Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

Pesquisar este blog

MESMO DESCALÇOS EM FRENTE SEGUIMOS



Por Dartagnan da Silva Zanela

(1)
Num bate-boca entre um medíocre e um homem feito, sempre o primeiro vence o segundo porque o superior necessariamente tem que se curvar para ficar à altura do anódino e esse, em sua bazófia, imagina tolamente que está à altura do homem circunspecto.

E se a pessoa amadurecida não se rebaixar ao nível do cretino, logo ele começa de mimimi dizendo que está sendo humilhando pelo malvadão.

Enfim, dum jeito ou de outro, não a menor possibilidade de diálogo entre espécimes tão distintos, tamanho o abismo que há entre elas. Abismo esse caridosamente reconhecido pelo segundo e tolamente ignorado pelo primeiro.

(2)
O medíocre ao tentar dissimular luz própria apenas revela o quão à sombra ele vive, o quão obscuro ele é.

(3)
Quando ouço aquele papo piegas que reza sobre a importância da liderança jovem pra mudar o Brasil, vem-me a mente as palavras de dois grandes sábios.

Primeiro, as palavras do embaixador J. O. de Meira Penna que, em seu livro “O Brasil na Idade da Razão”, dizia que confiava mais nos jovens silenciosos que estudam zelosamente para serem mais dignos e poderem melhor servir a coletividade do que naqueles guris que vivem nas ruas fazendo estardalhaço; que fazem da balburdia a sua razão de existir.

O segundo seria o grande Nelson Rodrigues que dizia, sem pestanejar, que os jovens deveriam urgentemente envelhecer para entender que a juventude, em mãos imaturas, é um grande desperdício. E que desperdício.

E digo mais. E quem disse que um jovem ansioso pra mudar o Brasil e mundo quer saber de entender alguma coisa? Pois é, por essas e outras que é um grande desperdício confiar nesse tipo de gente que não quer envelhecer, nem aprender com quem envelheceu; com quem muito viveu.

(4)
Ao que tudo indica a viva alma mais honesta do Brasil anda meio enrolada com sua honestidade não declarada.

(5)
Nada é mais perigoso que um homem honesto; nada é mais patético que um homem que se considera honesto.

(6)
Concordo plenamente com Ernesto Sabato quando esse afirma que devemos desconfiar sempre dum homem que vive o tempo todo “feliz”, sorridente, porque ou ele é um imbecil ou um farsante. Nenhuma das possibilidades é digna, nem prestativa, nem boa. Fuja disso.

(7)
Sexo e amor. Amor e sexo. A vulgar atitude de tornar o segundo sinônimo do primeiro, de confundir uma coisa com a outra, é apenas um reflexo da animalização que dia após dia vem tomando conta das relações humanas na sociedade moderna.

(8)
Todo aquele que ignora as suas contradições e estampa em sua face, o tempo todo, um inumano sorriso paisagístico, é apenas um homem pela metade. E um homem pela metade é tal qual uma meia verdade. É apenas uma farsa completa mal disfarçada. Apenas isso. Nada mais do que isso.

(9)
Quando você estiver lendo um livro, seja da grande literatura universal ou não, e um caipora com pose de sabidão lhe perguntar qual é a análise crítica que você faz do mesmo, abandone o sujeito, e bem rápido, porque se você se demorar só um pouquinho com o cafifento, ele começará a falar, e falar, e falar e então seus ouvidos serão utilizados com uma latrina para excrementos verbais multiculturais e sua cabeça transformada numa fossa para os dejetos ideológicos que pululam nesse tipo de alminha criticamente crítica.

(10)
Qualquer pessoa minimamente inteligente e, porque não, decente, não lê um livro movido pelo vil prazer de criticá-lo, mas sim, pela necessidade de aprender com a leitura de suas páginas.

(11)
Quando a boa leitura de um livro é confundida com uma tosca interpretação supostamente crítica do mesmo, temos, infelizmente, a redução da grandeza das possibilidades do universo literário a estupidez vaidosa de um leitor idiota.

(*) professor e cronista

NOVAS NOTAS SOBRE UM VELHO TEMA

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Os covardes só conseguem manter a pose de sabichão porque varem, ou mandam varrer, a verdade pra debaixo do tapete.

(2)
Proteger os filhos dos erros cometidos por eles não é sinônimo de ser um bom pai. O bom pai ensina-os a aprender com os erros ajudando-os a corrigi-los; ele, o bom pai, jamais os mima, escondendo e esquecendo debaixo do tapete o senso de responsabilidade do infante. Essa é uma verdade simples simplesmente desdenhada nos dias atuais.

(3)
Pais inconsequentes acabam, irremediavelmente, pervertendo seus filhos com sua moral torcida, de querer tirar vantagem em tudo e de todos, guiando-os, a passos largos rumo a uma vida imprudente.

(4)
Ser conservador, no Brasil atual, é ser um sujeito estranhamente consciente de que praticamente nada - do que hoje encanta os sonsos olhares contemporâneos - merece realmente ser conservado simplesmente porque não há, atualmente em nosso país, praticamente nada que seja verdadeiramente valoroso que mereça tamanha honra.

(5)
O grande problema do brasileiro é que ele se escandaliza com facilidade sem saber reagir com maturidade.

(6)
Nada é mais eficaz pra destruir o caráter de um homem do que o sujeito manter-se irascivelmente apegado, com unhas e dentes, a uma idiotice que o tonto diz ser um sonho ou, pior, um ideal. É batata! Não como não acanalhar-se. Não mesmo.

(7)
No Brasil, a única instituição realmente séria, digna de respeito, é a chalaça. Quanto ao restante das tais instituições, lamento dizer, mas são apenas, na melhor das hipóteses, reles assessores diretos ou indiretos dela. Apenas isso e olhe lá.

(8)
Todos aqueles que querem ganhar fama mundana e “estrelato” midiático enxovalhando a imagem duma pessoa que, reconhecendo ou não, são grandes devedores intelectuais e morais, sem a menor sombra de dúvida, com esse gesto digno de moleques malcriados, acabam, sem querer querendo, dando a todos com seu esnobismo soberbo uma clara demonstração de ingratidão vaidosa, de estupidez orgulhosa e de covardia histriônica. Fazer o que, não é mesmo? E o pior é que esse tipo de gente, que dizem ser a nata esclarecida da sociedade, pretende salvar o Brasil da devassidão reinante. Como diria Seu Omar: trágico!

(9)
Vela apagada não chama mariposa. Por sua deixa, mesmo uma multitude de mariposas não é capaz de apagar uma vela. Podem, momentaneamente, ofuscar a sua luz, mas não são capazes de extinguir a sua chama.

(10)
A primeira ação pra mudar os rumos do nosso país é estudar, e muito, para tentar compreender a conjuntura em que nos encontramos. Qualquer ação que ignore a importância dessa ação, francamente, é uma ação suicida.

Essa é a grande obviedade que é desdenhada pelas almas alvoroçadas, apressadas, ciosas pra fazer barulho feito carroças vazias. Por isso, penso eu, é urgente estudar, formar grupos de estudo para procurar entender o que está, de fato, acontecendo com o Brasil e não apenas marchar pelas ruas gritando palavras de ordem e coisas do gênero.

Obs.: Um trem não exclui o outro, é óbvio. Mas o segundo sem o primeiro não dá rock não meu amigo. Não mesmo.

Enfim, se não nos empenharmos para nos tornar cônscios da complexidade dos problemas presentes, do quão espinhoso é o cenário político brasileiro atual, permaneceremos do jeitão que estamos: com muitos pontos cegos. Pontos cegos que continuarão sendo ignorados por nosso orgulho tacanho e por nossa ignorância pedante. Pontos esses que irão determinar os rumos de nossas ações, mesmo que a gente não goste disso. E quando nossos efervescentes atos de boa vontade nos levar para num porto muito distante de nossas expectativas iniciais, não adianta reclamar não. Imprudência presunçosa dá nisso mesmo.

(11)
Treta de facebook é como bate-boca em boteco. Sempre tem aqueles que querem mudar o mundo num brado etílico. No caso do face, o urro é dado por meio dum post irado.

Quando dá briga em torno duma mesa sempre é feita aquela rodinha e aí, o banzé tá feito. Voa faíscas pra tudo que é lado e todo mundo fica bravo e bicudo sem pestanejar. Coisa linda de se ver.

Pois é, depois do fervo a vida segue no seu ritmo de sempre, mudando apenas o assentar da poeira até que, num dia qualquer, sem aviso prévio, estoura outro fight pra alegria do povo e júbilo geral dos urubus.

Pois é, no face não é muito diferente não. Só não dá pra sentir o bafo e o fedor do sovaco que fica impregnado no ar. Mas dá pra imaginar.

(12)
Amo, sem reservas, São Paulo, o apóstolo dos gentios. O amo por ele ser quem é: um homem de gênio difícil e de coração verdadeiro.

Dentre as muitas coisas que aprendi com Paulo de Tarso, destacaria, nesse momento, a seguinte: um homem de coração sincero não tem como ser um doce de pessoa, porque a franqueza jamais se enamora com a dissimulação farisaica, com seus títulos e pompas, porque sem amor e verdade - sem amor à verdade - toda e qualquer honraria, estrelismo, fama e tutti quanti, nada valem.

Ou, como o próprio ex-Saulo diz: sem Amor e Verdade, sem amor à Verdade, tudo se torna um montão de excremento.

(*) professor e cronista

AS MURALHAS DE MORDOR

Por Dartagnan da Silva Zanela

(1)
Como é fácil, muito fácil mesmo, um pedaço de lixo defecado, por um montinho de excremento, ser capaz de infectar todos com sua presença excrementícia, depreciando tudo com o seu valor fecal.

(2)
Uma alma, justa ou injustamente irada, não tem ouvidos para conselhos. O sangue obstrui os seus ouvidos, embaça as suas vistas e petrifica os seus nervos. Justa ou injustamente, toda e qualquer alma tomada pela ira, cansou-se das palavras e de sua falta de sentido. Ela quer apenas agir sem pensar na justiça possível ou nas injustiças presentes.

(3)
Os governos estão cada vez mais burocraticamente cínicos; os mestres, a cada dia que passa, estão mais bufos e as famílias, sem perder o ritmo, cada vez mais descaradas.

(4)
O sistema educacional, literalmente, elegeu a mediocridade para tomar o lugar da meritocracia. Palmas para o sistema. Palmas! Agora, se um indivíduo não consegue nem mesmo atingir o nível da mediocridade, ele é o que? O que ele poderá vir a ser? Ora, a resposta é tão simples quanto óbvia. O sujeito estará plenamente apto a ser um cidatonto portador de todos direitos e atuar criticamente – e põe crítico nisso - na sociedade brasileira. Pois é. É disso que os demagogos gostam; é isso que o Brasil cada vez mais virá a ter.

(5)
Para recuperar a educação brasileira dos males advindos da influência, monolítica e devastadora, da obra de Paulo Freire, e de toda ordem de vulgaridades marxistas, serão necessárias muitas gerações dedicadas zelosamente à educação. Muitíssimas. Ou não. Pra falar a verdade, não sei se o estrago feito por esses trogloditas diplomados tem cura. Pra ser sincero, essa é uma de minhas maiores desesperanças.

(6)
Os medíocres têm grandes esperanças, por isso, são o que são. Os desesperados, por sua vez, têm algumas esperanças, devido a sua entristecida condição. Já os realistas, caminham, com o passo tão seguro quanto pesado, carregando o fardo das desesperanças que sua vista alcança, ciente de que para além de seus olhos há muito mais e, por isso, rezam a Deus para que Ele lhes dê a força necessária para que suas pernas possam suportar todas elas.

(7)
É civilizado todo o indivíduo que, cônscio de poder fazer tudo o que bem entender, limita-se apenas a realizar aquilo que é apropriado moralmente.

(8)
No Brasil, os políticos, de um modo geral, posam de ridículo pra melhor cair no gosto de seus eleitores e, ao mesmo tempo, bem ocultar o seu incorrigível cinismo.

(9)
O politicamente correto e o multiculturalismo, juntos e misturados, são absurdos terríveis ao ponto de transformar pessoas razoáveis em criaturas de coração duro, miolo mole e com um estômago extremamente sensível.

(10)
O Brasil está cada vez mais estúpido. Muito estúpido mesmo. Tanto é que, quando se fala da hegemônica palermice que impera em nossa sociedade, sempre há uma multidão, ou ao menos meia-dúzia de idiotas, manifestando-se estupidamente em defesa dessa soberba e sólida instituição nacional. E o fazem, orgulhosamente, sem saber, obviamente, o que estão fazendo.

(11)
Vivemos num país onde a regra fundamental é a inconsequência geral. Regra essa que é ensinada desde tenra idade sob a tutela dos displicentes olhares de adultos cínicos que fingem amar os infantes.

Ensina-se, desde muito cedo, que basta bater o pezinho, posar de coitadinho incompreendido pra conquistar o que se quer sem, necessariamente, fazer algo, por mínimo que seja para merecê-lo.

Basta aprender a intimidar os outros, ser dissimulado, fazer birra e beicinho de miúdo mimado que não ganhou todo o quindim que queria e pronto! Tá tudo garantido. Tudinho.

Sim, sei que isso é ridículo pra caramba, mas é bem assim que a banda vem tocando em nosso país.

(*) professor e cronista.

A MAIOR DAS FRAQUEZAS É A TOLICE

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Sim, é verdade que, por vivermos em uma sociedade como a brazuca, muitas das vezes nos sentimos como se fôssemos estúpidas ovelhas em um rebanho. Sentimo-nos pequenos, impotentes por nos flagramos nessa mísera condição e, por isso, ansiamos por nos libertar dos laços que nos prendem ao aprisco societal para nos sentirmos especiais. Especiais por simplesmente não mais estarmos próximos de nossos iguais para vermos nossa pequenez comparada com a de nossos pares. Essa é a tal da tão falada miséria da mediocridade que se julga grande. Não são poucos os parvos que se imaginam intrépidos. Todavia, nesse distanciamento tolo, os bufões esquecem-se que os lobos andam em alcateias, no ermo, à procura de ovelhas inconsequentes que se julgam maior que o rebanho sonhando ser como um lobo.

(2)
Todo aquele que olha com aversão e desprezo para um tonto o faz não por ser superior ao infeliz, mas por reconhecer-se na imagem de sua enfadonha figura.

(3)
Não existe heroísmo sem tragédia. Heróis sem esse condimento não passam de indisfarçados e amargos tiranos. Apenas isso e nenhuma mediocridade a mais.

(4)
O Brasil, talvez, seja o único lugar do mundo onde os idiotas são figuras prioritárias para tornarem-se conselheiros de Estado.

Se não se destacam como conselheiros políticos, conquistam, com tranquilidade, a posição de críticos do tal do sistema.

É. Numa democracia como a nossa, a mediocridade sempre terá o seu lugar garantido e a excelência invariavelmente será destinada a viver num infindável ostracismo.

(5)
O Brasil é um país onde muito é prometido; alguns dos compromissos são iniciados e praticamente tudo fica por terminar. E assim ficam por muito, muito tempo.

(6)
As derrotas nos ensinam claramente qual é o caminho da vitória. O primeiro passo na direção dos louros não é, de modo algum, fingir superioridade e querer ganhar a qualquer custo o que não foi conquistado por nossos esforços, mas sim, reconhecer-se derrotado para vencer as fraquezas que nos derrubaram.

(7)
Depois da última declaração soberba dada pelo ex-presidente Lula, onde o mesmo, irritadiço, afirmava que não há nenhuma viva alma no Brasil mais honesta do que ele; que elas inexistem no Ministério Público, na Polícia Federal, que não estão presentes em nenhuma Igreja e que não são encontradas nem mesmo na PQP, sejamos francos: qualquer um que ainda continue a nutrir por esse senhor um mínimo sentimento de admiração e reverência merece o desprezo de todos e de qualquer um, pois, onde há tamanha falta de noção, dificilmente pode haver caráter. Uma pessoa que não percebe a tamanha baixeza manifesta na fala desse homem, definitivamente, não vale um paste de vento.

(8)
Quanto o assunto é educação, o sistema de ensino de nosso país, só se fala a mesma cantilena de sempre: é diversidade pra cá, cotismo pra lá, multiculturalismo acolá, gênero nos quatro cantos e tudo isso, desgostosamente temperado com aquele marxismo vulgar e rasteiro.

Tudo isso, sem por nem tirar, não passa de um desperdiço de tempo, de um mau uso das energias humanas, que tem unicamente contribuído para fomentar um profundo sentimento de vitimismo histriônico em misto com um rancor alienante que move farisaicamente as consciências aos píncaros do ridículo, mas não para educar as tenras almas.

Por fim, todo aquele que não percebe a relação que há entre essa patacoada toda, que vem doutrinando gerações e mais gerações em nosso país pelo cansaço, com os terrificantes resultados apresentados pelos estudantes brasileiros nos testes internacionais já é, sem nenhuma margem de erro, mais uma vítima dessa tragédia que é nossa mimada pátria deseducada que, sem dúvida alguma, vem progredindo, e muito, nessa turva direção, infelizmente.

(9)
Uma educação que ignora que cada indivíduo é uma alma imortal, uma instrução que não ensina aos alunos que eles devem agir como tal, é, por si, uma perversão antropológica total e uma inconsequente deformação moral que jamais deveria ser chamada de educação. Não mesmo.

(10)
A música - perdoem-me o termo - é uma ferramenta que nos auxilia na abertura da nossa imaginação para as esferas superiores e na ampliação de nosso horizonte de compreensão da realidade. Se ela, a música, nos auxilia nisso e nos dignifica, ela é boa. Ponto final. Todavia, no meu Brasil bem brasileiro, boa música é aquela que estimula as minas a abrir as pernas, que deixa os ouvintes de quatro e amplia significativamente o horizonte da despudorada fornicação de tudo e de todos. Pois é, só não vê essa obviedade quem está no ritmo do rolo e no embalo da depravação geral.

(*) professor e cronista

FEITO LESMA NA SOMBRA

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Claude Lévi-Strauss, afirmava que o Brasil passaria do estado de selvageria para barbárie sem ter passado um mínimo de tempo que fosse pelo estágio de civilização.

Tal observação é aterradora por si só, porém, penso que o quadro é um pouco pior. Não estamos rumando da selvageria patrimonialista para a barbárie. Estamos sim, partindo para um estado de pós-civilização comunista. Literalmente.

Explico-me: onde a barbárie impera não mais há a presença dum Estado organizado, mas sim, pura e simplesmente temos presente o mando do mais forte, a regra do mais truculento e ponto final. Salve-se quem puder e do jeito que der.

Num estado de pós-civilização não. No lugar dessa anarquia da brutalidade geral, tem-se a brutalidade total fortemente organizada a partir duma burocracia onipresente que regula tudo e todos, inclusive e principalmente as esferas mais íntimas da vida de cada indivíduo.

Enfim, é para isso que estamos rumando. Pior! Tem muita gente que clama por isso, que acha esse trem a coisa mais linda do mundo.

É. Essa gente definitivamente não sabe o que está pedindo. Na verdade, nunca pararam pra pensar nos paranaué que essa tranqueira envolve. E, assim o é, porque no final dessa tranqueira toda, eles nem estão percebendo o que está acontecendo. Os idiotas quanto mais progridem em sua idiotia, menos cônscios se tornam de sua infame condição, ainda mais se ela estiver melando a vida de todos.

(2)
O grande demérito do que se convencionou a chamar de educação no Brasil, é que esse trambolho está ensinando muito bem aos infantes, jovens e adultos, que eles merecem receber todos os louros, mesmo sem serem dignos de qualquer honraria.

É isso que um sistema educacional, que abertamente quer acabar com a meritocracia, deseja: dignificar a mediocridade ao mesmo tempo em que se enxovalha com a honra e o mérito.

Enfim, essa via que foi adotada pela educação brasileira está, a passos largos, acabando com o futuro de nosso país. Talvez, já tenha acabado.

(3)
Ao olhar para o espelho, sinto vergonha de mim, por ser o que sou: um fraco.

Ao olhar pela janela, sinto-me enfraquecido, pelo fato de sermos o que somos: uma vergonha.

(4)
Deus é justo. Ele sabe o que faz e homologa a nossa vontade. Porém, nós, invariavelmente, somos estúpidos por demais para entender a desgraça ululante que estamos cevando para cair sobre nossas cervizes.

Por isso, não adiante fazer birra não. Ele, o Altíssimo, sabe o que faz e para onde estamos indo com nossas escolhas tontas. Nós, de nossa parte, não sabemos nem mesmo o que queremos, nem o que estamos fazendo com nossas vidas e com os rumos de nosso país.

Enfim, a responsabilidade não é Dele não. Ela é toda nossa.

(5)
Uns se preocupam histrionicamente com a aprovação de alunos nominais; outros tantos têm seus olhos sorumbáticos voltados basicamente para estatísticas vazias favoráveis a aprovações de indivíduos do mesmo perfil degradado; todavia, quem, de fato, está realmente preocupado com a educação, com a transubstanciação desses educandos nominais em estudantes substanciais? Quem? Pode ter certeza que os alunos nominais não estão pensando nisso, no quanto essa transformação é imprescindível para suas vidas (na verdade, não estão nem aí); muito menos os biltres irresponsáveis que falam em nome deles pararam pra pensar nessa urgente questão. São vaidosos demais para tanto.

(6)
Quando criança eu sonha ser um astronauta ou um explorador como Jacques-Yves Cousteau. Razão: ficar longe de tudo e de todos, estilo Robinson Crusoé, seja numa ilha isolada ou num planetoide incerto.

O tempo passou; a criança que um dia fui se foi e acabai trilhando caminhos distintos do que fora um dia idealizado por mim.

Todavia, do meu jeitão, vivo hoje ilhado em meio a esse mar de desesperança que se tornou o Brasil, feito um náufrago, com minha família, perdido no tenebroso ermo oceânico nacional.

Pois é, sem querer querendo, acabei realizando, em partes, meus delírios pueris.

(*) professor e cronista

SENTADO AO PÉ DO MONUMENTO

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
Morreram dois policiais, dois soldados foram assassinados quando regressavam para os braços dos seus. Os familiares choram suas mortes, os irmãos de armas fardam-se de luto enquanto a mídia chique noticia o crime sem grande alarde e a galerinha dos direitos dos manos silencia; nada fala, pois o sangue desses humanos, ao que parece, não tem espaço na bandeira de direitos que eles, com dois pesos, cinicamente defendem.

(2)
As autoridades, investidas de poder através do princípio da representatividade – que é um dos alicerces de uma sociedade democrática - são dignas de respeito quando honram aqueles que lhes fizeram a investidura do poder através do voto sufragado.

Caso contrário, se os cidadãos forem mal representados, o povo tem o direito/dever de usufruir da garantia fundamental à desobediência civil, pois aqueles que enxovalham a excelência das instituições merecem toda a força de nosso desprezo.

Cedo ou tarde os cidadãos brasileiros hão de aprender que aqueles que se dedicam basicamente a toda ordem de conchavos e oportunismos canhestros não merecem a nossa deferência, nem a hospitalidade que nos foi ensinada pela moral transmitida por nossos pais.

(3)
Segundo Confúcio, a sociedade humana sustenta-se em três colunas: os pais, os mestres e os governantes. Quando essas três colunas começam a ruir, tudo o mais tende a desabar. É batata! Não tem erro.

Em nosso país, resta apenas uma das três: os pais. Menhir esse que, diga-se de passagem, já está mais pra lá do que pra cá, tamanho são os ataques feitos contra a sacralidade da família.

Ataques que vem sendo desfechado pelo segundo alicerce e através da terceira coluna, com suas ideias, teorias e leis perversas.

Enfim, não é preciso nem dizer o óbvio ululante: uma sociedade no estado em que se encontra a nossa não tem muito a oferecer as gerações vindouras que não seja desesperança e perplexidade niilista.
(4)
Todo aquele que não procura ser fiel aos seus amigos e familiares, que não honra o valor que atribui a sua palavra e que não procede de maneira zelosa com o seu trabalho, deveria pensar mil vezes antes de dizer como o mundo deveria ser para tornar-se um lugar melhor. Almas assim, não tem nada de bom a sugerir a ninguém, nada que realmente mereça a mais mínima atenção, seja de uma pessoa ou mesmo de um cão.

(5)
A procura pelo conhecimento nos impõe uma disciplina que nos liberta. O desdém pelo saber livra-nos da disciplina para escravizar-nos. E isso assim o é porque a primeira é a via da virtude e a segunda a senda viciosa da estupidificação voluntária.

(6)
Todo aquele que tendo a oportunidade de estudar, não estuda, provavelmente pode acabar se tornando o objeto de estudo de alguma pesquisa chinfrim por ser um idiota fingindo ser um estudante que, por sua deixa, é um espécime que está bem distante da extinção em nossa sociedade.

(7)
Quem nunca encontrou dificuldades para aprender algo, nunca estudou nada com verdadeira sinceridade.

Todo aquele que não procurou enfrentar e superar os obstáculos que surgem no ato de conhecer nunca realmente amou o estudo e o que estava sendo estudado.

Em ambos os casos, o indivíduo que se portou desse modo, não passa de um idiota presunçoso. Com um estilo próprio em cada uma das situações, mas com a mesma idiotia fundamental.

(8)
Todo idiota julga-se um gênio por ser capaz de não saber nada ao mesmo tempo em que palpita sobre tudo. De fato, isso é algo realmente genial.

(9)
Há momentos em que devemos lutar até a última gota de coragem para que esperança não morra; como também há tempos em que devemos recuar e nada fazer, para preservar e cultivar o último fiapo de esperança que nos resta e, pacientemente, nos preparar para o tempo em que ela nos consumirá, transubstanciando nossa alma em luminosas tochas para seguirmos, com fé e coragem, rumo à vitória.

(*) professor e cronista

CADA UM EM SEU QUADRADO

Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(1)
A propaganda petista afirma, laconicamente, que a democracia brasileira está em risco porque a maioria da população quer o impeachment da presidente – até mesmo muitos dos que nela votaram também querem que ela largue o osso. Por sua deixa, hoje, o óbvio ululante que a turminha rubra se recusa a reconhecer, é que a maioria da população, o mundo, inclusive o Curupira, sabem que o que colocou o Brasil em risco é a presidente, seu partido e associados. Não é à toa que eles andam tão, tão disfarçados.

(2)
Para cometer um crime, o meliante dispõe de inúmeras garantias para que a sua pessoinha não sofra nenhum abuso caso ele seja impedido de realizar o seu intento criminal. Para defender a sociedade, o policial dispõe de inúmeros obstáculos pra poder defender o cidadão e a sociedade. A combinação disso tudo, com outras cocitas, garantem, com folga, o clima de insegurança geral que impera sobre o país. E o pior de tudo é que tem muita gente que acha que é assim mesmo que a banda deve tocar.

(3)
Essa galerinha jovem que acredita ser a vanguarda pensante da nação, que toca o horror nas ruas acreditando que isso é uma forma democrática de manifestação e, por isso, imaginam saber como o mundo deveria ser, poderiam fazer um grandessíssimo favor pra todos: antes de ficarem fazendo o tipinho de cidatonto crítico, que seus mestres doutrinariamente lhes ensinaram tão bem, poderiam aprender a arrumar a cama, o quarto, ajudar a mamãe a fazer o almoço, quem sabe vocês poderiam até, quem sabe, doar parte da grana - que seria gasta na balada - para uma família carente e, porque não, tomar a resolução de passar a livremente estudar de maneira zelosa como um bom estudante. Aí, depois disso, quem sabe, vocês entenderão porque o transporte no Brasil está tão encarecido e porque o nosso país está na presente “m”.

                              (4)
MANIPULAR E COÇAR É SÓ COMEÇAR - É bem simples manipular uma multidão de almas desarmadas. Simples mesmo.

Primeiro, massageie os egos dos indivíduos dizendo que eles são a vanguarda da consciência crítica, a nata pensante do país, que eles estão sendo injustiçados pelo Estado, que seus direitos estão sendo usurpados de maneira vil pra favorecer os interesses da ‘zelite’ e trelelê.

Se as pessoas imaginarem isso, elas farão tudo o que você desejar, mesmo que isso venha a lhes prejudicar.

Detalhe: para tanto, use apenas jargões e frases feitas. Jamais procure explicar a real situação porque, na verdade, essas almas querem apenas receber algo que elas imaginam merecer; elas não estão nem um pouco interessadas em realmente entender o que está, de fato, acontecendo. Elas querem apenas que algo aconteça, mesmo sem saber exatamente o que poderá acontecer.

Segundo: o que você dirá que lhes é devido por direito deve ser algo utópico, virtualmente impossível. Quanto mais implausível, melhor, porque a massa atordoada manter-se-á mobilizada, pronta a acatar as suas ordens – qualquer ordem – haja vista que não terão, tão cedo, a sua pauta atendida.

Não se esqueça: reivindicação não acatada - por ser impossível - é a fórmula perfeita para manter a massa mobilizada.

Terceiro: instigue, provoque sorrateiramente um confronto com as autoridades policiais. Quando o cacete come solto, a opinião publicada, sonsa como de costume, inclina-se sempre em favor de quem leva a coça, sem se perguntar o que há por detrás das imagens.

De um modo geral, ninguém quer saber das causas – eficiente, formal, substancial, final, remota e imediata. Todos pensam apenas que algo está sendo usurpado de suas mãos, mesmo sem saber exatamente o que é.

Outra coisa: todos se imaginam como membros duma vanguarda iluminada, porque, infelizmente, levam uma vida abjeta, sem sentido e, por isso, sentem uma forte carência de algo que dê algum sabor especial para seus dias insossos. E o fervo politizado lhes dá essa sensação com grande facilidade.

Enfim, desse jeitinho pode-se manipular uma multidão, bem grandinha até, para realização de uma manifestação, dum protesto ou de uma greve que tenha como objetivo, não atender justas reivindicações, mas sim, manipular inocentes úteis para finalidades que estão além, bem além da pobre imaginação das almas que vivem tão azedas e desavisadas.

Por essas e outras, abra olhos navegantes! Abra olhos, porque as sereias rubras não se cansam de tentar nos arrastar para as profundezas dos recifes politiqueiros através de seu vil canto ideológico.

(*) professor e cronista