?

Já notaram que o exibicionismo sexual em praça pública, as ofensas brutais à fé religiosa, a invasão acintosa dos templos, passaram a ser aceitos como meios normais de protesto democrático por aquela mesma mídia e por aquelas mesmas autoridades constituídas que, diante da mais pacífica e serena citação da Bíblia, logo alertam contra o abuso "fundamentalista" da liberdade de opinião?

Já notaram que o simples ato de rezar em público é tido como manifestação de "intolerância", e que, inversamente, a proibição de rezar é celebrada como expressão puríssima da "liberdade religiosa"? (Se não notaram, vejam em http://andrebarcinski.blogfolha.uol.com.br/2012/08/15/brasil-e-ouro-em-intolerancia/.)

Já notaram que, após terem dado ao termo "fundamentalista" uma acepção sinistra por sua associação com o terrorismo islâmico, os meios de comunicação mais respeitáveis e elegantes passaram a usá-lo contra pastores e crentes, católicos e evangélicos, como se os cristãos fossem os autores e não as vítimas inermes da violência terrorista no mundo? [continue lendo]

De pintinhos e buraquinhos


Por Carlos Ramalhete

Vivemos em meio à riqueza. O padrão de vida de qualquer pessoa que esteja inserida na nossa sociedade, mesmo que viva em uma favela, é muitíssimo superior ao dos reis de França de antanho. Há mendigos que são obesos mórbidos! O mínimo indispensável para a sobrevivência (abrigo, roupa, água e comida) está praticamente garantido para qualquer citadino.

Dispensada, assim, dos esforços que ocupavam as gerações anteriores, a população pode se entregar aos maus hábitos que sempre marcaram as classes superiores de uma sociedade decadente: luxúria, gula, cobiça... [continue lendo]

A LETRA DO MEDALHÃO


Escrevinhação n. 962, redigida em 21 de agosto de 2012, dia de São Pio X.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Analfabeto não é aquele que não sabe ler. Analfabeto é aquele que sabe ler e não lê. Todos já ouviram ou leram essa afirmação de Mário Quintana. Pior que esse tipinho (infra)humano é aquele que leu apenas um livro e interpreta tudo e a todos à luz das páginas deste. Este é um sujeito perigoso, como nos lembra Santo Tomás de Aquino e, infelizmente, não são poucos.

Em algum momento de sua vida, esses indivíduos foram obrigados a ler algo em sua (de)formação, digo, leram devido a sugestão que fora feita pelos seus maestros e aí transformam as palavras que foram solvidas daquelas páginas na pedra angular de sua existência e, por terem lido um livreto, esses sujeitos julgam que passaram a habitar os píncaros olimpianos e, nesta altitude imaginária, passam a olhar todos em seu entorno como reles mortais.

E o pior de tudo é que, em regra, esse tipo singular de analfabeto medalhão (aludindo aos personagens do magnífico conto machadiano), tem como base de seu caráter um livro de pífio valor (ou meia dúzia de coisas da mesma lavra).

Um bom exemplo são os sujeitos que vivem com o nome de Paulo Freire em seus lúgubres lábios. Em regra, consideram sua obra uma expressão apolínea da verdade e ele como sendo um educador singular justamente porque nunca leram nada além das fronteiras delimitadas pela sua desídia cognitiva e porque não conhecem nenhum outro educador além da imagem deste. Isso mesmo! Confesso que não conheço um só indivíduo que idolatra o referido senhor que realmente tenha dedicado um tiquinho de sua vida que seja para conhecer, de fato, quem é o seu guru.

Esses sujeitos, inevitavelmente, colaboram dramaticamente para dilapidação do bem mais precioso que nós possuímos que é o sentido das coisas, como nos ensina Antoine de Saint-Exupéry. É isso o que o analfabeto medalhão faz em sua insana volúpia de tudo interpretar sob o crivo de sua ignorância mal calçada, pois ele acredita, piamente, que é uma pessoa iluminada, que teve uma visão do todo advinda de sua leitura mínima balizada por sua parva vontade de conhecer.

Para eles a realidade não é o que é, mas sim, o que eles desejam que ela seja. Esses sujeitos não se esforçam em colocar a sua mente no mundo para dilatar os umbrais de seu conhecimento. Pelo contrário! Eles querem reduzir toda a realidade para que ela bem se ajuste a sua cabeça como nos ensina G. K. Chesterton. E, é claro que procedendo deste modo, nada que mereça respeito pode ser parido.

Se esses sujeitos fossem capazes de descer do pedestal de seu orgulho veriam com clareza o quão ridículas são suas vidas. Caricaturas humanas que não dão o necessário valor à procura pela verdade e ao sentido da realidade e, por isso, incapazes de importar-se com os problemas que advém de suas decisões tomadas à sombra de seu analfabetismo de medalhão.

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A sabedoria de dona Irena


Por Carlos Ramalhete

Dias atrás, tive a alegria de receber uma carta de leitora, enviada por dona Irena, de 90 anos de idade. Ela nasceu num mundo sem antibióticos, sem telefones – que dirá celulares! –, sem computadores. Era já uma mulher adulta quando nossos pracinhas foram à guerra na Itália. Já uma senhora quando o sangue de brasileiros lutando contra brasileiros foi derramado, nas convulsões dos anos 70. E, eu, reverente diante de tanta experiência, alegro-me por ter tido a honra de não só ser lido por ela, mas por ter ela me escrito uma carta. Na carta, ela aponta algumas razões que percebe, com a vantagem de quem viveu num mundo muito diferente, para a violência sem sentido que se expressa nas chacinas de desconhecidos. Aponta-nos como razões a educação sem Deus; a violência extremada apresentada como diversão nos filmes; e a cultura da celebridade, que faz com que o sonho de muitos seja a fama, ou a infâmia. [continue lendo]

UM OLHAR POLITICAMENTE INCORRETO


Escrevinhação n. 961, redigida em 12 de agosto de 2012, dia do Bem-aventurado Papa Inocêncio XI, de Santa Joana Francisca de Chantal e do Padre Leão Dehon.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Não são poucas as análises apresentadas sobre o cenário político atual. Diante deste quadro o mais sensato seria não apontar nenhuma linha sequer sobre o tema para não mais intoxicar o leitor. Mas como sou um tanto abusadinho, sem a menor cerimônia, cá estou eu com uma brevíssima pontuação sobre as eleições municipais deste ano de 2012 da Graça de Nosso Senhor.

Nesta, não discorrerei sobre os atores principais (os candidatos), mas sim, sobre os coadjuvantes (os leitores). Penso que podemos eleger alguns tipos ideais que bem representam os possíveis comportamentos do eleitorado em um pleito eleitoral em uma república como a nossa. O primeiro é o tipo capachão. Ele deve algum favor (bem grande) ou tem alguma sinecura junto ao paço e defende seu candidato com unhas e dentes. Um segundo seriam os capachões rancorosos, que apoiam um candidato para poder, quem sabe, tornar-se um capachão saciado.

Há um terceiro, o eleitor tecnocrata estrábico. Este pensa que tudo se resolve tecnicamente e imagina que o esvaziamento das discussões políticas seria a grande solução para todos os problemas sem nunca ter ponderado sobre as consequências desta sua concepção diminuta da vida cívica. Aliás, bem provavelmente ele seria incapaz disso.

Temos também o militante engajado. Este crê que os perrengues poderão ser resolvidos através da politização de todas as esferas da vida e, da mesma forma que o tipo anterior, não entende nada do que está falando e nem de longe é capaz de calcular as implicações de suas ideias e ambos são instrumentos perfeitos nas mãos de terceiros que os utilizam para realização de fins que eles desconhecem. O mais engraçado nestes dois casos, meu caro Watson, é que ambos imaginam que são detentores que uma consciência crítica agudíssima superior a média da patuléia.

Não podemos nos esquecer dos eleitores tardiamente adolescentes. Estes são um caso sério. Sujeitos com seus vinte, trinta ou mais anos de vida e continuam a viver como se ainda tivessem dezesseis. São indivíduos que não são responsáveis por suas vidas e, mesmo assim, encontram-se investidos do poder de influir na tomada de uma decisão que irá afetar a vida de todos, inclusive daqueles que compreendem claramente o que significa uma vida madura responsável.

Por fim, temos o que chamaremos de eleitores infantojuvenis. Estes são pessoas magoadas e ressentidas com fulano ou sicrano e por esse critério emotivo vulgar avaliam a possibilidade de votar em beltrano ou outrano. Quer dizer, se eu gosto é bom, porém se magoei é mal. Sei que tal tipo parece um tanto extravagante para mensurarmos o comportamento de pessoas tidas como adultas, porém, essa reação é bem mais frequente do que se possa imaginar.

Sem mais delongas, imagino que podemos recorrer a esses jocosos tipos ideais para avaliar a nossa maneira de votar e vermos em que medita cada um destes modela nossa (im)postura no ato de votar e assim, quem sabe, possamos nos elevar acima da torpeza que há em cada um deles e, naturalmente, em cada um de nós.

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ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AO CÉU - quarto mistério glorioso


SÓ O CHEFE NÃO SABIA

Por Ferreira Gullar

Falando francamente, qual é a imagem que se tem de Lula? Melhor dizendo, se alguém lhe pedisse uma definição do nosso ex-presidente da República, qual daria? Diria que se trata de uma pessoa desligada, pouco objetiva, que mal repara no que se passa à sua volta? Estou certo de que não diria isso, nem você nem muito menos quem privou ou priva com ele.

Ao contrário de alguém desligado, que entrega aos outros a função de informar-se e decidir por ele, Lula sempre se caracterizou por querer estar a par de tudo o que acontece à sua volta e, muito mais ainda, quando se trata de questões ligadas a seu partido e à realidade política em geral.

As pessoas que o conheceram no começo de sua vida política, como os que lidaram com ele depois, são unânimes em defini-lo como uma pessoa sagaz, atenta e sempre interessada em tudo saber do que se passava na área política e, particularmente, o que dizia respeito às disputas, providências e articulações que ocorriam dentro do seu partido e no plano político de um modo geral.

Isso já antes de sua chegada ao poder. Imagine você como passou a agir depois que se tornou presidente da República. Se hoje mesmo, quando já não ocupa nenhum cargo no governo nem no partido, faz questão de saber de tudo e opinar sobre tudo, acreditaria você que, no governo, deixava o barco correr solto, sem tomar conhecimento do que ocorria? Isto é, sabia de tudo menos do mensalão? [continue lendo]

Sensibilidade cultural


Por Luiz Felipe Pondé

Hoje em dia gostamos de inventar termos "científicos". Um deles é "sensibilidade cultural", e o usamos para criticar formas de "intolerância cultural" (ou insensibilidade cultural), ou seja, tratar mal pessoas com hábitos diferentes dos nossos ou negar o direito de se praticar coisas estranhas para nossa cultura. A forma mais radical de criticar esta intolerância é dizer que "todo outro é lindo".

Gosto mais da expressão "tolerância" quando era inocentemente aplicada a casas de mulheres que fazem sexo em troca de dinheiro, as chamadas "casas de tolerância". Tenho saudade do uso da palavra "tolerância" neste sentido. Hoje em dia, a expressão "tolerância" é comumente utilizada por fanáticos que querem afirmar que tudo que vem do "outro" é lindo e maravilhoso.

Polêmicas ao redor do uso do véu islâmico têm sacudido a Europa. Até a Olimpíada em Londres não escapa disso. Recusar o direito de se usar o véu (ou similares) seria falta de sensibilidade cultural ou falta de tolerância cultural.[continue lendo]

O QUE HÁ NO HORIZONTE DO BRASIL?

Escrevinhação n. 960 redigida em 07 de agosto de 2012, dia de São Caetano de Thiene, de Santa Afra e suas companheiras e de Santo Xisto II.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“Mister Slang e o Brasil” é um livreto maravilhoso nascido da pena e do gênio de Monteiro Lobato, obra esta composta por luminosos diálogos entre um brasileiro íntegro (espécime raro) e um cordial e atento observador inglês. Numa das falas, Mr. Slang diz que em nossas terras todos os escrúpulos morais inexistem, o amoralismo governa-nos e a injunção política impera.

Ainda, o mesmo afirma-nos que nestas terras praticamente todos os valores morais foram invertidos e que, o pouco que restou, ficou tão molambento que não resiste a um reles sopro de um reles lobo malvado.

De fato, de tão torpe que se encontra nossa sociedade que se tornou lugar comum a crença de que a patifaria e a vilania são uma regra universal, um traço singular que marca a imagem do ser humano que nos esquecemos de perguntar se, de fato, esse estado de coisas ignóbeis que impera nesta república é realmente algo humanamente aceitável.

Muito antes de Lobato, José Bonifácio, nos tempos do processo da independência, já percebia com tristeza essa praga que infectava os brasílicos ares. Dizia ele que: “no Brasil a virtude, quando existe, é heróica, porque tem que lutar com a opinião e o governo”. De fato, todo aquele que procura pautar a marcha de sua caminhada por esse vale de lágrimas de acordo com o ritmo ditado pelos valores universais vê-se vexado por todos os lados de modo similar a um jesuíta em meio a silvícolas antropófagos.

Sim, por toda parte vemos os cidadãos desta patética república afirmar que nós, brasileiros, somos pessoas devotas, religiosas e com brio. De fato, porém, ainda como nos lembra José Bonifácio, somos devotos sem virtude, temos religião sem moral e pundonor sem honradez. Somos cidadãos do pau oco que apenas se interessam pelo bem público quando este corresponde, direta ou indiretamente, em um bem pessoal que alegra nossa vida mesquinha.

Os gestos de sacrifício abnegado são praticamente inexistentes no cenário nacional. Todos queixam-se de seus fardos. Repudiamos o peso que cai sobre nossos ombros sem, ao menos, ponderarmos sobre a real grandeza deste. Assim agimos porque não temos presente em nós um sólido senso de dever. Em nosso doentio imaginário concebemos apenas que somos portadores de direitos e mais direitos. Todavia, vale lembrar que tudo seja feito para atender nossas fantasias não nos dignifica. Apenas denota que aceitamos ser mimados pelas potestades Estatais e desfibrados frente aos desafios da vida.

Nos falta, urgentemente, uma ardente aspiração pelo dever para que, deste modo, como nos ensina Victor Frankl, encontremo-nos com a responsabilidade vital que inevitavelmente nos leva à plenitude da liberdade. Porém se continuarmos a insistir em vivermos essa vil pachorra, essa cidadania de alcova, jamais poderemos conceber que a dignidade resplandeça no horizonte do Brasil.

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TIPIFICAÇÃO DA NULIDADE (DEPRE)CÍVICA


Escrevinhação n. 959, Redigida em 06 de agosto de 2012, dia da Bem-aventurada Maria Francisca Rubatto e da Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Há um belíssimo diálogo encenado no filme “O mestre da armas”, dirigido por Ronny Yu. Nele, Huo Yuan Jia (Jet Li), aprecia uma xícara de chá com Anno Tanaka (Shido Nakamura) antes da luta que travariam em um torneio. A prosa era sobre chá e artes marciais, sobre as virtudes da bebida e das artes. Neste diálogo, Tanaka pergunta a Yuan Jia por que eles competem tanto se todas as artes marciais seriam iguais? Por quê? Porque as competições nos revelam nossas fraquezas e, deste modo, nos guiam à plenitude.

Pois bem, neste ano, em todas as cidades e cidadelas deste país estamos tendo o acirramento de inúmeros combates. Pelejas estas que nem de longe se aproximam da dignidade dos dois personagens presentes nesta bela película.

Sim, as eleições, de um modo geral, revelam as fraquezas de nossa vida (depre)cívica, o baixo nível moral de nossa sociedade e a falta de caráter de seus integrantes, especialmente daqueles que julgam-se instruídos e que, presumem que agem de maneira corretíssima.

Outra coisa: mesmo que algo nos seja revelado, não significa que nos tornaremos cônscios de sua existência. Nós podemos ver algo sem o desejo sincero de observá-lo. Podemos ter a verdade diante de nossos olhos e, mesmo assim, temos a possibilidade de negá-la, confundi-la ou de construir um raciocínio tão confuso quanto contraditório.

Pois bem, temos diante de nossos olhos a verdade sobre a torpeza de nossa sociedade, sobre baixeza que norteia as ações (infra)humanas que (des)governam essa terra de desterrados, entretanto, nos recusamos a reconhecer o reflexo disso tudo em nosso coração.

Sim, as eleições sempre apresentam as fraquezas da alma brasileira e ciclicamente nos esquivamos de suas imagens, do reflexo delas no espelho de nossa alma. Seja através da figura dos candidatos ou das reações dos eleitores, o que temos é um fiel retrato do que somos. Mas, afinal, o que somos? Somos uma sociedade amorfa composta por pessoas rasas e vaidosas.

Tanto o somos que, pessoalmente, o que chama atenção é o quão facilmente nos permitimos ser preenchidos pelas chulas discussões que imperam nestes dias. Detalhe: não são colóquios onde os interlocutores estão ciosos por conhecer as propostas apresentadas, ou o perfil dos candidatos, ou sua (in)experiência comprovada. As preleções são, em regra, pautadas pela simpatia ou antipatia, partidarizadas desde o início, similar a uma discussão desavergonhada entre facções acanalhadas.

Lembro-me aqui, antes de findar esta nefária missiva, as palavras de William Blake que afirmava que os escravos conversam sobre pessoas e os senhores sobre idéias. Mas, o que dizer de nós? O que são as pessoas que conversam apenas sobre caricaturas? O que dizer de indivíduos que dialogam apenas sobre sombras?

É melhor não dizermos nada se não desejamos enfrentar nossas fraquezas.

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SOBRE O JULGAMENTO DO MENSALÃO...

Por Reinaldo Azevedo

Não tenho especial prazer em ser chulo — aliás, prazer nenhum, muito pelo contrário! —, mas também não temo as palavras. Ao Supremo Tribunal Federal caberá, sim, dizer se cadeia, no Brasil, continua a ser um “privilégio” que só atende aos três “pês”: pobre, preto e puta. Eu convido os ministros do Supremo, então, a democratizar a língua do “pê” e a dizer se “político” e “petista” também podem gozar desse benefício, o que significará acrescentar um outro “pê”, este sim fundamental: “poderoso”. Então ficamos assim: os ministros do Supremo dirão se o país que prende, com especial desenvoltura, “pobre, preto e puta” também tem a coragem de prender “político, petista e poderoso”. Tem ou não? É o que veremos.

Não, senhores! Eu não tenho, como sabem, a menor disposição para a vendeta de classes. Quem inventou a era de “Os ricos também choram” foi a Polícia Federal de Márcio Thomaz Bastos! E quem é Bastos? Hoje, o advogado-estrela do mensalão, apelidado de “Deus” — deve-se pronunciar o Nome D’Ele em inglês: “God”. Ainda me lembro da estrepitosa prisão de Eliana Tranchesi em 2005, por exemplo; em 2009, de novo. Nesse caso, mobilizaram-se 40 agentes da Polícia Federal para pegar a mulher em casa, de camisola. Imaginavam o quê? Que fosse reagir de arma na mão? Aí o ministro da Justiça já era outro: Tarso Genro — aquele que deu um jeito de manter no Brasil o assassino Cesare Battisti. Tranchesi, que morreu de câncer em fevereiro deste ano, foi condenada a 94 anos de prisão pela Justiça Federal! É claro que a sua prisão, nas duas vezes, foi um espetáculo midiático, o que não quer dizer, necessariamente, que não fosse merecida. Ocorre que a ideia, então, era menos fazer justiça segundo os autos e mais fazer justiça de classe. Uma empresária foi usada como a Geni do Brasil, enquanto, como é mesmo?, “a nossa pátria mãe dormia tão distraída, sem saber que era subtraída em tenebrosas transações”. [continue lendo]

Grandes Entrevistas - Graciliano Ramos


Estamos ainda em 1914. Nesse ano realiza Graciliano sua primeira viagem ao Rio, tendo trabalhado aqui como foca de revisão. No Correio da Manhã e n'O Século, de Brício Filho, não passou de suplente de revisor, trabalhando apenas quando o revisor efetivo faltava. Em A Tarde, porém, um jomal surgido, naquela época para defender Pinheiro Machado chegou a revisor efetivo. Morou em várias pensões, naquele Rio dos princípios do século, que tantos cronistas já têm descrito. Os antigos endereços ficaram-lhe na memória, e sem qualquer esforço o romancista os vai citando: Largo da Lapa 110; Maranguape 11, Riachuelo 19... Todos numa zona então muito pouco recomendável, porque bairros de meretrício, de desordeiros e boêmios.

- A pensão do Largo da Lapa está em Angústia confessa-me o escritor. - Dagoberto foi meu vizinho de quarto... [continue lendo]

A filosofia e seu inverso


Aula do Seminário de Filosofia (www.seminariodefilosofia.org) de 18 de fevereiro de 2012. Na leitura dos artigos comentados, o professor cometeu dois lapsos. No primeiro, a expressão "inverso exato da vida filosófica" saiu "inverso exato da vida profissional". No segundo, onde estava escrito "Alfred Whitehead", ele leu "Arthur Whitehead". Levem em conta essas correções durante a audição.

Roda Viva - Domenico de Masi (1998)

O sociólogo italiano, professor da Universidade de Roma 'La Sapienza', surpreedeu ao apresentar uma nova visão de sociologia do trabalho, baseada no tempo livre e na criatividade. Crítico das relações de trabalho onde burocratas e burocracia prevalecem sobre as atitudes criativas, Domenico de Masi fala de formação educacional e profissional, de comportamentos de empresas e funcionários, de experimentos e idéias que oferecem uma nova abordagem de questões que ainda alimentam dúvidas e preocupações em relação ao mercado de trabalho.

Santo Afonso de Ligório, rogai por nós


SOB O SOL DA FRIVOLIDADE


Escrevinhação n. 958, Redigida em 29 de julho de 2012, dia de Santa Marta.

Por Dartagnan da Silva Zanela


E foi dada a largada para mais um ano eleitoreiro nestas terras de Pindorama e, como diria Júlio César às margens do Rubicão, alea jacta est. A sorte está lançada. Entretanto, em que consiste o fadário da nação brasileira num ano como este? Na verdade, não é difícil responder esta pergunta, não mesmo. É apenas desgostoso fiar palavras sobre a realidade que se apresenta diante de nossas vistas.

Todavia, como certa feita D. Rodrigo de Souza Coutinho, Conde de Linhares, havia declarado, “chorar em lugar de obrar quando o perigo é manifesto, é sinal de imbecilidade”. E é aí que reside a amargura de meu tinteiro, neste misto de desfibramento moral e estultice que impera hegemonicamente sobre a sociedade brasileira que faz da imbecilidade coletiva o grande ideário nacional.

Para infelicidade geral da nação nós não somos um povo. Somos apenas uma multitude amorfa, fundada em valores vis. Somos a sociedade que adota como epígrafe a sentença lúgubre da lei de Gerson e, literalmente, imaginamos que o natural no ser humano é tão só e simplesmente querer “se dar bem” a qualquer custo. Em vista disso, julga-se que a arte dos conchavos e acordos sombrios sejam os elementos fundadores da arte política. Sim, isso é verdade com relação à politicalha ignóbil infra-humana, mas não de uma nação. Uma nação não se constrói através de conchavos, como nos ensina Viana Filho e esta é uma das razões que explica-nos o porquê não somos um povo. 

Não temos em nosso meio a noção mais elementar do que seja bem comum e interesse coletivo. No lugar disso, do bem público, há apenas um vaga noção dum espaço amorfo onde todos ventilam a possibilidade de tirar alguma vantagem pessoal ou grupal. Palavras como espírito de sacrifício, cumprimento do dever, civilidade e honradez, são ilustres ausentes em nosso vocabulário (depre)cívico.

Não ousaria, nesta breve missiva, dizer quais são os deveres de cada um para com essa desafortunada república, porém, ouso lembrar que, de fato, nenhum de nós está preocupado com isso. Somos exímios apontadores da irresponsabilidade alheia, principalmente se o apontado for alguém menos afortunado que nós. Também acusamos virilmente aqueles que são mais aquilatados socialmente, desde que, estejamos distantes de suas vistas num medíocre círculo de pares pusilânimes. Nossa coragem cívica mal e parcamente ousa ultrapassar as raias do silêncio de nossa imaturidade moral. 

Por fim, como a muito nos ensina Rui Barbosa, em suas Campanhas Presidenciais “o futuro está ligado ao passado pelo nobre cativeiro do dever”. Mas quem realmente quer abraçar o seu fardo, o seu dividendo para com a república? Quem é capaz de fazer sua vista ultrapassar as íngremes alturas que cercam o seu universo umbilical? Como falar em maturidade política onde os desejos miúdos são fonte de reivindicação de direitos? Como?

Isso mesmo! Não há o que dizer.

Pax et bonum
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