Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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FRAGMENTOS DUM HORIZONTE PERDIDO

Escrevinhação n. 1016, redigida entre os dias 27 de junho de 2013, dia de São Cirilo de Alexandria e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e 30 de julho de 2013, solenidade de São Pedro e São Paulo.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Clichê comuna: aqueles que vaiaram a Presidente o fizeram porque podiam pagar o ingresso para assistir ao jogo (a zelite). Uma graça esses vermelhinhos. Bem, mas por esse raciocínio toda cúpula comuno-petista, e seus trutas, deveria estar no estádio, visto que, até onde sei, todos eles podem muito bem pagar trezentos barões para assistir um deprimente espetáculo como aquele. Mas não. A grande maioria que lá estava era daqueles que tem praticamente 42% de seus ganhos usurpados pelos tentáculos Estatais para manter a úbere farta que amamenta a horda ovino-parasita que aplaude a senhora comandanta. Por isso, camarada, zelite é a Dilma que te pariu.

2. Uma frase boba advinda de bocas doutas: “é debatendo que a gente cresce e se aprimora dialeticamente”. Patacoada furibunda! Ora, isso depende de quem será o nosso interlocutor. Se for uma pessoa que ama a verdade, sim, a conversa será de grande valia. Entretanto, quando estamos diante dum estulto presunçoso, o melhor é calar e sair de perto, pois, dando ouvidos a um sujeito, todo lambuzado numa ideologia, ou causa, que crê que isso é uma forma excelsa de sabedoria, corremos o risco de emburrecer, e muito, como nunca se viu antes na história desde país. Aliás, nós crescemos e nos aprimoramos, de fato, quando silenciamos e estudamos. O contrário disso é apenas conversa vazia duma assembléia de cabeças ocas num dialético círculo de alucinações.

3. Comunista bom é comunista morto? Não. Comunista morto continua sendo o que é: marxista. Por mais que finja, continua sendo o que é, seja neste ou noutro plano da vida. Comunista bom, meu caro, é comunista convertido, liberto dos grilhões do Evangelho segundo Marx. Outra coisa: não existe essa firula de ex-marxista ou marxista light. O primeiro é comuna envergonhado e o segundo, tímido. Ambos são coloridos por fora e vermelhos por dentro. Não creio na dissimulada honestidade e imparcialidade deles. Ou se é um ex-comunista que combate a lúgubre manada de seguidores da doutrina rubra ou apenas fingi-se que largou o vício pra enganar a torcida. A carapaça de “homem-novo”, destes, é postiça, tão falsa quanto suas crenças e convicções.

4. [Protesto macabro] “Não adianta mais rezar, porque o aborto vamos legalizar...”. Assim gritava uma turba diante da Catedral da Sé em São Paulo. Sinto informar, mas a reza continuará pelos inocentes mortos, num covarde silêncio, à margem ou dentro da lei. Idem pelas almas que defendem e cometem o assassinato dum indefeso. Doravante, a mesma massa (depre)cívica declarava: “Retirem seus rosários de dentro de nossos ovários”. Os Santos rosários, horda nada gentil, estão em mãos orantes que rezam para que o santuário da vida não seja maculado com um homicídio movido por um egoísmo sinistro mal-disfarçado numa “cidadania de gênero”. É isso.

5. Decepção. Uma e outra vez vemo-nos assaltados por ela. Mas, qual é a probabilidade que não o sermos? Somente um tolo imagina que nossos semelhantes não nos brindarão com ela, ou que não iremos servi-los com o mesmo cálice. Aliás, quem nunca decepcionou-se consigo? E como bebemos desta dita cicuta, diga-se de passagem. Esperamos muito de pessoas pequenas, muito pequenas, como eu e você e, por isso, não sabemos perdoar. Nem queremos aprender. Essa é a breve sinopse da tragédia do coração do homem moderno, com reprises infindáveis de segunda à domingo.

6. Uma característica típica dos adolescentes tardios, que abundam neste Brasil, é aquela atitude bocó de morder a mão que os alimenta. O papai paga todas suas contas ou, quase todas e, adivinhem: os bichinhos fazem beicinho. O velhinho, ao invés de receber gratidão, é brindado com inúmeros resmungos e queixumes sobre sua pessoa ultrapassada. Tudo bem, se o paizinho, o genitor-mantenedor perpétuo, é quadrado, a solução é simples: sustente-se. Isso mesmo! Construa sua casa, organize sua vida, pague suas dívidas, mantenha seu lar e então, e somente então, permita-se o luxo de levantar a voz para ele, nenenzão cidadão. Ah! E não reine! Eu não sou teu pai.

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APONTAMENTOS CÁUSTICOS

Escrevinhação n. 1015, redigido entre os dias 25 de junho, dia de São Máximo e de São Guilherme Vercelli, e 27 de junho de 2013, dia de São Cirilo de Alexandria e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Por Dartagnan da Silva Zanela


1. Certa feita, um velho amigo meu disse-me que, em regra, as pessoas mais insignificantes e vazias são justamente as que mais se esforçam em chamar a atenção de todos nos momentos e nos lugares mais inapropriados. A cada dia que passa, a cada noite que finda, suas palavras se apresentam diante de minhas vistas e ecoam em meus ouvidos através dos exemplos mais esdrúxulos que confirmam as observações daquele bom homem, o qual não cito o nome, que atentamente observa o triste espetáculo do devir humano.

2. Uma graça vermos certas almas queixosas a lamentar os atos de vandalismo que se fizeram presentes nas manifestações que tomaram conta do Brasil. Não que eu aprove tais atos, não mesmo. O que me espanta, para não dizer que faz-me rir, é ver essas criaturas cândidas, boazinhas, escandalizarem-se com a depredação do patrimônio público e privado, sendo que, a vida toda, sempre elogiaram e defenderam terroristas e assassinos que vão desde Che Guevara até os narco-terroristas das FARC. Ué! Decidam-se meninos: vocês são ou não são a favor de atos de depredação ou apenas são contra nesta ocasião?

3. Direto do artigo THE WALKING DEAD de Gustavo Nogy. Diz-nos ele: “É PRECISO MUITA violência para se fazer protesto pacífico, decerto. Nada mais violento do que o pacifismo das multidões. Chego em casa, ligo a TV e estão protestando contra rigorosamente tudo. Contra rigorosamente nada.[...] E a multidão é aquilo que se sabe: movimento bruto, força da natureza”.

4. Muitas famílias perecem, é fato. Um bom tanto de crianças vive à míngua largada à sua própria sorte que, por sua deixa, é parca. Todos sabem e, outro tanto, fingem importar-se. Nos dois casos, em especial no segundo, uma diga que dispensa troco: gastar um pouco menos do seu rico dinheiro tolamente “investido” em baladas loucas e indumentárias mórbidas para estender a mão àqueles cujo sofrimento causa-nos indignação seria um belo gesto e um bom começo. Isso mesmo, meu caro Watson, infelizmente, temos muitas palavras de ordem na boca e pouquíssimo amor no coração.

5. Não se pode derrotar o que não se compreende e não há nada mais truncado no horizonte do brasileiro que o quadro político atual. Sim, todos vêem a corrupção e a crise econômica em gestação, mas ambas são sintomas do mal reinante, não as causas efetivas. Podemos dizer que tal situação seria similar a dum infante que sofre com uma forte dor de cabeça e sai pelas ruas batendo seu cocuruto para chamar a atenção de alguém para acudi-lo. Quem o acudirá? Não se sabe. Mas uma coisa certa: ele sabe onde dói e isso, já um bom começo.

6. Aquele que precisa lembrar aos outros que é Rei, não o é de fato. Aqueles que construíram sua carreira sob a constante repetição de que são membros do partido ético nunca procederam, de fato, de modo reto. Até crêem nisso, que representam os mais elevados valores, porém, tal crença, apenas serve para justificar os mais disparatados atos de corrupção imaginando que fazem tudo isso em nome de algo que julgam ser mais real que a própria realidade. Eis, em poucos traços, um retrato do comuno-petismo.

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RESUMO DA ÓPERA BUFA

Redigido em 24 de junho de 2013, dia de São João Batista.

Por Dartagnan da Silva Zanela

                O assunto em pauta são as manifestações que estão tomando conta do país. O que podemos dizer a respeito? Primeiro: Não creio em manifestações espontâneas. Não digo que as pessoas que ocupam as ruas de norte a sul do país não estejam imbuídas de boa-vontade. Não mesmo. Afirmo sim, o óbvio ululante: que há um plano subjacente a essas manifestações onde uma multidão amorfa e insatisfeita aderiu em nome de suas frustrações frente ao governo e que estão sendo instrumentalizadas num plano de contingência.

                Por isso é de fundamental importância que identifiquemos o sujeito agente que, por sua deixa, não é a multidão. Esta é apenas a ferramenta nas mãos daqueles que tem um plano de ação para atingir uma determinada finalidade. Em vista disto, já de cara vemos que a ONG que iniciou o levante é financiada por uma ONG de George Soros (o estadista sem Estado) e é toda formada por militantes marxistas roxos (digo, vermelhos).

                Então, porque que nas manifestações está-se evitando a identificação político-partidária? As razões podem ser muitas e todas, uma mais tola que a outra. Tolas porque quando uma manifestação não é claramente politizada os louros desta vão para a única facção organizada, com militância e que, no caso, tem o relativo controle do cenário. De mais a mais, as bandeiras estão ausentes, porém, todas as palavras de ordem são tipicamente de esquerda e bem como as reivindicações clamadas (uma maior intervenção e controle do Estado-Partido sobre a sociedade). Pois é, quem não sabe o que grita, pede o que não entende.

                Mas por que a esquerda atacaria o governo? As hipóteses são muitas e nenhuma delas gentil. Como o espaço é breve, nos atenhamos a uma. Em vista da grande insatisfação da sociedade em relação aos novelescos escândalos de corrupção, o descaso descarado com inúmeros serviços básicos e tendo diante de nossas vistas o anúncio de uma crise econômica, vê-se a formação do que René Girard chama de crise sacrifical (caos social) gerado pela não contenção dos mimetismos frustrados (insatisfação generalizada). Quanto isso ocorre, há-se a necessidade de espiar a culpa coletiva em um bode-expiatório (vítima culpável, detestada, unanimemente) para que a sociedade volte a ter confiança em si mesma.

                Neste caso, o mito dos petralhas como o partido da ética caiu a muito por terra e, por isso, está-se tentando refunda-lo numa volta às suas raízes. Isso, naturalmente, é uma patacoada. O PT dos últimos 10 anos é o mesmo PT de antanho, com os mesmos objetivos de sempre. O que muda, de acordo com as circunstâncias, são as estratégias utilizadas para obter e, neste caso, perpetuar-se no poder. Deste modo, refundar o partido significa tão somente uma mudança de estratégia para continuar rumo ao mesmo objetivo: o socialismo (ou democracia plena, como eles gostam de chamar). Muda-se o prumo, mas não o rumo.

                Neste sentido, sacrificar (derrubar) a presidente Dilma seria um ardil diabólico, sei disso, mas daria as massas à sensação de que a corrupção Lulo-petista teria terminado e que o PT voltaria a ser o “velho partido”, conseguindo assim a consolidação destes no poder ao mesmo tempo em que se limpam em sua própria sujeira.

                Quanto a direita, essa é inerme. Pode até estar junto às multidões (gritando as palavras de ordem da esquerda), mas, qual é a liderança da destra capaz de capitalizar politicamente essa situação? Aliás, há algum partido conservador, de fato? E se tal partido existisse, ele, por um acaso, teria uma militância similar a dos partidos de esquerda que estão à sombra do PT? Isso sem falar que eles, e apenas eles (a esquerda), têm planos de B à Z para agir (o A está em curso). Fora desta linha o que se tem em vista são grupos fisiológicos que objetivam apenas verbas, cargos e uma reles e fugidia vitória eleitoral. Resumindo: independente de qual seja o curso dos fatos, uma coisa é certa: o jogo acabou. E nem se apoquente porque o pior ainda está por vir.

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GÊNIOS E SÁBIOS A RODO

Escrevinhação n. 1013, redigido em 17 de junho de 2013, dia de São Rainério de Pisa.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Uma das grandes delícias da vida, ao menos para mim, é quanto um amigo recomenda para mim um livro sobre um assunto que, por ventura, tome o centro de nossa prosa. Os livros, para todos aqueles que amam procurar a verdade, são janelas que nos abrem a vista para, muitas vezes, continentes inteiros que eram por nós, até então, desdenhados, por pura ignorância.

Quando me defronto com essas situações, tenho uma dívida dupla. Uma para com o semelhante que gentilmente indica o caminho a ser trilhado. A outra para com o próprio autor da obra que depositou sobre as páginas de sua obra tudo aquilo que ele viu, percebeu, sentiu e compreendeu sobre algo, permitindo que possamos através de seus olhos, e por meio de sua pena, vislumbrar vastos horizontes da realidade que até então nossa imaginação era incapaz de conceber.

Entretanto, nem todos agem e pensam assim. Para muitas almas sebosas, a baixeza ignara de seus umbigos é a régua régia do conhecimento. Muitas vezes, quando questionado sobre algo que escrevi, ou declarei, procuro apresentar ao interlocutor algumas das referências que abriram minhas vistas para os descampados que apontava em minha fala ou através das curvas de minhas letras, porém, em muitos destes casos, obtive como resposta sentenças um tanto que estranhas.

Não foi um “muito obrigado”, nem um “eu já os li, mas, mesmo assim, obrigado”, muito menos um “já li e discordo por tais e quais motivos”, ou um modesto “vou pensar no assunto”. Em geral é a afirmação taxativa dum “eu não preciso ler isso porque sou isso ou aquilo”. É mole ou quer mais?

Nas primeiras vezes em que isso me ocorreu, pensei: esses tipos devem de ser raros e, por isso mesmo, não podem de modo algum ser levados em consideração no montante geral dos encanudados e diplomados das mais variadas ordens nesta terra de desterrados. Ledo engano de minha parte.

O tipo abunda nestas plagas brasílicas e, ao mesmo tempo em que fundam sua postiça sapiência numa excelsa e cínica ignorância voluntária rotulam todos os que destoam de seu trote como pedantes que gostam de exibir-se.

Pior! Muitas dessas almas estão incumbidas de educar as tenras gerações e, outras tantas, de informar as multidões, mesmo que estejam festivamente desinformadas sobre tudo e nunca tenham iniciado retamente a sua própria educação. Aliás, julga-se ilustradíssimas.

Isso mesmo! Dum modo geral, nunca iniciamos nossa educação. Iniciamos e concluímos o processo para obtenção da autorização para o exercício duma atividade profissional qualquer, mas nem em sonho cogita-se a possibilidade de iniciar nossa educação. E, para falar bem a verdade, creio que pouquíssimos a querem, mesmo entre os que muito falam a respeito do assunto. Aliás, estou praticamente convencido que entre os integrantes desta crítica massa tagarela a vontade para realização desta empreitada é nula.

Enfim, abundam atualmente homens dum livro só, dum único autor, duma doutrina única que, na maioria dos casos, o são por comodidade cínica advinda dum espírito panfletário indecentemente dissimulado com aqueles ares pífios de criticidade. Nestes casos, que não são poucos, a desídia intelectual é a grande força motriz de sua longa marcha da vaca para o brejo.

Por isso digo que, se ninguém percebeu, sábios e gênios abundam no Brasil. Existem a rodo! A única coisa que nos falta é glamour ou, quem sabe, se pararmos com nossas insistentes dissimulações, uma boa dose de vergonha na cara.

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NEM TUDO É RELATIVO MEU CARO WATSON

Escrevinhação n. 1012, redigido em 17 de junho de 2013, dia de São Rainério de Pisa.

Por Dartagnan da Silva Zanela


O tal do alargamento dos direitos virou uma grande farra aos moldes do “faça o que tu queres, pois é tudo da lei”, no velho estilo da Nova Thelema de Aleister Crowley. No fundo, tudo bem ponderado e medido, a elevação do relativismo a princípio mestre para edificação de normas de conduta social é simplesmente uma inversão diabólica.

Sim, há inúmeras manifestações humanas que são relativas histórica e socialmente. Entretanto, como bem nos lembra Gustavo Corção, em seu livro “Dois amores, duas cidades”, que as categorias universais estão presentes em todas as culturas, independente das contingências. Por isso mesmo, não deveríamos jamais elevar as especificidades culturais (ou inventar outras tantas, de acordo com as ventanas do momento) ao patamar de categoria universal simplesmente porque não são. Mas assim agimos por termos aderido a esse vício cognitivo de apenas valorizar as diferenças em detrimento das semelhanças.

Por sua deixa, C. S. Lewis, em seu livro “A abolição do homem”, nos chama a atenção não para as características específicas das mais variadas religiões existentes, mas sim, para o patrimônio moral comum de todas elas que, por sua deixa, refletem um elemento estruturante da natureza humana. Elemento este que é literalmente, ao mesmo tempo, tão desprezado quanto subvertido, por todas as hostes relativistas reinantes.

Outra figura indispensável para nos aconselhar sobre esse assunto é Frithjof Schuon que, em seu livro “La unidad trascendente de las religiones”, ensina-nos que todas as religiões têm um mesmo fundamento metafísico. Todas partem dum mesmo elemento estruturante, divergindo apenas nos caminhos apontados para a salvação da alma que, por sua vez, são condicionados pelo contexto cultural em que as revelações ocorreram. Se nos permitirem um exemplo análogo: a culinária do mundo todo é duma grande variedade de sabores, mas todas combinam sempre, de modo harmônico, temperos, proteínas, carboidratos e gorduras de acordo com os elementos locais disponíveis. O mesmo pode-se dizer dos elementos de ordem moral com suas peculiaridades sempre estabilizadas por um eixo comum que reflete a natureza humana universal.

Somente uma pessoa muito obtusa, ou muito mal intencionada, não é capaz de perceber isso. Aldous Huxley, em seu livro “A Filosofia Perene”, nos chama a atenção para este fenômeno, dos valores morais perenes, que se fazem presentes em todas as sociedades humanas. Neste livro, da lavra do autor de “O admirável mundo novo”, o mesmo faz uma comparação entre as sentenças proferidas por sábios de várias tradições para demonstrar há presença deste patrimônio moral universal e que, negá-lo, seria o mesmo que abolir a natureza humana.

O que espanta é que isso é algo conhecido desde os tempos imemoriais da humanidade e desprezado atualmente. Por exemplo, no teatro grego, na peça “A Antígona” de modo especial, apresenta-se como tema central o conflito entre as leis escritas (contingentes, locais) e as leis não-escritas (universais). A alusão a essa peça de teatro e a temática por ela abordada faz-se presente em todo em qualquer manual de introdução ao estudo dos Direitos Humanos. O que se esquece, ou desdenha-se, é o fato de que as leis não-escritas são de origem divina e, por isso, refletem o que há de perene no ser humano.

Porém, atualmente, não é mais o patrimônio moral comum da humanidade, a fonte da dignidade humana, mas sim, a pequenez dos desejos, tão banais quanto mundanos, que se fazem reger na base do faça o que tu queres, pois, no Brasil, em breve, gostemos ou não, será toda a lei.

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QUANDO NADA MAIS VALE À PENA

Escrevinhação n. 1011, redigido em 03 de junho de 2013, dia de Santa Clotilde e de São Carlos Lwang e companheiros.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Há momentos em que nos perguntamos se tudo o que fazemos realmente tem alguma valia. Dificilmente tal indagação emerge em tenra idade. Na maioria dos casos esta vê-se aflorar quando nos encotramos na meia idade, quando já trilhamos um bom tanto de nossas primaveras.

Somente quando já tivemos certas experiências, quando já provamos duma relativa gama de sabores e dissabores é que podemos olhar para o âmago de nossa alma e, estando defronte com o mundo, indagarmos: o que é que eu fiz, o que é que estou fazendo com minha vida? Ora, para que tal indagação tenha sentido é preciso que exista uma vida que tenham sido vivida um bom tanto.

Quando chegamos na idade da razão, recordamos com um certo ar de amargor, todas as sandices que fizemos em nossa mocidade, todas as tolices que dissemos àqueles que apenas queriam o nosso bem e que, hoje, vemos como realmente eram: tolices e sandices dum adolescente birrento que imaginava-se mais importante que todas as gerações que o antecederam. Mais importante, inclusive, que seus gentis genitores que tão amorosamente zelaram pelo crescimento de tão ingrata criatura.

Todavia, o que salta às vistas no mundo hodierno, é o fato de termos inúmeras pessoas que estando na idade da razão, voltam suas vistas para o passado e vêem, nas sandices e tolices pretéritas, não um motivo para envergonharem-se diante do espelho da consciência e perante o olhar onisciênte da eternidade, mas sim, uma saudosa recordação de tempos impetuosos e desafiadores. Tempos em que os limites eram apenas medidos pela flexibilidade de nossa ousadia e pela tenacidade de nossa petulância.

Nestes casos, que não são poucos, a idade da razão chegou da mesma forma que ela, a razão, desistiu de iluminar o caminho trilhado por essas almas. Estes são os infindáveis casos de adolescentes tão tardios quanto persistentes. Pessoas que avançam nos anos vividos e que permanecem púberes no que se refere a experiência adquirida.

Tenho cá com meu botões que a régua regia para mensurarmos nossa madurez seria a capacidade de sentirmos vergonha daqueles atos que antanho nos levava a estufar o peito com um orgulho pueril. Vergonha essa que, por sua deixa, move-nos a mudar de postura perante a vida já vivida e, principalmente, a nos converter para, de fato, vivermos os dias que estão por vir.

Um modesto exemplo do que estamos afirmando é a incapacidade de silenciar que habita os lábios juvenis e que continua a governar as bocas cheias de dentes de pessoas que temem, por demais, esperar a morte chegar. Ora, que um garoto seja inquieto, falante e mesmo insolente, chega a ser até compreensível, mesmo que inadmissível. Todavia, diverso disso, é vermos pessoas que já ultrapassaram os umbrais cronológicos da razão e que continuam a portar-se de modo similar à um guri borra-botas.

Creio que um dos sinais mais flagrantes da degradação de nossa sociedade não é a mulecada que porta-se desde modo tão indolente quanto insolente, mas sim, uma geração biologicamente madura que insiste em vestir-se (ou fantasiar-se) de rapaizinho, agir e portar-se com tal e, deste modo, justificando os maus-modos dos mais jovens com o exemplo decadente que estão a lhes apresentar. Isso sim, meu caro Watson, é o supra-sumo da degeneração de uma sociedade. O que virá depois disso só Deus sabe e, desde já, rogamos a todos os Santos que intercedam junto ao Altíssimo que nos guardem desde mal que está sendo cevado pelas mãos de nossa indigna geração que não quer crescer.

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A TRILHA NA DENSA FLORESTA


Um passo de cada vez,
Há cada vez, um passo
A ser dado em direção
Da salvação da alma
Que resiste à conversão
Recusando-se a dar
O primeiro passo.

Por Dartagnan da Silva Zanela,
em 09 de junho de 2013.

Pe. Paulo Ricardo no programa Escola da Fé - 06/06/2013


Debilidades

Por Olavo de Carvalho

Em artigo recente, expliquei que um dos mais velhos truques do movimento revolucionário é limpar-se na sua própria sujeira, cuja existência negava até a véspera.

Desde a queda da URSS, a maneira mais usual de aplicar esse truque consiste em jurar que tudo aquilo que durante setenta anos todos os comunistas do mundo chamaram de comunismo não foi comunismo de maneira alguma: foi capitalismo.

Mediante essa simples troca de palavras a ideia comunista sai limpa e inocente de todo o sangue que se derramou para realizá-la, e gentilmente solicita da plateia um novo crédito de confiança, isto é, mais sangue, jurando que desta vez vai ser um pouquinho só, um tiquinho de nada. Por exemplo, varrer Israel do mapa ou exterminar a raça branca.

O apresentador dessa modesta sugestão não explica nunca como bilhões de pessoas inspiradas na teoria histórica mais científica de todos os tempos – insuperável, no dizer de Jean-Paul Sartre –, puderam se enganar tão profundamente quanto àquilo que elas mesmas estavam fazendo, nem como foi que ele próprio, subindo acima de Lenin, de Stálin, de Mao Dzedong e de tantos luminares do marxismo, foi o primeirão a enxergar  a luz. [continue lendo]

PELAS ESTRADAS DA VIDA

Escrevinhação n. 1010, redigida em 02 de maio de 2013, dia de São Marcelino e São Pedro, mártires.

Por Dartagnan da Silva Zanela


A Sagrada Escritura é uma pequena fração da dimensão celestial da realidade. É o vocábulo de Deus, comunicado a cada pessoa, através de palavras humanas. Palavras que nos descrevem fatos. São símbolos que nos auxiliam na compreensão de nosso lugar na criação e sobre os passos a serem trilhados por nós na confecção de nosso destino. Nisto reside o sentido moral das santas letras que nos auxiliam em nossa jornada por esse vale de lágrimas rumo a Pátria celeste.

Todavia, não é um nem outro que afirmam ter pouca confiança na Escritura. São muitos. Uns a colocam num segundo plano em favor das novidades modernas pretensamente superiores. Outros até aceitam sua autoridade originária, porém, com muita parcimônia, visto que, essas almas não seriam capazes de aceitar tudo que está presente em suas páginas. Onde já se viu não termos um olhar crítico em relação a um texto tão antigo quanto contraditório, diriam.

Pois bem, tais imposturas decorrem justamente de nosso esquecimento do tratamento devido a um texto revelado. Imposturas essas que não passam de frutos de nossa soberba desídia intelectual, muitas das vezes inflada por nossa presunção diplomada (ou quase).

Primeiramente, o que revela a comicidade deste quadro é o fato de que o sujeito que não consegue interpretar razoavelmente uma obra da grande literatura universal, ou mesmo um libelo jornalístico, arroga para si a prerrogativa de crítico-mor dum texto sacro, desdenhando todos os elementos exegéticos, teológicos, metafísicos, históricos e simbólicos que tal investida exige. Não é por menos que um indivíduo com sua alma imersa numa profunda confusão cognitiva e espiritual consiga apenas reconhecer na Bíblia um texto confuso e contraditório. Aliás, em regra, esses críticos são desonestos até a medula, pois, dum modo geral, apenas leram poucos fragmentos da Sagrada Escritura e já se julgam acima de estudiosos como Santo Agostinho e Joseph Ratzinger.

Diante do que fora exposto acima, julgo que algumas questões seriam interessantes. Questões essas que, penso eu, devem ser meditadas com uma grave seriedade, principalmente por aqueles que afirmam, com seus lábios, ter fé (ou algo do gênero).

A primeira: com que autoridade nós selecionamos as partes que julgamos verazes e falazes do pio texto? Será que essa nossa leviandade em impor escrúpulos à Palavra de Deus não está a revelar, através das Santas Letras, o que há de veraz e falaz em nossa alma, em nossa maneira de viver? Não seria mais interessante, ao invés de criticarmos o texto Bíblico, procurarmos criticar a nossa maneira de viver à luz do que este nos ensina?

Ora, naturalmente que é difícil para nossos olhos carnais e secularizados compreender razoavelmente os ensinos divinos e, mais ainda, concordar com todos eles. É natural porque todos temos em seu coração a marca do pedado original, mesmo que negamos esse fato ululante. Entretanto, também somos abençoados pelo livre-arbítrio e podemos escolher pedir à Providência a graça do entendimento, do discernimento, da sabedoria e, principalmente, da perseverança, para que compreendamos a grande diferença que há entre uma novidade e a Verdade, entre as seduções mundanas e a Vontade de Deus, entre o olhar humano sobre a vida e a visão divina sobre cada um de nós.

Mas, para tanto, temos de recuperar a nossa humildade. Virtude essa que perdemos, ou largamos, nas longas e tortuosas estradas da vida moderna.

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