Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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VOEGELIN, Eric. A nova ciência da política. [pdf]

[áudio] OS PEQUENOS SACRIFÍCIOS

UM JOGO BRUTO

Escrevinhação n. 1099, redigida no dia 24 de fevereiro de 2014, dia de São Luis Versiglia, de São Calisto Caravário e de São Sebastião de Aparício.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Quando volvemos nossos olhos para os acontecimentos atuais, dum modo geral, ficamos perplexos, haja vista que a impressão que nos invade as vistas é de que deu a louca na história. Porém, essa imagem não é o fio estruturante dos fatos. Apenas é uma parte integrante da conjuntura presente.

Tais acontecimentos, como as manifestações, invasões de edifícios públicos, campanhas de difamação, etc., não são ocorrências isoladas. Em alguns casos até são independentes, porém, todas motivadas por elementos que são capitalizados por uma “diretriz” que os transcende.

Ou seja, quando se afirma que há uma linha de ação subjacente aos acontecimentos atuais não se está afirmando que há um plano conspiratório milimetricamente traçado sendo realizado por mestres ocultos. Afirma-se sim que a elite esquerdista tem uma agente de poder.

Uma agenda de ação não é um plano. É um projeto com metas a serem conquistadas. Projeto esse que é adaptado de acordo com as circunstâncias, conforme as oportunidades que o momento apresenta para acelerar ou frear o processo de conquista.

Sobre esse ponto as palavras de Napoleão Bonaparte são esclarecedoras por demais. Afirmava ele que “[...] possuía poucas idéias realmente definidas, e a razão disso era que, em vez de tentar obstinadamente controlar as circunstâncias, eu me submetia a elas. Para dizer a verdade, acontecia que, na maior parte do tempo, eu não tinha planos definidos, apenas projetos”.

Doravante, se tomarmos os conselhos da obra “Da Guerra” de Carl Von Clausewitz, as razões da eficiência das campanhas Napoleônicas e bem como da atuação das esquerdas em nosso país tornam-se claras. Ele nos ensina que uma boa estratégia deve basear-se em uma grande presença de espírito (para animar os militantes e simpatizantes), numa boa dose de determinação na realização dos projetos (de curto e longo prazo), no conhecimento dos vários cenários que nos são apresentados pela história e, fundamentalmente, saber captar as sutilezas do momento para adaptar o projeto de ação a essas e assim conquistar novos espaços na arena do poder. Orientações similares encontram-se também nos Cadernos do cárcere de Gramsci.

Detalhe: goste-se ou não, a estratégia rubra funda-se nessas quatro colunas. E o projeto esquerdista é um só: permanecer no poder e transmutar a sociedade. Essa é a agenda que está sendo implantada a passos largos em nosso país e em toda América Latina.

Por fim, para quem não compreende as sutilezas da luta pelo poder, para aqueles que apenas a pensam como um reles joginho quadrienal que articula vantagens miúdas com interesses corporativos, tudo parece esquisito, porém, a elite esquerdista vê e atua para além do momento projetando ações em longo prazo cientes de que poucos são os que realmente desejam ver o óbvio ululante.

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ARON, Raymond - El Opio de Los Intelectuales. [pdf]

TRÊS PONTOS E UM PUNHADO DE PALAVRAS

Escrevinhação n. 1098, redigida entre os dias 18 de fevereiro de 2014, dia de Santa Bernadete Soubirous, do Beato João de Fiésole (Fra Angélico) e de São Teotónio, e 24 de fevereiro de 2014, dia de São Sérgio e São Lázaro.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. 
Numa bela passagem duma de suas homilias, Bento XVI, nos convida para refletirmos sobre nossa condição humana diante de Deus. Diz-nos ele que: “[...] penso que a esmagadora maioria dos homens tem o mesmo conceito de vida do filho pródigo. Ele pediu a parte de patrimônio que lhe cabia, e agora sentia-se livre, queria finalmente viver já sem o peso dos afazeres de casa, queria simplesmente viver. Receber da vida tudo o que ela pode oferecer. Gozá-la plenamente, viver, só viver, beber na abundância da vida e nada perder daquilo que de precioso ela pode oferecer. No final, acabou por se tornar guardião de porcos e chegou mesmo a invejar aqueles animais tão vazia se tinha tornado esta sua vida, tão inútil! E vã revelava-se inclusive a sua liberdade. Porventura não acontece também assim nos nossos dias?” Porventura não acontece assim também conosco em nossa vida?

2. 
Verdades óbvias, em regra, são ouvidas com um escárnio que, por sua deixa, é mais do que previsível. Dum modo geral cultivamos um amor desmedido por nossas opiniões, tratando-as como se elas fossem alguma espécie de verdade universal inconteste, mesmo que nunca tenhamos dedicado a elas a mesma energia que despendemos em nossas manifestações histéricas de indignação.

Por isso, julgo precioso o conselho que nos é dado por São Josémaria Escrivá que, em seu livro “O Caminho”, lembra-nos que devemos ficar tranqüilos. Isso mesmo! “Fica tranqüilo se exprimiste uma opinião ortodoxa, ainda que a malícia de quem te escutou o leve a escandalizar-se. - Porque o seu escândalo é farisaico".

3. 
"Não compreendo que te digas cristão e tenhas essa vida de preguiçoso inútil. - Será que esqueces a vida de trabalho de Cristo?" Assim nos admoesta São José Maria Escrivá. Aliás, onde é que você leu na Sagrada Escritura que o mundo iria nos amar e nos aplaudir por nos esforçarmos em seguir e viver os ensinamentos do Verbo divino Encarnado? Onde? Em nenhum momento o Cristo nos diz que nossa vida seria moleza.

Que eu saiba, Ele nos disse que nos enviaria para caminharmos por entre os lobos. Que o mundo nos detestaria da mesma forma que detestou e negou o Filho do Homem. Mas, é claro que nós, homenzinhos moderninhos sabemos mais sobre os desígnios de Deus do que Ele manifestou em Seu pio testamento, não é mesmo?

Por isso mesmo que, São Josémaria Escrivá também nos lembra que todos os pecados parecem que estão “[...] à espera do primeiro momento de ócio. O próprio ócio já deve ser um pecado!” Ócio este que nos entregamos com tanta freqüência em nome das mais pérfidas justificativas.

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[áudio] PARA OUVIR

Os lados da história


Há poucos dias, em Petrópolis/RJ, com a presença da ministra dos Direitos Humanos, realizou-se evento para assinalar a desapropriação de um prédio identificado como centro de tortura. No final da cerimônia, um coral cantou - adivinhe o quê? nosso Hino Nacional? - não, o hino da Internacional Comunista, peça musical de fervor revolucionário que chegou a ser hino oficial da URSS durante décadas. Cumprindo a tradição, a performance foi acompanhada e aplaudida por uma plateia de punhos cerrados e erguidos. Ninguém desafinou. Nem vaiou.

Dizer-se democrata e cantar o hino de uma ditadura comunista é desinformar. A propósito, nenhum dos três livros que acabo de importar chamou a atenção das editoras nacionais, apesar de sua cronométrica e milimétrica aproximação à atualidade brasileira, inclusive com o ocorrido em Petrópolis. São eles: Disinformation, que trata das técnicas para construir imagens e versões, e solapar as liberdades; The Killing of History, a propósito de como certas teorias sociais e críticas literárias estão matando os fatos; e The Tyranny of Clichés, sobre como as esquerdas trapaceiam no conflito das ideias. Não seria fantasioso, de modo algum, considerar que o mutismo a respeito dessas e de outras obras seja uma evidência da realidade abordada nos três livros. Pergunto: não seria, também, por desejo de desinformar, de matar a História e de vencer o debate trapaceando que não se traduzem esses livros? A hipótese explicaria muito bem, por exemplo, a ocultação pela mídia nacional de "Camaradas", obra de William Waack, escrita após minuciosa pesquisa nos Arquivos de Moscou, com foco na estratégia e na influência da URSS sobre a atuação dos comunistas no Brasil durante a primeira parte do século passado. Tanto se desinforma, se vandaliza a História e se trapaceia no debate de ideias que hoje ninguém duvida da influência e da participação da CIA nos atos e fatos de 1964. Ao mesmo tempo, sequer entra em cogitação a óbvia consequência disso: que tenha havido simétrica influência e participação soviética na América e no Brasil.

Entre 1945 e 1991, a Guerra Fria, sabemos todos, campeou solta no mundo inteiro. Luta estratégica, de vida ou morte, que não poupou a Lua e o espaço sideral. Surpreendentemente, segundo a história que nos é contada, só a CIA se interessava pelo Brasil. A URSS, que estendia malhas, a ferro e fogo, no leste europeu, na África, na Ásia, na América Central, no Caribe e na América do Sul, mediante movimentos guerrilheiros e forças de ocupação, ignoraria solenemente as terrinhas descobertas por Cabral! Se já ouvira falar no Brasil, não prestara atenção. Aqui só xeretariam os gananciosos ianques, difundindo a paranoia de um tal de comunismo que nos humilhava com seu desprezo.

Nas primeiras páginas do The Tyranny of Clichés, o autor Jonah Goldberg cita uma frase que cai como roupa de bom alfaiate sobre o que está em curso no Brasil: "A História não tem lados, mas os historiadores têm". Foi esse ensinamento que não pude deixar de associar ao fato narrado na abertura deste texto - a reunião da Comissão Nacional da Verdade ocorrida em Petrópolis. Aí está o pecado original de uma Comissão cujo símbolo deveria ser um Saci-Pererê maneta. Com membros apenas do lado esquerdo, essa Comissão não inspira confiança alguma em quem tenha apreço pela verdade. Saberiam cantar o Hino Nacional, com igual fervor e sem desafinar?

Publicado no jornal Zero Hora.

PROTESTOS, SANGUE E OCLOCRACIA

Redigida no dia 17 de fevereiro de 2014, dia do Beato Lucas Belludi e dos Santos Fundadores da Ordem dos Servitas, século XIV.


Por Dartagnan da Silva Zanela
  
                E eis que a nova forma estética de manifestação contra o sistema fez a sua primeira vítima, o cinegrafista Santiago Ilídio Andrade da Band, cuja vida foi ceifada pelas mãos de duas marionetes úteis que, como muitas outras que estão por aí, acreditam estar lutando por algo melhor, sem saber ao certo o que será esse algo.

                Essas manifestações estéticas contra o sistema foram largamente justificadas, e teorizadas, por uma chusma significativa de intelectuais, e demais hostes de [de]formadores de opinião, que elogiavam, e elogiam, entusiasticamente tais práticas como uma nova linguagem que expressava-se através de gestos de violência simbólica contra as instituições que representam a ordem vigente. E, como era sabido por todos, mesmo que negado, cedo ou tarde iria dar no que deu: óbito dum inocente seguido dum punhado de desculpas esfarrapadas e justificativas esdrúxulas da parte daqueles que achavam tudo isso uma primavera social.

                Entretanto, vale lembrar: os vândalos das ruas com suas máscaras não são os agentes ativos dos eventos recentes. Longe disso. São apenas peças úteis nas mãos daqueles que tem uma agenda política perversa que é desenvolvida de acordo com as variações e possibilidades apresentadas pela conjuntura presente. Os meios variam de acordo com as circunstâncias, não os fins.

                Trocando por miúdos: os ditos agentes históricos conscientes não passam de peões num tabuleiro de xadrez viciado. Jogo onde a oposição encontra-se tão confusa e assustada quanto à população.

                De mais a mais, o cultivo da instabilidade institucional, o fomento da criminalidade através da virtual impunidade, são ferramentas eficazes na criação duma situação de pânico que pode levar-nos a um quadro de ruptura. Ruptura almejada por muitos, mas não com todas as variáveis controláveis e previstas, naturalmente. E aqueles que desenharam esse cenário sabem muito bem o que estão fazendo. Outra coisa: é claro que tais mudanças não ocorrem da noite para o dia. Elas são paulatinas e, por isso mesmo, eficazes.

                E nesse cenário de pânico, coincidentemente, temos a apreciação do projeto de Lei do Senado (PLS 499/2013) que tipifica o crime de terrorismo. Também temos a portaria que regulamenta o uso das forças armadas para conter as manifestações (manual da “Garantia da ordem e da lei” de 20/12/2013) ao lado da nova empreitada para regulamentar o tal uso responsável da mídia. Tudo junto e misturado dá o AI-5 padrão FIFA, conforme as palavras do Correio Brasiliense.

                Resumindo o entrevero: o circo brasiliano está pegando fogo, o carro dos bombeiros está cheio de gasolina e os senhores do espetáculo estão mui satisfeitos com os rumos de toda a instável alegoria deste rubro carnaval que canta: olha a cubanização aí gente!

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DIÁRIO ANTI-SOCIAL

Escrevinhação n. 1096, redigida entre os dias 14 de fevereiro de 2014, dia de São Cirilo e São Metódio, e 17 de fevereiro de 2014, dia do Beato Lucas Belludi e dos Santos Fundadores da Ordem dos Servitas.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. 
Uma hora de estudos equivale à uma hora de oração. Assim nos ensina São Josémaria Escrivá. Estudar, orar e trabalhar são recomendações a muito dadas por São Bento. Ambas são indispensáveis a todos e não adiante fazer beicinho.

A sociedade contemporânea oferece a todos nós, diuturnamente, inúmeras ocasiões de ócio devidamente preenchido com toda ordem de futilidades. A variedade é imensa e os convites para entregarmo-nos a elas são por demais tentadores.

Por isso mesmo, orar, laborar e estudar não é apenas uma via para nos auto-disciplinar. Mais que isso, tal regra é um escudo de defesa contras as insídias vulgares que nos são atiradas pela grande mídia e pelos círculos de convivência.

E, enfim, uma hora de estudo diário, recolhido no silêncio de nosso interior, seja no ermo duma praça, na inquietação duma estação rodoviária, no marasmo dum ônibus, no tumulto duma recepção, ou mesmo que seja uma hora de estudos diário realizada de maneira fragmentária, é um doce refúgio.

2. 
Uma semana amarga essa que findou. Amarga, mas não por causa dos semelhantes que tão gentilmente aturam minha ranhetice, mas sim, devido a uma dor de cabeça que não queria, e não quer, me largar. A bichinha se apegou a mim dum jeito que chega dar raiva. 
Na sexta-feira e no sábado tivemos nossos melhores momentos. Eu e ela, a dita dorzinha, afundamos juntos numa alcova sombria. Nestas horas todos os pensamentos ficaram confusos. Tentei ouvir uma palestra via youtube. Sem chance. Ler uma coluna, nem pensar. Um livro, menos ainda. O negócio era apelar para um narcótico pesado para inebriar-me. Apelei para uma telenovela.

Ah! Como Deus é generoso e a natureza uma sábia criatura! Fui salvo desse ato de bestialização voluntária! Bastaram alguns minutos acamado diante da tela global para que logo caísse em berço esplêndido. Não vou dizer que foi um santo remédio, porém, o sono tão desejado embalou as meninas de minhas vistas.

Entretanto, o pouco que vi, foi suficiente para acabrunhar-me, tamanha a miséria moral que é semeada e cultivada no imaginário nacional.

3. 
Compreendo que uma telenovela é um produto de nossa época, como também sei que tais produções são bens culturais. Tô sabendo. Mas cultura é um meio e não um fim em si mesmo. É um instrumento através do qual entramos em contato com valores, com possibilidades humanas que podem ser, em alguns casos, dignas, e noutros, absurdas. Cônscios disso, pergunto: quais os fins que esse tipo de produção cultural tem por intento realizar? Quais são as possibilidades humanas que nos são apresentadas sem a menor cerimônia? Quais? É aí que a coisa fede.

4.
Ensina-nos o Papa Emérito Bento XVI que devemos permanecer na fé, sempre. Diz-nos ele que “[...] as palavras de Jesus: ‘Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos, e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco, o Espírito da Verdade’ (Jo XIV, 15-17a). Nestas palavras, Jesus revela o profundo vínculo que existe entre a fé e a profissão da Verdade divina, entre a fé e a dedicação a Jesus Cristo no amor, entre a fé e a prática da vida inspirada nos mandamentos”.

5.
Na sociedade atual, quando alguma voz ousa nos lembrar da presença vivificante da Verdade, logo é retrucada com toda ordem de trocadilhos relativistas. Sobre esse ponto, Joseph Ratzinger, numa homilia proferida em 2006, nos lembra que: “como nos séculos passados, também hoje há pessoas ou ambientes que, ignorando esta Tradição plurissecular, gostariam de falsificar a palavra de Cristo e tirar do Evangelho as verdades que, na sua opinião, são demasiado incômodas para o homem moderno”.

Por isso, tendo isso em vista, somos todos convidados a “[...] confrontar incessantemente as [nossas] convicções pessoais com os preceitos do Evangelho e da Tradição da Igreja no compromisso de permanecer fiel à palavra de Cristo, mesmo quando ela é exigente e humanamente difícil de ser compreendida. Não devemos cair na tentação do relativismo ou da interpretação subjetivista e seletiva das Sagradas Escrituras”.

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MARÍAS, Julián. ANTROPOLOGÍA METAFÍSICA.

[áudio] OS MENOS HUMANOS

PT não gosta do Judiciário independente

Por Marco Antonio Villa

O Partido dos Trabalhadores, que teve suas lideranças históricas condenadas no processo do mensalão, é incansável. Quer porque quer desmoralizar o Supremo Tribunal Federal. O PT não gosta do Judiciário independente. O partido fez de tudo para dificultar o andamento da Ação Penal 470. Pressionou ministros e insinuou até chantagem. Depois desqualificou as condenações. E transformou as prisões em espetáculo de “resistência”. Em seguida, forjou convites fantasiosos de trabalho desacreditando os postulados do regime semiaberto. Deu — para o bem da democracia — tudo errado.

O alvo seguinte foi o presidente do STF, o ministro Joaquim Barbosa. É o mais odiado pelos marginais do poder, feliz expressão do ministro Celso de Mello. Desde 2012 sofre ataque cerrado dos petistas e dos seus aliados, dos blogs sujos que infestam a internet — e que são financiados com dinheiro público. É injuriado e caluniado sistematicamente pelo Ministério da Verdade petista.

Recentemente, Barbosa passou por mais uma situação extremamente constrangedora, quando da abertura dos trabalhos legislativos. E a ofensiva continua: no último sábado, o ex-presidente Lula, com a grosseria habitual, voltou a atacá-lo. O sinhozinho de São Bernardo do Campo não perdoa a independência do ministro Barbosa. Mais ainda: sonha que o STF seja uma repartição do Palácio do Planalto, uma espécie de Suprema Corte ao estilo cubano.

Para os policiais da verdade, o ministro Barbosa não pode tirar férias. Quando o fez, teve os repórteres nos seus calcanhares. Privacidade, zero. E até com certa ironia foram descritos os presentes que comprou em Paris. No fundo estava implícito que negro brasileiro deveria levar daqui um berimbau (e por que não um pandeiro?). É o velho racismo cordial, tão nosso como a jabuticaba.

Os petistas e seus sequazes aproveitaram o momento para desviar a atenção pública dos crimes cometidos pelos apenados. Construíram uma versão de que eram inocentes e que estavam sendo perseguidos por Barbosa. Como se o processo do mensalão e as condenações fossem da sua exclusiva responsabilidade. Como se os seus substitutos legais na presidência não pudessem dar andamento às decisões de rotina da Ação Penal 470.

Dias depois o foco foi dirigido ao ex-deputado João Paulo Cunha. Deu diversas entrevistas, atacou o tribunal, principalmente, claro, o ministro Barbosa. O sentenciado chegou a promover almoço em frente ao prédio da Suprema Corte. Fez de tudo para achincalhar o STF.

Mas os petistas são insaciáveis: agora tentam desqualificar o cumprimento de uma das penas — a de multa. Muito citado durante o julgamento do mensalão, o jurista Claus Roxin defende que não “se pode aprender a viver em liberdade e respeitando a lei, através da supressão da liberdade; a perda do posto de trabalho e a separação da família, que decorrem da privação de liberdade, possuem ainda maiores efeitos dessocializadores. O desenvolvimento político-criminal deve, portanto, afastar-se ainda mais da pena privativa de liberdade. Em seu lugar teremos, principalmente, a pena de multa, e é em especial no seu uso que reside a tendência à suavização de que falei acima (‘Estudos de Direito Penal’, Renovar, 2008, pp.18-19)”.

Portanto, multa é uma pena. No caso da liderança petista, a pena de multa foi acrescida à privação da liberdade. Assim, neste caso, uma não está dissociada da outra. A nossa Constituição é muito clara quando determina que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado” (artigo 5º, XLV) e a multa é uma das formas da individualização da pena (artigo 5º, XLVI,c). E, no Código Penal, o valor da multa está vinculado às condições econômicas do réu.

A “vaquinha” patrocinada pelos petistas e seus asseclas violou explicitamente a decisão do STF, a Constituição e o Código Penal. É absolutamente ilegal. Os petistas saudaram como uma manifestação de solidariedade. Até aí, nenhum problema. Afinal, o respeito ao ordenamento jurídico nunca foi uma característica do PT. O mais terrível foi encontrar até um ex-presidente do STF respaldando esta chicana. E mais: os ministros da Suprema Corte silenciaram — ou quando se pronunciaram foi sobre a forma da doação, que é importante, mas marginal frente à gravidade da questão central.

Contudo, nem sempre é possível controlar todas as variáveis de um projeto criminoso de poder, outra feliz expressão do decano do STF. Henrique Pizzolatto percebeu — ainda na fase processual — que tinha sido jogado ao mar pela liderança petista. Logo ele, o homem de 73 milhões de reais. Não quis representar o papel de mordomo, como nas velhas tramas cinematográficas. Resolveu com seus próprios meios fugir do país. Foi preso. Sabe muito. Deve ter medo, principalmente se recordar os acontecimentos de Santo André.

Vale destacar que foram os milionários desvios do fundo Visanet, oriundos do Banco do Brasil, a principal fonte de recursos do mensalão, como ficou comprovado no julgamento. Sem este dinheiro, não teria havido a compra de apoio parlamentar. E quem foi o organizador deste peculato? Henrique Pizzolatto. Mas teve a colaboração de comparsas, como é possível constatar no relatório final da CPMI dos Correios, e que não foram indiciados pelo procurador-geral Antonio Fernando de Souza, em 2007.
O governo brasileiro, obviamente, prefere que Pizzolato permaneça na Itália. O pedido de extradição é para inglês ver. Hoje, ele é o elo mais fraco entre os sentenciados petistas. E se romper com a lei da omertàpoderá ser o homem-bomba da campanha presidencial.

Fonte: O Globo, 11/02/2014

[áudio] ALIENAÇÃO

[áudio] NO SILÊNCIO DA CONSCIÊNCIA

Se Dilma não fosse Dilma


Ao se desligar do programa "Mais Médicos", a doutora Ramona Matos Rodriguez abriu a caixa de Pandora desse suspeitíssimo convênio firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para locação de médicos cubanos.   

Ramona exibiu à imprensa cópia do seu contrato com uma certa sociedade anônima "Comercializadora de Serviços Médicos" e informou que dos 10 mil reais por cabeça, pagos pelo Brasil, ela só recebia o equivalente a mil reais no câmbio atual. Ou seja, confirmou ganhar apenas aqueles 10% que eu, desde o início das tratativas para vinda dos médicos, afirmei que constituíam o padrão para contratos desse tipo na Castro & Castro Ltda. - antigamente conhecida como ilha de Cuba - empresa familiar com sede e foro na cidade de Havana. E ainda há quem ouse se referir a tais negociatas como evidências da "admirável solidariedade" da Cuba comunista para com os necessitados do mundo. Vê se eu posso!
Em torno de dona Ramona se formou a primeira das encrencas que haverão de cercar esse convênio nascido nas confabulações do Foro de São Paulo (aquela supranacional esquerdista que a imprensa brasileira faz questão de solenemente desconhecer). Muitas outras encrencas virão porque tudo que é mal feito em algum momento cobra conserto.

O problema é que Dilma, apesar de seus 40 ministros, não tem um ministério nem dirige um governo. Ela preside um clube, destinado ao lazer dos sócios, vale dizer, dos partidos políticos que compõem sua base de sustentação. Tivesse ela um bom ministro do Trabalho, este lhe diria que a situação dos cubanos é totalmente irregular perante a legislação brasileira (a doutora Ramona já anuncia que vai buscar na Justiça do Trabalho o que lhe é devido pelo Brasil). Tivesse ela um bom ministro da Saúde, ele a advertiria sobre a deficiente formação média dos profissionais médicos formados em Cuba. Tivesse ela um bom ministro da Defesa, ele haveria de alertá-la para os riscos decorrentes da importação, em larga escala, de agentes enviados por um país que, desde 1959, se caracteriza por infiltrar e subsidiar guerrilheiros no resto do mundo. Tivesse, Dilma, uma boa ministra de Direitos Humanos, menos fascinada por ideologia e mais pela humanidade, esta iria às últimas consequências para impedir que o Brasil protagonizasse escancarado ato de escravidão, trazendo os cubanos sob as condições postas por Havana. Tivesse Dilma um bom ministro da Fazenda, ele certamente lhe demonstraria o quanto é abusivo pagar um overhead de 900% em relação a cada profissional enviado pelos Castro. Tivesse ela um bom ministro da Economia, este abriria um berreiro para mostrar que a contabilidade desse convênio é altamente prejudicial ao interesse nacional diante da desproporção entre o valor do serviço prestado no Brasil e o montante enviado para a matriz cubana. Tivesse Dilma um bom ministro da Justiça, ele ficaria de cabelos em pé diante do atropelo que esse contrato produz nos mais comezinhos princípios de Justiça e na legislação nacional. Tivesse Dilma um bom ministro da Previdência Social, ele mostraria ser líquido e certo o caráter regressivo ao governo de qualquer ação dos médicos cubanos em busca de seus direitos previdenciários porque o patrão de fato desses profissionais é o governo brasileiro. Tivesse Dilma um bom ministro de Relações Exteriores, ele lhe mostraria o quanto resulta negativo à imagem do Brasil o conhecimento internacional das bases em que o país firmou esse convênio.

Mas Dilma preside um clube. E se o clube está nem aí para suas verdadeiras ocupações, menos ainda haverá de estar para quaisquer preocupações. O clube, afinal, gosta mesmo é de festa e grana.

Se Dilma não fosse Dilma e tivesse um bom ministério, se estivesse ocupada em solucionar problemas estruturais em vez de ficar quebrando galhos e agradando parceiros, ela teria atendido à reivindicação dos médicos brasileiros. Há muito tempo eles pedem uma carreira atrativa no serviço público, a exemplo de outras que iniciam em postos remotos e, gradualmente, promovem seus integrantes para centros maiores. Mas Dilma é apenas Dilma.

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[áudio] A PREGUIÇA ME MATA

AS ATROCIDADES DO BOM-MOCISMO

Escrevinhação n. 1095, redigida no dia 10 de fevereiro de 2014, dia de Santa Escolástica.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Quando moleque, lá por volta dos idos de mil novecentos e bolinha, houve um crime bárbaro na cidade onde eu morava. Um homem matou sua mãe a machadadas para ficar com a casa da velhinha. Ele foi preso e recebeu uma tunda na base de coronhadas. Toda a cidade soube do assassinato pela rádio local e da surra pelas fotos, tiradas a pedido do delegado, que eram apresentadas para todo transeunte que solicitasse ao fotógrafo.

Na época, meus pais contaram-me o fato e, se fosse de minha vontade, poderia ver os tais retratos. Bastava ir ao estúdio fotográfico. Fui. É óbvio que não era algo bonito de se ver, mas era muitíssimo menos abjeto que matar a própria mãe a machadadas.

Hoje temos o caso do rapaz que foi despido e preso com um cadeado de bicicleta em um poste por um grupo de vigilantes. Também não é algo bonito pra se ver. Entretanto, o que esse rapaz fez para atrair a cólera dos, até então, pacatos moradores? A galera chique do bem não quer saber desse tipo de pergunta.

Pois é, doravante, os representantes das potestades estatais estão aos quatro vetos afirmando que tais práticas são inadmissíveis. Sim, mas quais práticas? A de termos criminosos, de todos os portes, roubando e matando pessoas que se esforçam em ganhar o pão de cada dia com o seu labor? A de contarmos com uma horda de vozes, dentro e fora da maquinaria Estatal, empenhada em vitimizar o crime ao mesmo tempo em que desmoraliza as autoridades policiais e despreza a sociedade civil? Ou a de vermos homens que, diante desse quadro, decidem proteger os seus familiares e vizinhos por conta e risco?
E não é apenas isso. É escandaloso vermos as cândidas almas do bem não marejarem seus olhos em lágrimas em casos como o da mulher que, em janeiro, foi sequestrada, acorrentada, obrigada a fazer suas necessidades numa bacia e ameaçada de mutilação e morte durante dez dias. Não choraram porque a pobre mulher é apenas uma cidadã anônima e, por isso, seu drama não toca os tolerantes corações dessa gente.

Sem mais delongas, como havíamos dito, nada disso é algo bonito de se ver, mas em tais circunstâncias é válido perguntar: o que os cidadãos de bem fizeram para merecer tanta desatenção e desrespeito da parte daqueles que enchem a boca para dizer que os representam? O que os ditos representantes realmente fazem pelo povo que dizem representar? O que? É, meu caro! É aí que a porca torce o rabo.

Pax et bonum
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Observatório Latino - Jair Bolsonaro com Graça Salgueiro

A luta de classes no Brasil


A luta de classes, no Brasil, não é entre operários e patrões. É entre o Lumpenproletariat que Marx abominava e a maioria da população, especialmente a classe média, aí incluída uma boa parcela do operariado, se não ele todo.

Cada uma dessas facções tem seus aliados permanentes. A primeira tem, acima de tudo, o governo e os partidos de esquerda que o dominam. Aí mesclados, vêm logo os intelectuais acadêmicos e os estudantes universitários. Destes últimos, cinqüenta por cento, segundo um cálculo otimista (v. http://blog.portalexamedeordem.com.br/blog/2012/11/pesquisador-conclui-que-mais-de-50-dos-universitarios-sao-analfabetos-funcionais/), são analfabetos funcionais. Excluídos irremediavelmente da alta cultura, e não tendo a menor idéia de que são vítimas de si mesmos, encontram no ódio projetivo à sociedade o alívio de uma culpa recalcada no mais fundo do seu inconsciente. Sentem por isso uma afinidade instintiva com os bandidos, drogados, narcotraficantes, prostitutas, prostitutos e outros marginais. A terceira faixa de aliados do Lumpen são as ONGs, as fundações bilionárias e os organismos internacionais, que não cessam de nos impor leis e regulamentos que praticamente inviabilizam a ação da polícia e desarmam a população, a qual assim não tem meios de defender-se nem de ser defendida. Em seguida, vem a grande mídia, que, mesmo onde discorda do governo em algum ponto de seu específico interesse, não deixa de fazer eco passivo aos mesmos critérios de julgamento moral que orientam os governantes, aplaudindo, por exemplo, a senadora Benedita da Silva quando esta se debulha em lágrimas por um bandidinho estapeado e amarrado a um poste e não diz uma palavra quanto à menina queimada viva no Maranhão ou, mais genericamente, quanto aos setenta mil brasileiros assassinados por ano. O alto clero católico, por meio da CNBB, comunga dos sentimentos da senadora Benedita. Vêm, por fim, os patrões, os capitalistas, os burgueses. Estes não costumam pronunciar-se de viva voz nessas questões, mas, como aliados e colaboradores ao menos passivos do governo, dão sustentação econômica e psicológica à política pró-Lumpenproletariat.

A outra facção – o restante da população brasileira – encontra apoio em mais ou menos uma dúzia de jornalistas, radialistas e blogueiros execrados pelo restante da sua categoria profissional, entre os quais eu mesmo, o Reinaldo Azevedo, a Rachel Sheherazade, o Felipe Moura Brasil, o Rodrigo Constantino, a Graça Salgueiro. Tem também algum respaldo – tímido – nas polícias estaduais, em alguns púlpitos evangélicos isolados e em dois ou três parlamentares, como Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano, que na Câmara Federal imitam João Batista pregando aos gafanhotos. That’s all, folks.

Nada caracteriza melhor a presente situação do que a total inversão das proporções, em que os nominalmente desamparados recebem todo amparo do establishment e a população inerme se torna a imagem odienta do opressor capitalista.

No caso do garoto amarrado no poste, a reação indignada contra os populares que ousaram “fazer justiça com as próprias mãos” partiram especialmente de pessoas que, quatro décadas atrás, faziam exatamente isso. Mas ninguém, no Parlamento ou na mídia, terá a coragem de espremer a presidente Dilma na parede com a pergunta: Quando você assaltava bancos, estava cometendo uma injustiça ou fazendo justiça com as próprias mãos? Tertium non datur.

No entender do nosso governo, só quem tem o direito e até o dever de fazer justiça com as próprias mãos quando acha que a Justica falha são os terroristas de esquerda, como José Genoíno e a própria Dilma. Esses têm o direito até de condenar à morte e executar a sentença. Os outros  têm a obrigação de aceitar resignadamente o homicídio, o roubo, o estupro como se fossem fatalidades da natureza.

Mais significativo ainda é que, quando a Rachel Scheherazade, com lógica inatacável, explicou a agressão ao delinqüentezinho como reação espontânea e quase inevitável de uma população desprovida de proteção estatal, os mesmos que criaram essa situação tenham saído gritando “Apologia do crime! Apologia do crime!”, como se eles próprios não viessem há décadas fazendo a apologia dos terroristas que um dia, sentindo cambalear muito menos do que hoje a ordem legal, tomaram a justiça nas suas próprias mãos.

Todas as idéias e atitudes do grupo pró-Lumpen, especialmente as dos professores e estudantes universitários, explicam-se por dois fatores igualmente endêmicos: o analfabetismo funcional e o fingimento histérico. Ambos, intimamente associados, deformam o sentido de todas as comunicações verbais e invertem a ordem da realidade. À aliança de marginais, governo, ONGs, capitalistas, igreja, mídia e intelectuais, chamam “povo oprimido”. Ao restante, “minoria privilegiada”.

De todas as classes que compõem a sociedade brasileira, só uma ainda não tomou partido nessa guerra: as Forças Armadas. Seu silêncio pode tanto refletir uma indecisão perplexa quanto um ódio contido. Na primeira hipótese, quando acabará a indecisão? Na segunda, ódio a quem? As Forças Armadas são o fiel de balança. O futuro depende inteiramente delas.


Publicado no Diário do Comércio.

[áudio] O PAI DA DEMOCRACIA

ORAÇÃO DE SANTA ESCOLÁSTICA

 Ó Deus, Pai de misericórdia, Santa Escolástica mostrou que nossa missão é servir, é carregar os fardos uns dos outros, é promover a harmonia e a paz entre todos os homens. Dá-nos compreender em profundidade esses teus desígnios, para que nos aproximemos de Ti, para que Te reconheçamos nos irmãos e para que Te louvemos e bendigamos sem cessar. Amém.

ADLER, Mortimer. A PROPOSTA PAIDÉIA.

PEQUENAS NOTAS

Escrevinhação n. 1094, redigida no dia 07 de fevereiro de 2014, dia da Beata Eugénia Smet e da Beata Rosália Rendu.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. 
Com facilidade admiramos, e mesmo cobiçamos, as glórias que tomam um lugar de destaque na sociedade, haja vista que a vã glória carcome o nosso coração diuturnamente. Todavia, as desejamos sem querer os inevitáveis e amargos sacrifícios.

Na maioria das vezes, somos incapazes de abrir mão de nós mesmos o que nos impossibilita de realizar qualquer sacrifício em nome de algo.

Por isso que, como nos ensina o Papa Emérito Bento XVI, a perseverança na prática de pequenas renúncias nos fortalece, habilitando-nos a realizar grandes sacrifícios, se necessário for. E, se não for, estaremos, certamente, nos elevando em dignidade e verdade. Por isso perseveremos nas pequenas renúncias cotidianas.

2. 
Incrível! Simplesmente é incrível como as pessoas que mais se esforçam em fazer pose de boazinhas são aquelas que emitem as condenações mais cruéis através de suas declarações e pronunciamentos.

Lembro-me claramente da forma estúpida como uma horda de militantes esquerdistas destrataram a blogueira cubana Yoani Sánchez. Gesto covarde perpetrado pelas mesmas alminhas que, noutras ocasiões, clamavam, até mesmo com os olhos marejando em lágrimas, contra o que elas consideravam serem injustiças de lesa-humanidade.

Atualmente, temos o caso da Dra. Romana, médica cubana do programa “mais médicos”, que está pedindo asilo político. Não precisamos nem lembrar as declarações infames que foram feitas contra a médica. Declarações que agrediam vilmente a sua moral e que vieram dos lábios daquelas alminhas que adoram gritar contra tudo o que elas consideram injustiças.

Tendo isso em vista, fico cá com meus botões, pensando: quando será que a senhora Maria do Rosário irá se pronunciar na defesa da dignidade da Dra. Romana? Será que haverá alguma marcha em sua defesa? É claro que não. Para essas alminhas, e similares, só há direitos humanos para humanos que convergem ideologicamente com elas. Os divergentes, para esses tipos, são qualquer outra coisa, menos seres humanos.

Pax et bonum
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[áudio] CANALHAS

O Grande Desafio

Educar não é domesticar [uma entrevista com Bruno Tolentino]

Poeta e professor, o carioca Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino voltou ao Brasil em 1993 após uma temporada de quase 30 anos na Europa. Na bagagem, trouxe, além do reconhecimento de autores como W. H. Auden e Saint-John Perse, a experiência de lecionar por mais de dez anos em universidades britânicas (Oxford, Bristol e Essex) e a vivência de alfabetizar detentos e organizar oficinas literárias na penitenciária de Dartmoor, onde ficou preso 22 meses por tráfico de drogas. Dirigiu, ainda, a Oxford Poetry Now, a editora de poesia da Universidade de Oxford.
Aqui, ganhou o Prêmio Cruz e Sousa 1996 com A Balada do Cárcere, o Abgar Renault 1997, o Senador José Emírio de Moraes 2003, concedido pela Academia Brasileira de Letras, e dois Jabutis: em 1995, com As Horas de Katharina, e em 2002, com O Mundo como Idéia. Ganhou, ainda, o reconhecimento público de vários intelectuais, entre eles Miguel Reale, Antônio Houaiss, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Olavo de Carvalho e José Guilherme Merquior. Só não ganhou na universidade brasileira o espaço que tinha fora do país.

Com 66 anos, vive em São Paulo, onde ministrará, ao longo de 2007, um curso no Centro de Extensão Universitária (CEU), um dos raros lugares em que é convidado a ensinar. Para Tolentino, a educação deve buscar desenvolver potencialidades e fugir da imposição de pontos de vista aos educandos. Leia, a seguir, a entrevista concedida a Cassiano José.

O senhor lecionou em três universidades britânicas. Qual o ambiente educacional que encontrou por onde passou?

Lá há uma constante passagem de gente interessantíssima. Eu gostava muito. Fui lá lecionar o teatro de Lope de Vega, Calderón de la Barca, o "siglo de oro" espanhol. Era para ser provisório, mas, como só o provisório dura, fiquei. 

Era um cenário muito diferente do que tínhamos no Brasil?

Um país deste tamanho não é constituído de imbecis. Eu conheci muito poucos, aliás. Quando cheguei à Europa, não me sentia muito diferente do europeu. Falava como eles, às vezes melhor do que eles.

Então, a educação brasileira perdeu o passo nas últimas décadas?

Existe um medo - assim como uma imperdoável ilusão (ela parece ser irmã gêmea da burrice) - que faz com que você queira que as coisas sejam outras, e não aquilo que são. O prejuízo disso é enorme. É a impostura intelectual. Foram os franceses que trouxeram isso para o Brasil. O mundo inteiro fala inglês, menos os franceses. Querem ser outra coisa. Querem ser uma alternativa à Inglaterra, e não são. [Jacques] Derrida ou desce, [Gilles] Deleuze e cia., isso só lá tem. Ninguém leva a Sorbonne a sério, a não ser a Guiana e o Brasil. Não fizeram isso na América Espanhola, em lugar nenhum. O Brasil apostou alto nisso. O preço que a gente pagou é o de uma débâcle moral que nunca houve no país. Há um calculismo contagioso, que tem muito que ver com aquela turma que paparicava Stalin. Essa gente se apequenou. É um apequenamento moral mesmo, particularmente repulsivo nos intelectuais. É uma coisa muito grave, porque isso certamente não é coisa de intelectual, isso não é coisa de homem. Essa turma toda que cala e consente me choca mais do que os que puxam o gatilho ou os que arrastam criança por aí.

É preciso abandonar esse modelo universitário francês?

A América Espanhola diz assim pra França, desde o princípio dos tempos: "A gente também cozinha, a gente tem tudo que vocês têm, menos a empáfia; então, vocês fiquem do lado de lá!". O Brasil não vai fazer isso. A USP é um tumor e é preciso aceitar que isso morra. O último desconstrucionista vai morrer aqui. A nossa esperança é que ninguém mais no mundo sabe francês, ninguém quer saber. Estão se lixando. O francês vai perder a comunicabilidade, que já é mínima.

O que significa perder a comunicabilidade?

Nunca fui objetivo. O resultado do meu trabalho vem da comunicabilidade e do interesse que tenho naquilo que estou fazendo. Na Inglaterra, os alunos acabavam dando mais no couro comigo do que com outros professores. O contato com o outro é essencial. É impossível não se relacionar, não levar em conta a realidade do outro. O outro é o real. Não sou eu nem o que eu quero. Se o seu esforço é todo por não se afastar da realidade, por servi-la, por ceder a ela cada vez mais, fatalmente você vai descobrir que essa realidade é o outro, a pessoa que está na sua frente. Ele existe. O resto é abstração. Você faz o que quiser com a sua imaginação. Mas o outro você não pode imaginar. Ele está sempre a mais ou a menos. Atrapalha. É uma droga. Realmente, seria melhor que não houvesse. Sem o outro, a vida seria muito mais fácil, mais simples, mais narcisística. Só que o outro não pode deixar de ser verdade. Não há alternativa. É por aqui ou nada. Mas tem gente apaixonada pelo nada, porque o nada te dispensa até mesmo de ser você. Aqui no nosso país nós nos acostumamos a atropelar o próximo como se ele nada fosse, em nome desse ou daquele ponto de vista, que na verdade não é outra coisa que não um ponto de vista. Não aceito de modo algum que a verdade seja tida como um ponto de vista pura e simplesmente, mas ela não pode prescindir do ponto de vista. Há um risco educativo em atropelar o próximo, impor uma seletividade. E é gravíssimo isso.

Como se manifesta essa seletividade na cultura brasileira?

Por que eu fui a favor da eleição do Paulo Coelho pra Academia Brasileira de Letras? Porque eu não via nenhuma razão - não via e continuo não vendo - para que ele fosse excluído da seleta audiência que têm José Sarney e Nélida Piñon. Ele é lido pelas empregadinhas? Ele é lido pela turma que lê Caras? E daí? Ela é lida pela turma que não lê coisa nenhuma. O que precisa acabar no Brasil é esse "nós contra eles". Esse é o espírito do rei na barriga que a francesada mandou pra cá.

Qual o papel da escola para o desenvolvimento da comunicabilidade do indivíduo?

Os critérios de uma universidade, de uma casa de saber, por pior que seja, por uspiana que seja, são melhores do que a torre de marfim do sujeito que acha que sabe tudo. Eu constatei quão grave é você ser um autodidata. Você não tem a contestação do outro. O outro será sempre uma criação sua, e não uma barreira ao seu ego. O ego precisa ser conquistado e perdido todo santo dia. Senão, quando você vai ver, está no crime organizado. O crime organizado intelectual é o pior de todos. Eu sinto muita falta tanto do professor [Antônio] Houaiss quanto do professor [Miguel] Reale. Ambos, um praticamente de extrema esquerda, o outro de extrema direita, eram suficientemente humanos para carregar as suas dificuldades e as suas limitações, sem maquiagem.

Os intelectuais brasileiros parecem estar sempre à procura de uma identidade nacional. Nossa educação é prejudicada pelo fato de não havermos chegado ainda a uma idéia precisa sobre quem somos?

Há um excesso de preocupação com isso, até uma certa obsessão. Nossa identidade é feita de dejetos e fragmentos de outras culturas. Por enquanto é isso que nós temos e somos. Algo mais nós ainda não temos, se é que algum dia teremos, se é que importa ter. Há quem diga que o Brasil é um país muito velho. O que é velha no Brasil é essa mania de ter uma idéia muito precisa, muito exata do que nós somos, do que não somos e daquilo que deveríamos ser. Isso pra mim é o auge da velhice, é a velhice total. A ausência dessa identidade clara é uma chance de vivermos o espírito educativo de maneira mais criativa. Só mesmo nós poderíamos produzir um escritor como o Machado [de Assis], por exemplo. Um escritor como o Machado só poderia existir na medida em que fosse afetadamente fragmentário. Nós não temos compromisso com uma única matriz: francesa, inglesa, alemã ou italiana. É a vantagem brasileira. O brasileiro, quando culto, sabe um monte de coisa, conhece literatura francesa, alemã, italiana e tudo mais. Seria preciso que isso fosse mais organizado? Eu não sinto lá muita falta disso. A questão da educação no Brasil parece ser simplesmente, antes de qualquer coisa, aquela que o Cristovam Buarque, em quem eu votei, coloca muito bem: nós não educamos, nós não investimos no elemento humano. Sem educação não vai haver coisa nenhuma. 

Nós precisamos repensar as nossas prioridades nesse sentido. Há muita coisa aqui para melhorar. Há defeitos de caráter, de individualismo, que não se justificam. Nós precisaríamos ficar de olho na inconseqüência nacional. A impressão que se tem é que aqui as coisas "ficam por isso mesmo".

Dá para ser um pouco otimista, então?

Eu sou um otimista de mau humor, um otimista ranzinza. O nosso problema educacional, velhíssimo, que nós temos, que sempre tivemos, é este: quando educamos alguém, nós simplesmente tratamos de domesticar essa pessoa, e domesticação não é educação. Para educar, você traz. Na medida do possível, da sua capacidade, você executa um trabalho de demiurgo, de trazer o que está ali. Você não põe nada ali dentro. Não tem por que se meter a enfiar nada na cuca de ninguém. Eu sou contra o formalismo em todos os sentidos. E o formalismo em educação me parece ainda mais grave. Eu não tenho nada a propor, mas acho que, como tudo está mais ou menos por fazer aqui, nada está perdido. Ou pelo menos não está de todo perdido. 

Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/121/artigo234159-1.asp

DOCUMENTÁRIO - CARO FRANCIS

[áudio] MESQUINHEZ

DURANT, Will. A HISTÓRIA DA FILOSOFIA. [pdf]

DUAS REFLEXÕES NOVELESCAS

Escrevinhação n. 1093, redigida no dia 04 de janeiro de 2014, dia de São João de Brito.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Uma telenovela de sucesso sempre vem junto com os círculos de trololó. Círculos esses que tomam como ponto de prosa as bandeiras politicamente-corretas que são indiscretamente propagandeadas em seus capítulos. Bandeiras que são estrategicamente apresentadas no folhetim televisivo, diga-se de passagem.

Por isso, vale lembrar que toda ação, antes de ser desencadeada, deve estar presente no imaginário social para os indivíduos poderem concebê-lo como possível. E esse é o papel das telenovelas na transmutação da sociedade brasileira.

Dito isso, partamos para o ponto que gostaria de rascunhar nessas linhas: a personagem Félix da telenovela Amor a Vida. Sujeitinho interessante ele. Jogou a sobrinha no lixo quando recém nascida para garantir a sua herança e mais tarde mandou seqüestrar a mesma infante. Corrupto. Internou a irmã num manicômio para poder garantir o seu tão desejado cargo na diretoria do hospital de seu pai e por aí seguiu o andor. Doravante, perde tudo, vai vender hot dogs com uma imensa flor na cabeça e, ao final acaba tornando-se uma pessoa cândida dando conselhos edificantes para todos.

Sim, sei que todos sabem disso, inclusive com riqueza de detalhes, porém, certa feita, uma moça perguntou-me, com grande sinceridade: “você acredita que uma pessoa como ele, o Félix, possa mudar tanto assim”? Não sei a quantas pessoas essa pergunta ocorreu. De minha parte, confesso, considero uma excelente pergunta. Pode uma pessoa cruel, como a personagem em questão, mudar da água para o vinho? Pode um psicopata tornar-se uma alma pia, preocupada com a vida dos seus, dando demonstrações inequívocas de amor e generosidade?

Não porque creio que os seres humanos sejam plenamente capazes de mudar simplesmente porque sofreram um revês na vida. Aliás, diante de um revês podemos ter as mais variadas reações, tanto benévolas quanto malévolas. Creio sim, que a Providência Divina age em nossas vidas e a Ela tudo é possível, inclusive transformar um monstro num santo. Fora disso, tal transubstanciação parece-me improvável.

Aliás, todos nós, em nossa vida, conhecemos muitas pessoas ruins. Provavelmente algumas que deixariam o moço citado no chinelo. Dessas, quantas mudaram radicalmente? Quantas, porventura, que tiveram seu coração transubstanciado, o fizeram sem entregar-se a Deus? Novelescamente falando, esse é o ponto, criatura. O resto é mera propaganda de causas politicamente-corretas.

Pax et bonum
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[áudio] DIPLOMAS E MAIS DIPLOMAS

NOTAS SOBRE EDUCAÇÃO

Escrevinhação n. 1092, redigida no dia 03 de fevereiro de 2014, dia de São Bras.

Por Dartagnan da Silva Zanela

1. 
Lemos na Ciropédia, de Xenofonte, uma passagem digna de partilha. Nestas páginas, entre outras coisas, é-nos narrado que Ciro, que quando adulto passou a ser conhecido como “o grande”, em seus tempos infantis dedicar-se especialmente nas atividades em que ele não era exímio, atividades em que ele sentia-se realmente fraco.

Xenofonte conta-nos também que quando Ciro era derrotado numa competição ou ficava muito aquém do mínimo esperado dum garoto de sua idade, ele ria de si, de sua derrota, e não hesitava em tentar uma segunda, terceira, quantas vezes fosse necessário para poder superar as suas dificuldades e limitações.

Perseverança, superação, fortalecimento da vontade e, acima de tudo, bom humor perante as quedas e derrotas impostas pelas circunstâncias da vida. Eis aí algumas lições simples que todo estudante, adulto ou infante, deve ter em vista para fazer de seus estudos algo mais significativo do que apenas um reles cumprimento de obrigações curriculares.

2. 
Sérgio Paulo Rouanet, em seu livro “A razão cativa”, diz-nos, com a elegância que lhe é peculiar que, segundo Sto. Tomás de Aquilo, os apetites sensíveis podem ser um dos motores indiretos da vontade. Na medida em que estes a perturbam, inevitavelmente acabam por condicionar e desviar o que seria o motor primeiro: a inteligência.

Na maioria das vezes os apetites sensíveis estão em conflito com os ditames da inteligência e é nessa tensão que exercitamos a faculdade da vontade quanto sobrepomos a segunda às pulsões da primeira.

Tal exercício não é, de modo algum, confortável. Mas apenas deste modo conseguimos crescer enquanto indivíduo. Somente assim nos tornamos capazes de nos libertar dos grilhões da imaturidade, intelectual e emotiva, para atingirmos a realização de nossa personalidade.

Entretanto, o que ocorre em nossa sociedade, dum modo geral, é o inverso. A realização dos apetites, desejos e quereres estão em primeiro lugar com vistas a ter a sua realização em curto prazo.

Resumindo: tudo é válido em nome dos mais egoísticos e mesquinhos interesses desde que sejam [mal] disfarçados sob as mais variadas máscaras dos inúmeros coletivos sociais em voga.

3. 
Em 02 de fevereiro de 2014, o Papa Francisco, em sua homilia por ocasião da Festa da Apresentação do Senhor e Dia Mundial da Vida Consagrada, afirmou que:

"Deixemos, em vez disso, que o Espírito Santo anime ambos, e o sinal disto é a alegria: a alegria de observar, de caminhar em uma regra de vida; e a alegria de ser guiados pelo Espírito, nunca rígidos, nunca fechados, sempre abertos à voz de Deus que fala, que abre, que conduz, que nos convida a seguir para o verdadeiro horizonte. Faz bem aos idosos comunicar a sabedoria aos jovens; e faz bem aos jovens acolher este patrimônio de experiência e de sabedoria, e levá-lo adiante, não para protegê-lo em um saco, mas para levá-lo adiante enfrentando os desafios que a vida nos apresenta, levando adiante pelo bem das respectivas famílias religiosas e de toda a Igreja”.

É isso! Palavras tão simples quanto certeiras. Porém, há uma pergunta que não quer calar: quem irá parar para ouvir os anciões? Quem irá tirar os fonezinhos dos ouvidos para, respeitosamente, ouvir o que as pessoas mais vividas tem a dizer? Quem irá tirar os olhos embasbacados da tela do celular, ou do brinquedinho similar que o escraviza, para mirar na presença vívida daqueles que um dia também já foram jovens? Quem?

Pois é, se não ouvimos o semelhante mais velho, como iremos ouvir e nos abrir a Cristo?

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ORAÇÃO A STA. TERESA BENEDITA DA CRUZ (STA. EDITH STEIN)


Senhor, Deus de nossos pais,
Tu conduziste a Santa Teresa Benedita
à plenitude da ciência da Cruz
ao momento de seu martírio.
Enche-nos com o mesmo conhecimento;
e, por sua intercessão,
permite-nos sempre seguir em busca de ti,
que és a suprema Verdade,
e permanecer fiéis até a morte
à aliança de amor ratificada pelo sangue de teu Filho
pela salvação de todos os homens e mulheres.
Te pedimos por nosso Senhor,
Amém.