Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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Prato de farinha para jecas


Por Luiz Felipe Pondé

Só duas coisas são certas na vida, "morte e impostos". Estamos nos últimos dias para você declarar seu IR. Imagino que esteja super feliz por ter essa chance de cumprir sua cidadania. Risadas?

O Estado brasileiro se arma até os dentes em tecnologias de arrecadação, mas continua a não entregar serviços. Avançamos pouco desde as capitanias hereditárias.

O Bolsa Família (coronelismo de esquerda) é um pouquinho melhor do que o prato de farinha que o "coroné" dava no Nordeste no dia da eleição.

Mas, se o governo é um leão em TI, um sócio sanguessuga, e nada nos dá em troca, o problema aqui é antes de tudo uma mentalidade miserável tanto do Estado brasileiro quanto duma cultura jeca que diz não gostar de dinheiro e abominar o lucro.

Com a advento do terrorismo de quintal em Boston, muita gente volta a ladainha de que os americanos são caipiras paranoicos. Errado!

Os americanos inventaram o país mais rico do mundo, no espaço de tempo mais curto da história, para uma população gigantesca e na maior liberdade política conhecida. E isso tudo porque é rico. Isso mesmo: o que faz os EUA não são os "obaminhas", mas sim a cultura de trabalho e empreendedorismo da América profunda, dos americanos pequenos e invisíveis. [continue lendo]

ENTRE CHINELAS E AFAGOS


Escrevinhação n. 1003, redigida em 23 de abril de 2013, dia de São Jorge, quarta semana do Tempo Pascal.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Me pego muitas vezes, cá com meus alfarrábios, digladiando com algumas questões e, confesso, não consigo encontrar uma resposta clara para a maioria delas. Vislumbro apenas, freqüentemente, um cenário cada vez mais complexo em que as questiúnculas se apresentam e com ele, uma gama muito maior de inquietações que antes não se faziam presentes. É, quem manda procurar chifres em cabeça de cavalo?

Uma dessas questões é sobre o ato de punir. Pergunto aos meus botões: punir é um ato de misericórdia ou de sadismo? Soa estranho aos nossos ouvidos politicamente corretos afirmar que punir possa seja um ato de misericórdia, mas o é. O excesso e bem como a leniência no punir, sim, são atos sádicos. No primeiro caso por nos deleitar com o sofrimento gracioso do outro. No segundo, em nos jubilar com o gradativo descambar do outro. Num e noutro caso, há uma dose indiscreta de crueldade inconfessa.

Quando devidamente aplicada, uma punição é um ato de misericórdia. Numa primeira dimensão, temos a sinalização do bem ferido através da pena devidamente ponderada e aplicada, como uma espécie de estalo que nos desperta do torpor. Numa segunda dimensão temos um sinal dado à sociedade que lembra a todos que certos atos não são tolerados, apresentando assim os sadios limites do convívio social.

Penso também que não podemos nos esquecer da parte lesada. Se as duas primeiras dimensões são devidamente atendidas, a terceira, que é a vítima, vê-se acolhida com a sinalização de que ela, enquanto pessoa de bem, é respeitada em sua dignidade ferida. Não que ela terá o mal que lhe foi auferido reparado, ou que a justiça será plena, mas que, a sua dor foi respeitada.

Por essas e outras que punir é um ato misericordioso. Um ato de misericórdia para com o transgressor, para com a vítima e, principalmente, para com toda sociedade. Seja no âmbito, familiar, escolar ou societal, a referência as fronteiras do tolerável e do intolerável devem ser razoavelmente claras. Deveriam, mas como todos nós o sabemos, não o são. E aí que se desenha diante de nossas vistas esse cenário pintado com os mais variados tons de desesperança.

Ora, dizer que não há em nosso país uma cultura do “não dá nada” é querer tapar o sol com a peneira. Fechar os olhos para isso, insistindo na impostura de bom-moço, é de uma crueldade que, confesso, é difícil de mensurar.

Creio, francamente, que deveríamos nos colocar, empaticamente, em certas situações humanas como a dos pais que tem seu filho assassinado, duma mulher violentada e, porque não, dos familiares dum policial morto no exercício de seu ofício e vermos que também há seres humanos neste lado da fronteira.

Diante deste cenário, não é de admirar que o desempenho escolar do Brasil seja um dos piores do mundo, perdendo para países como a Etiópia. Não espanta que no mundo, o número de usuários de drogas é estacionário e, no Brasil, cresce 10% ao ano. Não escandaliza-nos saber que nossa pátria é recordista em número de homicídios (50.000 por ano) e na precocidade sexual. Por fim, não nos escandaliza saber que 6.677 professores foram agredidos fisicamente em 2011.

Mas, deixe quieto, porque, como todos nós bem sabemos, isso tudo não dará nada, não é mesmo?

Pax et bonum
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Adoro te devote (Hino eucarístico)


Por São Tomás de Aquino

Adoro-Te com amor, Deus escondido,
Que sob estas espécies és presente.
Dou-Te o meu coração inteiramente,
Em Tua contemplação desfalecido.

A vista, o tacto, o gosto nada sabem,
Só no que o ouvido sabe se há-de crer.
Creio em tudo o que o Filho de Deus veio dizer:
Nada mais verdadeiro pode ser
Do que a própria Palavra da Verdade.

Na cruz estava oculta a divindade,
Aqui também o está a humanidade.
E contudo, eu creio e o confesso
Que ambas aqui estão na realidade,
E o que pedia o bom ladrão eu peço.

Não vejo as chagas, como Tomé,
Mas confesso-Te meu Deus e meu Senhor.
Faz-me ter cada vez em Ti mais fé,
Uma esperança maior e mais amor.

Ó memorial da morte do Senhor!
Ó vivo pão que ao homem dás a vida!
Que a minha alma sempre de Ti viva!
Que sempre lhe seja doce o Teu sabor!

OS LIMITES DA AVENTURA


Escrevinhação n. 1001, redigida em 14 de abril de 2013, dia de São Pedro Gonçalves Telmo, de Santa Ludovina e de Santo Abôndio. Terceira semana do Tempo Pascal.

Por Dartagnan da Silva Zanela


O limite é o elemento que nos dá forma. Tanto nosso corpo, como nosso comportamento e caráter, só podem ser reconhecidos como tal, por nós e por outrem, porque apresentam uma forma humanamente reconhecível na essência e nos acidentes (especificidades).

De um modo geral, o não enquadramento na forma irá apontar para traços que nos distinguirão enquanto indivíduos, porém, continuaremos necessitando do sentido que nos é dado pelos limites para que, inclusive, nossa singularidade possa ter fundamento, de modo similar a um riacho que tem a necessidade da pressão das margens para ser o que é.

Um exemplo que, penso eu, nos auxiliaria na compreensão disto, é-nos dado por uma cena do filme “As aventuras de Pi” (direção de Ang Lee). Referimo-nos, especificamente ao momento em que o garoto tem sua primeira experiência com a doma do tigre Richard Parker, enquanto estava à deriva no meio do oceano Pacífico. Pi Patel, em sua solitária narrativa, afirma que se ele não tivesse a companhia da fera provavelmente teria morrido.

O felino de nome humano, em meio à imensidão azul, o mantinha desperto, atendo, por dar-lhe uma medida viva em meio àquele imenso vazio humano. Pi encontrava em Richard Parker o limite necessário para que ele não afunda-se na imensidão desoladora que, literalmente, o deixou livre de tudo e de todos e que, ao mesmo tempo, o condenava. A constante ameaça do tigre lhe movia na busca dum sentido para sua vida, duma forma para aquela situação tão desprovida de sentido.

Doravante, quando volvemos nossas vistas para nossa vida na sociedade atual, percebemos que carecemos muitas vezes da presença dum tigre, de algo que nos desafie, que nos faça sentir os limites ontológicos de nossa existência, que nos permita sentir o pulsar cálido da realidade.

No fundo, todos nós somos náufragos perdidos em meio à imensidão, porém, matamos a besta feroz dos limites (principalmente no que se refere à formação dos infantes e jovens), preferindo boiar, sem eira e nem beira, tendo como único horizonte a perspectiva aguada duma e doutra conquista hedonista e/ou material na forma de uma bugiganga modernosa.

Verdade seja dita: os limites só tem sentido quando expressam com clareza a realidade a qual eles se referem. Apresentar uma enxurrada de normas simplesmente para enfeitar o coreto, para justifica a existência duma burocracia desnecessária e, em sua essência, ineficaz em seus propósitos e corruptora em sua excussão, não passando dum absurdo similar às leis ditadas pela Rainha de Copas, de Alice nos país das maravilhas. Tal estado de coisas apenas estupidifica os indivíduos por deformar a percepção das realidades mais patentes da vida. Aliás, como diria vovó: a dor ensina a gemer (ao menos ensinava). O limite ensina a viver e quem teme a possibilidade duma possível dor (ou frustração, se preferirem) não sabe o que é a vida. E quem quer extirpá-la do mapa, anseia por (de)formar a natureza humana.

Por essas e outras que, como diria Luiz Felipe Pondé, sentimo-nos em paz por estarmos resumindo a vida num ciclo narcísico de compras, nos aproximando demasiadamente dos personagens felizes e idiotas do Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. E, infelizmente, nos distanciado terrivelmente da presença vivificante das Aventuras de Pi. 

Pax et bonum
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E o barco chegou imediatamente à terra para onde iam


Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

Quando as tempestades rebentam
Tu és, Senhor, a nossa força.
Louvar-Te-emos, a Ti, Deus forte,
Nosso constante socorro.
Perto de Ti aguentamos firmes,
Em Ti pondo a nossa confiança,
Ainda que seja sacudida a Terra,
E que se encapele o mar.

Podem as ondas enrolar-se e desenrolar-se,
Podem as montanhas vacilar,
A alegria há-de iluminar-nos,
A cidade de Deus dá-Te graças.
Tens nela a Tua morada,
Preservas a sua paz santa.
E um poderoso rio protege
A sublime morada de Deus.

Sublevam-se em loucura as multidões,
Colapsa o poder dos Estados.
Eis que Ele levanta a voz,
A Terra brame, sacudida.
Mas o Senhor está connosco,
O Senhor, o Deus Sabaoth.
Tu és para nós luz e salvação,
Contigo, jamais experimentaremos o medo.


Vinde todos, vinde contemplar
Os prodígios do Seu poder:
Todas as guerras se extinguem,
A corda do arco desentesa.
Lançai para o braseiro de fogo
Escudo e arma de guerra.
O Senhor, o Deus Sabaoth,
Socorre-nos na tribulação.

Aula do Curso Online de Filosofia - Olavo de Carvalho - 06 de abril de 2013.


Para entender o que está ocorrendo no mundo hoje.

A sociedade atual está menos preparada para a morte


Por Umberto Eco

A "Magazine Littéraire", uma publicação mensal da França, dedicou um número recente a um único assunto: como a literatura trata o tema da morte. Eu o li com interesse, mas afinal fiquei desapontado. Alguns artigos podem ter tocado ideias com as quais não tinha familiaridade, mas em última instância eles apenas reiteraram uma tese bem conhecida: que além de abordar a ideia do amor a literatura sempre lidou com o conceito de morte.

Os artigos apontavam a presença da morte tanto nas narrativas do século passado como na literatura gótica pré-romântica, mas também poderiam ter citado a mitologia grega - talvez a morte de Heitor e o luto de Andrômaco - ou o sofrimento dos mártires em muitos textos medievais. Para não falar no fato de que a história da filosofia começa com a premissa do mais fundamental dos silogismos: "Todos os homens são mortais".

Talvez o problema tenha origem no fato de que as pessoas leem menos livros hoje do que nas gerações passadas. Seja qual for a causa, porém, perdemos nossa capacidade de aceitar a morte. A religião, a mitologia e os antigos rituais tornavam a morte, senão menos temível, pelo menos mais familiar para nós. Através de grandes celebrações fúnebres, do lamento dos enlutados e das grandes missas de réquiem, nos habituávamos ao conceito de morte. Éramos preparados para ela pelos sermões sobre o inferno, e ainda criança fui incentivado a ler trechos do "Companheiro da Juventude" que abordavam a morte. [continue lendo]

A VERDADE DUM CORAÇÃO ENFERMO


Escrevinhação n. 1000, redigida em 08 de abril de 2013, dia da festa da Anunciação do Senhor, de Santa Júlia Billiart e de Santa Cacilda.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Os anos passam como tudo o mais. As gélidas mãos de Cronos, que por nossa face deslizam, deixam suas marcas próximas às janelas da alma para que compreendamos que tudo que um dia alvorece irá, cedo ou tarde, crepuscular. A recusa em aceitar a passagem dos anos como um dos fatos mais belos da existência é uma das comédias mais tristes que já foram encenadas nos palcos da vida. Tristeza risonha que hoje, muito mais que em qualquer época, representa incansavelmente as infindáveis reprises deste enfadonho espetáculo.

Envelhecer é preciso, lembra-nos Nelson Rodrigues. Sim! Se recusamo-nos a envelhecer nos tornamos pessoas pouco generosas, nada heroicas e tão pouco humanas, tal qual vemos atualmente pelas ruas, nas redes sociais, nos protestos junto ao Congresso e em nosso mórbido cotidiano que, mesmo amarelado pelos dias que se foram, continua infecto com as utopias pueris de antanho.

Triste é a vida da alma que vê sua carne perecer sem permitir-se amadurecer. Triste é o homem que teme sacrificar o rapagão que habita em seu coração para que o adulto nasça. Não que ser jovem seja ruim. Nada disso. A questão é que uma árvore, frondosa ou não, só mostra seu viço se a semente morre e o caule envergar. Negar-se a isso é recusar às sementes que estão por vir à visão daquilo que podemos ser.

Lembro-me que em minha porca juventude desejava que aqueles revoltos dias fossem perenes. Imaginava que iria alentar aquelas utopias tolas, em misto com outras fantasias parvas, pelo resto de minha vida. Imaginava que o mundo não era melhor simplesmente por não estar em mãos similares às minhas. Coisa de moleque mesmo.

Os anos devem passar para que aprendamos, mesmo que à duras penas, que aquilo que chamamos, quando jovens, de justiça, heroísmo e sabedoria, não passava de brutalidade, covardia e orgulho. Ora, que sabedoria, justiça e heroísmo há numa multidão que enxovalha uma única pessoa e cala-se frente a uma multidão de escândalos? Confesso: esses tipos (célebres ou anônimos), não me representam com seu linchamento midiático show.

Se formos francos (sei que é difícil), reconheceremos que esse tipo de impostura, hoje, se tornou regra geral. A tolerância que se faz reinar nestas plagas, no uso dissimulado de dois pesos e muitas medidas, não é hipócrita. É cinismo puro e simples. Infelizmente não são poucos os que insistem em posar com estas vestes nesta corte de muitas majestades e que chamam a esse circo de república cidadã.

Doravante, amadurecer, antigamente, era sinônimo de aprendizado adquirido com a experiência dos anos que lapida a personalidade do indivíduo. Hoje, não mais. Basta curtir o momento, exibir uma pose de indignação, fazer uma ceninha de bom-mocismo, ser a favor de qualquer coisa modernosa e pronto! Tornamo-nos cidadãos críticos.

Se José Ortega y Gasset hoje vivesse, daria a nós o mesmo conselho que deu, em seu tempo, à juventude espanhola: “Prestad noblemente vuestro auxilio a los que son los menos contra los que son los más.” É claro que ele não seria compreendido, pois reconhecer a enfermidade de nossa alma seria o primeiro passo para curá-la que, necessariamente, deve passar pela imersão nas águas da verdade oculta em nosso coração, para que a luz não mais seja odiosa aos nossos adoecidos olhos.

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DAS LÁGRIMAS DERRAMADAS SOBRE A SEPULTURA ANÔNIMA OCULTA

CONFISSÕES DUM OLHAR ANÔNIMO


Escrevinhação n. 998, redigida em 27 de março de 2013, dia de São Ruperto.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Penso que não há nada mais deprimente que vermos um indivíduo adulto, pleno de suas capacidades, choramingando, lamentando que a vida, no seu entender, não lhe regalou tudo aquilo que ele imagina merecer. Se formos francos, todos nós, vez por outra, acabamos por cair nesta esparrela. Tal fato, em si, já seria suficientemente vergonhoso. Porém, como todos sabem, há indivíduos que fazem do lamentar um estilo de vida. Aí, nestes casos meu amigo, o vexame não é pouco.

O ato de reclamar, que hoje foi elevado a uma categoria cívica, nominada pela elegante alcunha de reivindicar, em si, não apresenta nenhuma qualidade excelsa se pararmos pra pensar. Aliás, lembro-me, com muita gratidão, dos ensinos a mim ministrados por meus pais que me diziam, quando infante, que não há mérito algum em legislar em causa própria. Podemos resumir a lição, que sempre guardei comigo desde meus tempos de guri, nos seguintes termos: a dignidade fundamental de um indivíduo não está no ato (depre)cívico de reivindicar. Exigir que outrem nos tutele é algo que exala tardios ares púberes. O cumprimento de nossos deveres é que nos elevam em dignidade e verdade.

Doutra parte temos aqueles que, por sua posição de destaque (elites de toda ordem), não se distinguem de modo algum no quesito descrito acima. Para ser franco, é mais vergonhoso ainda, visto que, a partir do momento em que um indivíduo encontra-se numa posição política, econômica, social ou de prestígio, goste ou não da idéia, está investido de certas responsabilidades morais para com os demais membros da sociedade.

De mais a mais, esse é o sentido da existência de uma elite. Ser membro duma significa que as obrigações, os fardos de seus membros, são necessariamente maiores em relação aos demais membros da sociedade, como nos ensina a Sagrada Escritura, quando esta nos lembra que àqueles que muito foi dado, muito será cobrado.

Do mesmo modo, tanto Leão XIII, em sua Encíclica Rerum Novarum, como Bento XVI, na Deus Caritas Est, afirmam o princípio de que todo aquele que foi abençoado materialmente tem um dever moral para com aqueles que se encontram desamparados. O cumprimento, abnegado, deste dever, em si, é uma alegria e não devem ser motivada, jamais, por uma mediana atenção da opinião pública ou das potestades Estatais. Não mesmo. Estes devem ser feitos por amor àquele que está diante de nossas vistas. Nada mais, nada menos que isso. 

Por sua deixa, o Papa Francisco, em sua homilia do dia 24 de março nos lembra que amamos muito mais nossos ganhos que ao próximo e, conseqüentemente, Deus, nesta historieta, acaba ficam em enésimo lugar, quando lembrado. Infelizmente, nossa egolatria em misto com a Estatolatria reinante nos convida a esquecer que a realidade é muito mais densa que nossos mimados desejos, mais preciosa que todos os objetos de consumo que circundam e, por fim, muito mais ampla que as limitações tirânicas das potestades Estatais.  

Por fim, a regra latina que afirma que devemos dar, a cada um, o que lhe é devido, nesta cultura do mútuo choramingo, sofreu uma atualização ou, como direi, um alargamento, rezando que se deve dar, a cada um, o que nos é querido. Trocando por dorso: queremos receber toda ordem de regalos materiais, devidos ou não, desde que não sejamos obrigados a nos responsabilizar por nada e, se possível, por ninguém.

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