Bem vindo ao blog de Dartagnan da Silva Zanela, Cristão católico por confissão, caipira por convicção, professor por ofício, poeta por teimosia, radialista por insistência, palestrante por zoeira, bebedor de café irredutível e escrevinhador por não ter mais o que fazer.

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GÊNIOS E SÁBIOS A RODO

Escrevinhação n. 1013, redigido em 17 de junho de 2013, dia de São Rainério de Pisa.

Por Dartagnan da Silva Zanela


Uma das grandes delícias da vida, ao menos para mim, é quanto um amigo recomenda para mim um livro sobre um assunto que, por ventura, tome o centro de nossa prosa. Os livros, para todos aqueles que amam procurar a verdade, são janelas que nos abrem a vista para, muitas vezes, continentes inteiros que eram por nós, até então, desdenhados, por pura ignorância.

Quando me defronto com essas situações, tenho uma dívida dupla. Uma para com o semelhante que gentilmente indica o caminho a ser trilhado. A outra para com o próprio autor da obra que depositou sobre as páginas de sua obra tudo aquilo que ele viu, percebeu, sentiu e compreendeu sobre algo, permitindo que possamos através de seus olhos, e por meio de sua pena, vislumbrar vastos horizontes da realidade que até então nossa imaginação era incapaz de conceber.

Entretanto, nem todos agem e pensam assim. Para muitas almas sebosas, a baixeza ignara de seus umbigos é a régua régia do conhecimento. Muitas vezes, quando questionado sobre algo que escrevi, ou declarei, procuro apresentar ao interlocutor algumas das referências que abriram minhas vistas para os descampados que apontava em minha fala ou através das curvas de minhas letras, porém, em muitos destes casos, obtive como resposta sentenças um tanto que estranhas.

Não foi um “muito obrigado”, nem um “eu já os li, mas, mesmo assim, obrigado”, muito menos um “já li e discordo por tais e quais motivos”, ou um modesto “vou pensar no assunto”. Em geral é a afirmação taxativa dum “eu não preciso ler isso porque sou isso ou aquilo”. É mole ou quer mais?

Nas primeiras vezes em que isso me ocorreu, pensei: esses tipos devem de ser raros e, por isso mesmo, não podem de modo algum ser levados em consideração no montante geral dos encanudados e diplomados das mais variadas ordens nesta terra de desterrados. Ledo engano de minha parte.

O tipo abunda nestas plagas brasílicas e, ao mesmo tempo em que fundam sua postiça sapiência numa excelsa e cínica ignorância voluntária rotulam todos os que destoam de seu trote como pedantes que gostam de exibir-se.

Pior! Muitas dessas almas estão incumbidas de educar as tenras gerações e, outras tantas, de informar as multidões, mesmo que estejam festivamente desinformadas sobre tudo e nunca tenham iniciado retamente a sua própria educação. Aliás, julga-se ilustradíssimas.

Isso mesmo! Dum modo geral, nunca iniciamos nossa educação. Iniciamos e concluímos o processo para obtenção da autorização para o exercício duma atividade profissional qualquer, mas nem em sonho cogita-se a possibilidade de iniciar nossa educação. E, para falar bem a verdade, creio que pouquíssimos a querem, mesmo entre os que muito falam a respeito do assunto. Aliás, estou praticamente convencido que entre os integrantes desta crítica massa tagarela a vontade para realização desta empreitada é nula.

Enfim, abundam atualmente homens dum livro só, dum único autor, duma doutrina única que, na maioria dos casos, o são por comodidade cínica advinda dum espírito panfletário indecentemente dissimulado com aqueles ares pífios de criticidade. Nestes casos, que não são poucos, a desídia intelectual é a grande força motriz de sua longa marcha da vaca para o brejo.

Por isso digo que, se ninguém percebeu, sábios e gênios abundam no Brasil. Existem a rodo! A única coisa que nos falta é glamour ou, quem sabe, se pararmos com nossas insistentes dissimulações, uma boa dose de vergonha na cara.

Pax et bonum
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